quinta-feira, março 01, 2007

A entrevista (risos) a Policarpo

«A família continua a ser triangular (marido, mulher e filhos) ou há novas fórmulas familiares que merecem respeito?

Já sabes a resposta... É o chamado chover no molhado... (Risos).

Mas a Igreja evoluiu muito e a laicidade também: a Igreja condenou o juro, a autópsia (dissecação de cadáveres), a cremação? E aceita isso tudo, hoje, pacificamente. E no futuro? Pode ser imaginável o casamento homossexual católico?

Só se for lá na tua terra... (Mais risos). Bom, mas estamos a tocar em questões muito diferentes. É um facto que os exemplos apontados têm a ver com a cultura judaico-cristã, em que, por exemplo, o respeito pelo cadáver é a última expressão do respeito pela pessoa humana. A autópsia não é um desrespeito pelo cadáver. Mas se vilipendiarem um cadáver, nós continuamos a ser contra. Os casamentos homossexuais são uma questão diferente. Têm a ver com a natureza humana. Não conheço outro modelo de família que não tenha na base uma homem e uma mulher... O fenómeno da homossexualidade sempre existiu. Mas a família tem a ver com a complementaridade dos sexos e com a possibilidade de reprodução.

O casamento católico remonta à Idade Média, não ao tempo dos primeiros cristãos?

Referes-te à cerimónia pública do casamento católico. É verdade. Mas desde o princípio que os cristãos têm consciência de que o casamento é um sacramento. Antes da instituição dessa cerimónia, costumavam casar-se, pelas leis civis, e depois, na primeira eucaristia em que iam como casal, pediam a benção para a sua união. E faziam-no, mesmo que apenas tivessem «juntado os trapinhos»....»
Isto é só um excerto, mas o tom é sempre este, tu cá tu lá, alhos e bugalhos, pausa para cigarro. Mas não deixa de ser significativo que o chefe da filial tuga da ICAR reconheça que o casamento católico foi uma apropriação do casamento civil, razão que explica todo o empenho católico em querer controlar as regras com que esse, o civil, se rege. Perdida a batalha do divórcio, invista-se noutra de derrota anunciada. Mesmo quando a ICAR há muito que deixou de reconhecer qualquer validade ao casamento civil (restaurado em Portugal apenas no séc. XIX e contra a vontade da ICAR, era então um "tema fracturante"), considerando solteira uma pessoa divorciada que não tenha casado na igreja. Não faz sentido, nem é suposto fazer (risos). E é apenas uma questão de tempo até à nova derrota.

PS: Veja-se ainda a guerra que o papa está a fazer agora em Itália contra as uniões de facto, coisa por cá aprovada já há muitos anos, e sem fractura que se visse...

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