quarta-feira, dezembro 24, 2008

É natal, branqueie-se o ódio

O dossier de hoje do Público sobre o discurso de ódio de Bento 16 contra os homossexuais não é mais que um branqueamento do dito ódio. O tom com que foi escrito tenta passar a imagem de um Bento 16 teórico inofensivo versus agressivos activistas homossexuais. Os mesmos que afinal não tiveram direito a opinar no jornal, que reproduz o discurso do papa, publica o artigo de um padre que tudo subscreve e ainda um outro que acusa os activistas gays de quererem limitar a liberdade de expressão papal. Os tais activistas que nada puderam dizer nas páginas do jornal, pelos vistos compete-lhes apenas calarem enquanto são insultados.

O branqueamento feito pelo Público vai ao ponto de publicar esta delirante frase: «Na semana passada, o Vaticano pediu a todos os Estados que eliminassem as penas criminais contra os homossexuais.» - ocultando que o Vaticano votou contra e instigou ao voto contra do documento discutido na ONU que pretendia isto mesmo.

Mas nem todo este branqueamento consegue esconder a evidência de que é esta lógica da "ordem natural" que está por trás de crimes como este.

Que B16 e seus compinchas arranjem uma consciência em 2009 é o meu voto para este natal.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Twitter killed the blogger star

Recebi algumas queixas pelo semi-abandono do blogger pelo twitter, mas a verdade é que cada vez a troca me parece melhor. Isto porque nos tempos que correm me falta o tempo e o vagar para me pôr com grandes prosas, o post anterior é a excepção à regra, e o twitter é perfeito para a boca curta ou a partilha de um link. Usando a extensão twitterfox para o firefox a experência twitter torna-se muito mais satisfatória. É por exemplo perfeita para quem quer receber as notícias na hora, e nem está muito interessado no twitterismo, já que pode funcionar como aplicação única de alertas noticiosos das mais variadas fontes - como se vê no exemplo da imagem. Também serve para twittar, e todo o seu uso é simples e instintivo. Enfim, foi a primeira que testei e fiquei logo convencido, não comparei com outras. Fica a sugestão.

Para os bloggers resistentes deixo a sugestão de aderirem ao twitterfeed, um site que automaticamente twitta os vossos posts - é o sistema usado pelo JN ou pelo Arrastão p.ex..

Quem quer matar a Razão?

Não sei porque o texto não está assinado, mas seja quem for, escreve para o JN. O jornal achou por bem publicar um artigo ontem, domingo (dia do sr.), intitulado "Quem quer matar Deus?", aspas minhas, que no artigo Deus é factual e seus assassinos também. A meio da prosa encontramos outra bela pergunta: "É possível não acreditar no divino?". Tanta imbecilidade junta fica difícil de digerir e comentar que não com insultos. Mas farei um esforço.

O texto começa por anunciar em tom de alarme que o ateísmo floresce, livros ateus enchem as listas de best-sellers e até os autocarros londrinos transportam mensagens ateístas, e associa isto ao "declínio da religião no Ocidente". Mas acaba por concluir que:
«Em Portugal, embora falte estatística, a proliferação de anúncios de videntes e quejandos é suficiente para perceber que o negócio prospera, autorizando a tese de que vivemos num Mundo onde o irracional é a norma e grande parte da Humanidade crê em Deus, ainda que cada qual o defina a seu modo.
Do mundinho onde vive o autor da prosa não deverá restar qualquer dúvida sobre a total ausência de razão. Mas convirá lembrar ao dito cujo que bruxas, mezinhas e rezinhas são mais velhas que a Sé de Braga, pelo que sem estatística mais vale não atirar a moeda ao ar, por maior que seja a fé no método.

Enfim, um curioso mundinho onde para um ateu ser radical, virulento ou assassino basta-lhe falar publicamente da sua não crença ou querer desligar-se da religião a que pertencia, enquanto que um religioso só amarrando um cinto de explosivos ao corpo merece tais honrarias. Ateus tão radicais, virulentos e assassinos e afinal tão frouxos, queixa-se no último parágrafo:
«Aliás, neste contexto torna-se pertinente a pergunta sugerida por Anselmo Borges: “Porque é que a campanha publicitária dos autocarros londrinos declara que Deus ‘provavelmente’ não existe? Porque não dizer logo que ‘Deus não existe’, se há essa certeza?”. Segundo a BHA, porque o “provavelmente” evita ferir susceptibilidades e violar as leis britânicas da publicidade. Mas a melhor explicação talvez radique, afinal, na advertência formulada na Grécia pelo matemático Euclides, 300 anos antes de Cristo: “O que é afirmado sem provas pode ser refutado sem provas”. »
Anselmo Borges, note-se, foi o expert chamado a explicar este estranho fenómeno de gente que se recusa a acreditar em estórias da carochinha e insiste em usar o cérebro que tem na cabeça. Apesar da BHA explicar a razão da escolha do slogan, o autor da prosa não se dá por satisfeito, e decide que a explicação é afinal outra. Esquece que na Inglaterra persistem medievas leis anti-blasfémia, mas não falha de todo o alvo.

Isto porque para muitos ateus, como eu próprio, a escolha do slogan é efectivamente a mais racional, lei britância à parte. Desde logo levantar uma probabilidade de não existência soa mais "simpático" ao crente, lança a dúvida em vez de partir de imediato para a confrontação. Por outro lado o cepticismo baseia-se na ausência de provas ou meros indícios da existência de deus, é uma não crença, e não uma crença na não-crença como poderia sugerir a formulação proposta. O autor erra portanto quando sugere que competiria aos ateus provar a inexistência de deus, não compete. Os ateus limitam-se a constatar a sua inexistência. Competiria, isso sim, a quem apregoa a sua existência, comprova-la, mas não o fazem, pelo que poderiam - seguindo a lógica de Euclides - ser refutados com igual sustentação. Mas se o ateísmo se distingue da superstição precisamente pelo rigor, honestidade, racionalidade e uso do método científico, fica-lhe muito melhor portanto anunciar ao mundo que Deus provavelmente não existe, pelo que o melhor a fazer é deixar de se preocupar com isso e gozar a sua vida ;)

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Antes assim que casados

Adolescentes iranianos enforcados por "crime de práticas homossexuais".
«O observador permanente do Vaticano na Organização das Nações Unidas (ONU), monsenhor Celestino Migliore, afirmou nesta segunda-feira (1) que a Santa Sé é contrária ao projeto de descriminalização da homossexualidade que será proposto pela França, com o apoio da União Européia. De acordo com Migliore, o projeto fará com que alguns países sejam submetidos a “enorme pressão”. (...) Segundo o enviado do papa Bento 16, no entanto, o projeto que a França vai defender na Assembléia Geral da ONU é uma questão diferente, e que, se for adotado, criará “novas e implacáveis discriminações”. Para Migliore, “os Estados que não reconhecem a união entre pessoas do mesmo sexo como ‘casamento’ serão submetidos a pressões internacionais”.»
Pouco importará ao caso que sejam mais de 80 os países onde a homossexualidade é criminalizada (em 9 dos quais com a pena de morte) e que apenas 6 reconheçam o casamento civil entre pessoas do mesmo (sendo que entre eles não se encontra sequer a França, promotora do documento). O ódio, a paranóia e a maldade dos membros desta seita nunca conheceram limites...

Actualização: Até o insuspeito La Stampa considera grotesca a motivação da igreja em colocar-se ao lado de países como o Irão ou a Arábia Saudita, contra uma proposta que recolhe unanimidade na União Europeia. Como lembra Michael Jones, o mau gosto ou requinte de crueldade da igreja vai ao ponto de ter apresentado estas declarações no dia mundial de luta contra a sida, a tal luta que tem na criminalização da homossexualidade um dos seus maiores inimigos.

terça-feira, novembro 25, 2008

1 grd preguiça pra blogar

Há meses que este bloguito anda em subpostagem, por vários motivos, um dos principais a mais pura e genuína preguiça. O seu suicídio tem vindo continuamente a ser adiado, já que o impulso de partilhar uma notícia, um vídeo ou mandar uma boca foleira mantém-se vivos. Acontece que um blog é provavelmente demasiado para tão breves recados, vai daí decidi experimentar a versão "140 caracteres máx", mais conhecida por Twitter. Não sei bem se a coisa poderá ser ou não um bom substituto, já que foi concebido para algo mais pessoal do que isto, mas nos próximos tempos é isto mesmo que vou tentar, neste endereço: http://twitter.com/bossito Mais sobre o conceito Twitter, que não é nada recente, neste vídeo (legendado em português). Eventualmente o renas poderá sobreviver para os momentos em que a teclagem apeteça, ou terá finalmente o direito a uma morte digna. O futuro o dirá.

PS: Isto do twitter tem muito mais graça usando programinhas associados, como esta excelente extensão para o Firefox.

segunda-feira, novembro 24, 2008

A questão é que ele não se demarcou, enlameou-se até à ponta dos cabelos

Pergunta-votação da primeira página do JN: "Cavaco fez bem em demarcar-se do caso BPN?". Mas quando se demarcou Cavaco? Estarão a falar da patética e absurda nota de imprensa sobre as contas bancárias do casal Silva (sim Cavaco incluiu Maria nas explicações)? Assim de repente, declarações mais patéticas do que estas só me ocorrem as de Dias Loureiro no horário nobre da RTP. O tal que Cavaco mantém como conselheiro de estado. Vergonha é que pelos vistos escasseia um pouco por todo o lado.

PS: A esquerda que trate de arranjar um candidato comum para nos livrar deste absoluto embaraço que nos ocupa a presidência sff. Por exemplo, Vital Moreira. Comecem a pensar a sério nisto, que mais 5 anos de presidência cavaquista é mais que o que a decência pode aguentar...

quarta-feira, novembro 19, 2008

Mais uma razão para estar a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo

O "Prince" está contra.

Humor bushista ainda em alta


Lá para as bandas do PSD pelo menos. Já é o segundo bushismo nos últimos dias.

PS: Entretanto parece que a presidência da república lá arranjou novo assunto superimportante com que se entreter, terminada que está a questão insular (refiro-me naturalmente ao estatuto açoriano, não aos golpes palacianos da Madeira, questões menores para Cavaco). Eis agora pois que uma "pequena notícia da Lusa" desencadeia novo melodrama no palácio rosa. Entretenha-se sr. presidente, entretenha-se, que na sua idade morrer de tédio não é apenas uma força de expressão...

Uma questão de química


Há para aí três dias que não consigo parar de ver este anúncio. Entrou directamente para o meu top5 de anúncios favoritos. Quem disse que a publicidade institucional não podia ser hipercool? A pose dos gases raros conquistou-me desde o primeiro segundo. Mas eis que agora dei com a música que o sonora: "Fledermaus Can't Get It" dos anglo-germânicos Von Südenfed. Também com vídeo coolíssimo a acompanhar:

domingo, novembro 16, 2008

Of course we could

Ainda sob o efeito da euforia da vitória obamiana, foi publicado um artigo no The New York Times defendendo a tese de que a vitória de um "Obama europeu" não seria possível no presente ou futuro mais próximo. Entendendo-se por "Obama europeu" um qualquer político pertencente a uma minoria étnica ou "racial" em algum país europeu.

A análise é tão profunda que esquece qualquer comparação entre o peso demográfico das minorias num e noutro lado do Atlântico. E conclui levianamente que o ambiente político europeu é mais racista e xenófobo que o americano. A colecção de evidências tem a sua graça, sobretudo este parágrafo:
«Even Cem Ozdemir, Germany’s best-known ethnic Turkish politician, currently a European legislator, is having trouble getting on the Greens Party list of candidates for the Bundestag — in part because of internal opposition to his ambition to lead the party.»
Acontece que Cem Özdemir foi eleito ontem co-líder dos Verdes alemães (partido que tem sempre dois líderes em paridade de sexos) com quase 80% dos votos. E estamos a falar de um político oriundo de uma minoria com menos de 50 anos de implantação na Alemanha e de peso demográfico muito inferior ao dos negros na América, cuja presença no país é anterior à fundação do mesmo.

sábado, novembro 15, 2008

The Right to Marry: Yes We Should!


Vídeo da American Civil Liberties Union (ACLU). Canal da ACLU no YouTube aqui, e do seu projecto LGBT aqui.

Igreja do ódio todos os dias

Vale a pena ler este artigo do The New York Times, sobre a influência decisiva do Lóbi Mormon na vitória da proposta 8 levada a referendo na Califórnia no passado dia 4. Uma igreja sem qualquer representatividade naquele estado, acabou por transformar-se na maior fonte de dinheiro para o financiamento da campanha milionária pela ilegalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Estranhos fenómenos estes. Gente que doa rios de dinheiro para dar cabo do casamentos de pessoas que nem conhecem, gente que anda de porta em porta a pregar isto mesmo, gente que treina com conselheiros de marketing os melhores discursos para esconderem o facto de que é o ódio contra gays e lésbicas que os move. Gente que usa slogans como "proposta 8 = a liberdade religiosa", "proposta 8 = liberdade de expressão" ou "proposta 8 = menos governo". A tal proposta 8 que, convém não esquecer no meio de tanta distorção, se propõe apenas e só a ilegalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Califórnia. Casamentos não meramente hipotéticos, mas milhares de casamentos efectivamente já realizados.

Falamos pois, muito provavelmente, de gente que incapaz de encarar a pobreza e infelicidade do seu próprio casamento (por vezes polígamo, será bom lembrar), se dedica a destruir o casamento dos outros. É pelo menos a única explicação razoável que encontro. Mas de uma gentinha assim não há muito como sentir pena. Desde logo deviam provar do seu próprio veneno e da lógica que defendem, "democracia = ditadura das maiorias", ou seja, para quando um referendo na Califórnia à ilegalização desta seita?

Mas antes disso espero que provem o sabor de centenas de manifestações já este sábado um pouco por todo mundo, que ao menos poderão servir para lembrar a estas mentes brilhantes que quando promovem o ódio, quando invadem lares alheios e atacam milhares de famílias californianas, é suposto levarem algum troco de volta. E de nada valem os calendários de soft porn que produzem para dar um ar mais contemporâneo ao seu medievo gangue. Da próxima vez que fores abordado na rua por uma destas duplas, manda-os foderem-se. Era o melhor que fariam, ao menos por uns minutos não se preocupariam em foder os outros.

Mais informações sobre os protestos aqui e aqui, e pelos vistos um esboço de planeamento para Portugal aqui.

PS: Se és mormon e estás a ler esta mensagem, pára já e vai-te foder.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Só não lhe chamem rainha, porque... falta-lhe categoria para isso

"Então e não postas nada sobre as eleições na América?"

Perguntou-me um amigo. Só aguardo os resultados finais para me pronunciar.

PS: Mas já agora posso recomendar este artigo sobre a festa eleitoral, mais festiva para uns que para outr@s.

Afinal ainda há quem se choque com o casamento tradicional

«O drama de Nojood começou quando o pai, um desempregado que antes recolhia lixo nas ruas, quebrou a promessa de não a retirar da escola para lhe arranjar um marido, como fez a outras irmãs. Ela frequentava a segunda classe e adorava estudar Matemática e o Corão. Ele foi buscá-la para a entregar a um homem de 30 anos, o carteiro Faiz Ali Thamer.»
Eu só não percebo alguns comentários à notícia, que a parecem tratar como uma especificidade das Arábias. Casamentos destes em Portugal foram sempre prática comum desde a fundação do país, só no século XX começaram a rarear até à quase inexistência dos dias de hoje. Mas o conceito tradicional de casamento é exactamente este. Modernice é o casamento por amor entre adultos livres. E claro, o divórcio, que Nojood conseguiu, mas a que as raparigas portuguesas em situação semelhante nunca conseguiram até depois do 25 de Abril.

E porque é sexta-feira: dica de engate para achares o teu Romeu

O Gayromeo.com é um site muitíssimo mais completo que o famoso Gaydar.pt (cheio de restrições na sua versão gratuita). E embora ainda não seja muito popular em Portugal, é definitivamente o site onde apostar, verdadeira web 2.0. Tem até uma versão "safe for work", o Planetromeo.com ;) As entradas de um e de outro na Wikipédia para mais comparações.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Dúvida existencial dos tempos que correm

Quando é que Cavaco ganha vergonha na cara e se demite?

Acobarda-se perante o forrobodó fascisteiro da Madeira (cadê o presidente como garante da democracia?), fecha-se num silêncio cúmplice perante os escândalos de corrupção dos seus compinchas (leia-se BPN, vejam-se os frutos do cavaquismo), mas que raio faz afinal Cavaco? Ainda andará em festa pelo dia raça, será isso? E a entregar prémios a "cientistas" da beatitude? Começo a convencer-me que mais valia aderirmos à Commonwealth e termos a rainha de Inglaterra como chefe de estado, era capaz de sair mais em conta e sobretudo seria muitíssimo menos embaraçoso.

Adoro gerúndio, acho digno


Betina Botox


Irmã Selma

Obrigado Bruno ;)

domingo, novembro 09, 2008

E a si eu deixo um conselho: use cinto de segurança


Quando vejo um anúncio de prevenção da sida de 1 minuto inteiro, mas que podia ser facilmente alterado para um anúncio de prevenção rodoviária, substituindo uma única palavra, isso soa-me a 1 minuto inteiro desperdiçado. O valor informativo deste anúncio é zero, a lamechice é pegada, e a dramatização da doença é - na minha opinião - a última das prioridades em campanhas sobre a mesma, guess what, o estigma e medo ainda florescem.

O que são precisos são anúncios que efetivamente forneçam informações úteis, desde as vias de contágio a como usar um preservativo (sim, parece básico, mas só para quem já sabe, claro). E ainda anúncios que nos façam ver, de facto, o ponto de vista de quem tem sida, e não é um anúncio como este que faz isso, mas sim anúncios como este ou este.

sexta-feira, outubro 24, 2008

'tá-me a parecer que esta bicha é demasiado sensitivo-psiquiátrica, ainda vai desmagnetizar o partido


Não se deixem comover pelas lágrimas de crocodilo deste "ex-jornalista da área da cosmética". É um fascista, e os fascistas, como toda a gente sabe, não têm coração. Estas lagrimitas têm como único objectivo ofuscar o passado de putedo senhor Alfredo de Haider, e elevar esta bichita desengraçada ao papel de grande amor do lider morto. As bichas p'lo mal são todas iguais.

quarta-feira, outubro 22, 2008

Doces pecados

1) Esquece Deus e goza a vida. É essa a mensagem do primeiro autocarro ateísta a percorrer as ruas londrinas, graças ao patrocínio de Richard Dawkins, e várias outras pessoas, a uma ideia nascida na blogosfera. Mais informações aqui, via.

2) "A Revolução Pendente - Feminismo e Democracia" de Carlos Diegues. Pecado em dose tripla: temática demoníaca, edição disponível para descarga gratuita na net e editado na Galiza com cedilha e til. Alguém terá que arder no inferno por tudo isto. Via.

3) Mormons Exposed 2009. Já podem tirar o calendário de 2008 da parede, novos Helders desnudam o tronco para deleite pagão. Muita atenção ao Matthew em pregação pela África do Sul e ao Cody, que prega pela Lousiana fora. Aqui fica o vídeo, e se não resistirem prega-los na vossa parede ou a comprar a T-shirt "I heart mormon boys" por 15,50 dólares já sabem, só haverá absolvição rénica se oferecerem o dobro à campanha dos autocarros ateístas de Londres.

4) Entretanto a saga da Bicha do Demónio prossegue, para ver e rever aqui.

PS: Entrevista com o génio por trás da Bicha aqui!

terça-feira, outubro 14, 2008

Na ressaca do Connecticut

Sim, que dos fracos - partido socialista português - não reza a história. A história fez-se portanto no Connecticut e foi de novo adiada em Portugal. Lendo de relance o que foi escrito nestes últimos dias, ainda pasmo e sobretudo me aborreço com a quantidade de palermices repetidas. Nota-se um claro menosprezo pelo tema do casamento entre homossexuais, que impede o mínimo esforço mental em boa parte dos cronistas e blogueiros da praça, indiferentes portanto à falta de um mínimo de coerência ou verdade nos seus escritos. O que importa é de algum modo aliviar a sua homofobia, essa sim visceralmente sentida.

Seja como for, perante o desfile de disparates sinto-me obrigado a listar uma série de desmistificações casamenteiras. Não chegam a tempo do debate, mas aqui ficam para uso futuro.

1) Não foi a igreja católica a inventar o casamento, ele já existia milénios antes do mito do pescador palestiniano - a.k.a. Jesus - se popularizar e originar diversas seitas, entre as quais a com sede em Roma.

2) O casamento civil é anterior ao casamento católico, já havia casamento civil p.ex. na Antiga Roma ou Antiga Grécia.

3) O casamento civil do estado português tem 140 anos e foi criado entre enorme polémica provocada pelos lóbis ligados à igreja católica. Até aos dias de hoje um católico casado apelas pelo civil continua solteiro aos olhos da igreja, que não reconhece o dito casamento, apesar de se preocupar muitíssimo com a mínima alteração legislativa do dito, seja divórcio ou acesso ao mesmo por casais homossexuais.

4) Casar não fertiliza casais heterossexuais inférteis, da mesma forma que manter o estado civil solteiro não serve de contraceptivo. E isto é assim desde sempre. 

5) Portugal não é o único país do mundo. Existem mais, e nalguns deles o casamento entre pessoas do mesmo sexo é já uma realidade. Ou seja, o casamento no nosso mundo e no nosso tempo pode ser entre pessoas do mesmo sexo, por muitas aspas que lhe ponham. O casamento homossexual existe, sendo pouco relevante para o mundo se Portugal o legisle a par da Noruega ou se guarde para o fazer em simultâneo com Malta em 2037.

6) Dizer que a lei portuguesa actual não discrimina ninguém, porque afinal toda a gente pode casar, desde que com alguém de sexo diferente - li isto num conhecido blog de esquerda - é o mesmo que dizer que a lei que proibia os casamentos inter-raciais na América não era discriminatória, dado que afinal toda a gente podia casar, desde que com alguém da mesma "raça".

7) O casamento entre pessoas do mesmo sexo não é uma distracção em relação à crise económica. Um ser humano normal é capaz de discutir, pensar e opinar sobre os mais diversos assuntos num espaço de tempo curto. Ainda mais se o faz como modo de vida, seja político ou jornalista. Não vale dizer que discutir o casamento homossexual nos impede de discutir assuntos mais prementes, para a seguir comentar - oh suma importância - o mais recente prémio Nobel ou a vestimenta da sra. Paulin. Com ou sem crise, a página do horóscopo continua a ser publicada nos jornais, o sudoku também.

8) Voltemos ao Connecticut, lá foi o tribunal a sentenciar o casamento entre pessoas do mesmo sexo: “To decide otherwise would require us to apply one set of constitutional principles to gay persons and another to all others.” Há quem diga, por cá, que isto de ser o tribunal a decidir significa que estes casamentos estão menos legitimados democraticamente que os outros. Expliquem portanto aos casais inter-raciais americanos o mesmo raciocínio, "o vosso camento vale um bocadinho menos que os outros, porque foi legalizado por um tribunal numa altura em que a maioria da população estaria contra".

Somando e baralhando. O PS foi cobarde? Foi. Deixou por cumprir mais uma promessa? Claro, estava no seu programa lutar contra a discriminação, e no final subscreveu-a!!! O "Prós&Prós" é o pior programa da televisão portuguesa? Não sei, havia um "Fiel ou Infiel?" muito mauzinho na TVI... E agora, o que vai acontecer? 3 hipóteses:

1) A minha favorita, até pelo efeito surpresa: o Tribunal Constitucional mostraria ao país que afinal não é um reflexo das agendas dos dois maiores partidos e faria aplicar a constituição do país, como lhe compete.

2) O PS aprova na próxima legislatura o casamento, o seu eleitorado é maioritariamente a favor, é incompreensível que o não faça.

3) O PS acobarda-se perante lóbis que não fazem parte do seu eleitorado e inventa uma união especial para gays e lésbicas. No BI na parte do estado civil passará a constar a abreviatura "pan." ou "fuf.", em vez do tradicional "cas.". Como o casamento não é mero "capricho", como tanto se lê por aí, não faltará quem se sujeite à humilhação de um casamento-de-segunda para conseguir resolver vários problemas do dia-a-dia a dois. Depois, daqui a umas décadas, provavelmente por decreto de Bruxelas, transforma-se a tal união paneleira em casamento e pronto, manda-se uma carta aos noivos "olhe, afinal a sua união vrrnhiec celebrada há 25 anos é um casamento, felicidades".

quarta-feira, outubro 01, 2008

Depois disto acho que não há mais nada a dizer

"Direitos fundamentais são contramaioritários "

Entrevista a Isabel Mayer Moreira, constitucionalista, assistente universitária.

É autora de um dos pareceres entregues no Tribunal Constitucional (TC) no âmbito do recurso interposto por duas mulheres cuja tentativa de casamento civil, em 2006, foi recusada. Por que decidiu escrever esse parecer?

Por imperativo de cidadania. Escrevi-o pro bono [a título gratuito], e por saber que podia pôr os meus conhecimentos de Direito Constitucional ao serviço de uma causa que me parece essencial não ser adiada mais tempo.

Tem-se repetido muito que esta causa não é prioritária...


Os direitos fundamentais são sempre prioritários. As conquistas dos direitos das minorias nunca foram vistas, à data das mesmas, como preocupações da maioria da sociedade. Basta pensar o que aconteceu com a escravatura, com os direitos das mulheres ou com a igualdade entre raças, que também não eram questões vistas como prioritárias. Mas à luz da dignidade da pessoa humana há questões que por natureza são sempre prioritárias.

Aceita o rótulo que tem sido aposto a esta causa, de "fracturante" e "radical"?


Acho excessivo, porque a questão me parece excessivamente simples. Defender o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é, ao contrário do que acreditam muitos conservadores, atacar visões mais tradicionalistas da família. Há lugar para todos. É apenas defender o alargamento da titularidade do casamento. O que se pretende é que haja mais família, mais casamento.

Que pensa que vai acontecer no TC?

O ideal seria um dos projectos de lei, o do BE ou o de Os Verdes, ser aprovado no Parlamento no dia 10 de Outubro e a lei entrar em vigor antes de o tribunal se pronunciar. A decisão seria assim tomada pelo órgão democrático por excelência, que é o Parlamento. A não ser assim, ainda tenho a esperança de que o TC leia a Constituição.

Como vê a argumentação do PS, que afirma não ter legitimidade para votar a favor?


Não colhe. Em primeiro lugar, porque está no programa do PS remover todas as discriminações fundadas na orientação sexual; mas, ainda que não estivesse no programa, cumprir a Constituição não tem de estar nos programas eleitorais, é um imperativo constitucional. Por fim, concretizar um direito fundamental não pode estar dependente do que ditam conjunturalmente maiorias, opiniões, etc. É nesse sentido que se aponta para uma vocação contramaioritária dos direitos fundamentais.

O seu pai, Adriano Moreira, é uma das figuras tutelares da direita portuguesa. O que acha da sua luta?


Teria muita pena que eu a não tivesse. Porque me conhece e espera que me mantenha fiel àquilo em que acredito.

Do DN via Womenage a Trois.

segunda-feira, setembro 29, 2008

O casamento gay como via para o casamento homem-cão

Sempre achei que isto era uma treta das piores, mas afinal há pelo menos um escriba do catolicíssimo Diário do Minho que confessa que perante a iminência do casamento homossexual vê a sua atracção pela canina espécie aumentar.

Não duvido do dito amor canino, mas continuo a não perceber que relação possa haver com a homossexualidade. Vá homem, deixe-se de desculpas, gosta do Bóbi e pronto, que tenho eu ou qualquer outro gay a ver com isso? Desde que não maltrate o bicho, por mim 'tá-se, já vi pior.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Um rapaz de peito aberto

Sim em Portugal é Não na Califórnia

A Ellen explica:
«You know how usually I talk about cell phones or kitty cats or cheese pizza… well, this is sorta like that… without the cell phones, the cats, or the pizza.

There’s a California Proposition on the ballot that’s a little confusing. It’s Proposition 8. It’s called, “The California Marriage Protection Act” -- but don’t let the name fool you. It’s not protecting anyone’s marriage. Not yours. Not mine.

The wording of Prop 8 is tricky. It’s like if someone asked you, “You don’t want dessert, right?” But you do want dessert so you say, “Yes,” which really means you don’t want dessert. And if you say, “No,” which means you do want dessert -- it sounds like you don’t. Either way, you don’t get what you want. See -- confusing. Just like Prop. 8.

So, in case I haven’t made myself clear, I’m FOR gay marriage. And in order to protect that right -- please VOTE NO on Proposition 8. And now that you’re informed, spread the word. I’m begging you. I can’t return the wedding gifts -- I love my new toaster.»
Ver também NoOnProp8.com.

Aos deputados capazes de pensarem pela própria cabeça e agirem em conformidade

Ao menos um por grupo deve haver...

Endereços de email dos grupos parlamentares:

blocoar@ar.parlamento.pt
gp_pcp@pcp.parlamento.pt
gp_pev@ar.parlamento.pt
gp_pp@pp.parlamento.pt
gp_ps@ps.parlamento.pt
gp_psd@psd.parlamento.pt

Assunto: No dia 10 de Outubro, SIM à liberdade e à igualdade.

No próximo dia 10 de Outubro, a Assembleia da República será chamada a votar projectos que estabelecem finalmente a igualdade no acesso ao casamento.

Esta é uma questão de direitos fundamentais, é uma questão de cidadania, é uma questão que determina a qualidade da nossa democracia. Trata-se de acabar com a humilhação de muitas mulheres e muitos homens que são ainda discriminadas/os na própria lei por causa da sua orientação sexual. Trata-se de afirmar finalmente que gays e lésbicas não são cidadãos e cidadãs de segunda.

A Assembleia da República terá finalmente a oportunidade de afirmar o seu empenho nesta luta pela igualdade e pela liberdade – e a oportunidade de contribuir de forma particularmente simples para a felicidade de muitas pessoas.

O fim da exclusão de gays e lésbicas no acesso ao casamento consegue-se com uma pequena alteração no texto de uma lei, que não implica custos nem afecta a liberdade de outras pessoas. Porém, será um enorme passo no sentido da igualdade e contra a discriminação. E como demonstraram as discussões sobre o voto para as mulheres ou sobre o fim do apartheid racista na África do Sul, o preconceito que existe na sociedade não pode nunca justificar a negação de direitos fundamentais. Pelo contrário, votar contra a igualdade é legitimar e encorajar a discriminação.

Esta votação representa por isso uma enorme responsabilidade, pelas implicações que terá no reforço ou na recusa do preconceito.

Porque recuso a discriminação na lei portuguesa e porque esta é a oportunidade de repor a justiça e cumprir o princípio constitucional da igualdade, seguirei com atenção esta votação - e apelo ao voto favorável de todos os membros deste Grupo Parlamentar e à defesa intransigente da igualdade no próximo dia 10 de Outubro.

Copiado daqui.

Manuel Alegre

Espero que agora ninguém tenha ficado com dúvidas do quão vazio é este indivíduo com amplas e reciprocas simpatias entre monárquicos, fascistas e restantes personagens da área tauromáquica. Vazio e sem sequer espinha suficiente para dizer o que sente efectivamente sobre o assunto. Sentido, porque pensado não o é certamente. Fugindo triste e mediocremente ao assunto, sem que isso, naturalmente, implique a mais pequena e singela ideia sobre qualquer outro. Um buraco negro político é isto. E há quem lhe chame a "ala esquerda do PS". Pelo amor... da decência! Definitivamente não.

terça-feira, setembro 09, 2008

'Tá difícil p'ra ressuscitar a manada rénica


Oremos aos Sigur Rós pelo milagre. (Vídeo censurado no YouTube ... no comments.)

segunda-feira, agosto 04, 2008

Até breve

Agora que o presidente fez o anúncio oficial do começo da Silly Season pouco mais nos resta fazer que pôr os dedinhos de molho até Setembro, altura mais propícia a voltar a pô-los no teclado sem risco de lesões. Aos resistentes, divirtam-se mas com cuidado, não se deixem contagiar.

quinta-feira, julho 31, 2008

Afinal não era só eu que andava a ter pesadelos com o Estatuto Político-Administrativo dos Açores

Valha um presidente atento aos anseios da população. E não me venham dizer que metade da dita até achava que o Fujão Barroso já tinha dado o arquipélago aos americanos em troca de petróleo iraquiano. Isso até pode ser verdade, mas a outra metade andava como eu, sem dormir direito há uma série de noites por causa deste assunto. Mais sossegado agora. Obrigado senhor presidente, um grande bem-haja e continuação de boas férias.

PS: Todo um tratado que valia a comparação entre este ataque de histeria cavaquista por causa de umas obscuras inconstitucionalidades açorianas e o silêncio cúmplice com todo o tipo de ilegalidades, tropelias, insultos e rasteiras vindas da derradeira colónia africana. Por saber só o tipo de tratado, político ou psiquiátrico?

Sugestão de leitura

Blog que é blog manda o seu bitaite sobre livros para ler na praia ou wherever, cá vai então um como prova de vitalidade blogueira. Com selo de máxima aprovação rénica está o "Michael Tolliver Lives" do Armistead Maupin, que se devora num piscar de olhos, pelo que não serve para as férias inteiras. A boa notícia, para quem não conhecia a saga, é que ela existe. Está até parcialmente traduzida para português, no Brasil pela Record e em Portugal pela Gótica. Este título mais recente é contado na primeira pessoa pelo protagonista Mouse, que nos põe a par da sua vida e da dos seus, em São Francisco e mais aquém. Com graça, inteligência, ironia e grande humanidade, que nunca lamechenta. Obrigatório para os rénicos leitores.

No país das boas notícias

Fica-se uns tempos desligado da actualidade rectangular e quando se religa o país parece outro. Ora um incidente de 6 feridos num bairro pobre e não-"branco" da periferia de Lisboa que comove todo o Portugal - mereceria fria indiferença em qualquer outro país europeu. Ora uma notícia da TVI, das primeiras no seu noticiário, sobre um professor da Universidade de Coimbra que chegou atrasado a um exame - que saudável obsessão com a pontualidade haverá agora neste estado! E ainda uma notícia de um grupo de jovens, que não um gang, perdido nas margens do rio Amazonas, aliás Teixeira, encontrado na manhã seguinte por um helicóptero a 500 quilómetros do seu acampamento, aliás 500 metros, e ainda assim transportados de helicóptero para a sua base - quão sofisticados meios de socorro! E não se olha a custos para salvar vidas, ou transportar por 500 metros betinhos de cidade que ficam zonzos quando só vêem verde à volta. O Público esclarece que se tratava de um "grupo ligado à Igreja Católica" (sic).

Para completar o ramalhete chegam-me zumbidos de um novo melodrama no Palácio Rosa, o presidente que nos preside ao ritmo, sabor e profundidade de uma novela mexicana, irá falar esta noite ao país - garantias de total obediência de todos os noticiários na sua abertura, à la Corée du Nord. O drama está em não se saber de que irá falar o perjidente, mas a avaliar pela boa onda noticiosa não me espantaria que fosse para apresentar a demissão e pedir desculpas pelos comentários e alusões racistas e fascistas do mês passado. Nunca é demasiado tarde para ganhar vergonha na cara.

Pode-se não ficar a saber muito do que se passa pelo mundo quando se acompanha a comunicação social tuga (ou norte-coreana, já agora), mas vale bem pela festarola e cores locais - so typical!

quinta-feira, junho 12, 2008

Go Norway


E já são meia dúzia
. Suécia deverá ser a próxima a juntar-se ao grupo.

quarta-feira, junho 11, 2008

Pigmeu mancha Dia da Raça

Já não há respeito. Ditadura politicamente correta é o que é, e já nem o "c" deixam escrever. E até o presidente se presta a isto... enfim!

A minha seleção*

Conferência de imprensa num hotel algures nos Alpes, cheia de jornalistas ansiosos por perguntarem as banalidades de sempre e ouvirem o seu eco como resposta. Tem a palavra o craque nº1:

- Antes de responder às vossas perguntas vou ler uma breve declaração escrita por todos os elementos da nossa seleção:
«Foi com espanto, horror e profunda náusea que ouvimos ontem as declarações de caráter inequivocamente racista e xenófobo proferidas pelo presidente da república. Tentar desculpar ou menorizar as mesmas apenas as agrava e evidencia alguns dos piores traços da sociedade portuguesa. Assim, a seleção decidiu por unanimidade suspender, como forma de protesto, a sua participação no Campeonato Europeu de Futebol, até que as mesmas sejam retiradas ou que a pessoa que as proferiu se demita do seu cargo.»
Como esta seleção não existe, torço por outra qualquer... olha pode ser pelos checos, que é raça podres de sexy.

* Obviamente que a minha seleção também seria pró-acordo.

sábado, abril 12, 2008

3.ª temporada de "Erva" estreia na segunda na RTP 2


E logo a seguir estreia a primeira de "Californication", às quartas continua o "Dexter" e à sexta a "Brothers & Sisters", tudo bons motivos para o parlamento galego ter exigido por unanimidade a emissão dos canais portugueses na Galiza: cá as melhores séries americanas estreiam mais cedo e com o som original.

PS: E para quem já não se lembra de como terminou a 2.ª temporada, aqui ficam os últimos 5 minutos (já agora, a RTP anda a repetir as duas primeiras temporadas de madrugada):


[http://videos.sapo.pt/MRmRCP2P3doZK4zC2VS4]

terça-feira, abril 08, 2008

Uma piada de mau gosto chamada APEL

Retirado do jornal Meia Hora
«Para evitar o que consideram que virá a ser "uma catástrofe" para o país, a associação ainda presidida por António Baptista Lopes apela a uma rápida intervenção do poder político português, no sentido de protelar 'sine die' o protocolo.»
O protocolo "catastrófico" de que António Baptista Lopes fala ao JN é o tal acordo ortográfico que revela (as tais "duas grafias" são reconhecidas pelo acordo, logo ambas estão de acordo com o acordo em pé de igualdade, tipo duuuuh) e admite desconhecer ao Meia Hora. Parece que também acha que aquilo que diz é suposto levar-se a sério. Ora se isto é a representação do meio editorial português, percebe-se melhor a urgência de sermos salvos pelos editores brasileiros da iliteracia crónica e profunda em que vivemos.

A mesma APEL anuncia no seu site (que por alergia a casos extremos de palermice não linko) um "estudo" que mostra que traduções feitas por pessoas diferentes originam textos... *suspense* ...diferentes!!! Sim, o nível é este. E a continuar assim qualquer dia eu próprio estarei contra o acordo, cada vez me parece mais razoável, simples e inteligente adotar a ortografia brasileira e pronto. É o que faço neste post, simultaneamente de acordo com o acordo e pipocado de anglicismos vários, c'est la vie!

PS:
Outra piada da APEL e do sr. Baptista Lopes, «Não haja quaisquer dúvidas de que as instituições internacionais, a partir do momento em que Portugal ceder às intenções do Brasil, não hesitarão em ter como referência o Português daquele país». Eu não sei em que mundo vive este senhor, mas dou um exemplo simples, uma notícia da versão lusófona do site da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão. A notícia fala sobre os problemas de integração, nomeadamente lingüística, da comunidade portuguesa na sociedade helvética, a terceira mais numerosa. Naturalmente, apesar do reduzidíssimo número de brasileiros a residir nos Alpes, a notícia está escrita em "português do Brasil", do vocabulário à ortografia. Em que mundo vive o sr. Lopes? Absoluto mistério para mim.

sábado, abril 05, 2008

A comunicação social e o telemóvel

Acompanhar o visionamento deste vídeo com o brilhante texto do Miguel. Quem ainda não se fartou de vídeos de aulas de francês pode sempre ver mais este.

domingo, março 30, 2008

Da santidade do casamento civil heterossexual e dos ventos que sopram de Espanha

«Igreja pede a Sócrates que controle laicismo de alguns membros do PS

O projecto do PS de fazer desaparecer o divórcio litigioso da lei portuguesa "é um grande erro que o país vai pagar caro no futuro", criticou o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Carlos Azevedo, para quem este projecto - ­que será debatido no plenário a 16 de Abril - é mais um sinal claro da postura de afrontamento que o actual Governo assumiu relativamente à Igreja Católica.»
Curiosa esta colagem da ICAR tuga à estratégia, já derrotada nas urnas, da ICAR espanhola. Devem ter pensado, "se não funcionou por lá, pode ser que funcione por cá". Mas e daí nem tudo falhou do lado de lá da fronteira, afinal a teta do estado espanhol continua fartamente generosa para com o clube das sotainas, e a questão é sempre essa. Lê-se no fim da notícia do Público: «"Os padres já passaram a pagar impostos, a Igreja, nas suas actividades económicas também deixou de ter isenção fiscal, tudo isso já mudou. A Igreja Católica não quer ser privilegiada, mas também não admite ser prejudicada".» Pois, dão-se voltas e voltas e acaba-se sempre no m€$mo. É que os impostos, meramente simbólicos, que a igreja aceitou pagar tinham como contrapartida um aumento do fluxo da tetinha estatal para as bocarras clericais. Nham, nham.

É que pondo de lado a questão financeira, nada disto faz sentido. Afinal a igreja nunca reconheceu o casamento civil, e sempre se bateu contra o mesmo. Para a igreja um católico casado pelo civil é solteiro, e se se divorciar solteiro fica, e pode casar no altar a seguir (isto não é teoria, é prática, vejam a princesa espanhola). Seria até bastante lógico e razoável que a igreja usasse esta simplificação do divórcio civil para apregoar a mais valia do seu casamento religioso, que não permite esses deboches. "Quem ama a sério não tem medo de casar pelo igreja", seria um bom slogan, capaz de empurrar muitos casais para o altar, como derradeira prova de amor eterno.

Mas não é isso que preocupa a igreja, e se o casamento religioso continuar em queda livre, é uma carga de trabalhos que se poupa. As missas são muito mais fáceis de rezar só com 6 velhinhas no banco da frente.

Voltemos então ao sentido de oportunidade da hierarquia católica portuguesa imitar a estratégia eleitoralista da sua irmã espanhola, será mesmo boa ideia? É que em Espanha há um, e só um, partido de direita, cujo líder apregoa os valores católicos e exibe a sua própria família como exemplo vivo de quem os segue. A coisa por lá não tem muita credibilidade, é velho o boato de que Rajoy é homossexual, mas ao menos há um esforço por manter uma fachada.

Já por cá não estou a ver a quem a igreja se possa colar. Filipe Menezes exibiu há uns dias a namorada na televisão, para em seguida a sua esposa esclarecer na imprensa cor-de-rosa que o casamento deles ainda perdura, pelo que a "namorada" não o pode ser, relações extra-conjugais têm outro nome. Do CDS nem vale a pena falar. Fica claro que o "casamento para a vida" não é uma causa da direita portuguesa. Nisto, como em quase tudo, somos mais afrancesados que espanholados.

Resumindo e concluindo, melhor faria a igreja se procurasse outra bandeira, que esta do casamento é chão que já deu uvas. A igreja é livre de celebrar os seus próprios casamentos, seguindo as suas regras, e devia-se contentar com isso, que não é nada pouco. Quem dera à ILGA Portugal ter o mesmo poder casamenteiro.

Já em relação ao financiamento pelo estado pede-se apenas um mínimo de vergonha na cara. Foram séculos de farta mama, e está visto (ver capa da Sábado acima) que têm sabido pô-la a render. E ainda há o milagre de nunca terem sido obrigados a gastar um tostão com aqueles processos que tão caros ficaram lá nas Américas. Tirando talvez um bilhetinho de avião para o Brasil, claro está. Melhor à igreja rezar em discreto retiro a boa graça, do que aparecer muito na TV, pondo-se assim a jeito a que algumas pessoas percam a vergonha que a igreja nunca teve. A justiça portuguesa não assusta, por certo, mas agora com essa coisa dos tribunais europeus... parece que não há sotaina que isente de certas culpas. Já não há respeito, é o que é.

quinta-feira, março 27, 2008

Human, Umani, do Homem?

Este ano pelo menos 4 países da Eurolândia emitirão moedas comemorativas do 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Dos 4 só Malta ainda não divulgou o desenho, nos outros lê-se, "Universal Declaration of Human Rights" na belga, "Diritti Umani" na italiana e "Declaração Universal dos Direitos do Homem" na portuguesa. A suposta "ditadura do politicamente correcto" é diariamente "denunciada" na imprensa, mas não consegue coisas tão simples como a correcta tradução da declaração, originalmente escrita em inglês. É que nem é preciso discutir o sexismo da coisa, afinal inexistente no original, bastaria tão só exigir uma tradução sem erros.

quarta-feira, março 26, 2008

Brazilian Beauty

Cartaz da nova campanha pelo uso do preservativo do Ministério da Saúde brasileiro, especificamente dirigida a gays e "outros homens que têm sexo com homens". Via Estadão.

terça-feira, março 25, 2008

Estimular a concorrência a partir da internet

«Os preços dos combustíveis sem impostos estão a subir em Portugal face à média europeia, em particular o preço da gasolina sem chumbo 95, que foi "sistematicamente superior" do que no resto da Europa, refere um estudo da Autoridade da Concorrência.»
Parece que o sacrossanto mercado nem sempre funciona, há então que lhe dar um empurrãozinho. É para isso que serve o MaisGasolina.com, basta pegar no último recibo gasolineiro para contribuir para o seu bom funcionamento. Serviço público em formato web 2.0.

Sim é complicado, no mínimo tens que ser um primata (tirando meia dúzia de cães que também conseguem)

"Na parte que lhe cabe, poupa água. Mas pouco mais. Reciclagem? Pois, isso não. Nem vidro, nem plástico, nem papel? Nada? «Não, não faço. Sou uma pessoa normal». Muitas pessoas normais reciclam. «A média do cidadão não recicla o lixo. É muito complicado. Um saco é azul, outro é não sei o quê, aquilo é uma confusão»"

José Rodrigues dos Santos, escritor esotérico e pseudo-ecologista, à Sábado
Não querem reciclar? Na boa, ninguém vos obriga. Mas por favor, ao menos não escrevam calhamaços hipócritas sobre aquecimento global que só servem para abater mais algumas florestas e não se vangloriem da vossa burrice. Um mínimo de pudor, ok?

Nota: o anúncio do Gervásio é de 2000, ou seja, tem 8 anos. O Gervásio só precisou de 1 hora e 12 minutos.

Como se não fossem já suficientemente invisíveis

Soluções casadas Santander

O arcebispo de Saragoça abriu as portas do templo Pilar a directores do banco Santander, no passado dia 18, para que estes pudessem beijar a "Virgem" do local. Esta "honra" seria já caso para notícia, uma vez que a mesma costuma estar reservada ao clero, família real e crianças que ainda não comungaram. Mas pronto, um banqueiro é um banqueiro, também pode entrar no clube.

Mas o mais divertido é que além do templo ter sido decorado de vermelho, a cor do banco, Emilio Botín, presidente da instituição na foto acima, ofereceu um novo manto à estatueta venerada, com um belíssimo logótipo bordado. Tudo abençoado pelo arcebispado da terra, claro. Nunca ficou tão claro o que move a igreja. Da minha parte só aplausos, o acto revela uma transparência e frontalidade raras quer na banca, quer na igreja. E só posso esperar que o gesto ganhe adeptos também por cá. Parece que já estou a ver a placa, "Santuário de Fátima - Millenium BCP". Ou melhor ainda, crucifixos com o centauro do Banif! Via Chuza.

Ao pé disto o inquérito das finanças aos noivos não chega a ser cusquice

"Por detrás do fumo dos atentados em Bagdad, a única coisa que vemos na televisão, há muita coisa a mudar no Iraque"

segunda-feira, março 24, 2008

De volta ao desacordo

1) Para citar este belíssimo comentário de Rui Zink, deixado numa caixa de comentários tomada de assalto pelo analfabetismo-patrioteiro. Cito com a devida vénia:
«Certo, Angola já não é nossa, mas a língua ainda é. Semos o Pai, nós decidiremos o destino dela. E depois, o Brasil não tem escritores, não tem literatura, enquanto que em cada Portuguez há um Poeta, e um Poeta que nunca deixou a sua língua amada ser contaminada por estrangeirismos foleiros como prime, subprime, franchising, spread 0%, uma língua cujos deputados não dizem atempadamente, cujos economistas não nos convenceram que é errado dizer rentabilidade, cujos cidadãos lêem Camoens no original e onde nem as cartas do CEO da PT vêm com eros ortográficos, porque Eros é um deus brasileiro e lá por eles serem muitos nós semos Portuguezes, temos o copiraict (que escrevemos com c para distinguir de ofsait. Seremos como o Titânico, affundar-nos-emos philosofficamente escrevendo kmo s/pre xkrevemos. Hey men.»
2) Há dias notei com agrado numa notícia de um site brasileiro que por lá se diz "centavo de euro" e não o horroroso "cêntimo". Agora quando a fui procurar para comentar encontrei não uma, mas centenas, incluindo esta da Agência Lusa Brasil:
«Os bares e restaurantes portugueses praticam o preço mais baixo de venda do produto entre os países europeus. Em Portugal, a xícara do expresso custa, em média, 55 centavos de euro (R$ 1,41).»
Quanto tempo será necessário para que o analfabetismo-patrioteiro comece a vomitar que "no Brasil nem sabem dizer cêntimo"? Este exemplo de um melhor uso da língua lá do que cá é especialmente valioso por ilustrar um dos principais factores que contribuiu para a divergência da língua nos dois países: a influência do francês em Portugal. Coisa que começou na altura das invasões, mas que nem por isso indigna estes pseudo-puristas patridiotas. Sobretudo ao nível fonético (que em nada será alterado pelo acordo), com a exagerada consonantização do sotaque das elites lisboetas, assumido como o "mais correcto", é aos franceses que devemos muita da água que separa as duas variantes da língua.

3) Mas não costumam ser os velhos do Restelo a ditar o rumo da história. E talvez essas exacerbadas reacções anti-acordo mais não sejam que o indício disso mesmo, o último estrebuchar do orgulhosamente sós. Assim o espero. E para ilustrar a riqueza da língua em que vos escrevo em ortografia antiga (pois, ainda não fiz o upgrade), um excerto de uma novela exibida pela SIC, para lembrar que isto de sotaques e variantes não se resume a Lisboa e Rio de Janeiro. Deliciosa, é a única novela que consigo ver por mais de 5 minutos só pelo prazer de ouvir as falas.


Mais sobre o dialecto mineiro na Wikipédia.

Mais vale tarde que nunca

Exemplo, daqui.
«As notícias do PÚBLICO na Internet passam a ter ligação directa para os blogues que as comentam, através de uma nova ferramenta que hoje entra em funcionamento. O objectivo desta medida é ajudar "na difusão das conversas que se geram na blogosfera sobre as notícias, tranformando os níveis de participação no próprio site", explica um comunicado da empresa
Só alguns anitos de atraso em relação aos jornais da estranja, mas não há crise. Agora fixe fixe era se os concorrentes do Público se lembrassem de também fazer concorrência on-line, é que isto do site do CM ser tecnicamente melhor que o do DN ou JN, é muito deprimente...

2 portuguesas gozam nova liberdade do Kosovo

Reportagem da RTP.

quarta-feira, março 19, 2008

Belém a concelho, Belenenses campeão!

Para os que julgavam que as elevações a concelho ocorridas nos últimos anos à margem dos critérios mínimos definidos para o efeito, apenas serviram para promover presidentes de junta a presidentes de câmara, multiplicar corruptelas e caciques, inutilíssimas polícias municipais e rotundas, e somar mais um município à lista deste ou daquele partido nas eleições autárquicas, desengane-se já. Serviço público meus caros, serviço público! Da RTP claro, que descobriu afinal para que serve esbanjar mais alguns milhões em políticos de esquina, livres de real fiscalização por parte de reais meios de comunicação. Vale mesmo a pena investir dinheiro dos nossos impostos no jornalismo da RTP, melhor gasto só se for na equipa de futsal aqui da rua ;)

For the record, sempre fui defensor de uma regionalização de duplo sentido, i. e., passagem de poderes do governo central para as regiões, e de poderes das autarquias também para as regiões. Isto precisamente pelo facto de ao não existir um nível de administração regional no país, ter vindo a ser legitimado ao longo das décadas a passagem de uma série de excessivos poderes, competências e financiamentos para esses órgãos políticos tão poucos fiscalizados, sobretudo pelo escrutínio mediático essencial em democracia, como são as câmaras municipais. Multiplicar o número de concelhos é como vacinar um doente, só aumenta a infecção. Se a regionalização não avançar nos próximos 5 anos então o melhor será mesmo começarmos a debater a fusão de concelhos, um por cada NUTS III, por exemplo.

1 - Minho-Lima; 2 - Cávado; 3 - Ave; 4 - Grande Porto; 5 - Tâmega; 6 - Entre Douro e Vouga; 7 - Douro; 8 - Alto-Trás-os-Montes; 9 - Baixo Vouga; 10 - Baixo Mondego; 11 - Pinhal Litoral; 12 - Pinhal Interior Norte; 13 - Pinhal Interior Sul; 14 - Dão-Lafões; 15 - Serra da Estrela; 16 - Beira Interior Norte; 17 - Beira Interior Sul; 18 - Cova da Beira; 19 - Oeste; 20 - Grande Lisboa; 21 - Península de Setúbal; 22 - Médio Tejo; 23 - Lezíria do Tejo; 24 - Alentejo Litoral; 25 - Alto Alentejo; 26 - Alentejo Central; 27 - Baixo Alentejo; 28 - Algarve.

Europa, Democracia e Esperanto

Desde que instalei cá no renas o sistema das estrelinhas que o post «Sapiência lost in translation» é o "mais popular", desconfio que o lóbi esperantista o guglou e decidiu promover. Não me importo nada, pelo contrário, sempre simpatizei com esse lóbi. Foi por isso também com agrado que descobri que já existe até um partido esperantista pan-europeu, o EDE - Eŭropo - Demokratio - Esperanto, que concorreu nas eleições europeias de 2004 em alguns círculos franceses e ficou a poucas assinaturas de poder concorrer na Alemanha. Decorre neste momento o esforço para concorrer noutros países em 2009.

Com o contínuo esvaziamento de poder do Parlamento Europeu não me faria confusão votar num partido de objectivo único, até porque é um objectivo que me parece muito importante para o relançamento do projecto europeu. Não vou alongar-me muito no assunto, remeto antes para mais um texto do sr. Claude Piron (e já agora os tempos de antena do EDE).

De resto eu nem sequer sei falar esperanto, já planeei aprendê-lo várias vezes (típica resolução de ano novo), mas faltou-me sempre o vagar para isso, e sobretudo a motivação mais forte para se aprender qualquer idioma, a utilidade. Uma utilidade que poderia vir facilmente por decreto do Parlamento Europeu, por muito mal vista que esteja a eficácia dessa via. Assim à primeira vista o único senão que vejo no esperanto é a acentuação, mas isso não é nada que uma reforma ortográfica não resolva (está visto, gosto mesmo destas coisas de decretos reformadores) e aliás, o próprio criador do idioma o chegou a propor, segundo a Wikipédia. Reforme-se e oficialize-se então, se concorrem por cá levam o meu voto.

Chuva de ursos

Soft Landing por Steve Bell

A propósito da crise no Bear Stearns, a não perder estes 2 posts do Zero de Conduta, a cobertura do The Daily Show e o curioso silêncio da seita liberal.

segunda-feira, março 17, 2008

Diz que é uma espécie de justiça e liberdade de expressão

«O Tribunal de Setúbal condenou José Falcão, dirigente do SOS Racismo, a 20 meses de prisão - com pena suspensa - e mais 4 mil euros de multa, pelo crime de "difamação agravada" de um colectivo de juízes. Em 2004, José Falcão acusou um colectivo de juízes de Setúbal de adoptar "uma justiça para ricos e brancos e outra para pobres e pretos". Em causa estava a absolvição total do polícia que em 2002 assassinou à queima-roupa Toni, um jovem do bairro da Bela Vista, em Setúbal.»
Isto li estupefacto há dias no Arrastão, blog de Daniel Oliveira. É mau demais para comentar. Mas provando que o que pior funciona neste país é mesmo a justiça, leio isto hoje no Público:
«O colunista do "Expresso" Daniel Oliveira foi condenado pelo Tribunal de Lisboa a pagar ao presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, a quantia de dois mil euros pelo crime de difamação.»
Quem conhecer algum sujeito mais bronco e mal educado que o sr. Madeira que guarde a sua pedra contra a justiça portuguesa. Todos os outros é favor atirarem-nas com força, que se há classe profissional que tem estado imune às mais que merecidas críticas, é a classe dos srs. drs. juízes. Tenham vergonha.

Adenda: ao contrário do que noticia a Lusa o tribunal é o do Funchal (surpresa!) e não de Lisboa, e a sentença já foi lida há uma semana, mas acharam por bem guardar para hoje a divulgação. O texto pelo qual o Daniel foi condenado pode ser lido aqui, e é uma resposta a Jardim na altura em que este chamou "bastardos" e "filhos da puta" aos jornalistas do continente. Jardim nunca foi julgado pelos insultos porque goza de imunidade e sempre se recusou a levanta-la. No entanto é público que já se mascarou por diversas vezes de palhaço, facto que o Tribunal do Funchal (where else?) optou por não levar em consideração.