sexta-feira, janeiro 05, 2007

Países errados seu dona Nogueira Pinto

Hoje pude apreciar na RTP várias declarações de militantes da "Plataforma não obrigada" (por falar nisso, o renas é o segundo resultado na busca no Google pela dita cuja plataforma, not bad!), e já deu para perceber que o prato forte vai ser a desonestidade financeira, mesmo que não seja de finanças nem de financiamentos o que trata o referendo. Aliás, supondo uma vitória vinculativa do Sim, a forma da aplicação da despenalização poderá ser sempre alterada no futuro sem novo referendo, desde que não seja modificado o princípio da não criminalização até às 10 semanas, que é do que se fala, não é demais repeti-lo. Mas resultado, valores inflacionados e despesas esquecidas, vai ser esse o prato forte.

Mais divertido foi ouvir, porque certamente que era gozo (nem Nogueira Pinto do alto do seu narizinho empinado poderá crer verdadeiramente que o eleitorado seja assim tão imbecil que engula estas cantilenas), a dizer algo como "em França este ano vai ser dedicado ao combate ao Alzheimer, na Alemanha a não-sei-quê, e Portugal dedica-o ao aborto?". Wrong countries lady Nog. Esses já tiveram os seus "anos do aborto", há décadas atrás, tantas quantas as que medem o nosso atraso face a eles. A sua comparação, para fazer um mínimo de sentido, teria que ser do tipo, "A Polónia vai dedicar este ano à coroação de Jesus, a Nicarágua vai dedica-lo à conversão dos ex-vermelhos ao catolicismo fundamentalista, e Portugal quer dedica-lo à emancipação feminina?".

5 comentários:

Shyznogud disse...

Eu também apreciei muito essa das prioridades nacionais, só nem me dediquei a ela por, na altura em que escrevi o post, estar virada para os números... ó para mim tão materialista!
Ah! e reconhecer valores da ordem dos 30 milhões com o "preço" do aborto que apresentava a senhora é, inquestionavelmente, reconhecer a validade dos números que têm sido apresentados e considerar que pecam por defeito. Ora se mais de 30.000 abortos por ano (é o q se pode depreender se se fizerem as contas) não são um problema de saúde pública e uma prática generalizada... está tudo dito.

Ana Matos Pires disse...

E estes gastos Boss, onde é que os senhores os contabilizam? Deus me dê pachorra!

http://dossiers.publico.pt/shownews.asp?id=1178789&idCanal=1106

bossito disse...

Onze mil mulheres internadas por aborto em 2002 - para quem tiver preguiça em copiar o link.

Manel disse...

Tu és genial, rapaz. Este fim de post é precioso... :))

Anónimo disse...

Também reparei.
Coitada da senhora... faz o que pode, já pouco lhe importa que o nariz cresça um pouco mais e tem umas mãos tão pequeninas que facilmente as mete pelos pezinhos...
De facto, discutir agora o aborto - enquanto na França já se vai no alzheimer - é bem representativo do nosso atraso de vida.... Podia ser pior, podíamos ter chegado finalmente à dissussão sobre o direito à iguldade...