Micropartidos, então e os outros?
Numa altura em que a imprensa portuguesa decidiu dar amplo destaque a um partido inexistente em número de votos, vamos cá fazer um exercício para tentar perceber quais os critérios que determinam a mediatização ou não dos micropartidos portugueses.
Ora o partido que têm conseguido óptimos destaques na imprensa e tv é o PNR - Partido Nacional Renovador. De um cartaz apenas nasceram dezenas de entrevistas e notícias. Que defende então o PNR? Proibir a entrada de novos imigrantes, expulsar os imigrantes envolvidos em actividades criminosas ou que estejam sem emprego e manter a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A isto se resume o muito que têm dito pela imprensa fora. Ou seja, retirando o ar mitra e delinquente, e imaginando-os com um look mais betinho, eis mais uma versão do CDS. A terceira pelo menos, depois da original e de outro micropartido, o PND - Partido da Nova Democracia.
A única coisa que parece dar um toque de originalidade ao PNR são as suas ligações a gangs criminosos, incluindo gente cadastrada por um homicídio racista. Mas não é esta a faceta que os jornalistas da nação decidiram explorar. Apenas a agenda que o PNR partilha com o CDS, PND, PPM, algumas alas do PSD e ainda a "legião de Maria" (Matilde Sousa Franco & Cª) do PS parece merecer atenção. Caso para deduzir que o que estes jornalistas pretendem de facto é mediatizar a agenda e não o partido.
Senão vejamos. Qual é o partido mais radical e ousado da política portuguesa? Tenderia a apostar no POUS - Partido Operário de Unidade Socialista. O POUS defende coisas como a dissolução das instituições europeias e a nacionalização das grandes empresas. Imaginem por uns segundos as transformações radicais nas nossas vidas que essas medidas implicariam. Proibir os gays de casar (o que já acontece) ou limitar a entrada de imigrantes (têm saído mais do que entram) é nada ao lado disto. Dir-me-ão que são propostas velhas, bla bla bla, mas acaso não o é também o nazismo? Ou o conservadorismo hard-core... Porque não é então Carmelinda Pereira entrevistada pelo Público ou pelo Sol?
E se o critério não fosse radicalidade, mas antes originalidade, era caso para investigar melhor o PDA - Partido Democrático Atlântico. Não sei, creio que ninguém sabe, quase nada sobre este partido, mas cheira que tresanda a separatismo insular. Isso não é interessante? Merecedor de atenção mediática? Ou a agenda não interessa, logo nem pensar dar-lhes 5 minutos de fama? Notar ainda que o partido não se assume como independentista, o que seria inconstitucional, coisa que só deveria aguçar a curiosidade jornalística, há ali que desvendar...
A conclusão é portanto muito simples, Portugal tem a comunicação social mais reaccionária e retrógrada da Europa Ocidental, ou na melhor das hipóteses há uns quanto reaças e muitos imbecis que se limitam se seguir-lhes as pegadas... Seja como for, o jornalismo que se vê por quase todo o lado é, resumidamente, uma boa merda.
Ora o partido que têm conseguido óptimos destaques na imprensa e tv é o PNR - Partido Nacional Renovador. De um cartaz apenas nasceram dezenas de entrevistas e notícias. Que defende então o PNR? Proibir a entrada de novos imigrantes, expulsar os imigrantes envolvidos em actividades criminosas ou que estejam sem emprego e manter a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A isto se resume o muito que têm dito pela imprensa fora. Ou seja, retirando o ar mitra e delinquente, e imaginando-os com um look mais betinho, eis mais uma versão do CDS. A terceira pelo menos, depois da original e de outro micropartido, o PND - Partido da Nova Democracia.
A única coisa que parece dar um toque de originalidade ao PNR são as suas ligações a gangs criminosos, incluindo gente cadastrada por um homicídio racista. Mas não é esta a faceta que os jornalistas da nação decidiram explorar. Apenas a agenda que o PNR partilha com o CDS, PND, PPM, algumas alas do PSD e ainda a "legião de Maria" (Matilde Sousa Franco & Cª) do PS parece merecer atenção. Caso para deduzir que o que estes jornalistas pretendem de facto é mediatizar a agenda e não o partido.
Senão vejamos. Qual é o partido mais radical e ousado da política portuguesa? Tenderia a apostar no POUS - Partido Operário de Unidade Socialista. O POUS defende coisas como a dissolução das instituições europeias e a nacionalização das grandes empresas. Imaginem por uns segundos as transformações radicais nas nossas vidas que essas medidas implicariam. Proibir os gays de casar (o que já acontece) ou limitar a entrada de imigrantes (têm saído mais do que entram) é nada ao lado disto. Dir-me-ão que são propostas velhas, bla bla bla, mas acaso não o é também o nazismo? Ou o conservadorismo hard-core... Porque não é então Carmelinda Pereira entrevistada pelo Público ou pelo Sol?
E se o critério não fosse radicalidade, mas antes originalidade, era caso para investigar melhor o PDA - Partido Democrático Atlântico. Não sei, creio que ninguém sabe, quase nada sobre este partido, mas cheira que tresanda a separatismo insular. Isso não é interessante? Merecedor de atenção mediática? Ou a agenda não interessa, logo nem pensar dar-lhes 5 minutos de fama? Notar ainda que o partido não se assume como independentista, o que seria inconstitucional, coisa que só deveria aguçar a curiosidade jornalística, há ali que desvendar...
A conclusão é portanto muito simples, Portugal tem a comunicação social mais reaccionária e retrógrada da Europa Ocidental, ou na melhor das hipóteses há uns quanto reaças e muitos imbecis que se limitam se seguir-lhes as pegadas... Seja como for, o jornalismo que se vê por quase todo o lado é, resumidamente, uma boa merda.
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