domingo, fevereiro 18, 2007

Mais vale uma constituição morta, que um casamento que pode mesmo nascer

«A JS adiantou não ter ainda "definidos calendários quanto à concretização dos restantes compromissos assumidos no passado", mas "mantém o acompanhamento das temáticas da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, do combate ao racismo e xenofobia e à discriminação em função do género".

"No contexto da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia" é "indispensável relançar a discussão em torno da Constituição Europeia e sobre o modelo económico europeu e mobilizar a juventude portuguesa para o debate sobre o futuro da UE", justificaram os jovens socialistas.»

Mais fácil ainda, passar a batata quente para outras mãos:
«Quanto à legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, a JS já apresentou publicamente o seu anteprojecto, em Fevereiro de 2006, faltando-lhe apenas entregá-lo na mesa do Parlamento e promover um debate público sobre o tema.

Após a entrega na mesa do parlamento, o agendamento do diploma da JS depende da vontade da direcção do PS, mas os jovens socialistas contam que isso aconteça, pelo menos, quando o Bloco de Esquerda ou "Os Verdes" decidirem agendar os seus projectos de legalização dos casamentos entre homossexuais.»
Parece-me tudo muito simples, tão simples que dói ter que explicar. A JS comprometeu-se há um ano a entregar o anteprojecto depois do referendo. O referendo passou, a entrega tem que ser agora. É assim simples, é só apagar uma alínea discriminatória da lei. Serve até para mostrar que estas coisas da UE nos interessam mesmo e servem mesmo para alguma coisa, sendo este o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos.

Adiar a resolução simples do problema apenas o complica, não se aprendeu nada com Zapatero para os lados da JS, está visto. Complica porque dá tempo aos opositores de se organizarem, complica porque com as eleições à porta a cabeça dos deputados do PS estará longe da defesa do princípio da igualdade, complica porque a desigualdade persiste, tornando muitas vidas mais complicadas.

Não se pede muito à JS, apenas se exige que cumpra a palavra dada, que não se limite a ser um cordeirinho nas mãos dos velhos do Restelo do partido. Não serviu o referendo para mostrar onde levam esses velhos carneiros e os coices que estão dispostos a dar ao partido? Vão continuar a seguir-lhes as pegadas?

1 comentário:

MC disse...

Depois do aborto, mais questões "fracturantes" (este termo é fantástico, hein) só lá para 2009... até porque há assuntos "mais prementes, como a economia" (adoro quando eles dizem isto). Mais prementes do que o fim da discriminação na Constituição?! Bah...