Caça ao imigrante no Martim Moniz
Não, desta não foram os meninos das cabeças rapadas. Desta vez foi uma coligação de forças de autoridade, PSP, ASAE, Inspeção Tributária e SEF. Sem motivo aparente, nenhuma queixa, nenhuma desordem, estas 4 instituições acharam por bem tomar de assalto um centro comercial em Lisboa, interpelar todos os clientes e lojistas, e deter, horas se necessário for, quem não tivesse consigo os documentos. Tudo isto é descrito nos média como se de uma situação normal se tratasse. A grandeza da operação foi ao ponto de encerrar a estação de metro da zona. Transportes cortados, circulação restrita.. cadê os direitos dos cidadãos, liberdade de circulação? Nada, são imigrantes, não interessa nada.
A subcomissária Carla Duarte, da PSP, não tem nenhum hesitação na voz ao descrever como principal objetivo da operação a caça ao imigrante ilegal. O jornalista da SIC termina a reportagem dizendo que esta não foi a primeira vez, nem será a última, de uma operação do género no Martim Moniz. Tudo normal portanto.
Curiosamente tudo isto acontece no 20.º aniversário da SOS Racismo, e na véspera do Expresso titular que «Metade das vagas de emprego fica por preencher - Metalurgia, agricultura, vestuário e calçado sem candidatos». É neste ambiente económico, em que milhares de portugueses voltam à emigração, e escasseia mão de obra para o trabalho menos qualificado, que PSP, ASAE, IT e SEF, decidem dar prioridade à caça ao imigrante ilegal. Parece ser esse o grande problema criminal no país.
Pormenor anedótico-trágico da estória, pelos vistos apenas um imigrante ilegal foi encontrado. Está visto então, além de racistas, as nossas queridas autoridades são incrivelmente despesistas (metro fechado, trânsito cortado, comércio encerrado) e incompetentes. Um ilegal? Produtividade zero. Nojo.