sábado, novembro 18, 2006

Do que não fala a imprensa

aqui me tinha queixado do pouco que se falou na imprensa portuguesa sobre a criminalização total do aborto na Nicarágua, entre outros temas. Lanço agora nova lista de assuntos tabu da comunicação social portuguesa:

1) Legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo na África do Sul. Vários motivos pelos quais o assunto devia ter despertado a atenção da imprensa portuguesa. A África do Sul tem das maiores comunidades portuguesas a residir fora do país, foi a primeira república em todo o mundo a avançar com esta lei, o primeiro país africano, e como lembra a ILGA Portugal:
«A decisão do Tribunal Constitucional da África do Sul tem um eco particular no caso português. De acordo com o Tribunal, a anterior definição legal de casamento era "incompatível com a Constituição e não válida na medida em que não permite aos casais do mesmo sexo beneficiarem do estatuto e das vantagens, bem como das responsabilidades, que atribui aos casais heterossexuais". A Associação ILGA Portugal chama a atenção para o facto de existir a mesma proibição explícita da discriminação com base na orientação sexual nas Constituições da República Sul-Africana e da República Portuguesa. Portugal é, aliás, o único país da Europa cuja Constituição inclui essa proibição explícita.»
E tal como aconteceu na África do Sul, também nos tribunais portugueses anda um processo que procura esta medida. Teresa e Lena, lembram-se?

2) Por falar em ILGA, os prémios arco-íris 2006 (fotos e discursos no link) foram simplesmente ignorados pela imprensa nacional. Valha Espanha, a agência EFE noticiou, e os ditos foram notícia da Tribuna de Salamanca ao El Mundo.

3) Esta é por antecipação. Está a ser lançada agora uma petição mundial pela descriminalização da homossexualidade em todo o globo (lembro que continua a ser crime o sexo consentido entre adultos do mesmo sexo em boa parte da Terra, sobretudo em África e Ásia, mas também em países como a Nicarágua ou a Guiana, e é punido com pena de morte em 9 destes países). A petição já conta com assinaturas sonantes como a do sul-africano Desmond Tutu ou a austríaca Elfriede Jelinek, ambos laureados com o prémio Nobel (paz e literatura respectivamente). Uma lista provisória pode ser lida aqui, já lá têm dois nomes portugueses, mas há mais. Será que nisto a imprensa pega? Mais informações sobre como vão ser recolhidas as assinaturas em Portugal em breve, quanto mais não seja, no renas.

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