Por falar em Parlamento Europeu
No passado dia 15 de Junho em Estrasburgo, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução sobre a escalada de actos de violência de índole racista e homófoba na Europa. Nesta resolução era feita uma oportuna referência ao assassinato da Gisberta, referência essa introduzida pela eurodeputada socialista Ana Gomes. Até aqui, tudo bem.
«Numa declaração de voto apresentada por escrito, o Vice-Presidente português do Parlamento Europeu, Manuel António dos SANTOS (PSE), explicou que, apesar de considerar muito positivo o essencial do conteúdo da resolução e de achar que é politicamente oportuna, não votou a favor. "As objecções – abstive-me – centram-se exclusivamente na introdução de uma referência a um caso português que, supostamente, indiciaria a existência de uma forte cultura homofóbica em Portugal. O chamado caso Gisberta, ocorrido no Porto, é apenas um acto de delinquência juvenil julgado como tal pela sociedade portuguesa e tratado correctamente pelas autoridades judiciais. Não existe, portanto, qualquer razão para que este caso integre uma resolução deste teor e tanta importância", declarou o deputado.»Ou seja, boas notícias, não existe "uma forte cultura homofóbica" em Portugal (até porque Viseu fica em Espanha e a Madeira é independente). De tal forma não existente que nem vale a pena o Vice-Presidente português do Parlamento Europeu, eleito pelo Partido Socialista, se ralar com o assunto, ou melhor, o não-assunto. No fundo a justificação dada por dos Santos, para a sua abstenção, apenas se distingue das justificações da extrema-direita polaca, para os seus votos contra, no tom usado, a argumentação e o incómodo são em tudo semelhantes. Já se pensarmos na direita finlandesa, em flexão no post anterior, encontramos um discurso bem diferente. Oiçam o que disse Alexander Stubb no dia 17 de Maio, Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia. Ou seja, o eurodeputado português de maior relevo no Parlamento (é Vice!), foi eleito pelo PS, mas nestas coisas de gays e mai' não sei o quê está mais próximo dos fascistas polacos, que dos conservadores finlandeses. E a Gisberta nunca existiu.
3 comentários:
Lá se vão as perspectivas do casamento civil e lei de identidade de género, pelo menos durante o reinado actual do PS...
Sabem o que me irrita? Nem é tanto a demagogia de quem diz que não há crimes de ódio, e que todos os crimes devem ser julgados da mesma maneira (mesmo sendo, como são, diferentes). É nem sequer se admitir, neste caso, que a Gisberta foi assassinada por causa da sua identidade de género.
Quem é que estes idiotas estão a tentar enganar?? Não chega já a m*rda que fizeram no julgamento dela, ainda têm de vir tentar intrujar o PE?? Será que pensam que o resto da UE é tão estúpida e passiva quanto o povo português??
Shame on you all!! Vou para a cama com um pó a esta gente que nem vos digo!
Já enviei um email de indignação ao Sr. Eurodeputado com pedido de resposta e recibo. Penso que mais pessoas deveriam fazer o mesmo.
Boa ideia musicólogo.
Estas declarações já são algo velhas (são de Junho), mas acabei por decidir publicar isto porque vasculhei alguns arquivos de blogs e não vi nenhuma referência às palavras do senhor vice, creio que ainda não tinham ido além do site do parlamento...
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