terça-feira, julho 24, 2007

É fartar vilanagem

«Os 59 colégios privados da região Centro que têm contratos de associação firmados com o Estado receberam 85 milhões de euros (17 milhões de contos) de subsídios públicos, pelo seu desempenho em 2006. Baseando-se em dados publicados no Diário da República, o Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) vem contestar aquele financiamento, em comunicado enviado anteontem à imprensa, e acusar os "patrões dos colégios" de serem "autênticas sanguessugas das receitas do Estado".»
A notícia já tem uns dias, mas escândalo nem vê-lo. Parece então ser normal que num país onde se fecham dezenas de escolas primárias e se planeia fundir secundárias, também se tenham que pagar milhões ao ensino privado para receber alunos, que afinal tinham lugares de sobra no público. Tudo normal pois então.

3 comentários:

Hugo disse...

eu posso não ter percebido bem a coisa... mas as escolas públicas não foram fechadas por não terem ginásios... computadores... professores... condições de segurança... sendo que algumas tinham tão poucas crianças que era melhor investir numas e fechar outras?

penso que o modelo sueco pode ser um bom início para a nossa educação: nenhuma criança, ande no privado ou no público, paga a sua escolaridade, a todas as escolas o estado paga um montante por cada criança que esta recebe. o interessante disto, é que qualquer criança pode entrar em qualquer escola pois não é preciso dinheiro para frequentar o ensino privado. surge assim uma saudável competição entre o privado e o público, que têm ambos de ter as melhores condições para serem eleitos pelos pais... e assim ganharem mais dinheiro do estado.

é também positivo relembrarmos que os ricos também pagam impostos e que têm os mesmos direitos que os pobres.

gostaria de saber quanto custariam ao estado 59 escolas públicas na mesma zona, para o mesmo número de crianças.

bossito disse...

O principal argumento para o encerramento de escolas têm sido o da falta de alunos. Aliás, têm surgido vários casos na imprensa de escolas que foram recentemente remodeladas para agora lhes ser decretado o fecho.

Os protocolos em causa nesta notícia são já velhos, e poderiam fazer sentido na altura em que foram celebrados, não havia escolas públicas suficientes para acolher todos os alunos. Mas entretanto os alunos diminuíram, as escolas foram-se multiplicando, os protocolos já não fazem sentido. Mas continuam a ser pagos.

Eu não conheço a fundo o modelo sueco, mas ao que sei a maioria das escolas não-estatais são escolas "especiais", seja por terem determinada orientação religiosa, vocacionadas para as artes, desporto, ou para crianças com deficiência. De qualquer modo essas escolas são uma minoria.

E disse não-estatais, porque não me parece correcto chamar privadas a escolas que afinal vivem e dependem do financiamento do estado.

É claro que os ricos também pagam impostos, razão pela qual devem poder frequentar as escolas estatais tal como fazem os pobres (é aliás um direito há muito consagrado). Se entenderem preferir as privadas, faz sentido que paguem a escolha do seu bolso.

Ao estado cabe "disponibilizar" educação para todos, quem mesmo tendo essa oferta na mesa preferir a privada é livre de o fazer. Cabe às privadas mostrarem as suas mais valias (a tal competição), e claro, garantir a sua viabilidade financeira PRIVADA.

Não faz sentido que tendo o estado meios próprios de sobra para garantir o ensino para todos, continue a pagar as avultadas propinas "privadas". Não há volta a dar, ou são privadas, ou são públicas. Ou assim deveria ser.

Pseudo-privados a mamarem na inesgotável teta pública é a lei que empobrece o país há séculos.

SILÊNCIO CULPADO disse...

É óbvio que, tendo decrescido a população em idade escolar, o Estado tivesse que proceder a alguns encerramentos. Agora o que não me parece é que ficassem salvaguardadas as condições desejáveis para que os mais desfavorecidos possam frequentar as escolas em pé de igualdade com os privilegiados. Continuaremos assim a assistir a uma reprodução de elites.