Barrigas ideologicamente fracturantes
Está anunciado para o próximo domingo na RTP1 não apenas a repetição dos momentos cavaquistas cortados pela publicidade, por exigência directa da cavacal presidência, mas também uma catita concentração apelidada de "Barrigas de Amor": «O Parque dos Poetas, em Oeiras, vai acolher no dia 17 de Junho, uma campanha inédita de incentivo à natalidade onde o ponto alto será a maior concertação de grávidas do mundo, para entrar no Livro Guinness dos Recordes.»
Isto é o que se lê no site da RTP, o site oficial é ainda mais sinistro. "Mundo ocidental (...) redução da natalidade", "corajosas que assumem a maternidade", "não se pretende entrar no diferendo sobre a interrupção voluntária da gravidez", mas é afinal só isso que pretendem. Rapidamente se percebe que a iniciativa (apoios: Renascença, Ajuda de Berço, etc.) parte dos grupos do Não no referendo. Perdida essa batalha, continua-se a guerra. A invenção e fomento da ideia de baixa natalidade enquanto problema nacional é o próximo passo, Cavaco também já deu para o peditório - não em bebés, mas em disparates.
Os problemas reais do país continuam a ser os relacionados com a educação, saúde, baixos salários... Resolvidos estes, a natalidade sobe naturalmente, para valores que garantem a substituição das gerações e até ligeiros crescimentos demográficos, como acontece há vários anos na Escandinávia. Natalidades muito altas são próprias de países subdesenvolvidos, autênticas fábricas de mão de obra barata e sem qualificação, pronta para ser explorada. Como era Portugal há algumas décadas atrás, realidade que de resto ainda tem reflexos nos dias de hoje.
Voltando às "Barrigas de Amor", o mais abjecto é a falta de honestidade de quem organiza a coisa. O tentar passar algo que não é mais do que pura e dura propaganda política, e da ultra conservadora, como algo giro e inocente, para o Guinness até. Manipulando e usando como bandeiras políticas mulheres naturalmente orgulhosas e satisfeitas com a sua gravidez. Abjecto. E a RTP transmite.
Agora a sério, quando é que o PS aproveita a fama que já tem de controlo da estação pública e, sei lá, tenta controlar efectivamente alguma coisa, ao menos moderar o salazarismo que tresanda da sua programação constantemente?
PS: Valha o segundo canal, o documentário sobre o direito a morrer com dignidade, transmitido ontem, foi excelente. Mas nada que a RTP1 fosse capaz de transmitir em horário nobre, a ideologia é outra, e a liberdade individual não é um valor que lhe interesse promover.
Isto é o que se lê no site da RTP, o site oficial é ainda mais sinistro. "Mundo ocidental (...) redução da natalidade", "corajosas que assumem a maternidade", "não se pretende entrar no diferendo sobre a interrupção voluntária da gravidez", mas é afinal só isso que pretendem. Rapidamente se percebe que a iniciativa (apoios: Renascença, Ajuda de Berço, etc.) parte dos grupos do Não no referendo. Perdida essa batalha, continua-se a guerra. A invenção e fomento da ideia de baixa natalidade enquanto problema nacional é o próximo passo, Cavaco também já deu para o peditório - não em bebés, mas em disparates.
Os problemas reais do país continuam a ser os relacionados com a educação, saúde, baixos salários... Resolvidos estes, a natalidade sobe naturalmente, para valores que garantem a substituição das gerações e até ligeiros crescimentos demográficos, como acontece há vários anos na Escandinávia. Natalidades muito altas são próprias de países subdesenvolvidos, autênticas fábricas de mão de obra barata e sem qualificação, pronta para ser explorada. Como era Portugal há algumas décadas atrás, realidade que de resto ainda tem reflexos nos dias de hoje.
Voltando às "Barrigas de Amor", o mais abjecto é a falta de honestidade de quem organiza a coisa. O tentar passar algo que não é mais do que pura e dura propaganda política, e da ultra conservadora, como algo giro e inocente, para o Guinness até. Manipulando e usando como bandeiras políticas mulheres naturalmente orgulhosas e satisfeitas com a sua gravidez. Abjecto. E a RTP transmite.
Agora a sério, quando é que o PS aproveita a fama que já tem de controlo da estação pública e, sei lá, tenta controlar efectivamente alguma coisa, ao menos moderar o salazarismo que tresanda da sua programação constantemente?
PS: Valha o segundo canal, o documentário sobre o direito a morrer com dignidade, transmitido ontem, foi excelente. Mas nada que a RTP1 fosse capaz de transmitir em horário nobre, a ideologia é outra, e a liberdade individual não é um valor que lhe interesse promover.
4 comentários:
Viva a Reacção! (que paízinho...)
Não resisti e espreitei. Conversa de Margarida Mercês de Mello com um nutricionista "Mas então o que os homens, pais, comem também é importante?" que sim, que obviamente, responde o técnico. Eis que, à laia de conclusão, diz a jornalista "já sabem, homens deste país, devem beber muitos citrinos e comer muitos tomates". Aqui fica a recomendação.
Quando aquelas 1307 grávidas - nem precisava serem metade - forem todas lésbicas, então sim, haverá a certeza de que se está a promover a natalidade em Portugal!
Ora nem mais Grace. Mas se bem me lembro esta gente natalista era toda contra a possibilidade de casais de lésbicas ou mulheres solteiras recorrerem à PMA. Discriminação entretanto consagrada na lei..
Me, LOLOL Essa senhora é um pagode (lembro quando foi à Eurovisão e achava que estava na Lituânia, quando afinal era na Letónia), também vi um bocado, mas não foi tão giro... Mas vi uma técnica do INE a dizer que os responsáveis pela quebra na natalidade eram: a) os contraceptivos, b) a escolarização das mulheres e c) esqueci, mas devia ser algo como o emprego ou assim.. seja como for, é por aqui que os natalistas devem actuar, proibir as pílulas e a escolaridade feminina, et voilá, bebés com fartura. A comunidade cigana é uma prova viva de como é eficaz esta estratégia.
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