segunda-feira, maio 14, 2007

A "nova" França

«O semanário francês "Le Journal du Dimanche" (JDD) recusou-se a publicar ontem um artigo revelando que Cécilia Sarkozy não votou na segunda volta das recentes eleições presidenciais francesas. Trata-se da mulher do eleito sucessor de Jacques Chirac no Palácio do Eliseu, que derrotou a socialista Ségolène Royal, no passado dia 6. A denúncia surge no site de informação www.rue89.com - lançado há dois meses por três ex-editores do diário "Libération", Pascal Riché, Laurent Mauriac et Pierre Haski -, e segundo o qual os jornalistas do JDD (semanário que pertence ao grupo Lagardère) descobriram, através de investigação a cadernos eleitorais, que Cécilia Sarkozy não tinha votado na segunda volta das eleições presidenciais. O site "rue89" adianta ainda que gente dos círculos próximos de Sarkozy "pressionou" o patrão do grupo Lagardère, o que já foi desmentido por Franck Louvrier, porta-voz do eleito presidente da França. O referido site - que classifica o facto como o "premeiro caso comprovado de censura da era Sarkozy" - revela que a notícia chegou a estar alinhada, para publicação, na agenda do jornal. No entanto, "um telefonema de Arnaud Lagardère levou o chefe de Redacção, Jacques Espérandieu, a retirar a notícia da agenda, no último momento", revela "rue89".»
A notícia do Rue 89 aqui. Sobre o "curioso" casamento de Sarkozy, um auto-proclamado paladino da moral e bons costumes, também vale a pena ler um artigo do NYT («A ‘First Spouse’ in France? Not Any Time Soon») que deu que falar antes das eleições. A linha que separa a informação relevante da mera cusquice familiar é muitas vezes difícil de traçar, mas estas tentativas de censura a par do uso dos "valores familiares" como trunfos políticos apagam qualquer dúvida quanto à relevância destas informações.

Sem comentários: