Os casinhos do governo
Tinha até há pouco aqui um post sobre mais uma gaffe do governo. A notícia rezava assim:
Mais um caso, dos muitos casinhos que vão causando polémica em torno do governo, ao mesmo tempo que o que realmente importa passa sem discussão. Não admira, um governo de direita, uma oposição e comunicação social igualmente de direita, sobram apenas os fait divers para criticar o governo. Não há escândalo pelo ataque aos direitos dos trabalhadores, não há escândalo por causa do recuo da lei anti-fumo, não há escândalo pelos ataques aos sistema nacional de saúde, pela inexistência de saúde dental pública, pela berardização do país etc etc etc.
E depois ainda há os casinhos que passam por horríveis "ataques à liberdade de expressão" (qual regime jardinista), que afinal não passam de excessos de zelo em relação a maus comportamentos na função pública muito mal contados... Como se a maioria dos trabalhadores portugueses tivesse um pingo de pachorra a gastar com boys de outros governos que se divertem a fazer piadinhas e cartazes no local de trabalho. O pior mesmo desses casos é substituir uns boys por outros, e não simplesmente extinguir-lhes os jobs. Mas tivessem os trabalhadores portugueses metade do tempo que têm estes boys para brincarem e fazerem tropelias, e o governo piaria muito mais fino no que realmente interessa.
«O ministro da Saúde, Correia de Campos, aconselhou a entrega «a pobres» de medicamentos fora de prazo, como forma de evitar o desperdício de fármacos.
De acordo com a TSF, Correia de Campos intervinha numa conferência na Ordem dos Economistas quando foi interpelado por um dos participantes, da Associação Nacional de Farmácias, que exibiu um saco com medicamentos fora de prazo, no valor de 1.700 euros.
O ministro da Saúde referiu que «toda a gente sabe» que há desperdício de medicamentos, nomeadamente que, por vezes, os utentes compram unidades a mais do que necessitam. «Certamente essa Associação a que pertence tem pobres inscritos. Talvez pudesse facultar esses produtos farmacêuticos para serem utilizados», recomendou o ministro.»Mas afinal, ao que parece, o ministro não sabia que os medicamentos estavam fora de prazo quando proferiu o comentário, afinal absolutamente sensato e solidário. E esta notícia não é jornalismo. É outra coisa qualquer, algures entre a manipulação e a mentira grossa.
Mais um caso, dos muitos casinhos que vão causando polémica em torno do governo, ao mesmo tempo que o que realmente importa passa sem discussão. Não admira, um governo de direita, uma oposição e comunicação social igualmente de direita, sobram apenas os fait divers para criticar o governo. Não há escândalo pelo ataque aos direitos dos trabalhadores, não há escândalo por causa do recuo da lei anti-fumo, não há escândalo pelos ataques aos sistema nacional de saúde, pela inexistência de saúde dental pública, pela berardização do país etc etc etc.
E depois ainda há os casinhos que passam por horríveis "ataques à liberdade de expressão" (qual regime jardinista), que afinal não passam de excessos de zelo em relação a maus comportamentos na função pública muito mal contados... Como se a maioria dos trabalhadores portugueses tivesse um pingo de pachorra a gastar com boys de outros governos que se divertem a fazer piadinhas e cartazes no local de trabalho. O pior mesmo desses casos é substituir uns boys por outros, e não simplesmente extinguir-lhes os jobs. Mas tivessem os trabalhadores portugueses metade do tempo que têm estes boys para brincarem e fazerem tropelias, e o governo piaria muito mais fino no que realmente interessa.
6 comentários:
Grande deixa, boss! ;)
Já diziam os romanos que nestes lados "não se governam nem se deixam governar". É a feira, é tudo uma feira. De segunda à sexta. E que apropriado!
Caro boss,
O ministro esclareceu essa história dos medicamentos dizendo que foi "um comentário jocoso em resposta a uma pergunta teatral". No mesmo dia em que se soube que demitiu uma Directora de Centro de Saúde por esta não ter agido disciplinarmente contra um médico que colocou uma piada nas paredes do SAP...
Critica a imprensa com tanta acutilância e nem uma palavra sobre o processo de intimidação em curso?
Precisamente Pedro, eu não acredito que haja qualquer "processo de intimidação em curso", parece-me até ridículo usar esse tipo de linguagem. O que há é o aproveitamento de casinhos ridículos, alguns surgem na imprensa meses depois de acontecerem, e que estão longe de ilustrar qualquer "processo de ditatorialização do país" ou sequer o ambiente geral que vivem os trabalhadores portugueses no seu local de trabalho - que, note-se, é bem pior que estes casinhos da função pública, e sempre foi assim, sem que ninguém se apoquente.
O que digo neste post é que há problemas sérios e reais neste país, e que estes casinhos apenas servem para ocultar esses e dar espaço à oposição de direita para aparecer e vitimizar-se (a sua especialidade), sem porem em causa as reformas neoliberais que o governo socialista tem aprovado para gáudio dessa mesma direita.
Agora, falar em "claustrofobia democrática" por causa de 2 ou 3 casos parvos, antes de qualquer outro adjectivo, que apenas envolvem boys, quando há no país uma região chamada Madeira ou quando ainda há não muito tempo um PM, agora PR, fazia ... pff tão tão pior que isso, enfim, tudo isto me parece ridículo e insultuoso à memória, inteligência e realidade dos portugues comuns.
Curiosamente os maiores indignados com estes 2 ou 3 casos, são os mesmos que estão sempre a defender o despedimento livre, por dá cá aquela palha, ou por um estado de alma como diria Marcelo. Deviam afinal estar contentes com a facilidade de exoneração, com a flexibilidade e polivalência que tem sido posta em prática. Ah espera, quando é com os "nossos boys" perde a graça, não é?
Caro boss,
Se fosses obrigado a contratar advogados e a pagar-lhes só porque disseste uma piada sobre o Primeiro Ministro junto a uns colegas e eles apresentaram queixa consideravas que era uma casito?
O truque será mesmo ser profissional ;)
A mim o que me irrita mais nestes casos é a forma como têm sido usados e manipulados pela imprensa e alguns partidos. Podendo ser graves, eles tornam-se apenas patéticos quando se lhes tenta dar uma dimensão de "assunto de estado" ou "ameaça à democracia". Ene casos muitíssimo mais graves e atentatórios à dignidade e liberdade dos trabalhadores acontecem diariamente no sector privado sem que nenhum desses políticos indignados se apoquente..
Insisto, uma reacção de indignação exacerbada acaba por ser contraproducente. Eu não dou para esse peditório...
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