sábado, setembro 30, 2006

Quem não tem polvo caça com Lula

Eu também votaria Lula amanhã. Não estando exactamente por dentro da política brasileira, o que vejo à distância é um presidente que não tendo cumprido com as expectativas criadas em sua volta (algumas impossíveis), possibilitou uma melhoria das condições de vida de milhões de brasileiros sem paralelo na história do país. A corrupção não é coisa nova, novo foi o destaque que mereceu por cá, nova é a condenação da igreja ao fenómeno. Não há alternativa e Lula é mesmo o melhor presidente das últimas décadas.

Em relação às políticas LGBT-related, Lula é ainda mais obviamente a única possibilidade. Apesar de não ser capaz de arriscar com o casamento, o seu programa «Cidadania GLBT: Construindo um Brasil sem homofobia» é bastante completo, dado o contexto. E certamente que não seria a anti-escolha Heloísa Helena a fazer melhor.

quinta-feira, setembro 28, 2006

A frontalidade da Newsweek

Estas são as capas da última edição da revista Newsweek. Como já tinha referido o Max, "Losing Afghanistan: The Rise of Jihadistan" foi manchete à volta do mundo, excepto na terra natal da revista. Nos Estados Unidos a capa foi sobre a fotógrafa Annie Leibovitz, antiga companheira de Susan Sontag, cujo nome é referido por 15 vezes na reportagem publicada. No total a reportagem tem 1803 palavras, mas nenhuma delas é "partner", "lover", "gay" ou "lesbian". O heterobranqueamento de Sontag continua em alta. Sobre tudo isto a não perder mais uma hilariante tirada de Jon Stweart, mesmo tendo deixado alguns bloggers aborrecidos pelas não-citações.

Portugal é o quarto país do mundo com mais alta taxa de penetração da internet (!?)

É o que diz esta tabela, que tem desde logo a falha de usar dados de origens diferentes para cada país (logo diferentes métodos de contagem, etc). Mas não encontro alternativas, e é bom ver, para variar, um top onde o país se sai bem.

Brincar ao Parlamento Europeu

Começa já na próxima segunda-feira um jogo virtual que parece ser interessante: "Become a Member of European Parliament" (Torna-te membro do Parlamento Europeu). Poderá ser jogado em três idiomas, polaco, inglês e francês, e promete prémios aliciantes, além da oportunidade de simular o trabalho parlamentar europeu.

terça-feira, setembro 26, 2006

Dia Europeu das Línguas

Um bom pretexto para te lançares na aprendizagem de uma nova língua, ou desenferrujares uma que já conheças. E é que nem precisas levantares-te da cadeira, há imensos sites que de forma gratuita te possibilitam isso mesmo. Alguns exemplos: BBC (vários cursos a vários níveis, sendo o inglês a língua-base), Deutsch Welle (aprender alemão, vários níveis para lusofalantes), Stella (dinamarquês e húngaro em inglês), Speak Dutch, até um curso de esperanto e ainda dezenas de outros listados neste directório.

segunda-feira, setembro 25, 2006

69% dos espanhóis aceitaria unir-se a Portugal

Os números são da votação online do diário gratuito 20 Minutos (via Chuza!), e que nos parece ter uma validade científica semelhante à sondagem do semanário El Sol (que neste momento tem como notícia de topo no seu site a segunda gravidez da princesa Letizia). Seja como for, a nossa própria votação, igualmente de rigor inabalável, mostra claramente uma preferência muito maior dos portugueses pela Noruega. Pelo que perde sentido o sentimento espanhol. Preocupemo-nos mas é com os galegos, que nos querem roubar o peixe!

PS: Pelo que percebo do mapa publicado no diário espanhol, a Curia será a maior metrópole lusa, não?

PPS: Para os adeptos do SM, e não só, a não perder logo à noite o "Prós e Contras", onde poderemos ver um sequioso e gratuito Aznar. Com um bocadinho de sorte ainda nos pede desculpas por estarmos a ocupar o Ocidente espanhol há mais de 8 séculos.

PPPS: Absolutamente deliciosos e imperdíveis os comentários no 20 Minutos. Exemplo: «Si los catalanes se los regalamos a Francia y los vacos a Inglaterra, que apañados van, y nos unimos a Portugal de alguna manera, seguro que ganamos en paz, tranquilidad, dinero y calidad de vida. Portugal es un hermoso país, en donde somos queridos y la unión nos veneficiará a ambos.» ou «Siempre y cuando no tenga que aprender portugues me da igual.» e ainda «Soy espanhol y vivo en Portugal y pienso que nunca en la vida nos llevariamos bien. Son tan diferentes en todo que asusta. Ellos saldrian ganando pero nosotros no. VIVA ESPAÑA LIBRE».

Esqueçam a Madonna


Paris é uma festa.

domingo, setembro 24, 2006

Verdes de bolor

O suplemento de domingo do DN e JN é praticamente intragável, mas volta e meia lá aparece algo interessante, e só por isso o folheio. Ainda hoje valeu a pena ler a entrevista à bióloga Margarida Silva, sobre plantas transgénicas. Em geral a solução para não ficar logo pela manhã com vontade de cortar os pulsos é passar à frente as crónicas de Isabel Stilwell e Eduardo Sá. E para não ter vontade de cortar os pulsos de outrem evitar igualmente as crónicas de Zé de Bragança e Manuel Ribeiro. Tomados estes cuidados fui apanhado em falso por esta bonita prosa de Tomás de Montemor, que semanalmente assina as "páginas verdes".
«SE É HOMEM E A SUA MAIOR AMBIÇÃO na vida é ficar grávido (o assunto está tão bem entregue em mãos femininas, mas enfim), aconselho-o a ir a banhos no rio Potomac em Vashinton (como dizia o Raul Solnado), nos EUA.

A RÉPLICA DOS RESULTADOS em humanos não está garantida, mas a recente descoberta de vários peixes neste rio que mostram sinais de não estarem bem certos do sexo a que pertencem - os cientistas, diplomaticamente, chamam-lhes peixes intersexo - faz pensar que qualquer coisa semelhante possa acontecer aos humanos. Aparentemente estes peixes têm o sistema hormonal descontrolado e por isso aparecem cada vez mais exemplares com ovos nos testículos. Deve ser um pouco incomodativo ter um bebé nos testículos, mas se ainda está a pensar nisso... força.

A RAZÃO PARA O ESTRANHO AUMENTO de peixes gay, ou seja machos efeminados, parece estar relacionado com os altos níveis de poluição das águas do rio. Foram detectados certos compostos, usados na indústria farmacêutica, cosmética e outras, que são conhecidos desreguladores endócrinos, com o poder de pôr os organismos animais a trabalhar às avessas. Por exemplo, já foram acusados de tornar mais pequenos os pénis dos ursos-polares e de provocar hermafroditismo (possuir órgãos genitais dos dois sexos) em baleias.

COMO DISSE, NÃO SEI SE OS AMERICANOS que beberem de mais desta água vão começar a levar capacetes cor-de-rosa e Chanel n.º5 para combater talibãs, mas o certo é que o destino que queremos dar aos resíduos químicos das nossas indústrias tem de ser decidido depressa, sob o risco de começarem a afectar severa e irreversivelmente a nossa vida. (...)»
A coisa prossegue referindo tragédias humanas reais, causadas pelo envenenamento de águas pelas indústrias na Índia e Costa do Marfim. Os itálicos e maiúsculas da citação estão conforme o original, só o verdito foi acrescentado por mim. E acho que nem vale a pena dizer mais nada.

Here we go again

«O tema do aborto surge por acaso. "Sou a favor. E nem sequer estou a falar da despenalização. Sou mesmo a favor do aborto. Acho que uma mulher normal não o faz de ânimo leve." E sublinha a falsidade da questão. "Uma mulher com possibilidades económicas faz um aborto numa clínica ou vai a Espanha. Os pobres são os mais prejudicados, ponto final. É tudo uma hipocrisia. Esta discussão do aborto enerva-me", desabafa.»
Quem o diz é Ana Vital Melo, antiga assessora de Marcelo, Leonor Beleza e Marques Mendes, no suplemento de sábado do DN e JN. A realidade é tão simples quanto isto, até uma laranjinha a vê. Mas ao que parece em janeiro lá teremos que gramar mais um referendo. O debate já cansa, e nada tem resolvido. Esperemos que seja desta. Entretanto os defensores da lei que manda as mulheres para a cadeia parecem estar a preparar a curiosidade estratégia de defenderem essa mesma lei, mas não a sua aplicação. Estamos conversados em relação ao limite de hipocrisia a que esta malta chega. Não há limite.

É favor avisar o presidente da Comissão


Que o Vaticano não faz parte da União Europeia. E enquanto esta não estiver aberta a ditaduras fundamentalistas religiosas, assim continuará. By the way, a memória do Fujão é curtíssima, já se sabia, por isso relembro que o dito Bentinho foi dos primeiros a colocar-se ao lado dos trogloditas censores aquando da estória dos cartoons. Pelo que.. convenhamos, seria bastante imerecido dar agora palmadinhas nas costas do Bento, não?

sábado, setembro 23, 2006

Dia português com carros

Terminou ontem a Semana Europeia da Mobilidade, e foi ontem também o Dia Europeu Sem Carros. E em Portugal mal se deu por eles. Apesar do grande número de cidades envolvidas, Porto e Lisboa optaram por continuar porquinhas e congestionadas como nos restantes dias do ano, e a comunicação social não está, nem é costume estar, para se preocupar grandemente com o resto do país.

Ao contrário do que muitos gostam de dizer (sem oferecer qualquer alternativa), este não é um "dia inútil" e sem consequência. Tudo depende, é claro, do empenho das autarquias em fazer com que a ideia resulte e sirva de inspiração para os restantes dias e semanas do calendário. A ideia tem dado óptimos frutos em vários pontos do continente europeu. Mas somos livres de continuar a chafurdar na imundice e caos das duas maiores cidades portuguesas, enquanto não apodrecem de vez pelo menos. Como diria o outro, uma autêntica "festa do politicamente incorrecto".

Mas quem não está virado para disparates políticos ou problemas respiratórios, e acha que estas coisas da política deviam servir exactamente para aumentar o bem-estar das populações e proporcionar um desenvolvimento sustentado, encontrará uma boa leitura no manual «Cidades para Bicicletas, Cidades de Futuro». Este é um documento da Comissão Europeia, já do ano 2000, mas cada vez mais actual e um óptimo objecto de propaganda por políticas mais correctas e saudáveis para a mobilidade citadina. A ler e divulgar.

Campeonato da Europa 2012 na Polónia?

«10 jogadores brasileiros do Pogon Szczecin (...) foram vítimas de insultos racistas por parte de vários adeptos do Lechia Gdansk, em encontro da Taça da Polónia. Além dos cânticos, insultos e imitações de macacos, os simpatizantes do Lechia foram ao ponto de arremessar bananas para o relvado.»
Bora lá explicar à UEFA que nas circunstâncias actuais uma candidatura polaca não pode ser levada a sério, pelo contrário, devia ser já excluída da votação final. Os restantes candidatos à organização do evento são a Croácia-Hungria e a Itália.

PS: Entretanto as diferentes extrema-direitas que governam a Polónia entraram agora em colisão. Pois que rebentem.

sexta-feira, setembro 22, 2006

El 28% de portugueses aceptaría unirse a España

Lê hoje no Terra.es as questões relevantes que só amanhã poderias ler no El Sol.

Entretanto, quantos seremos os que desejam que Portugal se una à Noruega permanece uma incógnita. Para quando um semanário La Nieve que nos esclareça? Valha o renas!


PS (às 19h43): Como nada me obriga à isenção face a esta votação, e como não estou a curtir o evoluir da mesma, faço o apelo: vota Noruega! Babes, uma combinação explosiva de petróleo e bacalhau, qual é a dúvida afinal? E vejam que bandeirinha bonita podíamos ter:

Kiss my ass

Nem é isso que mais me tem incomodado. A ultrassexualização da tradução é que me parece mais grave. Por exemplo, "I'll kiss her ass" seria sempre traduzido em qualquer outra série por "vou dar-lhe graxa". Mas no "The L Word" rapidamente passou a um explícito "vou lamber-lhe o cu", é que nem era beijar, era lamber mesmo. Mas antes assim, que nada.

"Answered By Fire" às 22h55 na RTP1

Timor Leste merecia uma série assim. A primeira parte passou ontem, a segunda (e última) passa hoje.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Novas da Índia e Moçambique

E das boas. Na Índia mais de 100 personalidades do país, incluindo Arundhati Roy ou o prémio Nobel da economia Amartya Sen, assinaram uma carta aberta contra a criminalização da homossexualidade. Tal como em vários países africanos e caribenhos, esta criminalização é um resquício dos tempos coloniais, mas que em vez de ser repelido até por isso, foi sendo apropriado por grupos conservadores e nacionalistas que não hesitam em classificar a homossexualidade como "anti-indiana", "anti-africana", "anti-jamaicana", etc. Esta carta é portanto um documento histórico, que certamente terá um efeito positivo no país que pretende organizar os 2ºs Jogos da Lusofonia.

Também em Moçambique, onde (à semelhança dos restantes PALOP, excepto São Tomé e Príncipe) a homossexualidade ainda está ilegalizada, igualmente por herança colonial, o tema tem sido pela primeira vez debatido publicamente e de forma positiva. O que, claro, não impede que o trogloditismo analfabeto (mesmo que com o sobrenome "Craveirinha") saia à rua. O hilariante deste exemplo é que a bibliografia recomendada (utilizada não foi certamente) é do mais gay friendly que há, e contradiz tudo o que é escrito no artigo.

Os homofóbicos podem ser tão giros


Chorei a rir com o senhor Paul Drummond Cameron, muito mais divertido que o soldadinho Bleu Copas, há que reconhecer. O problema é que a vida não é feita de piadas...

terça-feira, setembro 19, 2006

Politicamente Estúpido

O "Loose Change" não me pareceu de imediato um objecto para levar a sério, isso só aconteceu quando me pus a ler "o" blog que se propõe "desmontar as mentiras do documentário" - assustadoramente pobre e inconsistente tentativa de resposta. Mas o filme, que mais não é que uma série de suposições e teorias imaginativas, é efectivamente de contraditório difícil, já que o acesso às provas relativas ao 11 de Setembro nunca foi livre e imediato, bem pelo contrário. Acreditar na versão oficial dos acontecimentos implica necessariamente dar uma quantidade nada pequena de crédito à administração Bush. É aqui que está o grande busílis.

«"Ponham lá aí um cartaz a dizer que eu sou muito estúpido", é o que os que levam a sério o "Loose Change", a começar pelos programadores da RTP que entraram agora num nível provocatório, estão a dizer.» Quem o diz é Pacheco Pereira, que mais acrescenta, «Podia até fazer-se uma versão politicamente correcta: “eu ainda sou mais estúpido do que o Presidente Bush”.».

Eu fico mesmo preocupado quando leio este tipo de coisas. Desde logo porque o insulto é o derradeiro, ou melhor, o não-argumento usado quando a derrota no debate está à vista de todos. E depois porque a parca tentativa de resposta ao filme indicia que Pacheco nem o terá visto - mas que seja isso, ao menos.

Acrescentemos a isto o fanatismo pró-Bush, que faz com que todos os que não comunguem da mesma fé sejam irremediavelmente classificados como anti-americanos, e temos o caldo entornado. Já para não falar no uso até à náusea da expressão "politicamente correcto", ainda não reparou que tanto a usaram, gastaram e abusaram que hoje em dia isso não quer dizer absolutamente nada?

Eu só voltarei a levar Pacheco Pereira a sério no dia em que ele próprio use um badge que diga, "Estúpido sou eu, que acreditei nas armas de destruição maciça".

segunda-feira, setembro 18, 2006

E o que tem a dizer a administração dos Armazéns do Chiado?

As agressões ao Tiago e amigo ocorreram mesmo às portas destes armazéns, local para onde se dirigiram os agressores depois do crime. Parece-me que há uma série de questões a colocar à administração. A julgar pela ilustração do seu site, estão bem cientes da importância do pink money no seu negócio. É bom que se preocupem também com a segurança e integridade física da pink people. Podem pedir-se esclarecimentos sobre tudo isto directamente no site ou por e-mail.

Violência homofóbica no Chiado

A passividade dos seguranças privados, a indiferença e cobardia de quem vê e passa sem nada fazer, o trogloditismo e à vontade dos meninos da cabeça rapada. Tudo contado por quem a sofreu na pele. Em pleno Chiado, em plena Lisboa, em pleno século XXI. Não senhor dos Santos, não há uma forte cultura homofóbica aqui na Polónia Ocidental, perdão, Portugal.

Vale mesmo a pena ler

"Meditação causada por um livro" é o título da crónica de Joaquim Manuel Magalhães publicada na última edição do Expresso. E que falta fazia um artigo assim na imprensa portuguesa, é que o casamento entre pessoas do mesmo sexo também pode ser uma reivindicação conservadora, e é preciso que haja quem fale nessa linguagem. Sobretudo se o faz na primeira pessoa. Clap, clap! [Via Da Literatura]

Sangue a mais no Santo António

"Loose Change" x 4

Parece-me no mínimo estranho, mas esta tarde a RTP passou pela quarta vez (pelo menos) o polémico documentário "Loose Change". Parece-me estranho sobretudo por ser tão oposto a toda a restante informação da televisão pública no que toca ao 11 de Setembro e adjacências. Pacheco Pereira já se queixou, mas segundo o provedor da RTP, Paquete de Oliveira, a justificação estará mesmo nos muitos pedidos de reposição. Mas é que devem ser mesmo muitos para justificar tanta reposição em tão pouco tempo - embora duas das repetições tenham sido em horários nada convidativos, e a promoção ao doc quase nula.

De resto concordo inteiramente com a Manel, não papo tudo o que o filme defende, mas agrada-me que alguém venha pôr em causa uma série de verdades quase sagradas. Sobretudo quando já todos sabemos que a administração Bush mente sem pudor, mata sem hesitar e põe os interesses do capital acima de tudo. E que mesmo assim os grandes meios de comunicação social americanos limitam-se a ser eco do que diz Bush numa série de assuntos vitais, 11 de Setembro incluído.

Afinal, pensando melhor, não é assim tão estranho que esta lufada de ar fresco tenha feito com que tanta gente chateasse a RTP para que soprasse mais vezes.

domingo, setembro 17, 2006

"The L Word" de volta à 2:

Oportunidade para ver ou rever a primeira temporada, e tudo de seguida. Dois episódios diários, às 00h30, já a começar esta segunda-feira. E depois estreará a temporada seguinte.

Banco de esperma gratuito e para tod@s

Afinal parece que o anunciado primeiro banco de esperma português já não vai abrir. Como se já não bastasse a discriminação medievalista da lei (só casais heteros casados a ele poderiam aceder), nem a aplicação da dita parece estar fácil de levar à prática. Felizmente existe uma coisa chamada World Wide Web que possibilita maravilhas como esta. Um Yahoo! Group para homens interessados em doar esperma (a venda é proibida) e mulheres ou casais (lésbicas e heteros) que o procuram. No fundo é uma plataforma de contacto, sem limitações geográficas, apenas linguísticas (funciona em inglês), que já deu muitos bons frutos. A divulgar por todos os potenciais interessados.

sábado, setembro 16, 2006

O sudoku está giro

Os blogs nem por isso, têm que ter todos a mesma template? O logotipo é de uma agência de viagens e o nome é de tablóide. Mas o site até está engraçado (a minha curiosidade não valia 2€), embora lhe falte, como a quase todos os sites de informação portugueses, um favicon. É facílimo fazer um, e agora até os há animados (como o do Portal do Governo). E para quem gosta de navegar com umas 20 abas abertas em simultâneo, dão um jeitaço. Vejam lá isso, sim? No favicon, no bookmark!

Os segredos do provedor

Eu gosto desta generalização dos provedores pelos principais órgãos da comunicação social. E fiquei por isso contente ao saber que a RTP aderiu ao conceito. Não posso contudo avaliar o primeiro programa, já que o vi apenas por uns segundos. Mas os suficientes para ficar a saber que o provedor recebeu uma queixa que tinha levado à suspensão de um programa da estação, mas que por tudo estar ainda em inquérito não poderia dizer de que programa se tratava. Ora para isto melhor teria sido se nada tivesse dito. A ideia dos provedores não é pôr as coisas em pratos limpos?

Transparência q.b.

Este é um cartaz do Ciutadans-Partit de la Ciutadania, um partido catalão, com o seu líder em pelota. Em pelota, mas sem pilota que se veja. E, política ou não, nota-se a falta. Mais valia estar vestidinho como de costume. [Via Chuza!]

Mas para os ilhéus é assim todos os anos

«Aconteceu há dois anos, antes disso só tinha sucedido em 1996, voltou a registar-se este ano: a nota de entrada nos cursos de Medicina caiu quase um valor em relação a 2005, baixando a fasquia dos 18 valores para seis das nove licenciaturas do País.»
Nunca ouvi a gente indignada com as quotas para as mulheres nas listas partidárias dizer uma palavra sobre o assunto (are you listening, mr. president?). Aliás, creio que muita gente o desconhece por inteiro. Mas existem umas coisas chamadas "contingentes especiais das regiões autónomas" que todos os anos garantem a entrada nos cursos de medicina a alunos insulares com notas bastante inferiores às dos seus colegas continentais. A desculpa é a de que haverá falta de médicos nas ilhas. Mas a desculpa não cola, desde logo haverá certamente regiões em pior situação no continente, e depois nada garante que estes especiais alunos voltem às ilhas que os viram nascer (ou lá residir por dois anos). É que a isso não são obrigados, ao contrário por exemplo do contingente especial para militares, que obriga os licenciados que dele usufruíram a trabalhar no exército. Mas não são só os ilhéus, os filhos dos emigrantes, como se não bastasse estarem em situação priviligiada para concorrerem em dois países diferentes, também têm contingente. Lembram-se da filha do ministro santanista? É que uns são filhos e outros são enteados, mas ninguém fica indignado.

Zangaram-se as comadres

O bom do Bento achou que estava a falar de gays, assunto em que pode e chafurda abundantemente sem que ninguém se ofenda ou o mande calar, a começar pelos milhões de gays que fazem parte do clero católico, e ainda mais alguns milhões de lésbicas que ficam à porta. Não estava. Estava a falar com gente da sua laia, e com gente dessa é preciso muito cuidadinho. Ou não, dependendo das intenções.

Aquando da polémica dos cartoons Made in Denmark, Bentinho não hesitou em colocar-se ao lado dos que agora lhe exigem desculpas. Isto é, líderes fundamentalistas islâmicos com mais influência nos seus bairros e freguesias, que o Bento em todo o mundo católico. Mas amizades de ocasião duram pouco.

E a Bento restam agora duas alternativas. Pedir desculpas, deixando irados os seus maiores apoiantes, a extrema-direita. Ou não fazê-lo, sendo combustível para a "guerra das civilizações", regozijando os seus apoiantes de sempre e os seus novos inimigos, que há muito anseiam por tal coisa.

Aguardo curioso.

Quanto às declarações que originaram tudo isto, eram obviamente tretas p'ra beato ver. Se algo novo trouxe o Islão, foram as moscas...

Patriotismo deve ser isto

Inchar orgulhosamente ao ver uma estrela cadente da pornografia checa despir uma camisola de Portugal.

A marcha do casamento

O primeiro casamento entre soldados do mesmo sexo em Espanha foi celebrado ontem em Sevilha. Parabéns aos noivos, Alberto Sánchez Fernández, de 24 anos, e Alberto Linero Marchena, de 27.

Vote num, leve com dois

Ali entre a Presidência Directa e o Palácio de Belém vive Maria. E Maria tem um interesse especial por si, que é português (se não és, esquece). Partilhe com Maria as suas preocupações, pois a isso está disposta e disponível, e para isso foi eleita por Cavaco para o cargo que ocupa numa bonita página rosa. Obrigado Maria, não era preciso incomodar-se.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Queer Israel

«As coisas não estão nada fáceis para os cineastas israelenses Eytan Fox e Gal Uchovsky, cujo filme, "The Bubble" (A Bolha), fez sua estréia internacional esta semana no Festival de Cinema de Toronto.

A história de amor homossexual entre um israelense e um palestino afastou o público conservador em Israel e em outros países. Além disso, europeus de tendência esquerdista estão furiosos com os ataques de Israel contra o Líbano e não têm o menor interesse em assistir a filmes israelenses. (...)

"Durante a guerra e depois dela, festivais de cinema cancelaram a exibição de filmes israelenses por causa do sentimento negativo contra Israel. Consigo entender algumas dessas emoções e me identifico com algumas", disse Fox.»
Pois eu não entendo nem um bocadinho, aliás, este tipo de notícias dá-me náuseas. Claro que poderá haver algum exagero de realizador a tentar justificar o fracasso de um mau filme (não faço ideia, não vi), mas nos tempos que correm um filme sobre uma estória de amor homossexual israelo-palestiniana teria que ser mesmo incrivelmente mau para não suscitar interesse. A não ser, é claro, que haja mesmo um boicote - e desde que soube da presença de activistas gays em manifs pró-Ezbolá que já nada me espanta.

Não será essa contudo a razão da sua ausência do 10º Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, já que estarão em exibição três outros filmes israelitas: "Good Boys", "Say Amen!" e "The Lady is a Champ", o que não deixa de ser impressionante dada a dimensão e localização geográfica do país. Com algumas semelhanças à estória do "The Bubble" temos o "Go West", filme bósnio sobre uma relação amorosa entre um sérvio e um muçulmano em tempo de guerra nos Balcãs.

Todos eles me suscitam curiosidade, no entanto o único filme gay e israelita que vos posso garantir ser bom, ou melhor, excelente, é o inesquecível "Yossi & Jagger", que creio já ter passado em Lisboa. Aos cinéfilos que recusam ver filmes só porque têm a nacionalidade X ou Y, por favor, ao menos tenham a decência de deixarem de dizer que são cinéfilos.

Dia Global de Acção por Darfur

É no domingo e a Amnistia Internacional convida-te a usar um chapéu azul e a assinar esta petição pelo envio de capacetes azuis para o cenário de guerra de que quase nunca se fala. Isto não havendo americanos ou judeus ao barulho perde o interesse, está visto...

Angelina e Brad: casamento só quando for igual para todos

Brad Pitt assegurou na última edição da Esquire que só voltará a casar, no caso com Angelina Jolie, quando o casamento for um direito para todos no seu país. Uma posição semelhante à de Charlize Theron, que adiou o seu casório com Stuart Townsend para a mesma altura. Se a lista de celebridades a dizer o mesmo continua a crescer, no dia em que a América legalize o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país, esses serão seguramente os casamentos menos falados do dia.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Salva vidas, luzes sempre ligadas

Há que importar rapidamente esta campanha espanhola, pelo uso das luzes automóveis 24 horas por dia, e não apenas à noite. Pelo menos enquanto o código da estrada não obrigar os condutores a fazê-lo, como já acontece em vários países europeus. Alguns estudos disponíveis no luces24horas.com mostram que a redução de número de mortes em acidentes na estrada que esta medida provocaria é da casa das centenas em Espanha e dos milhares para o continente europeu. Via Chuza!.

Lisboa em bicicleta

O The New York Times tem hoje um artigo sobre a popularidade das bicicletas nos Países Baixos. Os números neerlandeses impressionam, mas também por cá as bicicletas vão rolando. No passado fim-de-semana o Lisboa Bike Tour pôs alguns milhares de pessoas a atravessar a ponte Vasco da Gama em bicicletas novas em folha. E no próximo há o passeio Belém-Trancão promovido pela Geota, que já esgotou as inscrições. Ambas as iniciativas são muito positivas e a adesão alcançada provam a urgência da implementação da Rede Ciclável de Lisboa. Outra boa notícia é a possibilidade do transporte de bicicletas no Metro de Lisboa nas noites úteis (embora fique por justificar a impossibilidade diurna). Pedalar urge!

PS: Há mais passeios organizados para dia 17, em Lisboa, Porto e Gaia, organizados pela Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, inscrições gratuitas e aparentemente ainda abertas. No dia anterior há um "passeio pais e filhos" promovido pela Fertagus na margem Sul. Via bananalogic, que tem ainda uma crítica e relato do Lisboa Bike Tour e mais alguns tiros certeiros.

quarta-feira, setembro 13, 2006

10º Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa



Só para lembrar que começa já na próxima sexta-feira. Toda a programação no site oficial.

Abortem mais cristãos*

É já amanhã que é inaugurada a exposição AllMyIndependentWomen na Eira 33.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Novas armas de destruição maciça

Desgraçados polícias estes, atacados com plumas e confettis. Mas para isso há tribunais e estas agressões vão mesmo a julgamento na próxima quinta-feira, n'A Corunha. Mais fotos dos ataques aqui. Às MariBolheras Precárias já ninguém livra da fama de terroristas queer galeg@s. Via Cesare.

Ninguém escreve ao coronel?

Escrevem sim, mas o coronel queima as cartas antes de as abrir.

"Loose Change" às 3h05 na RTP1

É um bocado em cima da hora, mas quem não viu na 2: saiba que daqui a um par de horas a RTP1 repete o doc de que se fala pelos blogs. De qualquer modo pode ser sempre visto no Google Video (aparentemente ainda sem uma versão com legendas em português).

Outro documentário, ou "docu-drama" no caso, tem causado polémica nos EUA antes mesmo de ir para o ar, mas por motivos opostos ao de "Loose Change". "Path to 9/11" da ABC promete livrar de qualquer culpa a administração Bush e bater sem piedade na administração Clinton. «O co-produtor executivo do "docu-drama" é um republicano, para quem, segundo o The Washinton Post, "não havia tempo, nem era preciso, entrevistar todas as pessoas envolvidas".» Vale a pena seguir a polémica em blogs americanos como o America Blog ou o Think Progress.

PS: A RTP, fiel aos seus princípios e tradições, começou a exibição do "Loose Change" com mais de duas horas de avanço em relação à hora anunciada. Além disso começou também a exibir o "Path to 9/11".

domingo, setembro 10, 2006

Ainda em Beta

O Blogger ainda não passou a VHS, e é por isso que alguns leitores têm tentado comentar sem sucesso. Creio que o problema estará no uso do login do antigo Blogger nesta nova versão, já que eu próprio não senti nenhuma dificuldade. Espero que em breve tudo se resolva. Caso alguém precise ainda de convites para contas Gmail, não hesite em imeilar-me.

De resto o próprio renas também está em modo beta, por mais tempo que o planeado, e por manifesta falta de... tempo. O que significa que a ausência de renas no topo não é necessariamente definitiva, ou que os links estejam completos. Devagar se irá ao longe.

Upps, subscrevo uma ideia das FARC

sábado, setembro 09, 2006

Ainda o "caso" FARC/Avante!/CIA debaixo do tapete

A ler estes três posts do blog Jornada: «Sobre o "stand" das FARC no Avante!», «FARC II» e «Meu caro Álvaro Uribe», que vêm pôr uma série de pontos nos 'ii'.

Entretanto aqui no renas tivemos acesso a informações exclusivas, que garantem que um dos envolvidos no processo Apito Dourado, Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, também foi à festa do Avante!. O que exigimos saber depois desta bombástica revelação é:

1) O PCP convidou o dirigente benfiquista?

2) O que pensa o PCP sobre a escolha de árbitros pelo telefone?

3) Alguma vez o PCP deixou Luís Filipe Vieira utilizar os telefones da Soeiro Pereira Gomes?

Esperamos que o PCP forneça estas respostas com a máxima urgência, a bem do fair-play!

sexta-feira, setembro 08, 2006

Plutão morreu? Viva Saturno!

Essa grande diva da moda internacional, Bentinho 16, exemplificou esta semana o truque para estar sempre bem. Se tiveres uns Prada vermelhos, não sejas pirosa e pindérica e pensa bem. Nada de tiaras papais brancas ou aqueles chapelinhos ridículos dos padres. Nada com um belo Saturno vermelho a fazer pendant com o sapatinho. Assim quando te virem levantar a saia ao vento, percebem logo que o sapatinho condiz com o chapeau. E vais leve, fresca, segura e sobretudo na moda. Fashion!

Os pendants ton sur ton são definitivamente o estilo a usar. E se antes era a Madonna que nos mandava usar chapéus de cowboy, agora é esta grande diva que nos recomenda: o Saturno sempre a fazer pendant. E, caras amigas, reparem no detalhe: o Saturno tem dourados que combinam muitíssimo bem com a cruz e o anel. Pendant até nas jóias. Ela arrasa!!!

Tal como a nossa grande diva, sejam feéricas, sejam audazes, usem vermelho, usem saturnos. Saturns are the new tomorrow!

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Deputado do PSOE pede ao parlamento espanhol que reconheça a "singularidade" do Couto Misto

Alberto Fidalgo, deputado ourensano eleito pelo PSOE, apresentou na passada quarta-feira uma proposta de resolução no parlamento espanhol, para o reconhecimento da singularidade do Couto Misto como "enclave histórico-cultural". A restauração da independência já esteve mais longínqua... Notícia também na Europa Press.

Ellen DeGeneres sucede a Jon Stweart

A 79ª edição dos Oscars será apresentada pela Ellen. A gayness da última edição parece assim estar assegurada também para a próxima. Via Chuza!.

Not anymore

The only gay in the village vai emparceirar civilmente. Lá se foi o melhor partido de Llanddewi Brefi...

FARC/CIA: Cosmopolitanismo à portuguesa

1) Membros das FARC terão estado na festa do Avante!. Festa pública e anual, e tal presença, ao que parece, verifica-se regularmente há vários anos. Tal como de resto a de dezenas de jornalistas que cobrem o evento. Desde 2002 que a União Europeia classificou as FARC como sendo um "grupo terrorista", o PCP discorda da classificação.

2) Aviões da CIA fizeram escala em aeroportos portugueses a caminho de Guantánamo, reconheceu finalmente o governo, depois de várias fugas às perguntas. É possível, provável até, que transportassem prisioneiros de guerra para o campo de detenção que os EUA detêm em Cuba. Entretanto o próprio Bush reconheceu agora a existência de prisões secretas da CIA fora dos EUA - há muito que existia a suspeita de estarem localizadas no Leste Europeu.

Com estes dois assuntos na mesa qual vos parece ter sido o prato do dia na assembleia? Nem mais, foi logo o primeiro. E a blogosfera rejubila com o seu "furo". O ridículo do caso começa logo aí, mas qual furo meus senhores? Acaso a festa do Avante! é clandestina? Acaso o PCP alguma vez negou as suas boas relações com o PC chinês, norte-coreano ou colombiano? Acaso o stand das FARC estava na zona reservada da festa?

É óbvio que as péssimas amizades que o PCP tem pelo mundo fora podem e devem ser sujeitas a crítica. Mas para a crítica ser feita com justiça tem que haver decência. E a decência não existe quando do velho se faz novo, do que sempre foi público se faz segredo revelado e se chega ao cúmulo de querer culpar o PCP por um rapto das FARC. Quando é que, nesse caso, o PS-PSD-CDS pede desculpas pelas mortes diárias no Iraque?

No meio de todo este oportunismo político e (bl)egos aos pulos com as citações na imprensa, resulta especialmente patético o papel a que a imprensa se prestou. Citar blogs para noticiar algo que os jornalistas testemunham in loco todos os anos? Rir para não chorar.

Com a facilidade que a blogosfera cria casos, timmings convenientes e falsas polémicas, não é de admirar que já não haja espaço no país para pasquins como o, em boa hora defundo, Independente. Para quê? Se abrir um blog sai de graça.

Este post não pretende, de modo algum, desculpar o PCP. Apenas não o sobrevaloriza, e não coloca as amizades comunistas no topo da agenda nacional. Até porque se os amigos do PCP visitam Portugal, é porque os deixam passar na fronteira, cujo controle não é da responsabilidade do partido. Isto se precisam de passar a fronteira, não me parece impossível que as FARC tenham membros portugueses ou de outra nacionalidade europeia. A foto de cima não é do stand das FARC no Avante!, mas de um comício do passado 1º de Maio em Copenhaga.

Já as visitas da CIA a este país terão sido tudo menos de festa e propaganda. Foram escondidas e negadas o mais possível, e continuamos sem saber o que levavam os aviões de tão ilustre instituição. Portugal já não subscreve a Convenção de Genebra? Ou os direitos humanos só devem ser invocados quando nos é conveniente?

Falam agora os criadores do caso "Avante!/FARC" de uma declaração do parlamento a condenar as FARC. Ui, parece que já estou a ver as FARC a abandonarem o tráfico de droga e baixar as armas perante o peso de tal documento... E que tal em vez de poeirada inútil aproveitassem este momento de grande indignação e exaltação para defenderem uma lei que de facto pudesse servir de alguma coisa às vítimas do terrorismo na Colômbia?

Como em Espanha, onde um casal de lésbicas colombianas perseguidas pelas AUC (ou será que só conta se for pelas FARC?) acabou de receber asilo político no país vizinho. Teriam tido a mesma sorte em Portugal? Por culpa de quem? Do PCP?

quinta-feira, setembro 07, 2006

Vai Seguro e não fermosa

As respostas são no mínimo infelizes, mas as perguntas/afirmações!? E matam árvores para publicar coisas destas... E porque acha o Correio da Manhã que as lésbicas portuguesas são assim tão patrióticas? É que nem um dicionário lá devem ter...

Microsoft querer patentear tecnologia de conjugação de verbos

A Microsoft pretender patentear uma tecnologia de conjugação de verbos em várias línguas (via Chuza!). Coisa, aliás, que a Priberam já fazer haver alguns anos para a língua portuguesa - mas não pedir patente, e caso por absurdo a Microsoft ter sucesso, poder ter que pagar direitos à empresa de Bill Gates. Ser só eu a achar que os abusos e excessos das leis de direitos de autor ser a maior ameaça à liberdade de expressão actualmente no Ocidente?

A pilinha mais ansiada

Finalmente nasceu. O Japão pode respirar de alívio, já tem presidente para as próximas décadas - nunca se conformou à ideia de ter uma mulher a ocupar o cargo, ao contrário de Espanha. "Gu gu dá dá" terá dito o futuro chefe nipónico, um dos muitos portuguesismos da língua japonesa.

Nada que se compare à Bíblia ou ao Corão

Mas este livro, "The Collector" de John Fowles editado em 1963, já terá inspirado além do rapto da austríaca Natascha Kampusch, o rapto, tortura e assassinato de pelo menos 25 pessoas na Califórnia nos anos 80, pela dupla criminosa Charles Chitat Ng e Leonard Lake. Foi levado para o grande ecrã em 1965. E em Portugal está traduzido e editado pela Caminho. Só não é santo como os outros, já lhe chamam maldito.

quarta-feira, setembro 06, 2006

200 anos de notícias

O Google não pára de surpreender, agora lançou o News Archive Search, i.e., a possibilidade de busca em arquivos noticiosos que vão tão longe quanto 200 anos no tempo! O actual serviço Google News estava limitado a notícias com menos de 30 dias. Claro que as buscas por notícias anteriores à era da internet acabam por ter poucos resultados e quase todos pagos, mas é excelente para buscas sobre os últimos anos. Para já só em inglês. Via Chuza!, mais informações na BBC.

Qualquer dia prendem-nos na cave

«Oficina S. José proíbe rapazes de falar com assistentes sociais»

Nota: Parece-me de louvar a cobertura do Jornal de Notícias a todo o caso Gisberta, desde a primeira hora até às suas "ramificações". Sem dúvida o órgão que mais atenção tem prestado ao assunto.

domingo, setembro 03, 2006

Atenção, só para heteros casados*

«Primeiro banco de esperma e óvulos criado no Porto»

Ah, excepto os dadores de esperma e as dadoras de óvulos, esses podem ser solteiros. Quanto a não se ser hetero, por via das dúvidas, será melhor darem uma chance à heterossexualidade durante a entrevista...

PS: E afinal vai ser adiado...

Mais uma boa razão para boicotar a Galp

«Desde o passado dia 10, em que o petróleo atingiu o máximo histórico de 78,64 dólares no mercado de futuros de Londres, a Galp desceu 4,5 cêntimos o preço da gasolina sem chumbo. A redução de custo por parte da Galp é de 3,35 por cento. No entanto, a matéria-prima baixou nove dólares na praça londrina (descida de 12,5%).(...) Conforme declarou ao «Correio da Manhã» o secretário-geral da DECO, Jorge Morgado, «há sempre muita pressa em aumentar os preços. Mas quando o petróleo baixa, essa pressa não existe». (...) Segundo o responsável da organização de defesa dos consumidores, «a concorrência não existe, apesar da liberalização do mercado de combustíveis, e o Governo não toma medidas para que ela exista e seja benéfica para o consumidor». (...) Recorde-se que, no exercício de 2005, a petrolífera portuguesa, que também faz refinação, teve o resultado líquido recorde de 442 milhões de euros, mais 33 por cento do que em 2004.»

sábado, setembro 02, 2006

Por falar em Parlamento Europeu

No passado dia 15 de Junho em Estrasburgo, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução sobre a escalada de actos de violência de índole racista e homófoba na Europa. Nesta resolução era feita uma oportuna referência ao assassinato da Gisberta, referência essa introduzida pela eurodeputada socialista Ana Gomes. Até aqui, tudo bem.
«Numa declaração de voto apresentada por escrito, o Vice-Presidente português do Parlamento Europeu, Manuel António dos SANTOS (PSE), explicou que, apesar de considerar muito positivo o essencial do conteúdo da resolução e de achar que é politicamente oportuna, não votou a favor. "As objecções – abstive-me – centram-se exclusivamente na introdução de uma referência a um caso português que, supostamente, indiciaria a existência de uma forte cultura homofóbica em Portugal. O chamado caso Gisberta, ocorrido no Porto, é apenas um acto de delinquência juvenil julgado como tal pela sociedade portuguesa e tratado correctamente pelas autoridades judiciais. Não existe, portanto, qualquer razão para que este caso integre uma resolução deste teor e tanta importância", declarou o deputado.»
Ou seja, boas notícias, não existe "uma forte cultura homofóbica" em Portugal (até porque Viseu fica em Espanha e a Madeira é independente). De tal forma não existente que nem vale a pena o Vice-Presidente português do Parlamento Europeu, eleito pelo Partido Socialista, se ralar com o assunto, ou melhor, o não-assunto. No fundo a justificação dada por dos Santos, para a sua abstenção, apenas se distingue das justificações da extrema-direita polaca, para os seus votos contra, no tom usado, a argumentação e o incómodo são em tudo semelhantes. Já se pensarmos na direita finlandesa, em flexão no post anterior, encontramos um discurso bem diferente. Oiçam o que disse Alexander Stubb no dia 17 de Maio, Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia. Ou seja, o eurodeputado português de maior relevo no Parlamento (é Vice!), foi eleito pelo PS, mas nestas coisas de gays e mai' não sei o quê está mais próximo dos fascistas polacos, que dos conservadores finlandeses. E a Gisberta nunca existiu.

sexta-feira, setembro 01, 2006

Lost in translation?

Alexander Stubb, eurodeputado conservador finlandês, elaborou um relatório sobre os gastos da União Europeia com as traduções nas suas 21 línguas oficiais. Segundo o Vieiros, depois de um primeiro impulso para recomendar a redução dos idiomas de trabalho, Stubb acabou por concluir que 1% do orçamento final não é demasiado pela defesa e manutenção do multilinguismo nas instituições europeias, mas que mesmo assim muito dinheiro é desperdiçado em traduções que acabam por não ser necessárias.

Uma boa parte da culpa da descoordenação e esbanjamento de recursos actual deve-se à divisão do Parlamento Europeu entre Bruxelas e Estrasburgo. E este vaivém Bruxelas-Estrasburgo tem um custo total estimado em cerca de 200 milhões de €uros. Ou seja, mais do que os custos totais das traduções, que de acordo com o relatório de Stubb foram em 2003 cerca de 163 milhões de €uros.

Os gastos com as traduções são essenciais, se hoje em dia os cidadãos já parecem tão alheados das instituições europeias, imaginem como se seria se estas funcionassem apenas em inglês, francês e alemão... Já o vaivém Estrasburgo-Bruxelas parece servir apenas para mimar o ego francês. É por isso que Cecilia Malmström, eurodeputada liberal sueca, lançou a Campanha Oneseat, uma petição online pela concentração de toda a actividade parlamentar em Bruxelas.

Mas nisto de política europeia há coisas de impossível tradução, como as poses de Stubb no seu site, ou a sua foto com o pai-natal ao lado da foto com Durão Barroso. Uma descontracção conservadora nórdica, que em Portugal não teria sequer reflexo no "ousado e jovem" Bloco...

Ok, já chega, vamos lá acabar de vez com "os portugueses", sim?

Já tinha comentado este assunto há uns meses, mas a coisa não dá sinais de abrandamento, pelo contrário. Seria ridículo se não fosse tão nauseante a repetição constante do disparate. Alguns exemplos:

1) «Portugueses compram 100 mil livros escolares no Webboom» publicita o Diário Digital, mas será que os estrangeiros que frequentam escolas portuguesas não podem ser clientes do referido site?

2) «Portugueses pagam mais IRS que os espanhóis» noticia o Jornal de Notícias. E os portugueses que trabalham em Espanha, e os espanhóis que vivem em Portugal? Afinal a diferença depende da nacionalidade ou do país onde se é contribuinte?

3) «Um milhão de portugueses troca de operador móvel». Garante a Agência Financeira, mas parece-me que é o Jornal de Negócios que acerta nas contas: «Mais de um milhão de residentes em Portugal afirmam já ter mudado de operador de rede móvel». Estão a ver a diferença?

4) Não é preciso apagar Portugal do mapa, basta que haja rigor. Escrever que «Portugal apenas recicla 3% dos seus resíduos» (Reflexo Digital) e não que os «Portugueses são os que menos reciclam na UE a 15, diz estudo» (Diário Digital), pois certamente que o estudo não contabilizou a reciclagem dos imigrantes separadamente. Imigrantes cá, ou emigrantes portugueses no resto da UE.

Estes são só alguns exemplos, fruto de uma brevíssima pesquisa no Google Notícias, mas a coisa é diária e por toda a comunicação social. Já era hora de acabar com isto, não?

Os mitras também gostam de xadrez


Isto já é old news no Reino Unido, mas só ontem, ao ler as páginas do Wall Street Journal que o Jornal de Notícias publica às quintas (só em papel), fiquei a par do fenómeno, que me parece de uma ironia deliciosa. Desde 2004 que a palavra "chav" se popularizou em terras de sua majestade, designando aquilo que em Portugal (ou pelo menos no Norte) designaríamos por "mitras". Jovens e adolescentes brancos, que vagueiam pelas cidades em bando, indumentária desportiva, com cara de caso e de quem não tem nada para fazer - uma espécie de subproduto da cena hip-hop negra, mas sem música ou qualquer outro conteúdo. Lá como cá, os mitras gostam de roupas de marca e peças de ouro, mas as marcas costumavam ser apenas as desportivas, Adidas, Nike e por aí fora... Foi isso que mudou em Inglaterra, e fez com que os mitras se tornassem chav.

A Louis Vuitton (ou imitações de) foi só uma das marcas que passou a estar em voga neste grupo social mais conhecido pelas gravidezes na adolescência (cujo record europeu é britânico), mas é da Burberry que eles gostam mais. O xadrez de fundo bege que é a imagem de marca da conhecida e cara etiqueta londrina, passou a ser a cara da onda chav. Ou melhor, a cabeça, já que eram os bonés axadrezados a peça favorita dos miúdos. Resultado, os bares e discotecas passaram a listar a Burberry juntamente com as marcas consideradas "perigosas", por serem usadas por "hard core trouble makers".

As vendas da Burberry continuam a cair no Reino Unido, o boné axadrezado há muito que não é produzido e o xadrez quase desapareceu das suas lojas britânicas. Agora outras "prestigiadas" marcas temem um futuro semelhante e recuaram nas suas estratégias de marketing voltadas para a conquista de consumidores mais jovens. O medo de ser chavado já chegou mesmo aos produtores de champagne! É que os chav fartaram-se de beber cerveja...

A tendência será para que o fenómeno se espalhe, pelo menos pela Europa Ocidental. E apesar de nascer sem qualquer mensagem política ou cultural, mas apenas de desejos consumistas de uma classe pouco favorecida no bairro, mas riquíssima na aldeia global, esta onda já tem os seus ícones. Vicky Pollard é de longe a minha favorita.

Os significados e conotações da palavra, contudo, estão longe de estarem bem definidos. Mas se antes era vista sobretudo como insulto classista, cada vez mais é utilizada pelos próprios chav, afirmando-se e reconhecendo-se dessa forma. Não é impossível que a cena chav se torne tão cool que venha a ser apropriada por outros grupos (betos p.ex.), expulsando os chav originais e atraindo as empresas que agora lhes fogem a sete pés. O que tudo isto pôs a nu já nós sabíamos, o bom estilo é o de quem tem o bolso cheio, e vice-versa. O divertido foi ver, for once, os fornecedores de estilo aos fartos bolsos, atropelados pela lógica que alimentam, e de que se alimentam, desde sempre.