Quando os interesses partidários são colocados à frente dos interesses do movimento LGBT
«O Partido Socialista não vai propor a adopção de crianças por pessoas do mesmo sexo ou o casamento de casais homossexuais antes de 2009. O membro da Opus Gay António Serzedelo compreende as razões da decisão, mas considera que três anos pode ser tempo de mais. (...) "Em todo o caso, parece-nos acertada, da parte do senhor primeiro-ministro (...)"Rir para não chorar. Durante anos ouvi acusações mais ou menos gratuitas por parte deste senhor sobre a suposta "excessiva partidarização do movimento LGBT", acusações essas que tinham como único efeito a descredibilização do movimento. Curiosamente este é também (salvo erro) o único dirigente associativo LGBT que participou em eleições recentes, mais concretamente nas últimas autárquicas pelo Partido Socialista. Voilá, eis o resultado. Está feito o frete e para a generalidade da opinião pública, que não fará qualquer distinção entre uma associação LGBT e outra, os ditos LGBTs até estão satisfeitos. Obrigadinho sr. Sezerdelo, uma pena aquela estória do ficheiro dos sócios da Opus Gay se ter perdido, para sabermos ao certo quantos LGBTs estão satisfeitos com o governo socialista, mas pronto, pelo menos um está, não é mesmo?
Para o activista, é preciso sensibilizar a opinião pública portuguesa e os próprios casais homossexuais antes de se tomar decisões. "Na verdade, é preciso construir a casa não pelo telhado mas começar a construí-la da base. Eu sou absolutamente a favor do casamento, absolutamente a favor da adopção, mas entendo que é um processo que tem de ser trabalhado junto da população, junto dos poderes locais, junto dos heterossexuais e até junto dos próprios gays.»
PS: Mas entende-se perfeitamente que para Serzedelo o casamento entre pessoas do mesmo sexo não seja uma prioridade, afinal, Serzedelo até já é casado...
2 comentários:
No meio de toda esta edificante estória surge, inesperadamente, a minha ignorância. E se aquelas senhoras espanholas que há dias adoptaram um bebé forem acometidas de um ataque de estupidez e resolverem imigrar para Portugal, o que é que o Estado Português lhes faz? Não lhes reconhece a parentalidade (é assim que se diz?), considerando, portanto, que a criança não é da responsabilidade de ninguém e, novamente portanto, tira-lhes o puto? Por acaso gostava de saber.
Isto está pouco acima da afirmação daquele senhor que foi aos "Pastéis de Nata" dizer que não faz mal não haver casamento civil, que para isso tem a Holanda. Só que em vez de atirar para longe, em termos de espaço, o sr. Serzedelo atirou para longe, em termos de tempo, a igualdade de direitos das pessoas LGBT.
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