quarta-feira, dezembro 03, 2008

Antes assim que casados

Adolescentes iranianos enforcados por "crime de práticas homossexuais".
«O observador permanente do Vaticano na Organização das Nações Unidas (ONU), monsenhor Celestino Migliore, afirmou nesta segunda-feira (1) que a Santa Sé é contrária ao projeto de descriminalização da homossexualidade que será proposto pela França, com o apoio da União Européia. De acordo com Migliore, o projeto fará com que alguns países sejam submetidos a “enorme pressão”. (...) Segundo o enviado do papa Bento 16, no entanto, o projeto que a França vai defender na Assembléia Geral da ONU é uma questão diferente, e que, se for adotado, criará “novas e implacáveis discriminações”. Para Migliore, “os Estados que não reconhecem a união entre pessoas do mesmo sexo como ‘casamento’ serão submetidos a pressões internacionais”.»
Pouco importará ao caso que sejam mais de 80 os países onde a homossexualidade é criminalizada (em 9 dos quais com a pena de morte) e que apenas 6 reconheçam o casamento civil entre pessoas do mesmo (sendo que entre eles não se encontra sequer a França, promotora do documento). O ódio, a paranóia e a maldade dos membros desta seita nunca conheceram limites...

Actualização: Até o insuspeito La Stampa considera grotesca a motivação da igreja em colocar-se ao lado de países como o Irão ou a Arábia Saudita, contra uma proposta que recolhe unanimidade na União Europeia. Como lembra Michael Jones, o mau gosto ou requinte de crueldade da igreja vai ao ponto de ter apresentado estas declarações no dia mundial de luta contra a sida, a tal luta que tem na criminalização da homossexualidade um dos seus maiores inimigos.

6 comentários:

JDC disse...

Olha só que giro, uma parte importante do comunicado não foi transcrita:

“[...] catecismo da Igreja Católica diz, e não é de hoje, que os homossexuais não devem sofrer discriminação injusta."

Foi, com certeza, por acaso...

bossito disse...

Não foi por acaso não. Foi tão simplesmente porque não tenho pachorra para a hipocrisia do clero católico. Não sou cego o suficiente para não ver o lobo debaixo da pele de cordeiro. Mas quem quiser ver apenas o cordeiro é livre de o fazer, força.

Mas já agora gostava que me explicassem como é que a proposta francesa abriria portas ao reconhecimento do casamento CIVIL entre pessoas do mesmo sexo, quando tal ainda nem sequer é realidade na, voilá, França. A proposta é claríssima, mesmo que de efeitos reduzidos se for aprovada, um apelo à descriminalização da homossexualidade.

Desonestas só mesmo as declarações da igreja:

1) se a igreja fosse contra a criminalização da homossexualidade votaria a favor desta proposta, não só não o fez, como recentemente lançou uma feroz campanha na Nicarágua contra a possibilidade de descriminalizar a homossexualidade naquele país. No final o lóbi da igreja foi mais forte, e a homossexualidade continua a ser crime.

2) se a igreja tivesse pingo de honestidade reconheceria que há mais de 90 países onde a homossexualidade é perseguida criminalmente, em 9 deles existe pena de morte, e apenas em 6 países do mundo o casamento CIVIL entre pessoas do mesmo sexo é permitido.

3) a igreja não foi perseguida, nem discriminada em nenhum desses 6 países. Pelo que o casamento CATÓLICO continua a ser apenas entre pessoas de sexo diferente no Canadá, Bélgica, África do Sul, Holanda, Espanha e Noruega.

4) A igreja vive bem com o enforcamento de homossexuais no Irão ou o apedrejamento na Nigéria? Ok, é um direito que lhe assiste. Mas sejam menos hipócritas nos seus discursos se faz favor. Ódio é ódio, e amor é amor. E a igreja odeia, desde sempre, quem ama alguém do mesmo sexo.

bossito disse...

Aliás o comunicado do sr. Migliore é claríssimo ao considerar uma "discriminação nova e implacável" a possibilidade de um país ser pressionado a legalizar o casamento CIVIL entre pessoas do mesmo sexo, versus essa tal discriminação secundária de prender e enforcar homossexuais...

bossito disse...

Correcção ao meu comentário, a homossexualidade foi enfim descriminalizada em Março último na Nicarágua. Depois de anos de pressões, o lóbi católico foi enfim derrotado.

É que seja no Vaticano, seja na Nicarágua, a igreja não considera uma "discriminação injusta" prender alguém por ser gay, é esse o ponto. As discriminações contra os gays são sempre justas aos olhos da igreja..

para lá de bagdade disse...

bem vindo de volta aos blogs, que isto do twitter não tem a mesma graça...

Unknown disse...

Vergonha para o Irão e para muitas pessoas que condenando publicamente sorriem entre portas...