Matemática eleitoral
Do Ramón, inspirado pelo Chiki Chiki.
Vitória de Zapatero e do bipartidarismo em Espanha. Por certo os dois debates a dois deram a sua ajuda. Mas não há grande remédio quando o sistema eleitoral é este, que por acaso é igual ao nosso. Círculos eleitorais ao nível provincial (comparável aos dos nossos distritos) e Método de Hondt. É isso que explica que as muitas migalhinhas recolhidas por toda a Espanha pela Izquerda Unida resultem em menos deputados que Convergència i Unió, que só concorre na Catalunha (ok uma diferença, cá não se permitem partidos regionais).
Neste site pode-se testar o Método de Hondt, no caso experimentei com os resultados das últimas legislativas portuguesas, como se de um único círculo se tratasse. O PS ficaria longe da maioria absoluta (faz sentido, teve menos de metade dos votos), o Bloco chegaria aos 15 deputados e o PND e PCTP-MRPP conseguiriam eleger 1 deputado cada. Com círculo único ficar-se-ia já muito mais próximo da proporcionalidade directa, e mesmo assim, mantendo o Hondt, os pequenos partidos continuariam a perder.
Em Espanha, país amplamente descentralizado e com várias identidades nacionais, faria todo o sentido que os círculos eleitorais correspondessem às autonomias, mas dividi-los por províncias tem como único objectivo beneficiar o bipartidarismo. Já em Portugal a situação é ainda mais caricata, dado o centralismo vigente. Na hora de regionalizar é o ai jesus que retalham o país, na hora de usar círculos eleitorais distritais, que faz com que nos distritos mais pequenos apenas o PS ou o PSD possam eleger deputados, limitando a escolha real de quem vota, 'tá-se bem?
E a tendência é sempre de agudização do fenómeno. Os 2 partidos mais votados conseguem os deputados quase todos, consequentemente dominam os média, que influenciam os votos, que se concentram nos 2 partidos... and so on. Depois uma boa parte do eleitorado deixa de votar porque não se sente representada. Não se sente e não é representada. Porque será que os Estados Unidos têm das mais altas taxas de abstenção do mundo? Para lá caminhamos também, portugueses e espanhóis.
Neste site pode-se testar o Método de Hondt, no caso experimentei com os resultados das últimas legislativas portuguesas, como se de um único círculo se tratasse. O PS ficaria longe da maioria absoluta (faz sentido, teve menos de metade dos votos), o Bloco chegaria aos 15 deputados e o PND e PCTP-MRPP conseguiriam eleger 1 deputado cada. Com círculo único ficar-se-ia já muito mais próximo da proporcionalidade directa, e mesmo assim, mantendo o Hondt, os pequenos partidos continuariam a perder.
Em Espanha, país amplamente descentralizado e com várias identidades nacionais, faria todo o sentido que os círculos eleitorais correspondessem às autonomias, mas dividi-los por províncias tem como único objectivo beneficiar o bipartidarismo. Já em Portugal a situação é ainda mais caricata, dado o centralismo vigente. Na hora de regionalizar é o ai jesus que retalham o país, na hora de usar círculos eleitorais distritais, que faz com que nos distritos mais pequenos apenas o PS ou o PSD possam eleger deputados, limitando a escolha real de quem vota, 'tá-se bem?
E a tendência é sempre de agudização do fenómeno. Os 2 partidos mais votados conseguem os deputados quase todos, consequentemente dominam os média, que influenciam os votos, que se concentram nos 2 partidos... and so on. Depois uma boa parte do eleitorado deixa de votar porque não se sente representada. Não se sente e não é representada. Porque será que os Estados Unidos têm das mais altas taxas de abstenção do mundo? Para lá caminhamos também, portugueses e espanhóis.
3 comentários:
O bipartidarismo em países como Portugal e Espanha é bastante mais perverso do que o bipartidarismo nos Estados Unidos pela simples razão de que a máquina partidária por cá transforma os representantes eleitos numa espécie de colectivo monolítico que se limita a seguir as directrizes decretadas pela direcção partidária enquanto que nos estados unidos a máquina partidária é residual. Por cá elegem-se partidos, do outro lado do Atlântico elegem-se pessoas.
Não, a abstenção em Espanha não se ficou por vinte e tal por cento? Não tem mesmo nada a ver com o que se passa por cá ou pelos EUA, parece-me.
A abstenção foi reduzida por causa do assassinato cometido pela ETA, tal como há 4 anos com o 11 de Março. Isso é um factor extra que baralha as contas. Mas em não havendo atentados a tendência provocada por este sistema eleitoral será sempre a de aumento da abstenção. E aliás, ela cresceu bastante no País Basco, precisamente pela ilegalização de 2 partidos que logo apelaram à abstenção.
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