A fractura
«Sondagem: 60% dos portugueses preferia voltar ao escudo»
Esta notícia tem já vários dias, mas passou-me ao lado. Em lado nenhum li crónicas a opinar sobre o assunto, manchetes de jornal, nada, népia. 60% dos portugueses preferiam voltar ao escudo, mas nenhum deles é jornalista, está claro. Esclareço já que eu não me encontro entre esses 60%, e admito até que o número possa estar sobreavaliado, mas quando um valor destes (6 em cada 10!) relacionado com algo tão importante como o nosso dinheiro é lançado por um estudo britânico, não era caso para a comunicação social lhe fazer eco? Aprofundar o tema, fazer novas sondagens, inquirir os políticos responsáveis pela adesão ao €uro? Relembro que os eleitores nunca foram questionados directamente sobre essa matéria. É normal haver 60% contra, já vários anos passados sobre a adesão? Não será isto altamente fracturante?
Aparentemente não. Fracturantes, claro, são os casórios gay. Veja-se a notícia do DN que o Pedro tão bem desmonta. Lê-se um relatório, realça-se um único de vários pontos, supõe-se a reacção da figura X e classifica-se irremediavelmente o caso de "fracturante". A fractura não está então na actual negação a alguns cidadãos do direito de casarem, mas na ideia de que a abolição dessa discriminação teria forte oposição popular. É, pelo menos, o que dizem algumas sondagens. Por exemplo, em 2001 só 62% dos jovens portugueses se declarava a favor da medida.
Mas esta sondagem não mereceu grande destaque na comunicação social então, é, digamos, demasiado fracturante para noticiar. Melhor sorte tiveram sondagens mais abrangentes quanto às faixas etárias, com percentagens semelhantes à da oposição nacional ao €uro. Essas já não eram fracturantes, porque deixavam em evidência o fracturismo do casamento gay. Já a do €uro não se deve mostrar, porque é fracturante, já que fracturiza um tema afinal consensual, sem discussão possível, como o €uro. Confusos? That's the point!
Aparentemente não. Fracturantes, claro, são os casórios gay. Veja-se a notícia do DN que o Pedro tão bem desmonta. Lê-se um relatório, realça-se um único de vários pontos, supõe-se a reacção da figura X e classifica-se irremediavelmente o caso de "fracturante". A fractura não está então na actual negação a alguns cidadãos do direito de casarem, mas na ideia de que a abolição dessa discriminação teria forte oposição popular. É, pelo menos, o que dizem algumas sondagens. Por exemplo, em 2001 só 62% dos jovens portugueses se declarava a favor da medida.
Mas esta sondagem não mereceu grande destaque na comunicação social então, é, digamos, demasiado fracturante para noticiar. Melhor sorte tiveram sondagens mais abrangentes quanto às faixas etárias, com percentagens semelhantes à da oposição nacional ao €uro. Essas já não eram fracturantes, porque deixavam em evidência o fracturismo do casamento gay. Já a do €uro não se deve mostrar, porque é fracturante, já que fracturiza um tema afinal consensual, sem discussão possível, como o €uro. Confusos? That's the point!
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