domingo, setembro 30, 2007

4.000.000.000 €

É quanto se escapa anualmente dos cofres do estado da república italiana para os cofres da seita das sotainas. A religião é, e sempre foi, antes de qualquer outra coisa, um negócio fabuloso. As contas são do La Repubblica, contas que por cá nenhum jornal ousaria fazer - aliás, aparentemente nem jornais que noticiem as de Itália!

Tal como não parecem muito dispostos a noticiar outra polémica actual no país da bota, João Paulo 2.º segundo terá recusado livre e conscientemente os cuidados médicos que lhe prolongariam a vida, cometendo dessa forma e perante passividade médica, o suicídio, tão condenado por si e pela sua igreja ao longo de toda a vida. Apesar disso teve um enterro católico, cerimónia ainda hoje muitas vezes recusada a outros suicidas dessa igreja, sobretudo os mais pobres.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Novas do polvo das sotainas

Depois da União Soviética, o Futebol Clube do Porto

Não é só Santana Lopes que "ainda anda por aí", também Fátima, a "Nª Sª", vai fazendo das suas aqui e ali. A sua mais recente vítima foi o Futebol Clube do Porto. "Milagre" clamaram todos, e o padre que preside ao clube (será também construtor ou presidente da junta?) não desmentiu (vi eu num desses hiper-relevantes directos televisivos). Confirma-se portanto, foi Nossa Senhora Toda Poderosa de Fátima.

Espero assim que a massa portista não perdoe a batota Da que poisa em azinheiras, e de futuro a renegue. Pode ser que então Ela tenha um rebate de consciência e se passe a preocupar com questões um pouco mais relevantes como a fome ou guerra, e deixe os joguinhos de bola em paz. Haja fé, quem poisa em azinheiras sem as quebrar (ao contrário do que fazem impunemente os escuteiros), poderá afinal ter um coração... mesmo que não respeite a verdade desportiva.

Isto não é um país sério (2)

Sobre o caso da interrupção da entrevista a Santana Lopes na SICN para ver a chegada de Mourinho ao aeroporto (que teve o seu momento alto na nega de Mourinho à sempre pertinente questão "vai jogar no Euromilhões?"), faço minhas as palavras de Daniel Oliveira: «Isto bateu no fundo quando Santana dá merecidas lições de bom-senso a jornalistas» e «Consensual: A melhor entrevista de Santana foi aquela que ele não deu.»

E acrescento, parabéns sr. Santana Lopes, vê-se que tem aprendido alguma coisa, quase acreditamos que a sua preocupação era com a elevação do jornalismo televisivo e não a vaidade pessoal ferida, clap, clap. Você ainda vai andar por aí muito tempo...

Aproveitemos a onda e lancemos nos blogs uma petição contra os directos idiotas dos telejornais, 'bora?

Isto não é um país sério (1)

Abaixo de Verde Eufémia, só o gangue dos escuteiros

«Escuteiros do Agrupamento n.º 20 da Covilhã foram apanhados a cortar árvores na mata nacional da cidade, na Serra da Estrela, num caso que está ser averiguado internamente, disse ontem à Lusa fonte daquele agrupamento. Os escuteiros são menores de idade e agiram sem supervisão de adultos.»
1) Como raio está este crime a ser "averiguado internamente"!? Escuteiro=GNR agora? 2) Serem menores justifica exactamente o quê, dado que é suposto haver adultos responsáveis? Só são responsáveis até há hora em que é mesmo preciso que alguém se responsabilize? 3) Cadê os indignados com os Verde Eufémia e a suposta passividade policial de então? Cadê Pacheco Pereira? Demasiado ocupado a defender os nazis que atacaram o cemitério judeu de Lisboa? What? Como explicar este silêncio depois da histeria lacrimosa com o milho transgénico? Depois do neonazismo, também o escutismo passou a ser atenuante criminal?

Nota: esta discreta notícia já tem quase uma semana, nada nas TVs, nada nas colunas de opinião dos jornais... escuteiro pode tudo.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Ainda há dúvidas de que Santana nunca venceu as eleições autárquicas em Lisboa?

Zangam-se as comadres e deduzem-se as verdades. Esta gente é capaz de tudo...

Será a Eslováquia o cavalo de Tróia do Vaticano contra a Europa?

Atenção à reportagem no Rue89.com. Numa altura em que continuam a chegar fétidos ventos de Leste. Mas também alguns sinais de resistência e esperança.

Por cá vai dando que falar a indignação do polvo vaticânico com a ideia do governo em deixar de pagar salários fixos a padres que "prestam serviços hospitalares", para passar a pagar tão valiosos serviços a recibos verdes - eis finalmente a igreja a lutar contra a precariedade. Num país sem saúde oral pública, andar a pagar a padres pelas suas rezinhas hospitalares, i.e., por andarem a propagandear a sua seita em busca de novos clientes por entre aqueles que se encontram mais fragilizados, os doentes, é um grosseiro insulto à nossa inteligência. Mas parece que 'tá-se bem...

Tal como essa mesma seita não teve problemas em pagar o dobro do previsto pelo novo megatemplo lá na terra dos pastorinhos visionários especialistas em futurologia pós-soviética. 80 milhões de euros. Ninharias portanto, já pagas, a pronto e provavelmente em cash... directamente das caixas de esmolas continuamente cheias por quem não tem grandes dentes, mas vai tendo uns trocos para pagar promessas que poderão ou não ser cumpridas. Aterrar em azinheiras é fácil, ter coragem para disponibilizar um livro de reclamações é que é pior...

A Eslováquia poderá ser o cavalo de Tróia, mas a nós ninguém tira a alcunha de sacristia papal. É pró que o Bentinho queira! Esta fétida lesma morta que se espapa à beira do velho Atlântico é sua e de mais ninguém. (Excepto talvez a Lusoponte, ricos negócios os da era cavaquista...)

segunda-feira, setembro 24, 2007

Funny Games

Vale mesmo a pena ler este retrato de Michael Haneke, que terminou agora a rodagem de "Funny Games" - versão americana (à esquerda na imagem). O original austríaco é um dos melhores filmes de sempre. Os trailers podem ser vistos aqui. Haneke, the leader of the Cinematic Liberation Front, diz coisas como:
«“I saw ‘Pulp Fiction,’ of course, and it’s a very well done film,” he [Haneke] said. “The problem, as I see it, is with its comedy — there’s a danger there, because the humor makes the violence consumable. Humor of that kind is all right, even useful, as long as the viewer is made to think about why he’s laughing. But that’s something ‘Pulp Fiction’ fails to do.” When I mentioned Oliver Stone’s “Natural Born Killers,” another film that “Funny Games” has been compared with, Haneke shrugged. “Stone made the same mistake that Kubrick made. I use that film to illustrate a principle to my students — you can’t make an antifascist statement using fascist methods.”»

(...)

«“I was sitting in a bus, and suddenly it went out of control. For some reason I was responsible for everybody’s safety, but I couldn’t get the steering wheel to work: perhaps it was broken, perhaps someone else was preventing me. People were wandering up and down the street, and the bus ran them over, unavoidably, one after another. Somehow I was responsible for this, but I was helpless to prevent it.” He took a slow, thoughtful sip of his coffee. “A pretty terrible dream, but to me it seems representative of our current situation in the world. All of us are responsible but unable to change the direction of the bus — everyone in Europe, everyone in the so-called first world, is in that same position. A horrible predicament, almost unbearable if you think about it, but the bus keeps right on rolling.”»

sexta-feira, setembro 21, 2007

A notícia com que os chefes de redacção sonham

© Bandeira

«Casal McCann contrata Mourinho como personal trainer»

Público à esquerda do El País está quase a chegar

Já tinha falado disto em Abril. Agora está mesmo quase, sai dia 26 (quarta-feira) e parece que custará apenas 50 cêntimos. Só é pena não ser em português, até o cabeçalho semelhante facilitaria a troca aos leitores.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Mormons wanted


Uma das minhas fantasias sexuais por realizar consiste muito simplesmente em foder com uma dupla mormon. A fatiotazinha, o ar angelical, a misteriosa roupa interior, o andarem sempre em par... enfim, ene pormenores que aguçam o fetiche. Lamentavelmente a realidade não é igual aos filmes, e nunca fui abordado por nenhuma dupla que me despertasse o mínimo tesão.

Mas eis que a minha esperança renasce ao deparar-me com o calendário "Men on a Mission 2008". Não, não é tanga como o calendário dos supostos padres católicos, estes são mesmo mormons. E a minha esperança renasce não só porque afinal existem mesmo mormons giros como os dos filmes, mas também por mostrarem estarem dispostos a muito mais que o que se imaginaria para salvarem almas alheias.

A gayness da coisa vai ao ponto de usarem a música de uma dupla tecno-gay para o vídeo ou venderem t-shirts para homem com o slogan "I heart mormon boys". Posto isto é hora de deixar as fantasias de lado e passar à prática.

If you are a mormon couple preaching around Portugal please contact me at renaseveados[at]gmail.com. I am a militant atheist available for conversion in exchange for hot steamy double mormon gay sex. The length of the conversion will be proportional to the pleasure provided by both of you. You must wear mormon underwear. More details by e-mail. Thanks.

Que é como quem diz, levem-me ao céu, que eu passo a acreditar.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Bucha e Estica

Gente com opiniões vincadas, mas que não faz a mínima ideia do que está a falar. Não há por aí jornalistas capazes de apontarem ao menos as mais óbvias contradições e ignorâncias dos entrevistados? Assim nunca mais percebem o atraso com que falam... até para se ser um homofóbico que quer mandar na vida familiar dos outros há que ir fazendo uns upgrades.

Pacheco Pereira está à espera de quê para se retractar?

Sinceramente estou um bocadinho farto de ouvir aquela estória da blogosfera ser muito rigorosa com os erros dos bloggers, de não se poder um passo em falso, pata ti pata tá, e constatar na prática que afinal é uma mera reprodução on-line das patacoadas diariamente impressas nos jornais.

O que José Pacheco Pereira escreveu sobre o caso do neo-nazi Mário Machado, foi de tal forma erróneo, demagógico e imbecil, que só à luz de uma profunda ignorância e precipitação se poderia compreender vindo de alguém que se espera ter um mínimo de honestidade intelectual.

Seja como for, com todas as notícias entretanto saídas a público, deixou de haver possibilidade de ignorância sobre a verdade do caso. Sendo portanto de exigir, a bem de um mínimo de credibilidade, uma retractação de Pacheco. Mentir e ludibriar não podem continuar a ser aceites como técnicas de argumentação legítimas entre os comentaristas portugueses. De uma vez por todas!

Suck it Jesus!


Esta é a versão não censurada. A petição anti-talibanismo cristão pode ser assinada aqui. Mais informações sobre o caso em português aqui. Kathy Griffin és GRANDE!

De nada Bush, sabes que podes sempre contar com a gente

«Quero agradecer ao povo de Portugal por apoiarem a sua decisão de ajudar o povo do Iraque e do Afeganistão descobrirem a bênção da liberdade»
George Bush para José Sócrates

Nota: o título deste post é tudo menos irónico. George W. Bush tem toda a razão para agradecer a Portugal, onde a oposição à invasão do Iraque foi ínfima, insignificante e completamente inconsequente para a vida política e eleitoral pós-invasão - ao contrário do que aconteceu noutros países "aliados". É certo que o apoio popular não foi nada de exuberante, foi antes um encolher de ombros, um assobiar para o lado. Mas perfeitamente cúmplice com o entusiasmo dos políticos e com a recepção da cimeira da invasão nos Açores. Ainda batemos palmas quando um dos criminosos de guerra arranjou tacho em Bruxelas. Podemos passar a vida a dizer que o apoio de Portugal era indiferente para a decisão de invadir ou não o Iraque. Só não podemos dizer que esse apoio não existiu. Uma vergonha, toda nossa.

A very famous cock

Das cozinhas de dealers californianos às salas de emigrantes portugueses em França, só ou em dose dupla, este galo é a maior estrela portuguesa no audiovisual internacional. Esta imagem é do Les Triplettes de Belleville. Um doce para quem souber fornecer mais instantâneos gálico-barcelenses na 7ª Arte (ou séries muito boas).

terça-feira, setembro 18, 2007

Stop being a pussy


PS: Será de toda a erva, ou num dos episódios transmitidos hoje (esta cena é da semana passada) vi mesmo um galo de Barcelos na janela da cozinha da Heylia? Se não é da erva, só pode ser da globalização. Caso para dizer: Barcelos' cock rules!

PPS: A foto!!! Obrigado Sérgio.

'Bora criar uma nova linha de galos que em vez do coração vermelho tenham uma folha de maconha? Vai ser um sucesso entre os dealers de L.A..

sábado, setembro 15, 2007

Os livros que não mudaram as nossas vidas

Tempo de rever as respostas ao desafio aqui lançado a alguns camaradas da bloga sobre os livros que não mudaram as suas vidas. A pergunta era incómoda, pelo que imaginava ter poucas respostas, só não imaginava que o fosse ao ponto de fazer colapsar um blog! Sorry...

Passemos então aos resistentes. Ou nem por isso, o dot acha que a vida é demasiado curta para ler Dostoyevski, pelo que listou os livros que lhe mudaram a vida, Crime e Castigo não incluído.

Já na Enciclopédia Chinesa - reavivada pela pergunta? - encontramos uma lista com algumas coincidências em relação à minha. Nas diferenças importa realçar que não tive coragem de mencionar Marguerite Duras, não me lembrei que já tinha lido Pessoa e esqueci completamente essa figurinha catita chamada Júlio Diniz. Não fora isso, e seriam quase listas repetidas, apenas com diferentes Lobo Antunes a embalar-nos o tédio.

Há dias em que mais valia não sair da cama

«An Albanian fishmonger set fire to his van in a burst of anger after the national soccer team lost to the visiting Dutch side, and firefighters failed to extinguish the blaze because someone had stolen their water.» [Um vendedor de peixe albanês incendiou a sua carrinha num ataque de fúria provocado pela derrota da sua selecção nacional de futebol frente aos visitantes holandeses, e os bombeiros foram incapazes de apagar o fogo porque alguém lhes roubou a água.]

quarta-feira, setembro 12, 2007

sábado, setembro 08, 2007

Multas igualmente dissuasoras

«A millionaire from Småland in southern Sweden has been forced to pay a 195,000 kronor ($28,000) [20 817 euros] fine after he was caught speeding on the Baltic island of Åland.

Hans Ahl, 62, was hit with the full force of Finnish law after driving his Chevrolet minivan at a speed of 67 kilometres/hour (42 mph) in a 30 km/h zone (19mph). Though the population of Åland is Swedish speaking, the main island and its many skerries are in fact an administrative province of Finland.

Unlike in Sweden, where there is a 4,000 kronor maximum charge, Finland does not place an upper limit on traffic fines. Instead the cost of a speeding ticket is calculated on the basis of the offender's income.»
Ora aqui está um sistema mais justo. É que não é só pela potência do motor que vemos a correria desenfreada de jaguares e ferraris nas estradas, as multas por excesso de velocidade têm nulo efeito dissuasor em quem conduz tais veículos. Apenas o civismo, ou a falta dele, são factores determinantes na hora de se conduzir um carrão desse tipo. Já quem conduz clios ou corsas encara com outros olhos a possibilidade de uma multa. A lei não devia ser igual para todos?

Não seria mais justo a ASAE encerrar a câmara?

«Noutra zona da cidade, na Avenida da Boavista, o conhecido bar "Triplex" foi imediatamente encerrado, mais uma vez por não ter as devidas licenças. Segundo a sócia--gerente, "a licença foi pedida há muitos anos, mas, até hoje, a resposta da autarquia não chegou". Revoltada e "aterrorizada com os homens armados" que faziam a segurança da acção de fiscalização da ASAE, a responsável diz que não considera que trabalha sem licença: "A partir do momento em que dou entrada com todos os procedimentos necessários na Câmara, que esta casa tem os impostos em dia, que não tem trabalhadores ilegais, que não trafica, que, em suma, é uma casa decente, é dever da autarquia responder de forma célere ao pedido de licenciamento".»
Isto está muito, muito, mas mesmo muito longe de ser caso único. Se a ASAE encerra todos os estabelecimentos sem licença no Porto e no país, em breve não haverá onde tomar café.

sexta-feira, setembro 07, 2007

Mais um partido por Lisboa

Se há tique centralista que me eriça o pêlo é este de nem sequer escreverem o nome da lisboeta cidade nas moradas, como se fosse efectivamente a única possível, logo de escusada referência. Nem preciso saber mais nada sobre esta coisa descoberta via Womenage, não é para mim de certeza absoluta. Minha cidade é outra!

Nota prévia: o editorial que se segue não é do Correio da Manhã

«Num dia em que voltaram a levantar todas as teorias sobre o destino de Madeleine, a criança inglesa desaparecida no Algarve há mais de quatro meses; duas semanas depois de terem sido mortos a tiro empresários e seguranças da noite de Lisboa e Porto; após uma semana de assaltos à mão armada (bancos, carrinhas de valores e, ainda ontem, uma ourivesaria), que também fizeram vítimas; não podia ter sido mais inoportuno da parte do Governo anunciar os números da criminalidade e dar destaque à diminuição do crime violento
Inoportuno para quem? Só se for para quem se dedica a explorar o crime, fazendo sensacionalismo diário com casos relativamente isolados e que as estatísticas não se cansam de demonstrar serem em muito menor número em Portugal do que na maioria dos países europeus.
«Primeiro porque são números que dizem respeito apenas aos primeiros seis meses do ano, ou seja, até Junho. E que, seguramente, os factos de Julho, Agosto e este agitado início de Setembro vão fazer disparar. Depois porque dá a ideia de que a indicação dada às forças de segurança é a de encarar os últimos casos com normalidade.»
Irão fazer disparar? Se até o caso Madeleine, ocorrido em Maio, teve que ir buscar para a lista!? E a polícia deve encarar o crime como? Histericamente resultará melhor? Do que encarar com profissionalismo, como é suposto fazerem-no todos os dias, já que diariamente é esse o seu trabalho, combater o crime?
«Quando os factos contrariam os números, não há percentagens ou décimas tranquilizadoras. O que descansaria os portugueses era ver os últimos acontecimentos tratados como excepções: pelas forças de segurança e pelo Governo. Para não temerem que a violência generalizada esteja a instalar-se no País. Para poderem continuar a achar que se trata apenas de casos pontuais.»
É óbvio que não há estatística que valha a quem acabou de ser vítima de um crime. A probabilidade de nos cair um raio em cima da cabeça é desprezável de tão baixa, mas um dia que caia, de nada nos irá valer a ínfima probabilidade. O histerismo e indignação são perfeitamente compreensíveis e justificáveis vindos da boca de alguém que acabou de ser assaltado. No editorial de um jornal que se diz de referência é apenas histérico e sensacionalista.

Os factos não contrariam os números, até porque estes se limitam a contabilizar os factos. É o exagerado destaque dado a factos isolados e o nulo destaque dado à regra (ainda ontem ouvi um agente da PSP explicar que há 2 anos que não havia um assalto à mão armada em Viana do Castelo) que criam sentimentos colectivos de insegurança, sem qualquer correspondência com a realidade, mas apenas com as manchetes dos tablóides (editorial do DN incluído no lote).

Não é demais recordar: «Segundo o professor [Cândido Agra, presidente da Sociedade Portuguesa de Criminologia], Portugal é um país com medo. Ao estudar a insegurança deparou-se com um paradoxo ao mesmo tempo que Portugal é o país com o menor índice de criminalidade da União Europeia, por outro lado, é o "mais medroso", caracterizou o professor.» Isto interessa a quem? Não tem já o país problemas de sobra para se andar a deprimir com os que não tem?

quarta-feira, setembro 05, 2007

terça-feira, setembro 04, 2007

Imbecilidade do dia

«A partir de hoje, os jardins-escolas galegos dão as aulas só em galego. Também se vai ensinar um "hino galego" de um nacionalismo extremo. Composto por um poeta do séc. XIX, o hino galego, enxotando os castelhanos, canta: "Sós os imbecis e obscuros/ não nos entendem." Picardias nacionalistas, que quase todos os povos têm, e que não trazem grande mal ao mundo. Ou trazem mas não é isso que aqui me traz, mas outro mal, esse, evidente. Esta deriva galega integra-se no menosprezo de uma das grandes línguas mundiais, o espanhol, que já deixou de ser ensinada como devia na Catalunha e no País Basco, e, agora, deixará também na Galiza. Vão perder os miúdos galegos, como já perdem os bascos e catalães. Tal como os miúdos cabo-verdianos perdem por não aprender o português, mas o crioulo. Não falo, claro, na nobreza das línguas (todas são nobres). Falo da I Divisão Mundial das Línguas, onde estão o português e o espanhol. E não estão as outras nobres línguas aqui referidas.» [via]
Em itálico as informações objectivamente falsas. A pérola é de Ferreira Fernandes no Diário de Notícias, que parece esquecer a origem anti-britânica do hino português ou a marcha suicida com que termina. E fica sem explicar porque raio nos havemos de continuar a prejudicar falando e ensinando português nas escolas (ainda por cima nem sequer na sua variante mais falada, a brasileira), com o inglês universal aí à mão de semear... ou pelo menos o espanhol, tão mais falado e internacional. Mas pronto, os tachos na imprensa tuga obrigam apenas a teclar um número mínimo de caracteres, é irrelevante se as informações são verdadeiras ou se a argumentação tenha qualquer ponta por onde se lhe pegue...

10 livros que não mudaram a minha vida

Respondendo ao desafio da Shyz, cá vão os 10 livros que não mudaram a minha vida como era suposto. É claro que alguma coisa mudam sempre, quanto mais não seja, reduziram temporariamente o meu apetite literário. A ordem é aquela com que me lembrei deles.

Viagem ao País da Manhã - Hermann Hesse (quase mudava, tal a vontade de cortar os pulsos por estar a ler aquilo, acho que nunca um livro tão pequeno custou tanto a ler)

Moby Dick - Herman Melville

O Conde de Monte Cristo - Alexandre Dumas

O Manual dos Inquisidores - António Lobo Antunes

Recordações da Casa dos Mortos - Fiodor Dostoievski (sou um monstro sem coração, mas do mesmo autor amei A Submissa)

Viagens na minha terra - Almeida Garrett (leitura não concluída)

A Colmeia - Camilo José Cela (A Cruz de Santo André, do mesmo autor, foi igualmente escusado)

Um Dia na Vida de Ivan Denisovich - Alexander Soljenitsin

O Anjo Mudo - Heinrich Böll (mas o A Honra Perdida de Katharina Blum mudou e muito, recomendadíssimo)

Como procurar emprego - Guia prático - Instituto de Emprego e Formação Profissional

PS: Já esquecia, passo a bola ao dot, Cesare, Miguel, João e Eduardo.

PPS: Quem achar estranha a ausência de Ulisses e Sibila da lista, saiba que nunca tentei sequer. Já do Alexandre Herculano, pois devorei sem pesnatejar O Bobo e Eurico, o Prebítero em plena adolescência.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Publijornalismo

Hoje ao minuto 5 do Jornal da Tarde da RTP surge um directo ao El Corte Inglés de Gaia, para uma reportagem sobre o preço do material escolar. Perguntava o jornalistaa dois clientes quanto lhes custava o uniforme do colégio do filho, os pais não sabiam, pergunta então ao porta-voz do centro comercial, existem vários preços, respondeu. O jornalista público, não satisfeito, insistiu por mais 3 vezes. Tratando-o sempre por "tu", o porta-voz do El Corte Inglés foi dizendo que dependia do colégio, dependia do tamanho e que simplesmente não sabia naquele momento quanto custaria. Tudo isto, repito, ao minuto 5 do noticiário das 13h do canal público de televisão.

Já durante o fim-de-semana foram intermináveis os directos a Gaia e Porto a propósito da Red Bull Air Race, prova que contava com o apoio da RTP. Abriu telejornais, ocupou-lhes o meio e encerrava-os. A Red Bull agradece, o contribuinte paga. O jornalismo público é então, afinal, apenas publijornalismo. Não se sabendo bem quando começa o jornalismo e acaba a publicidade ou vice-versa, e sobretudo, não se sabe bem onde andará a relevância dos acontecimentos noticiados.

Não há mal sem solução e no poupar é que está o ganho. Telejornais com um máximo de 30 minutos, directos apenas em situações tipo 9/11, e desporto num programa à parte, são 3 regras simples que fariam a inexistente qualidade actual da informação da TV pública disparar para níveis razoáveis.

30 minutos chegam perfeitamente para mostrar a actualidade nacional e internacional relevante (vejam-se os bastante mais curtos noticiários da Euronews) e sobra ainda tempo para uma entrevista ou reportagem mais alongada sobre um tema que mereça ser aprofundado.

Os directos que enxameiam os noticiários são regra geral minutos de dar dó. Jornalistas frustrados a tentarem entrevistar transeuntes relutantes, pessoas cujo café é interrompido para darem a sua opinião sobre a última contratação do Benfica ou estradas cujo trânsito de fim de férias se recusa a comparecer à hora do telejornal. Tudo triste, deprimente, sem qualquer acréscimo de informação útil, tudo escusado enfim.

Finalmente o desporto, esse império de marcas e publicidade, onde os exclusivos são conseguidos à custa de copyrights, deve estar completamente fora dos noticiários. Não é suposto o jornalismo ter que pagar para exercer, logo, o dito jornalismo desportivo é algo à parte, devia ficar à parte. Sem drama. Quando Portugal ganhar um campeonato do mundo e o pessoal encher as ruas de cachecóis e bandeiras, abra-se uma excepção, até lá, não.

sábado, setembro 01, 2007

Valha-nos a UE

«O grupo dos Verdes no Parlamento Europeu vai exigir à Comissão Europeia que forneça toda a documentação relativa aos negócios da Somague que beneficiaram de apoios comunitários, revela o semanário "Expresso" na edição de hoje.»
Com o país ainda a braços com essa terrível tragédia que se abateu sobre um campo de milho do Algarve, não parece haver tempo para nos indagarmos sobre o financiamento ilegal da Somague ao PSD. O PS anda estranhamento calado, os jornalistas demasiado ocupados com espigas e o PR respira aliviado por ninguém lhe perguntar sobre o caso... até porque um PR existe para tratar assuntos de maior importância, campos de milho, está bom de ver.

Mas pronto, em Bruxelas as prioridades parecem ser outras e a corrupção governamental não é encarada com a normalidade com que é encarada por cá. Uns picuinhas.

Sapices

Há uns tempos escrevi sobre as votações on-line: «É certo que o valor, rigor, whatever, destas coisas é nenhum, mas nunca resisto a votar (...)». Nunca digas nunca, mesmo. O Sapo acabou de arranjar maneira de me fazer engolir o que disse, outro sapo portanto, pela goela abaixo.

E como se sapos faltassem neste post, ou melhor, na página de entrada do Sapo, também lá se pode ver em grande destaque a inauguração do canal de vídeo on-line do CDS-PP, com o Paulinho Portas de camisa desapertada insinuando um mamilo e revelando um bronze douradinho pelo sol, já não solário. Ui ui, upa upa. Diz que é "uma maneira informal, o mais directa possível" de comunicar, mas nós sabemos que assim não é. Nunca digas nunca Paulinho... ainda há muita pele escondida por aí!