domingo, novembro 16, 2008

Of course we could

Ainda sob o efeito da euforia da vitória obamiana, foi publicado um artigo no The New York Times defendendo a tese de que a vitória de um "Obama europeu" não seria possível no presente ou futuro mais próximo. Entendendo-se por "Obama europeu" um qualquer político pertencente a uma minoria étnica ou "racial" em algum país europeu.

A análise é tão profunda que esquece qualquer comparação entre o peso demográfico das minorias num e noutro lado do Atlântico. E conclui levianamente que o ambiente político europeu é mais racista e xenófobo que o americano. A colecção de evidências tem a sua graça, sobretudo este parágrafo:
«Even Cem Ozdemir, Germany’s best-known ethnic Turkish politician, currently a European legislator, is having trouble getting on the Greens Party list of candidates for the Bundestag — in part because of internal opposition to his ambition to lead the party.»
Acontece que Cem Özdemir foi eleito ontem co-líder dos Verdes alemães (partido que tem sempre dois líderes em paridade de sexos) com quase 80% dos votos. E estamos a falar de um político oriundo de uma minoria com menos de 50 anos de implantação na Alemanha e de peso demográfico muito inferior ao dos negros na América, cuja presença no país é anterior à fundação do mesmo.

1 comentário:

/me disse...

É irritante que quando se fala de "um Obama" se pense numa pessoa de uma minoria étnica. Ele ganhou APESAR de ser de uma minoria étnica. Sim, tem um valor simbólico anti-racista, que é o valor de dizer que a raça não interessa. Falar de "um Obama Europeu" devia ser falar de uma pessoa articulada, com ideias consensuais, sem sentimentos mesquinhos de vinganças, com idealismo e pragmatismo. Não de uma pessoa preta ou vermelha ou o raios que o partam...

Racistas são esses comentadores.