domingo, fevereiro 25, 2007

Podia ter sido aqui

Maria del Cármen Galayo Macias, uma dos 17000 professores contratados e pagos pelo estado a pedido do episcopado espanhol, prestava serviços como professora de religião católica em diversos centros públicos de ensino básico desde 1990 mas, em Outubro de 2000, foi demitida.

O Tribunal Constitucional espanhol considerou, esta quinta-feira, que não pode julgar-se inconstitucional a decisão dos bispos de despedirem uma professora, por esta viver com um homem em união de facto, noticia o jornal El País

E por cá, como é que isto funciona?

«A nova Concordata consagra a existência da disciplina de EMRC, continuando os professores a ser propostos pelos Bispos, nomeados pelo Estado e pagos pela tutela.

Os professores de religião e moral católicas “são nomeados ou contratados, transferidos e excluídos do exercício da docência da disciplina pelo Estado de acordo com a autoridade eclesiástica competente”. (...)

O artigo XIX, no seu ponto 3, vinca que o ensino da religião e moral católicas apenas poderá ser ministrado por quem seja considerado “idóneo” pela autoridade eclesiástica competente e “nos termos previstos pelo direito português e pelo direito canónico”.»

Contribuir com os meus impostos para a imposição de normas católicas na vida privada de trabalhadores pagos pelo estado português? Contribuir com os meus impostos para a promoção do proselitismo católico na escola pública? Assim é. Sobre isto ler ainda os excelentes artigos de opinião publicados no El Pais: «¿Vuelve la Inquisición?» e «¿Catequista o profesor?». Para quando a revogação das concordatas?
«A visada, em declarações reproduzidas ontem pela imprensa espanhola, resumiu como "uma aberração" a análise do tribunal: "Não sou padre nem freira e não tenho voto de castidade", lembrou. "Aos padres pedófilos não os afastam, e eles continuam a dar aulas de religião."»

1 comentário:

eduardo b. disse...

Podia ter sido aqui e o mais provável é que até já tenha sido, só que ficou toda a gente muito caladinha para não ofender.