segunda-feira, dezembro 31, 2007

Boas entradas!

Anos Novos há muitos seu palerma!

A lista n'Os Tempos que correm, para quem não estiver em sintonia com o calendário que rege, entre outros, estes bloguito. As minhas resoluções de ano novo só estarão totalmente decididas e postas em prática a tempo do Muharram, parece-me. Oxalá sejam mais resistentes que as de 2007.

Contributo para o roteiro do fumador

Num directo da RTP1, um dos poucos restaurantes do Porto onde se poderá fumar a partir de amanhã. Ao lado do autocolante "fumadores" uma bandeira monárquica. Não sei se pelos tons azuis, mas pareceu-me haver ali uma enorme sintonia ideológico-temporal. Só não lembro é o nome do restaurante, desculpa lá Daniel ;)

Balançando 2007

Parece que é obrigatório que cada blog balanceie 2007, e assim sendo, para não fugir à lei, cá vão as minhas eleições:

Maior desilusão de 2007: José Luís Zapatero - e lá caiu a máscara de grande líder da esquerda europeia, de alternativa à terceira via de Blair. Acabou com o imposto sobre as grandes fortunas, adiou o aborto para as calendas gregas (agora se vê como a situação espanhola não era afinal tão melhor que a portuguesa pré-referendo), a lei anti-fumo foi um perfeito fiasco e a intolerância com os movimentos independentistas continua em alta. Isso tudo e ainda a contínua subserviência do Partido Socialista (?) Operário (?) Espanhol à monarquia. Sim, Zapatero teve um fulgurante início de mandato, mas com o tempo se vê como afinal é só mais um "socialista" da estirpe de Prodi, Sócrates ou até Blair. As eleições estão à porta, mas isso não justifica tudo.

Maior pagode de 2007: Nicolas Sarkozy - finalmente um presidente francês de ascendência húngara a governar à italiana, isto sim é europeísmo, ou talvez não. As bebedeiras, o divórcio, a namorada nova, a incapacidade de conseguir o voto das mulheres com quem se relaciona, os almoços com Kadáfi, tudo é festa! Efeito negativo, a imprensa francesa tablóidiza-se a um ritmo alucinante.

Menor respeito próprio de 2007: mensagem de natal de Tony Blair aos cachorros de Bush.

Maior bonzão de 2007: Nelson Évora. Os saltos do Nelson, a lycra do Évora... no more comments.

Maior irritação de 2007: Mariza - ¿Por qué no te callas?

Maior José Sócrates de 2007: Ricardo Araújo Pereira.

Maior Marcelo Rebelo de Sousa de 2007: Ricardo Araújo Pereira.

Momento zen de 2007: a vitória do Sim no referendo.

Heróis do Mar de 2007:
a selecção de râguebi nacional, podes perder em tudo, mas se tens cartão de militante do CDS e choras a cantar o hino serás sempre um herói.

Maior inocência de 2007: Cavaco Silva não sabe como se podem fazer mais bebés.

Maior traveca de 2007: Bento 16, o eterno celibatório pró-ocultação dos casos de pedofilia dentro da igreja, em mensagem de apoio aos manifestantes pró-família tradicional em Madrid.

Maior travesti de 2007: Filipe Duarte no filme "A Outra Margem", lindo lindo lindo. Os padrõezinhos de bom travestismo em Portugal foram elevados para níveis nunca antes vistos. Quando morrer quero uma travesti assim a espalhar-me as cinzas sff.

Maior xerox descoberta em 2007: Paulo Portas.

Maior testemunha de Jeová de 2007: Floribella - Jesus é o salvador, mas a minha mãe é uma árvore.

Maior ateísmo de 2007: mensagem de natal de Policarpo.

Pior Ricardo Araújo Pereira de 2007: José Sócrates.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Ui se isto fosse na Venezuela!

«Sabino Ormazabal (San Sebastián, 1953) lleva más de 25 años profundamente implicado en el campo de la filosofía y la acción política no violenta. Sin embargo, ha sido condenado a 9 años de cárcel por colaboración con ETA dentro del sumario 18/98, el llamado ‘caso Kas-Ekin-Xaki’. Actualmente está en libertad bajo fianza.»
O que vale é que foi no País Basco, não poderia interessar menos aos jornais portugueses... realidades exóticas e longínquas... na volta e os presos políticos são até uma tradição cultural local. Não há drama, portanto.

Pedofilia: "há crianças que provocam", diz bispo de Tenerife

«En una entrevista concedida al diario La Opinión de Tenerife, el obispo se extiende en la idea hasta replicar a la periodista, que, previamente, le había señalado que “la diferencia entre una relación homosexual y un abuso está clara”. Por si persisten las dudas, la entrevistadora recuerda al obispo que “un abuso es una relación no consentida”. La respuesta del prelado no deja lugar para las dudas.

"Puede haber menores que sí lo consientan y, de hecho, los hay. Hay adolescentes de 13 años que son menores y están perfectamente de acuerdo y, además, deseándolo. Incluso, si te descuidas, te provocan”.»
Não se pense que é caso único na Igreja. A diocese de Nova Iorque editou há poucas semanas um guia a explicar às crianças que lhes compete a elas afastarem-se dos possíveis pedófilos do clero católico. Enfim, tudo em coerência com as linhas orientadoras do Vaticano escritas por Ratzinger, antes de ter sido eleito papa pelo Espírito Santo, que definem como procedimento correcto a adoptar pela igreja em caso de abuso sexual de menores, a ocultação dos factos às autoridades competentes. Mas enfim, crianças violadas, isso é lá problema?
«"Todas as expressões de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade, que tiram todo o sentido ao Natal, que é a exultação e o grito de alegria e de esperança que brotou do reencontro do homem com Deus", destacou José Policarpo, na missa do dia de Natal, na Sé de Lisboa.»
Pelo menos, nada comparável ao flagelo ateísta, responsável por tantas não-idas à missa. Absolutamente dramático. E ainda há quem se preocupe com a fome em África ou o abuso de crianças, é preciso ter lata realmente!

Ilustremos então este drama, para que ninguém duvide da sua gravidade, com a blasfema mensagem de Natal do RAP:

Novo ano, novo ar

Tenho estado à espera que surja no 5 Dias a brilhante crónica anti-tabágica que a Fernanda Câncio escreveu na Notícias Magazine, mas o texto nunca mais surge para que o possa copiar. Azarinho, terei eu que escrevinhar alguma coisita. Começo então pela rénica sondagem, que resultou em 64% dos rénicos eleitores a acreditarem na correcta aplicação na nova lei do fumo, muito por mor do efeito ASAE; 22% a achar que a lei tem demasiadas lacunas, que poderão resultar num fracasso semelhante ao da lei espanhola; e finalmente 12% que passará a ter que aceder ao renas através de atalhos à censura chinesa, país para onde tencionam emigrar por se poder fumar à vontade.

Quando a lei estava a ser cozinhada eu era dos pessimistas. Estavam a ser abertas demasiadas excepções que poderiam levar à anulação da lei. Mas neste momento faço parte dos 64% que acreditam que a lei irá ser aplicada. Já várias notícias tem saído com números acima dos 90% de estabelecimentos que proibirão totalmente o fumo, e sente-se no ar que será mesmo para levar a sério. Óptimo. É pena que tenha que ser assim, mas a história tem mostrado que só assim os não-fumadores conseguem fazer valer o seu direito ao ar limpo. Não houve bom senso que impedisse o fumo nos comboios ou aviões, foi a proibição que funcionou. Funcionará também agora.

Pena é a mensagem, trilingue (mas sem mirandês ou língua gestual), escolhida para indicar os locais livres de fumo e os enfumarados, "não fumadores" versus "fumadores". Ora ninguém está proibido de ir a lado nenhum, só se proíbe o fumo, era simplesmente isso que devia dizer nos sinais, "proibido fumar". É isso mesmo que dirá nos sinais franceses, cuja lei, para cafés e restaurantes, também entra em vigor no próximo dia 1. Mas enfim, será mais uma desculpa para os fumadores se vitimizarem, só isso. O importante é que funcionários e clientes não fumadores deixem de ser vítimas reais do fumo.

Para terminar deixo aqui os anúncios da campanha anti-tabagista da UE, que sempre me pareceram dos melhores que já vi sobre o tema.





quinta-feira, dezembro 27, 2007

Um 2008 com cheirinho a alecrim


A RTP2 anda a passar a horas tardias (o que é bom quer-se escondido na programação, para não estragar) uma série documental sobre o Chico Buarque. Imperdível e imperdoável passar a tão más horas. Esta pérola, lá vista no episódio de ontem, serve também de postal de Bom Ano Novo para os leitores rénicos ;)

domingo, dezembro 23, 2007

Acenando agora também no YouTube


Por estes dias a rainha de Inglaterra tornou-se na mais velha monarca de sempre naquelas paragens. E para celebrar esse facto, bem como o 50.º aniversário do seu primeiro discurso de natal televisionado, Isabel 2.ª lançou agora o seu próprio canal no YouTube. Espreitei, mas não me deixei convencer. Prefiro a reportagem da Onion, aqui em cima.

Conversões de natal a preço de saldo

Antony Flew, um nome que provavelmente nunca ouviu antes, era, de acordo com o subtítulo do seu último livro, "the world’s most notorious atheist". O título é "There Is a God" (Deus Existe) e foi escrito a meias com o religioso indo-americano Roy Abraham Varghese, Flew é britânico. A questão da nacionalidade não é um pormenor neste caso, já que é curioso constatar o inglês americanizado com que Flew defende a existência de Deus na "sua parte" do livro - Anthony Gottlieb escreve mesmo no New York Times que Flew além de crente parece ter-se tornado americano. Vale a pena ler a crítica completa de Gottlieb - irónico não é? Gottlieb ("Amor de Deus" em alemão) não se deixou convencer por esta conversão.

Convém ainda salientar que Flew, que surge como o "mais notável ateísta" depois de deixar de o ser, sempre teve uma postura muito aberta à ideia religiosa, o seu princípio era presumir o ateísmo até que Deus se evidenciasse. Um princípio sensato sem dúvida, resta saber é se foi sensata a análise da evidência divina entretanto encontrada.

Uma boa deixa para passarmos para a mais badalada conversão da época, não uma mera conversão a um "Deus indefinido" (Flew diz rejeitar as noções muçulmanas ou cristãs de Deus), mas uma conversão a uma organização religiosa com crendices muito específicas e detalhadas, de gravidezes virgens a santidades papais. Falo, é claro, de Tony Blair, o mesmo que no ano passado garantiu ter rezado a Deus para se decidir quanto à Invasão do Iraque - excelentes evidências divinas terá encontrado Blair na resposta. O Iraque é uma festa.

E o Vaticano também, que rejubila com tão notável convertido. Valham-nos as beatas para porem os pontos nos ii. Ann Widdecombe, conservadora britânica convertida em 1993 ao catolicismo, lembra que o histórico de Blair na Casa dos Comuns não é nada favorável à ICAR, basta ver o seu voto em assuntos como o aborto - ou a orientação sexual, acrescento eu. Terá mudado ele de ideias agora? - dispara Widdecombe. Não é provável, já que a sua conversão estava há muito prevista, como informa a BBC. A crença que tinha, a crença que tem - ou seja, ou é mais frágil que o que parece ou não é suficientemente forte para influenciar o seu posicionamento político. Excepto, é claro, em relação à invasão do Iraque, divinamente inspirada. Seja como for, poucas razões para o Vaticano rejubilar.

Disse "poucas"? É ainda menos do que isso, termina assim o artigo da BBC: «Estimativas do número de idas à igreja em 2006, baseadas em números de anos anteriores, revela que 861,800 católicos assistiram à missa todos os domingos, enquanto que os anglicanos que o fizeram foram 852,500.» Para a BBC o facto do número de católicos praticantes ultrapassar o número de anglicanos parece ser o dado relevante destes números. Mas a mim parece que não chegar a 2 milhões o número de praticantes das duas principais igrejas do Reino Unido é, isso sim, o dado a assinalar. 60,2 milhões é o número de habitantes das ilhas, ainda de acordo com a BBC. Mas as notícias são sobre o sr. Blair (que até já ia à missa antes). Bem, pode ser que o sr. Flew se decida a ir um dia destes... sempre seria mais um.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Desnorte

Qual será a região mais pobre da península e adjacências? Será aquela que tem uma taxa de IVA reduzida (12%)? Será a que oferece subsídios para voar para fora da dita? Será a que tem um governo regional próprio e votou contra essa possibilidade nas restantes regiões do seu estado? Não, nada disso. No actual regime de "1 país 2 sistemas" compensa ser "colonizado", e quem se lixa é o "berço da nação"...

Muito mais informações e comparações no último "A Península Ibérica em números".

Os apressadinhos

Nota-se já pela blogosfera um silêncio de quem foi antes fazer barulho para o shopping "porque o natal está a chegar", dizem-me. Mas olho para o calendário e... surpresa: É SÓ NA TERÇA-FEIRA! Que seca esta pressa... vai tudo a correr, em fila, e depois é tudo caro e inadequado, e não se decidem e voltam de mãos a abanar e descontentes. Darlings, dia 24 é o dia para se fazerem as famigeradas compras de natal - que, insisto, é só no dia seguinte. Na véspera o consumidor fica muito mais decidido, intuitivo, os preços parecem muito mais razoáveis e ainda tem de bónus justificar o atraso na chegada à ceia familiar. Enfim, um gajo bem aconselha, mas anda tudo apressadinho, a comprar presentes para... esconder no sótão. Que tristeza.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Se a homofobia mata muita gente...

A homofóbico-fobia mata muito mais. É pelo menos esse o parecer de Nuno da Câmara Pereira, fadista monárquico e, nas horas vagas, deputado - por obra e graça de Santana Lopes - encarregue de deitar ao lixo as petições dos cidadãos homofóbico-fóbicos.

Pouco importa ao caso que NCP seja militante de um partido prestes a ser extinto por falta de militantes, uma cunha santanista é uma forma tão ou mais democrática de chegar ao parlamento que o voto consciente e esclarecido num partido. Por isso nem vale a pena reclamarem que a petição tem mais assinaturas que o PPM votos e militantes somados, porque.. bem, porque isso é paleio de intolerante com a intolerância e a cunha, duas instituições nacionais, que se souberam preservar melhor que a monarquia.

Uma pena o Santanás não ter ficado mais tempo em S. Bento, ainda veríamos o Duartinho (aquele senhor de bigode que gosta que o tratem por "dom") em Belém, como o menino Jesus. O Cavaco é que lixou tudo.

Wanda Sykes on gay marriage


Brilhante. Via Inbetween.

A miséria

A discussão que o patronato/CDS tem criado em torno do aumento do salário mínimo (que aliás estava já discutido, em tendo-se palavra não haveria o que discutir) é tão absolutamente miserável que até custa falar no assunto. Basta olhar para o salário mínimo da Grécia (668€) para se perceber o atraso em que estamos - ou será que a economia grega sempre a par da nossa, ou um passinho atrás até, de repente transformou-se num "dragão mediterrânico"?

E também não é difícil perceber que quem aufere o salário mínimo em Portugal é pobre. Trabalha a tempo inteiro, paga impostos, mas é pobre. O anunciado aumento de 5% mal cobre a inflação, que para quem é pobre será mais alta do que para quem é rico, pois quem é pobre não compra, p.ex., material informático, que contribui para uma baixa no cálculo da dita cuja. Enfim, tudo isto é triste e reles, e não é, certamente, motivo para o Sócrates se gabar.

Ler mais sobre o caso no Zero de Conduta e no Ladrões de Bicicletas.

Rio de Dezembro


Só hoje me deu para ir procurar ao YouTube o tão falado vídeo do gang da Ribeira, aka Grupo Terrorista da Ribeira, ei-lo. Fiquei no entanto com a dúvida se se pode classificar como um coro de queixas ou não, o género musical que recomendo para estes dias invernosos. Seja como for aqui fica, que a divulgação da nova música portuguesa nunca é demais. Ou sim. Mas giro giro era mandar estes meninos à Eurovisão, não havia máfia de Leste que travasse a vitória tuga :) Será que as pulseiras electrónicas funcionam em Belgrado?

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Como é que se sai da UE?

De tudo o que já ouvi dizer do Tratado de Lisboa (o 3.º), o que mais me agradou foi a possibilidade de um estado-membro abandonar a União Europeia, situação que não estaria prevista em nenhum outro documento. Escrevo "ouvi dizer" porque naturalmente não li as 287 páginas da sua versão em PDF, e muito menos todas as milhares e milhares de páginas subjacentes - como ouvi de um eurodeputado qualquer, as 287 páginas são só a ponta do icebergue.

Isto vem a propósito da ideia de referendar a continuação de Portugal na UE, lançada por alguns opositores ao referendo ao Tratado de Lisboa (TL). É um pouco misturar alhos com bugalhos. Mas é pena que ninguém agarre o repto. É que a UE é-nos apresentada desde que me lembro como 1) uma gorda e generosa teta de dinheiro e 2) uma absoluta inevitabilidade histórica sem qualquer tipo de alternativa.

O argumento de que o TL é inreferendável é bem ilustrativa da ideia de que Portugal na UE não fala, ouve - mais realidade, do que simples ideia. E com o TL falará ainda menos do que até aqui. Deviam agarrar-se antes ao argumento de que os políticos foram eleitos, e desde sempre que os eleitos são do clube Bruxelas-sim-sim. Claro que esse argumento tem o seu calcanhar, já que os eleitos actuais também o foram com a promessa de um referendo...

Mas voltemos à questão da continuação na UE, essa sim interessante. O repto não foi agarrado e não era para ser, era pura retórica para assustar - oh, sair da UE, a tragédia, as trevas! Mas porquê?

A participação de Portugal na UE só poderá ser democrática se for uma escolha livre, e só pode ser uma escolha livre se houver alternativas. Desde 1986 que a adesão é uma contingência, e não será um referendo sob o signo da ameaça que vai transformar isso numa escolha. É por isso que é tão importante que surja no panorama político, à esquerda ou à direita, um plano de saída da UE credível.

Olhe-se por exemplo para a Islândia, que está aberta à UE (é parte de Schengen) sem dela fazer parte (está na EFTA, onde também estivemos), vive da pesca (coisa que também tínhamos antes de 1986) e está em 1.º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. Sim, a vida, incluindo a boa, é possível fora da UE. Só não há quem ouse propor tal coisa em Portugal.

Note-se que não digo que apoiaria tal plano, digo apenas que ele é necessário, urgente até. O eurocepticismo é a receita ideal para transformar o nosso euroconformismo em real e produtivo euroentusiasmo, que não vá atrás de tudo o que lhe mandam. É preciso vermos a porta de saída para podermos escolher ficar cá dentro.

De "impolítico" é que isto não tem nada

«Sei que é impoliticamente correcto falar de crucifixos, presépios e outros símbolos religiosos, sem imediatamente invocar os símbolos de todas as outras religiões do mundo, como se pudéssemos apagar o nosso passado e fingir que não pertencemos a uma civilização marcada pelos princípios judaico-cristãos.»
E a ladainha do "politicamente incorrecto" atinge um novo nível... é o PiC 2.0, pela mão de Isabel Stilwell, que a versão 1.0 já estava demasiado gasta, foi um fartote no natal de 2006, há que inovar portanto.

"Onda de homicídios no Porto" afinal não era apenas exagero da imprensa

quinta-feira, dezembro 13, 2007

O futuro presidente do Conselho Europeu

Como se faltassem razões para apreciarmos o cachorrinho europeu nº1 de Bush... ou para dizermos ámen ao novo tratado. Vídeo em versão original aqui.

Gatofobia tem cura

Quando é que fazem o mesmo com os homofóbicos?

A assinatura e os beijinhos

Pelo meio do bovinismo da emissão pela RTP da assinatura do novo tratado europeu (só comparável ao bovinismo das emissões pela mesma estação das cerimónias de Fátima) sempre houve oportunidade para nos rirmos um pouco. A eterna bebedeira de Sarkozy brilhou. Mas houve outros momentos mais curiosos, como a insistência de Sócrates e Amado em cumprimentarem de beijo todas as mulheres, mesmo quando estas estavam já de mão estendida, ou o embaraço de ambos em receberem os beijos da comitiva italiana. A igualdade desconcerta-os. Tal como desconcertou algumas das políticas nórdicas o cumprimento desigual.

Lembrei-me logo deste post do Opaco com o mapa de França dividido por número de beijos que é usual dar-se. Mas ainda mais interessante do que esse, seria um mapa europeu que ilustrasse os locais onde os cumprimentos são igualitários, sejam beijos ou cumprimentos de mão.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Beijinhos SICk

Já tinha comentado n'Os Tempos que correm que o novo anúncio da Dolce & Gabbana era giro e tal, mas eh... ainda deixava muito a desejar. Cito-me: «um beijo demasiado curto, num anúncio demasiado irreal, a um produto luxuoso (caprichoso?), e os beijantes são o reflexo de si próprios». Ora acontece que até então só tinha visto o anúncio na RTP, e agradou-me o facto de o ver durante o dia e não atirado para o final da emissão. Mas eis se não quando o sintonizo na SIC, e... saltaram a parte do beijo! Ainda pensei que fosse distracção minha, mas pouco depois lá passa a versão a terminar com as meninas, clones uma da outra, e... abraçadas também, sem beijo. Na SIC, o beijinho já de si breve e auto-contemplativo, sumiu. Cadê? Porquê?

Já agora, e na TVI, alguém sabe se passa, quando e como?

Onde é que isto vai parar!?

Assim começou o Jornal da Tarde da RTP, pela voz de Carlos Daniel, a propósito de um homicídio de um segurança do Porto. Lanço a mesma pergunta, mas antes a propósito do jornalismo sensacionalista da RTP. Onde é que isto vai parar?

Pior. Além do tom "conversa de café" e do histerismo com que são apresentados os serviços noticiosos da televisão pública (com a falta de qualidade e rigor da privada posso eu bem, não me sai do bolso), nem sequer os casos de faca e alguidar aos quais a TV decide dar máxima importância são apresentados com um mínimo de profundidade. Quais moços de recados do palhacinho de serviço, todos acorrem a interrogar o governo. Mas ninguém é capaz de fazer as perguntas verdadeiramente incómodas e a quem de direito. Quantos agentes da PSP são também seguranças? E de que forma isso interfere com a investigação?

Agora, falar em "guerra" ou "onda de homicídios" no país onde só no ano passado pelo menos 39 mulheres foram assassinadas pelos maridos ou companheiros, sem que tais casos tenham sido notícia fora das páginas do CM e JN, é um bocadinho despropositado não? Ou será que há assim tantos espectadores que sejam seguranças da noite do Porto e devam por isso ser alertados via RTP?

sábado, dezembro 08, 2007

Ecologismo tablóide

«Pode uma acção ambientalista, promovida por um jornal de grande circulação, ser prejudicial para a Europa? Ao que parece, sim, sobretudo se o jornal em causa for o alemão "Bild", a publicação com maior audiência no país, e a acção ambientalista, da Greenpeace, for um apagão eléctrico de cinco minutos, com vista a sensibilizar os participantes da Cimeira das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Bali, Indonésia.

Como é óbvio, um apagão de cinco minutos em toda a Alemanha (país com mais de 80 milhões de habitantes) não é uma medida suficiente para alterar a produção de energia eléctrica. É por isso que algumas associações ambientalistas alemãs desvalorizam esta iniciativa apoiada pelo "Bild" e cerca de outras 40 organizações ambientalistas.

Mas se houver muitos alemães a aderir ao apagão, previsto para hoje, entre as 19 e as 19.05 horas (hora de Lisboa), "há sérios riscos para a rede de abastecimento de energia europeia, em que a produção e o consumo têm de estar permanentemente em equilíbrio", explicou um responsável da RWE, a maior empresa energética europeia.

A fonte de preocupação para as companhias de electricidade é o facto de várias empresas, como a BMW, Bosch, Telekom e T-Mobile aderirem à iniciativa. Se se apagarem milhões de luzes ao mesmo tempo, tal poderá desligar parte da rede eléctrica da Europa devido aos sistemas automáticos de segurança.
»

Mas o que importa é que em Bali se sensibilizem... raisparta a palermice.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

E se um coro não for suficiente, chamem a Björk


As bandeiras nos ombros da deusa islandesa são as da Gronelândia e das Feroé (ambas colónias dinamarquesas), mas esta canção promete fazer sucesso em muitas outras paragens, da Catalunha ao Kosovo. O mau gosto jardinense deverá contudo servir de filtro na Madeira. Já se o Norte tivesse uma bandeira, hoje ia para rua cantar isto com ela ao vento... poupam-se os tímpanos da vizinhança. A não ser que encontre uma da minha freguesia. [via]

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Direito à indiferença

Uma reportagem do The New York Times sobre famílias judaico-cristãs e a competição entre Natal e Hanucá que por vezes isso gera. Entre vários exemplos familiares, o de Rick Draughon (cristão), Scott Gamzon (judeu) e Noah, o seu filho adoptado. Suponho que este tipo de cobertura jornalística, com gays visíveis mas sem um assunto gay ou o termo sequer, só seja possível com mentalidades já mudadas. Suspiro...

Curioso também como ao longo da reportagem coisas como a árvore ou o pai-natal são vistos como símbolos óbvia e indiscutivelmente cristãos. Creio que faria bem à harmonia familiar se estas pessoas fossem de férias a Tóquio ou Singapura em Dezembro (nunca fui, mas diz que...).

Coros de queixas (literalmente)


Agora que entramos na época da música coral por excelência, uma espreitadela às novas tendências do género. Coros de queixas! O primeiro coro de queixas organizado enquanto tal foi o de Birmingham, logo seguido pelo de Helsínquia (aqui em cima) e o de Hamburgo. Até já há um infantil, o de Poikkilaakson. O surpreendente é ainda não haver nenhum coro português nesta rede global de queixosos cantores. Já agora, as queixas de Budapeste devem ser as que mais nos dizem (a da carrinha dos gelados é a minha favorita).

Mas há pelo menos duas performances apadrinhadas pelo Gato Fedorento que merecem menção (aqui em baixo). Só falta profissionalizarem-se e lançarem um sistema de franchising ou coisa que o valha, todas as cidades portuguesas deviam ter um coro destes. Queixas por certo não faltarão.



4 pessoas detidas em Vigo por mais uma queima da foto do João Carlos

Para que não se pense que o culto de personalidade não é para levar a sério, das moedinhas aos selos, até às leis especiais contra opositores, upa, upa. Tendo isto acontecido a cerca de 30km da fronteira portuguesa, temos o dever de solidariamente aproveitar os últimos magustos para assar algumas Holas e Caras que tenham a real focinheira na capa.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Um Natal porreiro, pá!


Uma adenda a isto (ou não fosse esta rena ultra-sexy). Via Womenage. Na Webboom. E para quem não se lembra, o vídeo original.

PS: A publicidade está giríssima, mas este blog não recomenda a compra de livros das editoras portuguesas para presentes de natal, em jeito de boicote pelo boicote por estas anunciado. Sendo a Webboom propriedade de uma dessas editoras, também não recomendamos qualquer compra através desse site. Melhor procurar nos ".com.br".

Percebemos que o nosso blog é pura perda de tempo inconsequente quando...

...nos deparamos com o empreendedorismo e sentido prático da blogosfera alentejana. De Beja, para ser mais exacto:
«PEDIDO DA ADMINISTRAÇÃO

Meus amigos, o Gayengatesbeja tem agendada desde há algum tempo uma orgia, como devem ter conhecimento. No dia 1 de Dezembro realizámos uma mini-orgia, que por questões de logística, foi muito limitada, só tendo podido participar 6 elementos, mas que correu muito bem, felizmente.
Em relação à grande orgia, em que o número de participantes é muito maior, e que já está em preparação desde Setembro, deparámo-nos com, um problema de última hora. Estava prevista a realização da mesma, num monte alentejano (quinta), nos arredores de Beja. Por questões de força maior, a pessoa que nos cede esse espaço, só o vai poder disponibilizar em Janeiro, o que nós agradecemos imenso. Contúdo, e para dar seguimento às nossas promessas (não somos como o Governo), pedíamos a colaboração de uma alma caridosa, qualquer um de vós que tenha um espaço discreto e que esteja disponível para disponibilizá-lo para organizar-mos a nossa grande orgia, nós agradeceríamos imenso. De preferência no Alentejo, s enão for possível, noutra zona qualquer.
Se houver por aí alguem que tenha uma casa, um espaço qualquer que disponibilize por umas horas, à noite, para a realização da orgia, que entre em contacto connosco para o nosso mail gayengatesbeja@gmail.com
Imediatamente entraremos em contacto.
Muito obrigado a todos!

Gayengatesbeja.... "um por todos, e todos por um!"»
Do Alentejo mas com alcance global, "noutra zona qualquer". E com necessidades globalizadoras, atente-se:
«Onde andam os brasileiros, mulatos e negros???

O Gayengatesbeja, lança mais uma vez o desafio a Brasileiros, Mulatos e Negros!
Face à grande procura por parte dos nossos utilizadores, lançamos o apelo a brasileiros, mulatos ou negros, quer sejam bi, gay ou hetero, para que nos contactem via mail, a fim de bons momentos! Contacto: gayengatesbeja@gmail.com

Esperamos por vocês!»
Sim, "ou hetero", porque isto é um blog inclusivo e acolhedor:
«Gostarias de ter sexo com um homem pela primeira vez, mas tens receio? O Gayengatesbeja pode ajudar-te a resolver o teu problema de forma simples e completamente gratuita.
Temos uma equipa jovem, dinâmica e pronta a ajudar-te!
Nada tens a temer, basta simplesmente quereres descobrir os prazeres da vida!
De forma completamente sigilosa e descontraída, ajudamos-te a passar do sonho, ou do mero desejo oculto à realidade! Para qualquer esclarecimento ou questão contacta-nos através do nosso endereço de correio electrónico:

gayengatesbeja@gmail.com

Temos tudo o que tu procuras! Gayengatesbeja... deixa-te seduzir!»

Mas sem receio de polémicas:
«É curisoso como este blogue veio agitar as águas na cidade de Beja. A região em nada estava habituada a iniciativas pioneiras deste género. Um dos nossos objectivos é tentar criar abertura de mentalidade nas pessoas, em particular dos alentejanos.»
Salva a eventualidade de encontrar um equivalente nortenho, esta é definitivamente a descoberta blogosférica do ano. Um grande bem-hajam para os companheiros de luta alentejanos :)

Tem a palavra a anjinha da diocese católica de Nova Iorque

O mais seguro será mesmo evitar que a ocasião aconteça, concluiu o clero nova iorquino.

terça-feira, dezembro 04, 2007

E’ Natale? Scopiamo?

Se a blogosfera de direita fizesse um intervalo na discussão do "quão nazi podes ser até que isso me comece a incomodar", veriam que este Natal é muito mais propício à Guerra anunciada no ano passado em Portugal, e há 2 nos EUA. É que nunca os anúncios natalícios estiveram tão sensuais. Depois da cristianização e consequente mercantilização, teremos a sexualização da festa invernal como via para a repaganização? Assim o espero.

E as operadoras móveis esmeraram-se. Festas de Natal com Marilyn Monroes e rapazes giros emplumados ("O Natal pode ser como você quiser, com a TMN a magia é sua"), raparigas giras em lingerie fazendo sensuais bolhinhas de sabão ("Este Natal dá o teu melhor. Com o melhor de ti, Optimus") ou pais-natais dormindo entre giros rapazes com ar de quem se prostituía por uma banda larga ("Nunca o pai-natal foi tão amigo. Viva o momento, Vodafone"). Claro que há sempre a possibilidade de ser eu o eterno optimista que em tudo vê sinais de luxúria e hedonismo. Mas se calhar estão mesmo lá. E para que não restem dúvidas pode-se comprar uma das t-shirts do Oliviero Toscani, "É Natal? Fodemos?" - o lucro até vai para obras de caridade, como convém na época.

João Jardim sem preconceitos contra o Irão


Foi o que garantiu durante a inauguração da Embaixada (oficiosa) da Madeira em Lisboa. Estará a pensar num programa nuclear para a Madeira?

PS: E ninguém lhe pergunta pelo Principado da Pontinha, que anunciou recentemente (vi na SIC, mas não acho o vídeo) que irá declarar a independência da Madeira na noite de fim de ano? Com direito a foguetório e tudo, garantiu o homólogo pontinhês de Jardim.

O maior do maior

Tinha prometido postas queirosianas aos molhos, mas afinal foi a Anita que tomou conta cá do curral. Não é grave. Do Eça não há muito a dizer, é lê-lo, lê-lo sempre. E o Eça favorito pelos rénicos leitores é o que leram no liceu: "Os Maias", com 49 votos, também a escolha de Saramago, lê-se na capa da edição inglesa. Segue-se "O Crime do Padre Amaro" (28), tendo por perto dois romances de reconciliação com o país e a sua ruralidade, "A Ilustre Casa de Ramires" e "A Cidade e as Serras", ambos com 20 votos. As restantes obras somam 32 votos. Todos merecem ser lidos. Saem mais baratos que esses calhamaços pseudo-históricos agora em voga, e dão muito mais gozo. É de apetite, hem?

domingo, dezembro 02, 2007

Alguns mais parecem buracos negros, tal a carência

Já não há mesmo cuzinho que aguente a conversa da "ditadura do politicamente correcto". Quer dizer, exceptuando os rabos dos directores dos jornais portugueses, que diariamente publicam crónicas de denúncia da tal ditadura, exactamente iguais às do dia anterior e às que se seguirão amanhã. Nunca que se viu ditadura tão silenciosa e com oposição tão histérica - bizarro no mínimo.

Mas ela existe, ela está lá. Porque cada vez que alguém vem com a lengalenga do politicamente correcto, está a dizer ao mundo nas entrelinhas, "eu queria dizer outra coisa, mas não posso, porque depois dizem que eu sou mau e feio e tal seria insuportável para mim, que nunca ouvi disso, que não sou desse nível". E o que eles queriam mesmo dizer é que a paneleirice é uma nojeira, que as mulheres deviam estar era na cozinha, que os pretos só servem pras obras e que o comunismo devia ser criminalizado. Aliás, eles não queriam dizer nada disso. Queriam apenas, singelamente, que isso continuasse a ser a regra sem que se tivesse sequer que falar no assunto, que fosse assim e pronto. Porque falar, por si só, nessas coisas, é uma seca, um descer de nível, um horroroso perder tempo com irrelevâncias, enfim.

Como, então, falar nisso sem ter que falar? Defender isso sem ter que argumentar? É aí que entra a ditadura do politicamente correcto, e é tão fácil! É uma verdadeira dádiva divina. "Estou sem inspiração nenhuma para escrever hoje.. ah já sei, a ditadura do politicamente correcto!" - pensa o esforçado cronista. E depois é só dar uma vista de olhos na imprensa, ou melhor, na bloga ou nos jornais estrangeiros, sempre férteis nestas nojeiras, e zás, já está. O Mário Soares foi a uma conferência sobre o lugar da mulher na religião? Tungas que já almoçaste, ditador anti-cristo do PC! A Tagus decide reformular uma campanha publicitária? Eh lá, qualquer dia há genocídios politicamente correctos! Alguém ousa criticar num blogue a publicidade milionária que a televisão pública oferece diariamente à igreja? Arre pra censura politicamente correcta, daqui a nada estão a fuzilar padres! And so on...

É simples, é fácil, e alimenta muitas bocas. Nos jornais paroquiais, tal como nos nacionais, já ninguém quer outra coisa. Ainda mais agora, que está quase a chegar a altura da "Guerra ao Natal", que é sempre um fartote! "Boas festas", p. ex., transforma-se em 2 ou 3 linhas num fanático slogan ateu. E o melhor desta ditadura é que evita essa coisa horrorosa que é debater dados concretos, falar sobre a realidade para além das torres de marfim, chamar os nomes das coisas às ditas, contra-argumentar, enfim, é quanto se poupa.

Claro que há sempre quem acabe por se fartar com tanto não-dito tão explícito, mas... e é esse o encanto da ditadura politicamente correcta, fica tão fácil lidar com isso: pronto, passou-se, da cabeça e para o lado dos patrulhadores da ditadura! Estou profundamente ofendido e amuarei uns tempinhos, mas descansem, logo logo volto ao mesmo.

sábado, dezembro 01, 2007

1 de Dezembro: não se pode confiar em ninguém

(foto do PD via Cenas)
«À margem das cerimónias oficias, membros do PNR, vestidos de preto como é habitual, gritavam palavras de ordem enquanto seguravam cartazes onde se podia ler «Mugabe é racista e não é bem-vindo».

A pé e de carro seguiram em marcha, autorizada pelo governo Civil, até ao Terreiro do Paço.»
O Mugabe não é bem vindo por ser "racista" dizem os nazis!? E é isto que escolhem dizer no 1 de Dezembro? Nem um "morte a Espanha"? Umas castanholas a arder? Uma montra da Zara enfarinhada? Nada? É isto agora a celebração da restauração? "Mugabe racista não és bem-vindo"? Phone-ix! E os que já cá estão, para onde se deportam?

sexta-feira, novembro 30, 2007

O acordo e o mercado africano

Vale a pena ler o dossiê de ontem do Público sobre o acordo ortográfico. Para os editores portugueses o que está em causa é sobretudo África, onde são reis e senhores sem esforço (exceptuando uns problemitas). Com o acordo a coisa deixa de ser assim fácil, e pior, até por cá haverá concorrência. Resumindo, uns estão preocupados com a manutenção dos seus negócios fáceis, recusando ver que oportunidades não faltam com o acordo, e outros estão preocupados com o futuro da língua. Estou naturalmente entre os segundos. E por isso espero sinceramente que atrás do Brasil siga Angola e Moçambique, para termos o prazer de ver os editores portugueses a gritar nas ruas pela aplicação do acordo.

Entretanto, falando de livros, Angola e de editores portugueses:

«A publicação de "Purga em Angola", polémico ensaio sobre o sangrento contragolpe de 27 de Maio de 1977 no seio do MPLA, tem valido aos seus autores, o casal de investigadores Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus, uma série de "ameaças e tentativas de intimidação", confirmadas, ao JN, pelos próprios. Além disso, é quase impossível encontrar o livro à venda.

(...) A docente universitária garante também que "uma semana antes do lançamento, quando os autores ainda não tinham visto o livro, já na Embaixada de Angola alguém se gabava de o ter e de o ir mandar para Angola".

As suspeitas adensaram-se a partir do momento em que a tiragem rapidamente esgotou e, apesar das sucessivas promessas nesse sentido, o stock não foi reposto. "Há praticamente um mês que não existem livros à venda", acusa Dalila Cabrita Mateus, para quem "não admira que, com esta embrulhada, apareçam pessoas a dizer que boa parte da edição foi vendida a Angola para ser queimada. Ou, então, a afirmar que Angola comprou a distribuidora e esta retirou os livros do mercado".

Carlos Araújo, editor da ASA responsável pelo livro, desmente eventuais pressões sofridas e atribui à situação interna da empresa, adquirida há cerca de dois meses pelo grupo de Miguel Paes do Amaral, as dificuldades no lançamento de uma nova edição. (...)
»
Passaria o mesmo se a editora fosse brasileira?

Anita + atrevida by Eduardo


Do Agrafo, obrigado!

Anita + atrevida by Max

Do Devaneios Desintéricos. Que ainda descobriu estas:

"Anita descobre a Playboy"
"Anita, merda, a minha pílula!"

Se fosse "phoda-se" eu trocava de número


Phone-ix (diz-se fónix), a nova rede de telemóveis dos CTT.

quarta-feira, novembro 28, 2007

Anita + atrevida by MVA


A saga da Anita + atrevida continua, desta feita pela mão do Miguel, obrigado! Continuem a blasfanitizar para renaseveados(a)gmail.com.

terça-feira, novembro 27, 2007

Entretanto em Alcácer-Quibir, um sinal de D. Sebastião

«Una supuesta boda homosexual en Alcazarquivir, (norte de Marruecos), inmortalizada en un vídeo realizado con un móvil que desde hace días se puede ver en Internet, ha soliviantado a los islamistas y provocado la detención de seis personas, informó ayer la agencia oficial de noticias marroquí MAP.

Uno de estos detenidos, Fuad Afrirt, que según la prensa local es uno de los contrayentes, acudió el jueves a la policía para pedir protección.

El resultado fue que los agentes le detuvieron, aunque se desconocen los cargos de los que se le acusa. No se ha divulgado tampoco la identidad de los otros detenidos, de las que MAP precisó que pasarán a disposición judicial.

La práctica de la homosexualidad es delito en Marruecos y se castiga con penas que van de los seis meses a los tres años de cárcel.

En el vídeo se veía una fiesta, al parecer celebrada el 18 y el 19 de noviembre, en la que participaban hombres-algunos vestidos con ropas femeninas- y varias mujeres.

Manifestaciones contra los homosexuales

El pasado fin de semana, varios grupos islamistas radicales, mayoritarios en Alcazarquivir, convocaron manifestaciones de protesta contra los homosexuales. Pidieron también el castigo de quienes participaron en la celebración.

Además de provocar numerosos comentarios en la prensa nacional y local, este asunto ha llegado incluso al Parlamento del país.

El presidente del grupo de la formación islamista Partido de la Justicia y del Desarrollo (PJD) en la Cámara de Representantes, Mustafá Ramid, llegó a calificar la unión entre dos hombres de "otra forma de acto terrorista, en el país del príncipe de los creyentes" (éste es el título religioso del rey Mohamed VI).»

Mas Marrocos fica onde mesmo? No fim do mundo por certo, vá, voltemos à Venezuela e ao Zimbábue, tão mais próximos.

Diz que é uma espécie de agência noticiosa

O Brasil entrou pela primeira vez no grupo dos países com alto desenvolvimento do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. Veja-se como noticiou tal facto a Agence France-Presse: «Brasil aparece em último lugar entre países com maior desenvolvimento humano». A legenda da foto do presidente brasileiro é menos trágica: «Brasil de Lula pode melhorar». C'est comme ça.

Era a versão portuguesa deste partido sff

segunda-feira, novembro 26, 2007

Anita + atrevida by dr. maybe


Estas duas magníficas respostas do desafio aqui lançado são da autoria do dr. maybe (a primeira estreada aqui). De repente fiquei com uma dúvida, sendo a Anita original um símbolo burguês e conservador q.b., estas novas versões serão então politicamente correctas, certo? Será que devia mudar o nome da série de posts?

Patrulhamentos de bits e bombardeios de papel

«Essa patrulha ideológica, vigiando cada distracção, cada frase mal pronunciada, cada piada ou anedota, cada opinião, cada divergência, cada afrontamento, cada violação das regras linguísticas do "politicamente correcto", é que me parece contraproducente.»
Pois, a mim também parece contraproducente. Aliás, a minha discordância em relação à reacção das Panteras Rosa (que não foi a reacção de todo o movimento, e muito menos de todos os gays e lésbicas) estava sobretudo no tom, estilo e importância dada ao caso. Porque eu não coloco em causa que a assimetria existe. O que sei é que essa assimetria deve ser denunciada com mil paninhos quentes e só com casos "óbvios", sendo que muitas vezes nem o sangue "basta" para o serem.

É que à mínima crítica mais exacerbada logo chovem colunas de jornal sobre "patrulhamentos ideológicos" e "faltas de liberdade" - é por isso que são contraproducentes. Não por acaso, a crónica do Francisco José Viegas foi, salvo erro, a primeira impressa sobre o tema. É que o malfadado lobby só tem os blogs ao dispôr do "patrulhamento". Um bocadinho pífio e inofensivo, não? É escusado tanto berreiro hetero, mais valia o orgulho!

PS: Afinal o DN de hoje também traz outra coluna sobre o tema, mas demasiado palerma para ser linkada, embora não para ser impressa no jornal. Contraproducente, sem dúvida.

Anita + atrevida

Já há uns tempos que reparei nesta deliciosa publicidade à loja de souvenirs do site Rue89. Mas só agora descobri a sua origem. Como já deduziram, "Martine" é o nome francês (e o original) da célebre Anita, heroína de uma série de livros iniciada nos anos 50, que conta as primeiras experiências de vida de uma burguesa acomodada ao mundo machista em que vive.

Ora em Outubro fez furor na internet francófona o Martine Cover Generator, que como o nome indica, era um gerador de capas alternativas dos livros da Martine. O anúncio do Rue89 é um dos resultados, mas há outros ainda mais giros, como "Martine escapa ao seu teste de ADN" ou críticas ao encerramento do site. Pois é, por pressões dos editores, o site, apesar do imenso sucesso, durou pouco. É pena, nem o pude testar. Mas se alguém quiser e souber fazer uma versão portuguesa, não duvido que alcançará igual sucesso. Com o google e o meu programinha de desenho o melhor que consegui foi isto:

"Anita suicida-se" também era giro. Mas não será difícil fazerem melhor que isto, é o desafio que vos lanço, os leitores sem blog podem enviar as suas Anitas + atrevidas para o correio do renas (renaseveados[a]gmail.com). Vamos lá fazer com que a Ana pareça uma menina do coro.

sábado, novembro 24, 2007

Atenção às bocas emissoras do sistema


A alegria do Parlamento português tragicamente interrompida por uma flagelação pelo frio. Vídeo do Zero de Conduta. Para quem ainda acreditava que estar com Alegre não era estar com uma boca emissora do sistema, acho que este vídeo acaba de vez com a crença...

Respostas que interessam


Na altura da coisa estava sem tempo e pachorra para comentar o caso. Mas são precisamente estes casos que merecem respostas exaustivas... Ou então bem humoradas, como esta do Bruno Nogueira, via Fuckitall.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Cortina de fumo: o iberismo é que está a dar

Pelo menos entre os laureados com o Nobel da literatura que tenham casa de férias em Portugal. Anda pelos 100% o apoio à causa nessa camada da população... Curiosamente a oposição à reunificação alemã também terá tido mais ou menos esse valor percentual no segmento referido.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Feminista ou tonta?

Tonta claro. As campanhas da Tagus primam por serem tontas, e mais nada... não vale a pena reflectir muito sobre o que nunca foi reflectido antes.

Uma campanha alegre

Acho que era dos poucos bloggers tugas que ainda não tinha usado o título do Eça, ei-lo, e a propósito, ainda, da campanha da Tagus - nome que, pelo menos entre os activistas gays, de sofá ou não, já ganhou enorme notoriedade nos últimos dias.
"Queremos colocar a marca no radar do consumidor". Com estas palavras, Sérgio Henrique Santos, director de planeamento estratégico da Lowe, justifica o título do manifesto «Assuma a sua heterosexualidade sem vergonha», criado pela agência para a Tagus.

A campanha contará, numa primeira fase, com mupis de divulgação e propõe criar a "primeira comunidade virtual portuguesa para todos homens e mulheres". De acordo com Sérgio Santos, o "Orgulho Hetero", nome desta acção, vem "criar um território de verdades, com uma mensagem mais irreverente", diz, Mesmo assim, descarta totalmente a possibilidade de gerar-se polémica, até porque, como sublinha, "só queremos criar buzz". E explica: "A barreira de qualquer marca é a indiferença e, como estamos a falar de uma que tem um budget baixo em relação a outras marcas de cerveja, temos de criar notoriedade em torno dela". Além de que, prossegue, trata-se tão só de "uma brincadeira, pois não estamos a formular qualquer juízo de valor".

A partir do site, que estará online esta sexta-feira, os internautas terão a oportunidade de fazer amizades, ao mesmo tempo que entram em contacto com a Tagus. A ideia é que a "marca fale com as pessoas e não para as pessoas", pois, "com uma campanha moderna e clean", queremos provar que existem mais do que duas marcas cervejas em Portugal", conclui.

Esta notícia diz tudo, ou quase. Baixo orçamento, mercado dominado pelas super-poderosas Sagres e Super Bock, procure-se então um pouco de "buzz", mas nada de polémicas, que isso é coisa mais pesada, pode correr pior. Ora nada melhor que uma indirecta à gayzada para gerar o tal buzz. E o "buzz" já ferve pela internet. A Tagus agradece.

Qual é o problema? À partida nada de grave, é só um buzz, passa depressa, como o vento. Mas o movimento gay perde assim uma fantástica oportunidade para estar magnanimamente calado, colhendo os frutos mais tarde. Eu explico, e na verdade é tudo muito simples. Aliás, é tudo muitíssimo complicado, mas na era dos buzz e dos soundbites, é forçosamente simplificado.

Sim, quem já trabalhou e participou no Orgulho Gay e nas suas reivindicações tem motivos para se sentir ofendido com esta campanha. Todo o trabalho, suor, privações e provações para o construir são subitamente caricaturados para vender cerveja. Quem perdeu já horas de vida a explicar que o Orgulho Gay não é o "Orgulho em se ser gay", mas o orgulho em ser capaz de dar cara, de vencer os obstáculos, de lutar contra a homofobia, que o Orgulho Gay pode ser o orgulho de qualquer hetero que se junte à luta, fica necessariamente furibundo ao ver surgir uma "causa hetero" promovida pela cerveja, que se resume a um site de engates hetero, igual a milhões de outros sites, embora este claramente mais sujeito a ser dominado por rapazes virgens.

É claro que gritar "sou hetero" numa sociedade onde a heterossexualidade é a hegemonia, é chover no molhado. É que "somos todos hetero" até prova em contrário. A Sagres e a Super Bock nunca usaram a palavra "hetero" na sua publicidade porque não precisaram, porque está lá, sem ser preciso estar. Tal como os reality shows de engate, cenas de um casamento, etc, nunca a usaram. Toda a gente pressupõem que seja para heteros, sendo que muita dessa gente desconhece ainda a palavra.

O "hetero" só passa a fazer sentido a partir do momento em que o "gay" começa a fazer-se notar. Nesse sentido este "Orgulho Hetero" é até um sinal positivo, mostra que há uma brecha na hegemonia. Que o gay já se faz notar ao ponto de haver marcas de cerveja que acham que pôr um bando de rapazes a mandar piropos à empregada do bar já não chega para marcarem a sua heterossexualidade.

É tudo tremendamente vazio de conteúdo, e nada explicitamente homofóbico. Exacto, esta campanha não é explicitamente homofóbica. É sobretudo tonta, e claro, só possível num contexto de muita homofobia ainda enraizada, mas não vincula as mensagens que aqui se quer crer que passam. É por isso que me oponho frontalmente contra essa simplificação e presunção. Porque dessa simplificação facilmente nasce outra, "se o orgulho hetero é homofóbico, então o orgulho gay é heterofóbico". E a maioria das pessoas nunca gastará mais segundos de reflexão sobre o tema que isto.

É óbvio que não existe uma simetria entre uma coisa e outra, entre ser gay e hetero, entre ser discriminado por se ser gay e uma hipotética discriminação por se ser hetero. É por isso que faz sentido um Orgulho Gay e não um Orgulho Hetero. Mas é, ou não, essa simetria o nosso objectivo final? A plena igualdade, o dia em que o Orgulho Gay seja tão desnecessário e tonto quanto este? Ora se esse é o objectivo, não vale a pena criar guerras com uma campanha assente numa falsa simetria, mas falsa apenas porque ainda não real, embora há muito sonhada.

Aquilo que o movimento gay pode e deve exigir à Tagus, é que esta mostre que o seu Orgulho Hetero é tão aberto e inclusivo quanto o nosso Orgulho Gay. Ou seja, a Tagus devia ser convidada a patrocinar e a comparecer nas próximas marchas do Orgulho LGBTA (A de aliados) com o seu carro do Orgulho Hetero. Só depois de recebida a resposta a esse convite, se poderiam tirar, ou não, outras conclusões. Até lá, é tudo na base da precipitação, i.e., do precipício.

Nunca nos esqueçamos. Só as vítimas não gostam de estar no seu papel, mas nunca foi preciso ser vítima para alguém se sentir vitimizado. O Pacheco Pereira chora-se pela "tentativa de silenciamento do seu blog" e chorará sempre, por mais vezes que seja linkado e citado nos jornais. Não ofereçamos à Tagus numa bandeja de prata o papel de "vítima da heterofobia", please. Há coisas tão mais importantes com que nos ocuparmos. Façamos o humor e não a guerra. É uma campanha para heteros, não é? Pois que sejam os heteros a preocupar-se com ela... e a aguentarem goela abaixo o inenarrável sabor de uma Tagus.

PS: Já a Super Bock e a Sagres supostamente são para todos mas só mostram "gajas boas" nas suas publicidades, isso sim é invisibilidade e indiferença.

O feriado que falta

Adivinhem quem faz anos no próximo domingo? Acertaram, o bom do Eça fará 162. Devia ser feriado, mas não é, já se gastou o 25 do mês seguinte com um excelente carpinteiro, não duvido, embora da Palestina! Coisas da globalização... Seja como for, aqui no renas, devotos só do Eça. Vai daí, são-lhe dedicados os próximos dias, com votações (ver ao lado), citações e outras bloguices que ocorram. Que a mordacidade e espírito crítico queirosianos estejam sempre convosco.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Sobre a Venezuela: uma só voz e meias palavras em Portugal

Excelente post do Daniel Oliveira. As poucas notícias que nos chegam da Venezuela (exceptuando os casos de emigrantes portugueses raptados) não passam nunca de caricaturas da realidade, descontextualizadas e contendo muitas vezes erros grosseiros e até mentiras flagrantes. "Regime de Chávez" diz a locutora da SIC, como dizem todas as outras - a peça da RTP consegue ser até um bocadinho mais maniqueísta. E viva o pluralismo democrático e a diversidade opinativa! O rigor da informação e o sentido crítico!

PS: Também é giro o beija-mão do Portas ao ditador tunisino. Mas Tunísia, que é isso? No fim do mundo, mais longe que Barcelona e o camandro... sem interesse jornalístico possível, claro.

OrgulhoHetero.com em inglês

«The building block of Western civilization has been the Nuclear Family. StraightPride.com staffers, like billions of others living out our 'lifestyle,' believe that family, morals, and pro-creation are the backbone of our well-being.

We are not homophobic.
We do not hate gays.

StraightPride.com IS against gay marriage and civil unions. Why? That is an easy question to answer- the well being of CHILDREN. It is an undisputable fact that the best home for children is an intact, two-parent, married mom (female) and dad (male).

Sexes are not interchangeable. Boys cannot learn how to become healthy men from even the most loving mother (or pair of mothers) alone. And girls cannot learn how to become healthy women from even the most loving father (or pair of fathers) alone. Weakening the family and undermining the values that support it will ultimately destroy our society and dramatically impact religious civil liberties.

Weakening the family harms individuals, and especially children. We should always want and ask for the best for our children - we should never settle. By legalizing same-sex marriages, and/or allowing civil unions, we are saying that these 'same-sex marriages/unions' are the same as man and woman marriages, that they're equal. Well, they're not. It can not be argued that a child brought into a same-sex 'union' will have the same benefit as motherhood and fatherhood. StraightPride.com believes that it is wrong to re-define a marriage and a sacred 5,000-year old institution. Please visit our 'Save America' section - and decide for yourself how best to put a stop to gay marriages and civil unions.

This is Straight Pride dot com»
Ainda bem que nos calhou antes a cervejita das tunas... mesmo.

Os patrocinadores da Presidência da União Europeia

Que giro, não fazia ideia que uma presidência da União Europeia tivesse patrocinadores. A portuguesa, pelo menos, tem: Microsoft, a ex(?)-anti-paneleira Galp ou o grupo Sumol (o do "Orgulho Hetero"), etc... Qual será a contrapartida do patrocínio? Mistério... Já o patrocínio dos eleitores diz-lhes cada menos... Mas a União Europeia é o exemplo de democracia pró mundo, claro, isso não está em causa, era o que faltava que estivesse!

Os heteros não bebem cerveja, bebem cevada!?

Curiosa a nova campanha publicitária da cerveja Tagus (ver em www.orgulhohetero.com). Tratando-se de uma cerveja foleira e marginal, faz-se assim de uma assentada ao mercado maioritário, dando-se ao luxo de repelir logo à partida os restantes consumidores - no que à orientação sexual diz respeito. Ou talvez não.

A campanha goza e mimetiza o Orgulho Gay e as reivindicações associadas, mas em vez de lutar por direitos civis, visa vender cevada acervejada. É um pau de dois bicos. Se o menosprezo pelos que lutam por uma sociedade igualitária no que concerne às sexuais orientações é evidente e intencional. Também não deixa de, indirectamente, aligeirar e popularizar os termos. Algo benéfico já que a expressão "orgulho gay" sempre soou muito pesada e controversa aos ouvidos do "cidadão comum", incluindo o "cidadão gay comum". E o termo "heterossexual" ainda cria confusão em muitos ouvidos, nomeadamente de heteros.

Espero curioso pelos resultados nas vendas. Não duvido que muitos gays estarão na linha da frente da bebericagem do heterossexual produto. Será uma forma de descarregarem muita homofobia interiorizada acumulada. Por outro lado, também os homofóbicos conscientes aderirão entusiasmados. A minha dúvida está mesmo em relação à atitude do "cidadão heterossexual comum". Desconfio que uma cervejita alternativa que se promove com "orgulhos heteros" lhes soe tremendamente gay.

Mas sobretudo espero que o movimento gay nacional saiba dar a devida importância às coisas, e não sirva de combustível para impulsionar as vendas de tão medíocre produto. É precisamente com isso que estarão a contar os marketeiros da Tagus, que por certo tomam como real a caricatura que fazem do movimento. Não lhes dêem esse gostinho, please.