segunda-feira, dezembro 10, 2007

Onde é que isto vai parar!?

Assim começou o Jornal da Tarde da RTP, pela voz de Carlos Daniel, a propósito de um homicídio de um segurança do Porto. Lanço a mesma pergunta, mas antes a propósito do jornalismo sensacionalista da RTP. Onde é que isto vai parar?

Pior. Além do tom "conversa de café" e do histerismo com que são apresentados os serviços noticiosos da televisão pública (com a falta de qualidade e rigor da privada posso eu bem, não me sai do bolso), nem sequer os casos de faca e alguidar aos quais a TV decide dar máxima importância são apresentados com um mínimo de profundidade. Quais moços de recados do palhacinho de serviço, todos acorrem a interrogar o governo. Mas ninguém é capaz de fazer as perguntas verdadeiramente incómodas e a quem de direito. Quantos agentes da PSP são também seguranças? E de que forma isso interfere com a investigação?

Agora, falar em "guerra" ou "onda de homicídios" no país onde só no ano passado pelo menos 39 mulheres foram assassinadas pelos maridos ou companheiros, sem que tais casos tenham sido notícia fora das páginas do CM e JN, é um bocadinho despropositado não? Ou será que há assim tantos espectadores que sejam seguranças da noite do Porto e devam por isso ser alertados via RTP?

3 comentários:

B. César disse...

Eu não sei onde vai parar, mas já começou com a instalação de camaras na ribeira.
Viva o início do estado policial e da cultura do medo...

Tárique disse...

Boa Boss! Tens toda a razão! Vê isto sobre o mesmo assunto.

Tárique disse...

Em Moscavide, Lisboa, um taxista foi assassinado esta semana. Em frente à residência do IST. Nos dias seguintes a insegurança andava nas bocas das conversas de café, e os culpados eram conhecidos - a "escumalha" como lhes chamava Sarkozy, ou "a chungaria"* como é mais habitual ouvir-se por cá. Havia que aumentar o policiamento, pôr vidros à prova de bala nos taxis. O efeito a nível local foi parecido com o do falso arrastão de Julho de 2005: "Já chegou a este ponto!", exclamava-se!

Todos respiraram de alívio quando se soube que o dito taxista afinal foi morto pela mulher - um crime passional, depois de uma discussão. Afinal está tudo bem na sociedade portuguesa. Foi falso alarme. A normalidade continua.