quinta-feira, julho 31, 2008

Afinal não era só eu que andava a ter pesadelos com o Estatuto Político-Administrativo dos Açores

Valha um presidente atento aos anseios da população. E não me venham dizer que metade da dita até achava que o Fujão Barroso já tinha dado o arquipélago aos americanos em troca de petróleo iraquiano. Isso até pode ser verdade, mas a outra metade andava como eu, sem dormir direito há uma série de noites por causa deste assunto. Mais sossegado agora. Obrigado senhor presidente, um grande bem-haja e continuação de boas férias.

PS: Todo um tratado que valia a comparação entre este ataque de histeria cavaquista por causa de umas obscuras inconstitucionalidades açorianas e o silêncio cúmplice com todo o tipo de ilegalidades, tropelias, insultos e rasteiras vindas da derradeira colónia africana. Por saber só o tipo de tratado, político ou psiquiátrico?

Sugestão de leitura

Blog que é blog manda o seu bitaite sobre livros para ler na praia ou wherever, cá vai então um como prova de vitalidade blogueira. Com selo de máxima aprovação rénica está o "Michael Tolliver Lives" do Armistead Maupin, que se devora num piscar de olhos, pelo que não serve para as férias inteiras. A boa notícia, para quem não conhecia a saga, é que ela existe. Está até parcialmente traduzida para português, no Brasil pela Record e em Portugal pela Gótica. Este título mais recente é contado na primeira pessoa pelo protagonista Mouse, que nos põe a par da sua vida e da dos seus, em São Francisco e mais aquém. Com graça, inteligência, ironia e grande humanidade, que nunca lamechenta. Obrigatório para os rénicos leitores.

No país das boas notícias

Fica-se uns tempos desligado da actualidade rectangular e quando se religa o país parece outro. Ora um incidente de 6 feridos num bairro pobre e não-"branco" da periferia de Lisboa que comove todo o Portugal - mereceria fria indiferença em qualquer outro país europeu. Ora uma notícia da TVI, das primeiras no seu noticiário, sobre um professor da Universidade de Coimbra que chegou atrasado a um exame - que saudável obsessão com a pontualidade haverá agora neste estado! E ainda uma notícia de um grupo de jovens, que não um gang, perdido nas margens do rio Amazonas, aliás Teixeira, encontrado na manhã seguinte por um helicóptero a 500 quilómetros do seu acampamento, aliás 500 metros, e ainda assim transportados de helicóptero para a sua base - quão sofisticados meios de socorro! E não se olha a custos para salvar vidas, ou transportar por 500 metros betinhos de cidade que ficam zonzos quando só vêem verde à volta. O Público esclarece que se tratava de um "grupo ligado à Igreja Católica" (sic).

Para completar o ramalhete chegam-me zumbidos de um novo melodrama no Palácio Rosa, o presidente que nos preside ao ritmo, sabor e profundidade de uma novela mexicana, irá falar esta noite ao país - garantias de total obediência de todos os noticiários na sua abertura, à la Corée du Nord. O drama está em não se saber de que irá falar o perjidente, mas a avaliar pela boa onda noticiosa não me espantaria que fosse para apresentar a demissão e pedir desculpas pelos comentários e alusões racistas e fascistas do mês passado. Nunca é demasiado tarde para ganhar vergonha na cara.

Pode-se não ficar a saber muito do que se passa pelo mundo quando se acompanha a comunicação social tuga (ou norte-coreana, já agora), mas vale bem pela festarola e cores locais - so typical!