Antes assim que casados
«O observador permanente do Vaticano na Organização das Nações Unidas (ONU), monsenhor Celestino Migliore, afirmou nesta segunda-feira (1) que a Santa Sé é contrária ao projeto de descriminalização da homossexualidade que será proposto pela França, com o apoio da União Européia. De acordo com Migliore, o projeto fará com que alguns países sejam submetidos a “enorme pressão”. (...) Segundo o enviado do papa Bento 16, no entanto, o projeto que a França vai defender na Assembléia Geral da ONU é uma questão diferente, e que, se for adotado, criará “novas e implacáveis discriminações”. Para Migliore, “os Estados que não reconhecem a união entre pessoas do mesmo sexo como ‘casamento’ serão submetidos a pressões internacionais”.»Pouco importará ao caso que sejam mais de 80 os países onde a homossexualidade é criminalizada (em 9 dos quais com a pena de morte) e que apenas 6 reconheçam o casamento civil entre pessoas do mesmo (sendo que entre eles não se encontra sequer a França, promotora do documento). O ódio, a paranóia e a maldade dos membros desta seita nunca conheceram limites...
Actualização: Até o insuspeito La Stampa considera grotesca a motivação da igreja em colocar-se ao lado de países como o Irão ou a Arábia Saudita, contra uma proposta que recolhe unanimidade na União Europeia. Como lembra Michael Jones, o mau gosto ou requinte de crueldade da igreja vai ao ponto de ter apresentado estas declarações no dia mundial de luta contra a sida, a tal luta que tem na criminalização da homossexualidade um dos seus maiores inimigos.
6 comentários:
Olha só que giro, uma parte importante do comunicado não foi transcrita:
“[...] catecismo da Igreja Católica diz, e não é de hoje, que os homossexuais não devem sofrer discriminação injusta."
Foi, com certeza, por acaso...
Não foi por acaso não. Foi tão simplesmente porque não tenho pachorra para a hipocrisia do clero católico. Não sou cego o suficiente para não ver o lobo debaixo da pele de cordeiro. Mas quem quiser ver apenas o cordeiro é livre de o fazer, força.
Mas já agora gostava que me explicassem como é que a proposta francesa abriria portas ao reconhecimento do casamento CIVIL entre pessoas do mesmo sexo, quando tal ainda nem sequer é realidade na, voilá, França. A proposta é claríssima, mesmo que de efeitos reduzidos se for aprovada, um apelo à descriminalização da homossexualidade.
Desonestas só mesmo as declarações da igreja:
1) se a igreja fosse contra a criminalização da homossexualidade votaria a favor desta proposta, não só não o fez, como recentemente lançou uma feroz campanha na Nicarágua contra a possibilidade de descriminalizar a homossexualidade naquele país. No final o lóbi da igreja foi mais forte, e a homossexualidade continua a ser crime.
2) se a igreja tivesse pingo de honestidade reconheceria que há mais de 90 países onde a homossexualidade é perseguida criminalmente, em 9 deles existe pena de morte, e apenas em 6 países do mundo o casamento CIVIL entre pessoas do mesmo sexo é permitido.
3) a igreja não foi perseguida, nem discriminada em nenhum desses 6 países. Pelo que o casamento CATÓLICO continua a ser apenas entre pessoas de sexo diferente no Canadá, Bélgica, África do Sul, Holanda, Espanha e Noruega.
4) A igreja vive bem com o enforcamento de homossexuais no Irão ou o apedrejamento na Nigéria? Ok, é um direito que lhe assiste. Mas sejam menos hipócritas nos seus discursos se faz favor. Ódio é ódio, e amor é amor. E a igreja odeia, desde sempre, quem ama alguém do mesmo sexo.
Aliás o comunicado do sr. Migliore é claríssimo ao considerar uma "discriminação nova e implacável" a possibilidade de um país ser pressionado a legalizar o casamento CIVIL entre pessoas do mesmo sexo, versus essa tal discriminação secundária de prender e enforcar homossexuais...
Correcção ao meu comentário, a homossexualidade foi enfim descriminalizada em Março último na Nicarágua. Depois de anos de pressões, o lóbi católico foi enfim derrotado.
É que seja no Vaticano, seja na Nicarágua, a igreja não considera uma "discriminação injusta" prender alguém por ser gay, é esse o ponto. As discriminações contra os gays são sempre justas aos olhos da igreja..
bem vindo de volta aos blogs, que isto do twitter não tem a mesma graça...
Vergonha para o Irão e para muitas pessoas que condenando publicamente sorriem entre portas...
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