quinta-feira, março 01, 2007

A iliteracia é fodida

Quando vi que no projecto lei do PS não estava incluído o incentivo ao aborto junto da população feminina do ensino pré-primário nacional pensei, "pronto, espero que isto cale e sossegue de vez os nãozistas". Perante os cenários em que todos passaríamos a tropeçar continuamente em cadáveres de "crianças não-nascidas" espalhados pelas ruas do país em caso de vitória do Sim, era de esperar que a muito mais simples e aborrecida realidade sossegasse estas pessoas. Afinal o que o país votou foi a despenalização do aborto até às 10 semanas, por opção da mulher, em estabelecimento de saúde autorizado, só isso, mais nada.

Mas explicar isto a esta gente é o mesmo que tentar explicar a um bombista suicida que não há 70 virgens à espera de amparar lascivamente os seus bocados explodidos... Nem é preciso pegar nos casos mais dramáticos, como Isilda Pegado, basta olhar para Marcelo Rebelo de Sousa. Aprovou no parlamento uma pergunta há quase 10 anos, e em todo esse tempo permaneceu incapaz de a entender, julgando-a mentirosa, e logo ele próprio cúmplice dessa fraude.

Que toda esta gente se insurja agora contra o Partido Socialista por este despenalizar o aborto até às 10 semanas, se por opção da mulher e em estabelecimento de saúde autorizado, é apenas o culminar natural de tudo isto que temos visto ao longo dos últimos meses. Saibamos ser generosos e encara-los com a pena que inspiram... São, afinal de contas e nas suas próprias palavras, sobreviventes do aborto. Se nasceram indesejados e indesejados viveram, que morram ao menos em paz, mesmo que estrebuchando, como parece ser seu desejo.

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