Together?
Este é o logotipo escolhido para celebrar os 50 anos da assinatura do Tratado de Roma, da autoria do polaco Szymon Skrzypczak. Várias críticas têm sido feitas ao design do dito, mas o que mais choca é o uso exclusivo do inglês. A Comissão prometeu desde logo a sua tradução para os restantes idiomas oficiais das União, mas o resultado nunca poderá ser famoso, basta pensar nas diferenças do número de letras, sem ir sequer à parte da acentuação não ser mera decoração na maioria das línguas. Mas este caso está longe de ser o primeiro. Neste blog do Libération é possível ver vários outros casos de propaganda europeia exclusivamente em inglês, e em plena Bruxelas. E navegando pelos vários sites da UE, começando pelo do concurso do logo (até no URL), se percebe que o inglês domina as instituições europeias. O caso do logotipo dos 50 anos torna-se mais grave pelo seu simbolismo, e pela difusão que terá por toda a União. É de prever que a seguir às queixas da ministra francesa dos assuntos europeus muitas outras se sigam. Ou será que só os franceses ainda resistem a um futuro anglófono para a UE? Or should I say EU?
5 comentários:
Detectarei eu aqui uns laivos de conservadorismo do género "Este tipo de evolução natural não serve"? Ou estamos só a falar do (feiito) logo?...
Enfim, esqueçamos os milhares (milhões?) de euros gastos em traduções semanalmente porque os países não se decidem na adopção de uma língua universal. Deixemo-nos de anti-anglicanismos...
Mas hey, se for só um manifesto anti-logo eu assino por baixo. Tanto bom designer no desemprego...
Milhões certamente, muitos milhões. Mas serão gastos ou investidos? As pessoas não estarão já suficientemente alheadas do projecto europeu? O inglês é falado com fluidez por uma minoria do continente...
O logo parece-me péssimo a vários níveis, incluindo o linguístico.
Em relação ao futuro anglófono da UE ele parece-me algo inevitável, mas não necessariamente positivo. Não tenho nenhuma posição vincada neste assunto. Mas as coisas decididas pela via da inevitabilidade aborrecem-me sempre... Aliás, foi assim que se quis defender a constituição, e onde vai ela..
A constituição não era inevitável, se o fosse estava hoje em vigor. Uma coisa é -querer- pôr essa etiqueta, outra é sê-lo realmente. Além de que será mesmo pelas traduções que as pessoas se vão identificar mais com o "projecto europeu"? Ou pelo seu conteúdo real, como transmitido pelos opinion makers de cada um dos países?
PS: Correio electrónico ou e-mail?
Nem é só uma questão de identificação. É a diferença entre haver uma possibilidade de participação ou não.
Quanto ao resto, nunca digas nunca, tudo é inevitável até o deixar de ser, "and so on".. Aliás, a Europa Ocidental tem sido pródiga em mostrar que idiomas condenados ao desaparecimento se revigoram e tornam-se pujantes. Veja-se o catalão! Nem sequer é idioma oficial da União, e por isso mesmo não surge em sites oficiais. Mas farto-me de ver versões catalãs se sites pan-europeus (petições e não só, um bom exemplo: http://cafebabel.com/ca/default.asp).
O lema da União Europeia é e continuará a ser «Unidade na Diversidade». Fazer de uma única língua o idioma oficial de toda a União é um passo para a unidade na uniformidade.
Se queremos ver o resultado da ascensão de uma língua sobre os direitos de todas as outras, então olhemos para a vizinha Espanha e o que se passa como basco, catalão, leonês e galego-português.
Já agora, o futuro daqui a umas décadas não vai ser exclusivamente em inglês, mas também em mandarim: não vão propor a sua oficialização na União Europeia em nome de um dominio "inevitável", pois não?
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