Como com a electricidade? Nem pensar!
O CDS, o partido lança-chamas da política portuguesa, vem lançar mais uma para a confusão, o seu objectivo principal. O CDS não percebe o português da pergunta proposta pelo PS para o referendo sobre a IVG, e por isso sugere o seu portuñol. A pergunta do PS é: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?".
A primeira objecção do CDS é com "despenalização", que entende dever ser "liberalização". Perdon? Pois, isso mesmo, "liberalização", uma palavra que nos tempos que correm lembra sobretudo o fim de monopólios estatais e privatizações. Assim como se fez com o mercado da electricidade, conduzindo ao anunciado aumento de 15,7% nas facturas! Aliás, tudo coisas a que o CDS costuma ser super a favor, o que poderia suscitar confusões várias dentro do seu próprio eleitorado na hora de votar. Better not, ok? O que é penalizado e feito no privado, despenaliza-se e faz-se nos hospitais públicos, é essa a ideia, capice?
Depois diz o CDS que se deve usar "aborto" e não "interrupção voluntária da gravidez". Aborto é a expressão mais usada, concedo, aliás, eu próprio a uso - até porque não quero que só páginas anti-escolha sejam googladas com essa palavra-chave, sem dúvida a mais procurada. Mas ser muito usada não significa ser rigorosa, como compete ser a língua de coisas como referendos. É que se o CDS não sabe eu explico, em rigor "aborto" é o feto abortado num "abortamento". O acto que interrompe a gravidez é então o abortamento, e o seu resultado o aborto. "Liberalizar o aborto" proporciona então interpretações como "privatizar fetos abortados", e não é isso que se pretende. Se o CDS não entende bem a pergunta sugerida pelo PS a solução é mesmo voltar à escola.
A primeira objecção do CDS é com "despenalização", que entende dever ser "liberalização". Perdon? Pois, isso mesmo, "liberalização", uma palavra que nos tempos que correm lembra sobretudo o fim de monopólios estatais e privatizações. Assim como se fez com o mercado da electricidade, conduzindo ao anunciado aumento de 15,7% nas facturas! Aliás, tudo coisas a que o CDS costuma ser super a favor, o que poderia suscitar confusões várias dentro do seu próprio eleitorado na hora de votar. Better not, ok? O que é penalizado e feito no privado, despenaliza-se e faz-se nos hospitais públicos, é essa a ideia, capice?
Depois diz o CDS que se deve usar "aborto" e não "interrupção voluntária da gravidez". Aborto é a expressão mais usada, concedo, aliás, eu próprio a uso - até porque não quero que só páginas anti-escolha sejam googladas com essa palavra-chave, sem dúvida a mais procurada. Mas ser muito usada não significa ser rigorosa, como compete ser a língua de coisas como referendos. É que se o CDS não sabe eu explico, em rigor "aborto" é o feto abortado num "abortamento". O acto que interrompe a gravidez é então o abortamento, e o seu resultado o aborto. "Liberalizar o aborto" proporciona então interpretações como "privatizar fetos abortados", e não é isso que se pretende. Se o CDS não entende bem a pergunta sugerida pelo PS a solução é mesmo voltar à escola.
3 comentários:
Posso passar uma teoria mais maquiavélica?
Lê a pergunta como o CDS a queria:
"Concorda com a LIBERALIZAçAO DO ABORTO...?"
Ora, isto não é nada mais nada menos que um subterfúgio para chocar as pessoas com a pergunta e muito mais facilmente as induzir psicologicamente a dizer "Não".
Smart move.
ah, e já vejo de novo em 800x600, obrigado.
E se ganhasse o sim, eram obrigados a liberalizar o aborto, totalmente, como aconteceu aliás durante toda a idade média, sob os auspícios da santa padre igreja...
Eu deixei de usar a palavra "aborto". Ao contrário do que pretende o CDS e compinchas, não é o feto abortado que está em causa, mas a mulher, o conceito de mulher, a continuação ou não de uma gravidez no corpo da mulher. A única expressão que o define é mesmo "Interrupção Voluntária da Gravidez".
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