Diga-se o que se disser, o mirandês entende-se muito melhor que o madeirense, seja falado ou escrito
Algumas notas, à tampa das panelas no Norte (e não apenas no Porto) chamam-se "testos" e não "textos" como se lê na reportagem. Do mesmo modo "malga" não se limita a Trás-os-Montes, mas é usado também no Minho e Douro, pelo menos. O mesmo para o aloquete, que arriscaria dizer ouvir-se em sítios tão longínquos como Aveiro ou Viseu, e algo muito parecido em Roma, que é onde esta coisa toda começou. Cajado, que não é exactamente sinónimo de bengala, é usado no Norte, Centro, e provavelmente no resto do país desde que haja pastores, além do Brasil. Curioso como a SIC não foi capaz de encontrar regionalismos lisboetas...
11 comentários:
Bora fazer uma lista!
LX - Resto do País
Téni ; - Sapatilha
Caroxo; - Agarrado, tóxico
Chalxixa; - Salsicha
Làite; - Leite
Anhar; - Embevecer (v refl)
Siga; - 'bora, bute
Bote; - Carro, automóvel
Caturràira;- Pândega?
Atacadores - Cordões
Chaval - Míudo; "meu"
e mais? há todos aqueles neologismos criolos que se usam em lisboa mas nada ou muito menos no resto do país:
bué, sócio, dama, basar, jobar, mano, etc.
ah e ... borrona e cajado são usados no Algarve também.
E também era giro ver da pronúncia de Lisboa. Ao contrário do que os Lisboetas pensam, HÁ uma pronúncia de Lisboa, e tem-se vindo a intensificar: dizia-se Leite, depois Laite e agora Láite. A senhora lisboeta do GPS diz "Práxima, vire à diráita". A bem dizer, há duas ou três pronúncias em lisboa, dependendo da classe (ver pronúncias de alfama, por exemplo), mas a que se torna ubíqua na comunicação social é, claro, a horrível pronúncia da classe alta.
alto e pára o baile! borrona não é caneta! borrona é um marcador, uma caneta de feltro daqueles às cores!
ah... e eu já tinha os meus 20 anos qd ouvi pela primeira vez alguém chamar "tampa" a um "testo"... mas uma gaja guicha como eu habitua-se a tudo.. até a explicar o q é uma pichelaria e um picheleiro... já agora, vai um pingo e um molete?
(nota - n tenho som no pc, n consigo ouvir as "reportajes")
eu aprendi uma distinção entre tigela e malga: a malga é grande e serve para caldo verde, vinho novo... a tigela é mais pequena e usa-se para cereais, leite creme, marmelada... n sei se é correta esta distinção, mas aprendi assim :)
Bem divertido o segundo vídeo... aqui na Galiza também lhe chamamos "testo" à tampa :) Como se sabe, temos muito léxico comum cos falares minhotos e transmontanos, e também uns quantos traços da pronúncia, apesar de que a nossa já tem muita influência do castelhano (do mesmo jeito que a pronúncia do mirandês apresenta muitas influências lexicais e fonéticas do português e que som bem perceptíveis no primeiro vídeo). Saudinhos!
Também reparei no "Texto" e pensei se ao menos não devesse o primeiro "e" ter um acento circunflexo, pelos vistos não, é mesmo com "s".
Eu não sei onde é que alguma vez se ouviu o pessoal de Lisboa a pronunciar [laite] em vez de [lâite], posso estar errado, não sou autóctone de Lisboa;
Agora, de Cascais percebo eu, e quanto ao [láite] (que tb nunca ouvi na cidade de Lisboa) deduzo que seja a pronúncia carregada das tias de Cascais?
Agora um curioso facto, este sotaque não pertence à classe alta de Cascais, mas sim à classe pedante de Cascais, que é o pior que há.
São sim essas pseudo-tias, gente que não tem dinheiro e gosta de passar por rica e de se exibir, não moram em sítios como a Quinta da Marinha, mas maioritariamente em sítios como a Costa da Guia, o Bairro Rosário ou a Quinta da Bicuda.
Essas sim, não têm onde cair mortas e desencantaram esse sotaque, que admito, a seguir aos das ilhas é o mais cómico de Portugal...não há nada mais engraçado que ouvir duas dessas belas tias à conversa num dia estivaleiro de Guincho.
;)
Boss, «testo» e «malga» também se usam na Beira - a minha avó falava assim. Também dizia «aventar» em vez de «deitar fora», «assomar» em vez de «espreitar», «ir ver de» em vez de «procurar»... podia continuar por muitas linhas. Quando ao dialecto e à pronúncia lisboetas - e olha que Lisboa é a minha cidade preferida embora lá não viva - são de fugir...!
Outro que adoro, embora desconheça exactamente a extensão geográfica é o "pensar o gado" para "alimentar o gado". Food for thought!
Tanta raiva demonstrada à Madeira. Que mal tamanho lhe fizémos? Quem ou o quê o maltratou tanto, que generaliza a sua antipatia?
Raiva nenhuma Rui. Limitei-me a constatar uma curiosidade, ser mais compreensível uma língua diferente, que um sotaque específico da minha língua mãe. Mas não se preocupe, há ene exemplos assim. Por certo muitos brasileiros consideram o espanhol do Uruguai mais facilmente compreensível que o português de Lisboa ou Porto, p.ex... Dentro das línguas latinas ou escandinavas, casos destes são inúmeros, não é razão para levar a mal, ou achar que eu vejo algum mal nisto. É só uma curiosidade.
boss, "pensar o gado" tem lógica! é que se chamam "pensos" aos fardos de palha prensada com folhas de milho e tal... assim, pensar o gado é apenas levar os pensos ao dito.
Aqui tb se diz "foge" e "caçar" como sinónimos de "sai, arreda-te" e "apanhar, buscar", respectivamente. ah... tantas vezes cacei eu girinos quando era miúda!
Já dizia Saramago: "não há uma língua portuguesa, mas línguas que falam português."
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