terça-feira, outubro 30, 2007

A distopia liberal sobre a escola pública

Série de artigos do Pedro Sales sobre a "polémica" dos rankings, de leitura obrigatória no Zero de Conduta: I, II, III e IV.

E ainda em defesa da educação pública, ler também "Diz que é uma espécie de governo socialista".

My name is James, just James

A Fernanda Câncio tem toda a razão. Mas há quem vá ainda mais longe. E afinal para que servem os sobrenomes? Já anulando-os é da maneira que se dá uso ao segundo nome próprio que quase toda a gente tem por estas paragens, mas ninguém conhece ou chama. Simplifiquemos pois então.

domingo, outubro 28, 2007

No comments: Sopping 8ª Avenida em São João da Madeira

Os urinóis das casas de banho masculinas, mais fotos aqui.

E estes são os 4 lugares de estacionamento reservados às mulheres naquele centro comercial, pintados de rosa e mais largos que os restantes 1396.

O site oficial mora aqui. E estas informações recolhi-as no Lobby Gay, esse antro de talibãs do politicamente correcto.

sábado, outubro 27, 2007

Partido Moderado sueco aprova moção pelo casamento homossexual

Riksdag, o parlamento sueco em Estocolmo.

Uma larga maioria dos delegados presentes na convenção do Partido Moderado da Suécia (centro-direita) aprovou uma moção a favor da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo no país escandinavo. Também votaram favoravelmente o direito às lésbicas recorrerem à inseminação artificial em hospitais públicos e à possibilidade dos casais homossexuais adoptarem crianças.

Isto significa que 3 dos 4 partidos que formam a coligação governamental, incluindo o do Primeiro-Ministro (moderado) estão a favor da medida, tal como toda a oposição. Notar que o Partido Moderado se senta em Bruxelas ao lado do CDS e do PSD! Sobram então os cristãos-democratas, contra o casamento, mas que à partida não serão grande estorvo, a aprovação é mesmo uma questão de tempo. Falta apenas saber se a vizinha Noruega conseguirá ser mais rápida.

Ser um governo de centro-direita a aprovar esta lei na Suécia é bem revelador do nosso (da Europa do Sul em geral) atraso de 500 anos chamado catolicismo. É que a par desta discussão no Partido Moderado, uma outra aconteceu na Igreja da Suécia, sobre se deseja ou não que os casamentos religiosos por si celebrados tenham validade legal. Para isso é necessário que as regras do casamento religioso estejam de acordo com as do casamento civil. Os membros da igreja aprovaram democraticamente o reconhecimento legal dos seus casamentos religiosos, tendo já em mente que a breve prazo tal significará a realização de casamentos religiosos entre pessoas do mesmo sexo.

Veja-se a diferença brutal em relação ao Sul da Europa. Uma igreja liderada por um alemão escolhido pelo espírito santo e sedeada num microestado parasitário, que não reconhece o casamento civil (para a igreja católica casados ou divorciados apenas pelo civil são solteiros, ex. Letizia princesa espanhola casada pela igreja depois de um divórcio civil). Mas que por outro lado faz do combate a alterações na lei do casamento que não reconhece, seja hetero ou homossexual, a sua grande causa e luta no século XXI.

Voltemos à Suécia, por lá apenas grupos católicos e evangélicos têm feito real e agressiva campanha contra o casamento homossexual. Mas por lá estes grupos ultraminoritários são vistos com o mesmo olhar com que por cá se olha a IURD, mas não a ICAR. E várias sondagens têm mostrado um amplo consenso popular em torno da matéria. É de realçar que a Suécia foi o segundo país do mundo, na era moderna, a reconhecer oficialmente uniões homossexuais, através de parcerias civis, então pioneiras, hoje em dia apenas desculpas para evitar o casamento. Sendo por isso especialmente valioso o exemplo, as parcerias civis não chegam, podem atrasar o inevitável, mas não o evitam permanentemente e nos tempos que correm são apenas prova de falta de coragem política.

Argumentos pelo Não dados pelo Sim

«Mesmo que consiga ler o tratado, chega ao fim quase na mesma. Um referendo sobre um texto daqueles é muito pouco democrático. Se há entidade que pode ter alguma capacidade de análise são os parlamentares. Alguma... Mesmo assim, se dos 230 deputados, 30 conseguirem entender bem o tratado, já não é mau.»
Ui, ui, 30 em 230 e já é uma sorte, ou seja, 13% dos deputados - garante Deus Pinheiro ao JN. Ora se a Assembleia da República parece estar tão bem preparada quanto o comum dos cidadãos para se pronunciar sobre o tratado (que há-de estar escrito em aramaico, só pode), será tão sensato serem uns ou outros a votarem o dito, não? E se ninguém percebe (salvo 2 ou 3 iluminados), será mesmo boa ideia assina-lo em nome de todos? Não é suposto conhecermos as leis pelas quais nos governamos?

Mas isto são só algumas dúvidas de um, necessariamente imbecil, cidadão comum que nem sequer tentou ler o tratado, por ter já apostado que o mesmo será chumbado num referendo algures. Só é pena que não o seja por cá, seria uma ironia deliciosa. Deixemos então o bombom à Dinamarca, Reino Unido ou Irlanda - dá o teu palpite na coluna do lado.

For the record: eu ainda não tenho nenhuma opinião formada sobre o tratado (pois se o não li) e em geral também simpatizo pouco com referendos. Concordo até com a ideia de que os referendos devem ser só sobre coisas claras e decisivas para todo o país, como a adesão à UE, que devia ter sido referendada.

Mas, toda a arrogância, demagogia catastrofista e o esconder do jogo por baixo da mesa que rodearam a assinatura deste tratado, dão-me uma coceira que só visto... Isso e a sensação de que Sócrates é bem capaz de ter vendido meio Portugal em alguma alínea só pela vaidade pessoal de conseguir o dito cujo futuro defunto tratado.

Política assim é uma chungaria e merece ser chumbada.

You are the light



Jens Lekman

quarta-feira, outubro 24, 2007

Que rico ensino o das madrassas católicas

Dito assim parece que tudo é mel a correr. O que a Lusa não diz é que o número de exames feitos nestes estabelecimentos é muito inferior à média de exames realizados nos liceus públicos. Não explica por exemplo que para se entrar nestas madrassas não basta sequer ser-se rico, há que passar numa entrevista e os "alunos problemáticos" que passem no primeiro filtro são automaticamente convidados a sair mal se revelem.

Ou seja, o que este ranking nos diz sobre as diferenças entre ensino público e privado, é que apesar dos 400 euros de propina mensal e do ambiente ultra seleccionado, estes colégios ficam pouco à frente das melhores escolas públicas, gratuitas e abertas a todos, incluindo alunos externos à escola e que lá queiram fazer os exames. Muito papá e mamã anda a pagar gato por lebre, I'm afraid.

Mas muito mais importante que as diferenças entre ensino público e privado (que estão sobretudo no preço e na diversidade dos alunos) o ranking convida a uma leitura e discussão das diferenças entre escolas públicas dos grandes centros urbanos e as do interior, aí sim encontramos diferenças dignas de registo e indicadoras de reais problemas. Quanto ao resto, não passa de propagandopus e péssimo jornalismo.

Obrigatório ver: " A Outra Margem"

Este filme é lindo, lindo, lindo. Finalmente um filme tuga que me convenceu e comoveu. A não perder.

Pontos menos positivos. A falta de referências explícitas a Amarante, que muita gente não conhece e por isso não reconhecerá, e como se vê é muitíssimo cinematogénica, merecendo por isso a atenção.

O sotaque e vocabulário lisboeta dos personagens nortenhos, por vezes retira mesmo alguma credibilidade aos diálogos - é possível fingir sotaque sem caricaturar, e tal devia ter sido feito.

O fumo por todo o lado, personagens a fumar a toda a hora para cima de toda a gente, coisa que só se vê nos filmes estrangeiros com mais de 10 ou 20 anos (dependendo se são europeus ou americanos) - realista, mas lamentável e tragicamente sintomático.

Finalmente lamento a aparente não aposta na distribuição deste filme pelo circuito de festivais de cinema LGBT, onde faria um vistaço. Fora deles mais facilmente passará despercebido internacionalmente - os prémios em Montreal são simpáticos, mas pouco mais. Posto isto, ide ver e levai lencinhos de papel.

terça-feira, outubro 23, 2007

Paaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai!

Amanhã às 18h na rua Augusta em frente ao BCP. Talvez não seja tarde para organizar semelhantes gritarias em frente das restantes agências do banco do papá...

Os mugidos racistas, vulgo politicamente incorrectos

Politicamente incorrecto é hoje o nome que racistas, homófobos, machistas, xenófobos e demais trogloditas gostam de chamar a si próprios por não gostarem desses nomes tão mais claros e adequados. Por outro lado quem se bate contra o racismo, homofobia, machismo, xenofobia e demais doenças sociais, lutando assim por uma sociedade mais justa, tolerante e aberta, passa a ser um "brigadista da ditadura do politicamente correcto".

Por exemplo, se um cientista moribundo, famoso por um prémio ganho nos 60s, pela sua pesquisa molecular dos 50s (isto é, à volta de moléculas, não de pessoas ou sequer cérebros ou epidermes), faz uma declaração racista ao melhor estilo nazi, usando o seu pedestal de cientista consagrado por trabalhos numa área que não tem nada a ver. Logo surgem os politicamente incorrectos unidos na sua defesa. Pois que é uma questão de liberdade de expressão, pois que tem toda a legitimidade para dizer isso e muito mais, pois que as palavras não matam, pois que ninguém pára a ciência, patati, patatá. E para a semana lá voltarão em manada às crónicas de defesa do legítimo criacionismo, contra a ditadura cientificamente correcta do evolucionismo, patati patatá. Para depois dizerem que é tão legítimo e inócuo dizer que a Terra é redonda, como dizer que é plana, patati patatá.

Digo "em manada" porque convenhamos, gente assim é um bocadinho bovina, não acham? E digo "bovina" para ser elegante, mesmo indo o politicamente correcto para as urtigas, pois, coitadas das vacas, não consta que alguma vez se tenham recusado a pastar ao lado de outra vaca só por essa ser branca-e-preta ou amarela. Mas pronto, antes abusar do bom nome de inocentes animais, que chama-los filhosdaputa e abusar assim de pessoas inocentes. E lá voltei ao PC! :)

PS: Entretanto o pai do ADN, ou melhor, um dos pais do ADN (teve 2 pais e nenhuma mãe, sendo então fruto da homoparentalidade) já se veio desdizer. Veremos quanto tempo mais precisam os seus defensores, pelos vistos serem brancos não está a ajudar a acelerar o processo...

Eis, então, a rebelião (2)

«Uma reunião de paroquianos em S. Cristóvão de Selho, terminou com um ferido. A sessão realizada ontem no salão paroquial foi presidida pelo pároco de Azurém, Manuel Oliveira, e destinava-se a preparar uma visita do Arcebispo de Braga àquela Paróquia. A dada altura, registaram-se protestos contra a forma como a reunião estava a decorrer, o que motivou desentendimento entre alguns paroquianos. Os ânimos exaltaram-se e um dos presentes acabou por puxar de navalha com a qual atingiu um outro indivíduo. O ferido teve de receber assistência no Hospital de Guimarães devido a um ferimento sofrido numa das mãos. Devido ao incidente, a reunião terminou por falta de condições. No local, compareceu a GNR de Lordelo que tomou conta da ocorrência e identificou o autor da navalhada.» [via]
Antes:
«Estrangeiro tenta instigar católicos portugueses à rebelião»
«Eis, então, a rebelião»

Já no século XIX havia gente disposta a pegar em armas pela defesa do casamento gay

«Mas, logo ao subirem a Calçadinha, parou ele cruzando os braços, interpelando divertidamente o Sr. Administrador do Concelho pelo estupendo feito do seu Governo... então o seu Governo, os seus amigos Históricos, o seu honradíssimo S. Fulgêncio - nomeavam, para Governador Civil de Monforte, o António Moreno! O António Moreno, tão justamente chamado em Coimbra, Antoninha Morena! Não, realmente, era a derradeira degradação a que podia rolar um país! Depois desta, para harmonia perfeita dos serviços, só outra nomeação, e urgente - a da Joana Salgadeira, Procuradora-Geral da Coroa!

E o João Gouveia, um homem pequeno, muito escuro, muito seco, de bigode mais duro que piaçaba, esticado numa sobrecasaca curta, com o chapéu-de-coco atirado para a orelha, não discordava. Empregado imparcial, servindo os Históricos como servira os Regeneradores, sempre acolhia com imparcial ironia as nomeações de bacharéis novos, Históricos ou Regeneradores, para os gordos lugares Administrativos. Mas, neste caso, sinceramente, quase vomitara, rapazes! Governador Civil, e de Monforte, o António Moreno, que ele tantas vezes encontrara no quarto, em Coimbra, vestido de mulher, de roupão aberto, e a carinha bonita coberta de pó-de-arroz!... - E, travando do braço do Fidalgo, recordava a noite em que o José Gorjão, muito bêbedo, de cartola e com um revólver, exigia furiosamente que o Padre Justino, também bêbedo, o casasse com o Antoninho diante de um nicho da Senhora da Boa Morte! Mas o Titó, que esperava, floreando o bengalão, declarou àqueles senhores que se o tempo sobejava para arrastarem assim na rua, a conversar de Política e de indecências - então voltava ele ao Brito, buscar a aguardentezinha...»
Pelo menos na literatura. Citação d'A Ilustre Casa de Ramires, do Eça, retirada da edição em PDF do Domínio Público. Se eu também pudesse mandar um parecer aos boys do Tribunal Constitucional, só mandava isto e a nota: se sair aguardentezinha, não há roupão que resista! Et pour cause...

sexta-feira, outubro 19, 2007

Cheira a peste, cheira a Tratado de Lisboa

Quando a discussão de um tratado europeu consiste no apaparicar de uma sexualmente recalcada dupla de gémeos fascistas polacos, com interesse em conseguírem brilhos eleitoralistas imediatos, algo está profundamente podre na política europeia.

E quando a maior manifestação das duas últimas décadas em Portugal é menosprezada e secundarizada por toda a comunicação social (que aplaude bovinamente um tratado de que só conhece o nome, Lisboa, ai jesus!), algo está, também aí, profundamente podre.

E depois ainda vêm um papalvos, que não hesitariam em fazer pactos com o Demo it self, dizer que o problema está em Mugabe. Está bem está. (Falando nisso vale a pena comparar as avaliações aos direitos humanos no Zimbábue com a de "nações irmãs" como Angola ou a recém-irmanada Guiné-Equatorial).

PS: Diz que vai ser assinado num mosteiro... podre, profundamente podre e nauseabunda coisa será.

quinta-feira, outubro 18, 2007

A menina que escapou à imprensa portuguesa

A menina inglesa, a menina do sargento, a menina roubada do hospital... não há nada que a comunicação social portuguesa mais ame que um drama com uma menina no meio. Estranhei por isso esta notícia, envolvendo uma menina luso-checa no meio de uma disputa parental, de que nunca ouvi falar... A foto ganhou o prémio Czech Press Photo 2007, pelo que lá não deve ter escapado aos holofotes.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Tenho uma pergunta pró Zé Luís que fala um bocado esquisito

Este vídeo é óptimo para se perceberem as motivações e condicionantes dos independentismos no estado espanhol. É entrevistado Josep-Lluís Carod-Rovira, líder da Esquerra Republicana de Catalunya, que se sai mesmo muito bem. O programa segue o modelo criado, se bem me lembro, aquando das eleições presidenciais francesas, e urge ser importado - aceitaria Sócrates o desafio? E Cavaco?

The N-word


Use Of 'N-Word' May End Porn Star's Career

Eco-kitsch

Daqui, via.

terça-feira, outubro 16, 2007

Pergunta a senhora da frísia saia:

«Uma das sequelas da guerra foi o 25 de Abril. O 25 de Abril era inevitável, Otelo Saraiva de Carvalho?»

Há gratuitos que nem dados

«[...]Não fora o Generalíssimo e a esta hora a cultura de Espanha teria sido reescrita pelo "socialismo" como aconteceu para lá do muro.[...]»
Quem o garante é Sérgio H. Coimbra, director do gratuito Meia Hora. Só não sei bem se se refere à ilegalização do galego, basco e catalão (essas bárbaras línguas anti-espanholas) ou ao analfabetismo que florescia nesses tempos na península, por oposição à alfabetização forçada no lado de lá do muro. Só sei que mesmo com esse terrível handicap dos altos níveis de educação, e mesmo tendo chegado décadas mais tarde a esta corrida da cultura autêntica chamada globalização capitalista, alguns desses países do lado de lá do muro já passaram a perna a Portugal... Mas falávamos de Franco, pois, é horrível isso de remover as estátuas, não se faz. E como se não fosse insulto bastante, é por ordem de um governo democraticamente eleito, é mesmo para gozar com o homem, ou melhor, o Generalíssimo, assim, sem aspas.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Maldições ibéricas

Dois belíssimos cartoones de Manel Fontdevila, cartoonista do novo diário espanhol Público. Referem-se ambos à recente beatificação em massa de "498 mártires espanhóis do séc. XX" pelo Vaticano. A beatificação veio mesmo a calhar para manchar a aprovação, pela esquerda, da lei da memória histórica, que entre outras coisas se propõe limpar Espanha da simbologia fascista que persiste. Os demoradíssimos e rigorosíssimos processos de canonização podem portanto sofrer fortes acelaradelas se tal for politicamente conveniente. Pelo meio ficaram esquecidos 16 religiosos bascos, mortos pelas tropas franquistas. Azarinho.

Não seria contudo difícil adaptar estes cartoones à actualidade portuguesa. No primeiro coloque-se Sócrates em vez de Zapatero a dizer: "E agora, deixam que outras religiões possam prestar assistência espiritual nos hospitais públicos?". E no segundo, um busto de Salazar em vez de Franco, a perguntar pelo atraso na canonização da Lúcia e com o cardeal a responder satisfeito: "É só para que saia primeiro a sua!".

sábado, outubro 13, 2007

Estrangeiro tenta instigar católicos portugueses à rebelião

«O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, apelou hoje [em Fátima] à "rebelião" dos cristãos face aos "senhores destes tempos" que exigem o silêncio dos cristãos "invocando imperativos de uma sociedade aberta". (...)

Na sua homilia, o cardeal Tarcisio Bertone alertou para o facto de, nos tempos de hoje, muitos imaginarem "que a vitória depende essencialmente do talento, da habilidade, do valor dos que escrevem nos jornais, dos que falam nas reuniões, dos que têm um papel mais visível e que seria suficiente animar e aplaudir estes chefes como se anima e aplaude os jogadores no estádio".

"Não existe erro mais temível e desastroso!", disse o "número dois" do Vaticano, acrescentando que "se os soldados algum dia chegassem a pensar que a vitória já não dependia deles, mas somente do Estado-Maior, esse exército marcharia de desastre em desastre".»
Por certo a alternativa democrática, a igreja formar finalmente um partido político e sujeitar-se ao voto popular, nem lhe passou pela cabeça. É mais fácil fazer inconsequentes apelos a golpes de estado em países estrangeiros. Tão ridículos que nem serão acusados de traição à pátria, instigação da desordem social e essas coisas... Até passam horas na TV pública para adormecer velhinhos e são bovinamente citados em jornalecos da praça, ou melhor, prado.

Tanta bandeirinha hasteada em tempos de bola, e tão pouco brio quando vêm fazer pouco da nossa independência dentro de portas. Enfim, ainda as consequências dos 40 anos de espera que o Vaticano reconhecesse o reino, para o dar como independente... e vassalo da Igreja de Roma.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Bentinho 16 já tem rival

Arf arf ou o poder de sedução de uma longa capa vermrrrr... encarnada. O cardeal espanhol Antonio Cañizares não o faz por menos, e ordenou dois novos padrecos (yep, ainda se fabricam) seguindo os ritos anteriores ao Vaticano II, quando a igreja não era apenas fascista, mas também muito mais rococó. Aguardo ansioso a resposta de Bentinho a este avanço nas tendências Outono/Inverno para clérigos.

Sotaina que ladra, não morde

Este texto do Rui Tavares desmonta na perfeição a falsa polémica sobre a "assistência religiosa" nos hospitais públicos. No fundo passou-se agora o mesmo que aconteceu aquando da aprovação da lei sobre a procriação medicamente assistida. Tanto uivaram, tanto urraram, tanto ameaçaram antes do tempo e sem motivo aparente, que Portugal tem hoje uma das mais recentes, mas também uma das mais retrógradas, conservadoras e discriminatórias leis sobre a matéria. Cereja no topo do bolo: foi a esquerda que a aprovou, Bloco, PS e PCP. Capuchinhos vermelhos a lidar com lobos maus.

Sopinhas de peixe ou os mártires da direita

Costureirinhas que perdem o palanque numa tv privada para logo nos aborrecerem numa pública. Campos de milho massacrados por eco-terroristas. Professores mal educados que viram perseguidos políticos. A direita é um desfilar de horrores e tragédias que conseguem a mediatização que florestas vandalizadas por escuteiros, sindicatos assediados pela polícia ou a inexistência de telecomentadores de esquerda jamais conseguirão. Falemos da mais recente vítima:
«É o pivô há mais tempo no ar em horário nobre (16 anos) e, segundo um estudo do Observatório da Comunicação, o mais apreciado da informação televisiva. E denuncia: a administração interfere nas decisões editoriais da informação na RTP. E “passa recados” do poder político. Numa entrevista respondida por correio electrónico, revela que não interfere no alinhamento do Telejornal e que hoje não recusaria os convites que lhe foram feitos por outras estações, em Portugal e no estrangeiro. Mas diz que, neste momento, não quer sair da RTP.»
Esta é a introdução da "polémica" entrevista. Não é preciso ir mais longe, que nada se aprofunda. José Rodrigues dos Santos é muito "apreciado", tal como são os Malucos do Riso. Manda piadinhas no fim dos noticiários, pisca o olho, faz um ar comovido/no limiar do vómito com notícias do tipo Maddie McCann, enfim, é por isso, e só por isso, que rivaliza com os Malucos em popularidade. Bem, talvez o livro/lista telefónica onde garante "explicar a fórmula científica que prova a existência de deus" lhe renda também algumas simpatias junto de determinados públicos.

Quanto à ética ou qualidade jornalística basta reler a citação acima. Diz que não interfere no alinhamento do noticiário pelo qual dá a cara diariamente. Pelo contrário, diz que o poder político o faz. E diz que, mesmo assim, não quer sair da RTP. Está tudo dito. É esta a integridade jornalística paga a peso de ouro pelo canal público de televisão.

terça-feira, outubro 09, 2007

Semear o Outono

O Outono está a chegar mas nota-se pouco. Ironicamente é até nas cidades onde mais facilmente se topam cenários outonais, parques repletos de folhas caídas. Já nos bosques minhoto-durienses é o domínio quase exclusivo dos sempre verdes (mas pouco) eucaliptos, acácias e pinheiros. Reflorestar com árvores de folha caduca urge! Este guia da Universidade de Vigo (também em inglês) é um bom começo para quem se quiser lançar na tarefa, está especialmente vocacionado para grupos que queiram semear em baldios ardidos, por exemplo. Este outro, inglês, explica como semea-las em vasos e só depois de germinarem e crescerem as transplantar para o terreno - provavelmente o ideal para quem tenha algum, pouco, terreno disponível. É possível que se encontre on-line material português semelhante, mas eu não achei. A altura para recolher as sementes (não só de carvalhos, mas também castanheiros ou bétulas (bidoeiros)) começa agora, por isso mãos à obra. Quem quiser integrar um grande projecto já em marcha creio que se pode juntar à campanha 1 milhão de carvalhos para a Serra da Estrela.

segunda-feira, outubro 08, 2007

As coisas que os contribuintes pagam...

Ainda me lembro bem de uma denúncia que tentei fazer chegar à GNR, que tudo fez para a não aceitar. Ser vítima de vandalismo não convence a GNR se não se é o proprietário, mas apenas o utilizador no momento do crime. Já para apreender erva, é uma festa! Não a sério, isto beneficia quem exactamente? Isto é, tirando os produtores marroquinos, os seus dealers exportadores e o bom humor da esquadra onde as plantas fiquem armazenadas, isto interessa a quem exactamente?

À balança comercial portuguesa não é certamente, e ao fumador de ganza tanto se lhe dá, como se lhe deu - a ganza é omnipresente, como nem deus algum dia sonhou ser. Portanto, ocupa-se a bófia com plantaçõezinhas que não fazem mal a ninguém, lixa-se a vida a meia dúzia de agricultores que já a deviam ter difícil para se meterem nisto e aumentam-se as importações de Marrocos. Sim, muito inteligente. Obrigadinho ó da guarda! Sempre valeu a pena não apanharem antes o gajo que me riscou o carro...

Arautos da liberdade feitos ratos da corte espanhola

Noto com algum espanto a indiferença com a actualidade política basca que se vê pela blogosfera portuguesa, particularmente entre a liberal. Criam-se leis para ilegalizar partidos, ilegalizam-se os ditos, e agora prendem-se os seus militantes mais destacados por causa de uma "reunião ilegal" e ninguém se indigna? Estranho. Se fossem neonazis já estaria Pacheco Pereira em vigília à porta da embaixada espanhola.

Por outro lado ao anúncio de um referendo no país, o bloco central espanhol (pois, para assuntos excepcionais também há um em Espanha) responde com insultos e ameaças de perda da autonomia existente. E por cá ninguém diz nada? Já se esqueceram todos do referendo de Timor Leste? Agora é aceitável este tipo de ameaça?

Voltando atrás, vale a pena fazer uma comparação entre o Batasuna e o fascista PNR. O Batasuna tinha uma significativa representatividade eleitoral (tal aliás como o seu subproduto, também ilegalizado, ANV, e cuja ilegalização rendeu um município às contas eleitorais do PP com apenas 27 votos!). A lei que o ilegalizou foi criada especificamente para esse efeito, ou seja, anos depois do partido existir. O partido não promove directamente a violência, não pelo menos de forma declarada, limita-se a não condenar a violência da ETA.

No caso do PNR falamos de um partido ilegal muito antes de existir, pois desde 1976 que é proibido formarem-se partidos fascistas em Portugal. Mesmo assim ele formou-se, camuflando o seu fascismo. No entanto a máscara tem vindo a cair, e a sobreposição de militantes seus e dirigentes de grupos violentos, envolvidos no assassinato de pessoas, tráfico de drogas, armas e mulheres, é cada vez mais notória. A sua representatividade eleitoral continua, felizmente, nula. E mesmo assim ninguém, com responsabilidades políticas, ousa defender o óbvio, a aplicação da lei e sua ilegalização. Apesar de ninguém o fazer, os blogs liberais estão sempre à espreita de qualquer sugestão nesse sentido e gritam aqui-del-rei pela "liberdade" ao mais pequeno sinal.

Mas, claro, calados como ratos em relação ao Batasuna.

Vermelhos contra cinzentos: a luta continua

Qual metáfora natural dos tempos políticos de hoje, os esquilos vermelhos (ou esquilos europeus ou ainda eurasiáticos) da Grã-Bretanha estão a ser dizimados pelos seus primos americanos (os cinzentos), introduzidos na ilha no séc. XIX. Vale mesmo a pena ler esta reportagem do The New York Times. Os cinzentos são maiores e mais agressivos, sendo capazes de se instalarem em áreas mais urbanizadas, mas a sua maior arma contra os vermelhos é um vírus que transportam, e ao qual são imunes, mas que mata os vermelhos em pouco tempo.

Em Portugal a situação tem sido inversa. Depois de séculos sem esquilos no país, os vermelhos são hoje comuns em vários locais do Norte graças a repovoamentos bem sucedidos na Galiza - creio que até já ultrapassaram o Douro no seu rumo a Sul. Basta ir aos pinhais à beira-mar de Esposende, p.ex., para comprovar a sua presença, mas com alguma sorte topam-se a cruzar qualquer estrada rural minhota. Mas o futuro é perigoso, a reportagem do NYT refere que também em Itália os cinzentos começam a substituir os vermelhos, e provavelmente os Alpes não serão uma barreira tão fiável quanto o canal da Mancha.

sexta-feira, outubro 05, 2007

Viva a República!

Os bispos vampiros

Às vezes as coisas atingem um grau tal de sem vergonhice que só conseguimos falar delas falando em bom português. As mais recentes filhasdasputices da Igreja católica portuguesa são disso exemplo.

Se não vejamos. Em Fátima clamam horrorizados contra a "universalização do casamento gay" e lamentam que "apenas a Polónia" se lhe oponha com veemência no espaço da UE. Deixam de lado portanto dois pontos: 1) a Polónia também é o único país da UE a não opôr-se à pena de morte (não arrelia nem um pouco?) e 2) a suposta universalização do casamento gay perde a milhas para a universalização da pena de morte para os gays, são 5 países com casório (apenas 3 na UE de 27), contra 9 com pena de morte, isso também não arrelia?

Entretanto prossegue a campanha de mentiras e areia para o ar promovida pela igreja e acariciada por muita gente crédula e analfabeta, na qual se inclui, tragicamente, uma boa parte dos jornalistas da praça. Valha a Fernanda Câncio para desmontar as manhas. Na discussão do novo regime de "assistência religiosa nos hospitais" só uma coisa está em causa: dinheiro, dinheiro e mais dinheiro. E a poeira e mentiras são lançadas com tanta insistência não só por ser o seu modo natural de estar e ser, mas também para esquecer o facto de que mesmo que a lei seja aprovada, continuará a ir demasiado dinheiro do estado para os bolsos da padralhada que fareja a morte nos hospitais. Escabroso. Asqueroso. Nojento. Vil. E depois as putas são as outras.

The Tudors


Em dia de celebrar a República, uma boa notícia king-related. The Tudors vai finalmente estrear na RTP - que ao menos vai servindo para passar as melhores séries estrangeiras. É já na terça-feira, em dose dupla, às 22h20. No Reino Unido estreia hoje na BBC2 às 21h. É da mesma produtora do Weeds (e também do L Word), pelo que poderá ser um bom antídoto para quem ainda está de ressaca pelo fim da segunda temporada da Erva da Nancy Botwin. No Guardian garantem que é a primeira série de época a valer mesmo a pena e a marcar uma o começo de uma nova era para o formato. A não perder portanto, como se faltassem argumentos, olhem bem pró moçoilo que faz de Henrique 8º - "doentiamente bom" é a expressão apropriada.

PS: Afinal pode-se perder que não se perde grande coisa. Que fiasco...

RTP: aputalhando a República no seu aniversário

Sabem aquela fulana que aparece sempre muito espampanante nos telejornais da RTP, com felpudos cachecóis rosa choque e coisas que tais (acho que só ainda não a vi vestida de sevilhana, mas já faltou mais), a anunciar o nascimento de mais um fedelho real ou outras coisas igualmente superimportantes do país vizinho?

Pois é, hoje lá apareceu de novo. Pelo que percebi (não vi a peça desde o início) a notícia seria sobre as detenções de jovens espanhóis por queimarem a foto do monarca vigente. Moral da estória (sim, quando em vez de notícias se fabricam estórias, há uma moral no fim) "a monarquia espanhola custa 19 cêntimos a cada espanhol, enquanto a república custa 1 euro a cada português". Assim à queima-roupa e para finalizar, ponto parágrafo e passemos à próxima estória da carochinha.

Fiquei assim sem saber onde tinha Rosa Veloso ido buscar tão belos números, se atirou uma moeda ou ar ou consultou algum panfleto do PPM. Também não sei portanto se tal inclui as isenções fiscais sobre o imenso património da família real espanhola ou leva em consideração o facto da presidência portuguesa ser eleita e, apesar de tudo, não ser só para a fotografia. Não sei e provavelmente ficarei sem saber. Tal como não faço ideia do porquê das detenções no Batasuna não terem merecido igualmente uma reportagem. Pois afinal, o orçamento da RTP fica-nos bem mais caro que o da presidência, e mesmo assim parece só nos dá direito a assistir a estórias mal contadas e pior vestidas.

República da Bicharada

Pelos vistos a 4 de Outubro celebra-se o dia mundial dos animais. Tão simpático quanto irrelevante, parece-me. Mas uma boa desculpa para promover certos eventos. Como os listados num panfletinho verde que recebi hoje, a celebrar não ontem, dia 4, mas hoje, dia 5, na cidade da Trofa. Os eventos, com apoio da câmara (PSD), terão o seu ponto alto, deduzo eu, no "Tributo ao cão" a celebrar (rezar? benzer? ajoelhar perante?) às 18h.

Lembram-se daquela ideia do grupo parlamentar do PSD em oficializar um Dia Nacional do Cão convenientemente próximo do Dia Mundial da Criança? Foi morta à nascença, restou-lhes por isso a Trofa e o dia da República para canilizarem à vontade.

Para compensar tão sentidas homenagens aos nossos amiguinhos de quatro patas em pleno dia da República, a RTP vinga-se e escolhe antes uma tourada para celebrar a primeira hora de emissão neste dia 5. Adequadíssimo tudo.

quarta-feira, outubro 03, 2007

É do gerúndio a culpa de ninguém estar fazendo nada

Quem o garante é o governador de Brasília, que está tratando de bani-lo, a ver se as coisas começam melhorando... Mas olhando para Portugal, onde se vai usando menos, eu diria, dizendo, que não é indo por aí não... [via]

Ver na Wikipédia: Gerundismo.

Tendência Peculiar: os nomes das empresas na hora

Algumas das explicações para a situação económica portuguesa talvez estejam nesta lista das empresas criadas pelos balcões "Empresa na hora". De "Sonhos Tresmalhados" a "Acordes Excêntricos", de "Ano Resplandecente" a "Apogeu dos Deuses", de "Certamente Feliz" a "Conjunto de Sombras", assim vai o mais recente tecido empresarial do país. "Chiques de riso", ficareis ao ler. [via]

Tem a palavra o futuro presidente da Comissão Europeia


Mas o ensino burguês venceu, e agora até diz que fala alemão...

PS: Ups, foi apagado. Terá sido cunha directa da Comissão (que agora tem o seu próprio canal no youtube)? Seja como for já há aqui outro. E o mais seguro é mesmo guarda-lo no computador.

terça-feira, outubro 02, 2007

Diga-se o que se disser, o mirandês entende-se muito melhor que o madeirense, seja falado ou escrito



Algumas notas, à tampa das panelas no Norte (e não apenas no Porto) chamam-se "testos" e não "textos" como se lê na reportagem. Do mesmo modo "malga" não se limita a Trás-os-Montes, mas é usado também no Minho e Douro, pelo menos. O mesmo para o aloquete, que arriscaria dizer ouvir-se em sítios tão longínquos como Aveiro ou Viseu, e algo muito parecido em Roma, que é onde esta coisa toda começou. Cajado, que não é exactamente sinónimo de bengala, é usado no Norte, Centro, e provavelmente no resto do país desde que haja pastores, além do Brasil. Curioso como a SIC não foi capaz de encontrar regionalismos lisboetas...

Carnegie Mellon e os Açores

O governo que andou tão contente e babado com os acordos que estabeleceu com algumas universidades americanas podia aproveitar e explicar-lhes que os Azores são parte do pacote. Se fosse a Madeira...

segunda-feira, outubro 01, 2007

Um filme sobre corrupção policial que se torna um sucesso antes mesmo de estrear, graças à pirataria


As ironias não acabam aí, pelo meio houve quem, na polícia, o quisesse censurar. No Brasil não se fala noutra coisa. Excepto talvez o final da telenovela Paraíso Tropical, que aliás conta no seu elenco com dois dos protagonistas deste Tropa de Elite. Site oficial e curta entrevista com o realizador. Promete.