sexta-feira, novembro 30, 2007

O acordo e o mercado africano

Vale a pena ler o dossiê de ontem do Público sobre o acordo ortográfico. Para os editores portugueses o que está em causa é sobretudo África, onde são reis e senhores sem esforço (exceptuando uns problemitas). Com o acordo a coisa deixa de ser assim fácil, e pior, até por cá haverá concorrência. Resumindo, uns estão preocupados com a manutenção dos seus negócios fáceis, recusando ver que oportunidades não faltam com o acordo, e outros estão preocupados com o futuro da língua. Estou naturalmente entre os segundos. E por isso espero sinceramente que atrás do Brasil siga Angola e Moçambique, para termos o prazer de ver os editores portugueses a gritar nas ruas pela aplicação do acordo.

Entretanto, falando de livros, Angola e de editores portugueses:

«A publicação de "Purga em Angola", polémico ensaio sobre o sangrento contragolpe de 27 de Maio de 1977 no seio do MPLA, tem valido aos seus autores, o casal de investigadores Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus, uma série de "ameaças e tentativas de intimidação", confirmadas, ao JN, pelos próprios. Além disso, é quase impossível encontrar o livro à venda.

(...) A docente universitária garante também que "uma semana antes do lançamento, quando os autores ainda não tinham visto o livro, já na Embaixada de Angola alguém se gabava de o ter e de o ir mandar para Angola".

As suspeitas adensaram-se a partir do momento em que a tiragem rapidamente esgotou e, apesar das sucessivas promessas nesse sentido, o stock não foi reposto. "Há praticamente um mês que não existem livros à venda", acusa Dalila Cabrita Mateus, para quem "não admira que, com esta embrulhada, apareçam pessoas a dizer que boa parte da edição foi vendida a Angola para ser queimada. Ou, então, a afirmar que Angola comprou a distribuidora e esta retirou os livros do mercado".

Carlos Araújo, editor da ASA responsável pelo livro, desmente eventuais pressões sofridas e atribui à situação interna da empresa, adquirida há cerca de dois meses pelo grupo de Miguel Paes do Amaral, as dificuldades no lançamento de uma nova edição. (...)
»
Passaria o mesmo se a editora fosse brasileira?

7 comentários:

Shyznogud disse...

picuinhice minha: o dossier é do público de ontem

bossito disse...

LOL obrigado, distracção minha - distração aliás, tenho que começar a aplicar o que prego - que só o vi hoje on-line ;)

Anónimo disse...

o paes do amaral comprou a porto editora

a porto editora distriubui manuais escolares em angola

a outra editora de pais do amaral provoca entreaves à divulgação de um livro polemico sobre angola

será tudo por acaso???

Anónimo disse...

A Porto Editora foi comprada pela empresa do Paes do Amaral?!???

Não me consta que esta informação corresponda à verdade. Se sim, quando foi isso?

Quanto ao acordo, era muito bom que entrasse em vigor imediatamente e não com essa moratória de 10 anos... Porque assim, não haverá simplex que o salve...

António Erre disse...

Não vou referir o caso da compra ou não da editora. Nem comentar o livro. Há, ainda, ao que parece, liberdade de expressão...
Como é que se diz a forma gráfica ACTO? Resposta ATO.
Vamos ser sensatos.
O Brasil pode significar a salvação da língua. Nossa. E do Sócrates também. Embora ele nem isso mereça.
Obrigado.

Anónimo disse...

não foi a porto editora, mas a textos editora (ou coisa que lhe va-lhe) que o paes do amaral comprou...

acho (mas não tenho a certeza!) que também comprou a asa editora. Objectivo: criar o maior grupo editorial de lingua portuguesa.

oGrupo paes do amaral também quer compar editoras no Brasil e implantar-se no mercado angolano...

será bom? a ver vamos, depois do que fez na TVI... intervindo nos conteudos editorias do telejornal... já nada me espanta!

Anónimo disse...

Sim, essa é a informação certa: esse grupo comprou a Texto Editora, a Asa Editora, a Editorial Caminho e a Editora Gailivro. E, ao que consta, ainda sobrou bastante dinheiro para outras aquisições. Esperemos que a pluralidade de conteúdos continue a ser a tónica dominante e que não se caia numa tentativa de lucro fácil, promovendo apenas uma cultura popular do tipo "Big Brother" e afins...