quinta-feira, novembro 30, 2006

"Compro o que é nosso"


Thai food, food from Thailand. This is in Leeds!

O título do post é o slogan de uma campanha que a Associação Nacional de Jovens Empresários vai lançar em Janeiro, apelando ao consumo de produtos "made in portugal".

Será isto o "jornalismo de causas"? (2)

Fujo, durante o meu zapping de almoço, à apresentação por Manuel Alegre do seu último livro, sobre bola, no programa Fátima, de Fátima Lopes, na SIC. E acabo por levar com José Rodrigues dos Santos, apresentador do Telejornal, a apresentar o seu calhamaço "A Fórmula de Deus" na Praça da Alegria, na RTP1. No espaço onde habitualmente vemos o Padre Borga, a falar de coisas como o "respeito pela vida", pudemos ver hoje o jornalista da casa a falar sobre as "provas científicas da existência de deus" (sic), qualquer coisa que estará algures na lógica "o copo é uma invenção inteligente, mas não é a água mais inteligente que o copo?". Siderado fiquei, tal como os apresentadores da alegria da manhã, que remataram com um passatempo que implica gastar uns 70 cêntimos numa chamada e com sorte, se deus quiser, receber o dito calhamaço e as suas provas científicas em casa. Será que finalmente a Cientologia chegou a Portugal? Não houve tempo para esclarecer a dúvida, porque a seguir era altura de entrar a astróloga de serviço, Cristina Candeias, e como disse Sónia Araújo, apresentadora da alegre praça, "a astrologia também é uma ciência". Ora embrulhem sff.

Será isto o "jornalismo de causas"?

«Rádio Renascença defende "não" no referendo ao aborto»

Nós já sabíamos isto, mas é bom que a própria ponha as coisas em pratos limpos. A Renascença não está na campanha para informar, mas para apelar ao voto Não. Fica no entanto uma dúvida, terão os "jornalistas" da Emissora Católica legitimidade para no dia do referendo fazerem cobertura junto às urnas de voto? É que o artigo 133º da Lei Orgânica do Regime do Referendo diz «por propaganda entende-se também a exibição de símbolos (...) representativos de posições assumidas perante o referendo». No mínimo cubram os microfones.

Fetos de silicone

«It was an extraordinary picture of an unborn baby elephant from inside its mother's womb, making front page news in London and around the world. Except it wasn't real - it was a model.»
Foram vários os jornais portugueses a cair no logro, aguardam-se os desmentidos e recomenda-se cuidadinho no uso de "fotos" de fetos humanos.

quarta-feira, novembro 29, 2006

11 de Fevereiro


O senhor Silva decidiu, está decidido. Marquem lá na agenda, calha a um domingo, uma semana antes do gordo. O que dá tempo para se recensearem, se ainda não o fizeram. Ah, e depois vê lá se não usas o teu voto para perseguir outras pessoas em função das suas escolhas: vota Sim!

Investigadores querem criar arquivo da web portuguesa

Ideia muito louvável. O esboço mora aqui. E a utilidade de tudo isto constata-se facilmente. Lembram-se da eleição presidencial? Os candidatos todos tinham site, Cavaco, Soares, Jerónimo e Louçã. Se tentarem seguir os links verão que nenhum deles funciona mais, e a eleição foi ainda este ano. Passada a euforia da campanha não sobra vontade para manter sites cujo alojamento custa dinheiro. Só restam os blogs de apoio, cujo alojamento é gratuito - paga o Google. Mas a campanha oficial online, foi-se.

Ou melhor, quase isso. É que havia outro candidato. Alegre mantém-se alegremente online, e actualizado! Da pior maneira, acrescente-se. Mas até a jotinha oficial resiste. Oh doce vaidade... Aliás, os domínios alegristas não só resistem, como se expandem, vejam o Movimento de Intervenção e Cidadania. E se perceberem para que serve, nomeadamente o que vai fazer face ao referendo que aí vem, digam-me se fazem favor, obrigado.

E por falar nisso, novos domínios erguem-se na internet: MédicosPelaEscolha.pt [via]. Sejam pois bem vindos, outros que vos acompanhem, e vejam lá se resistem mais tempo que os presidenciais candidatos. O tempo suficiente, ao menos, para serem arquivados na Tomba.

terça-feira, novembro 28, 2006

É a crise, é a crise!

«Um milhão de euros é quanto a Metro [do Porto] gasta, anualmente, para suportar as remunerações e as regalias da Administração. (...) No relatório, indica-se que os autarcas recebem 3250 euros de vencimento base. Valentim Loureiro e Narciso Miranda utilizam, ainda, cartões de crédito da empresa com um plafond anual de 14,9 mil euros.»

«Nos primeiros nove meses do ano, a CGD registou um resultado líquido de 555,2 milhões de euros, o que se traduziu num acréscimo de 32% em relação ao mesmo período de 2005. A margem financeira cresceu 13,7%, enquanto as comissões aumentaram quase 30%.»

«Despenalizar é aceitar o crime", diz um cartaz amarelo empunhado por uma rapariga. "Não à interrupção voluntária da vida", lê-se noutra folha de cartolina, esta azul e exibida por um rapaz. Uma e outro, ambos em frente do Presidente da República e do bispo de Coimbra, que abençoa a ponte pedonal, sobre o Mondego, acabada de inaugurar, ontem ao final da tarde, com a presença de muita gente.» [Custo da bênção não revelado.]

Os 100 homoeróticos mais célebres do Brasil

Lista elaborada pelo antropólogo Luiz Mott, e que começa por algumas vítimas da inquisição portuguesa, degredadas para o Brasil, e inclui ainda António Botto (que viveu no Rio de Janeiro) e o rei D. João VI, príncipe do Brasil. Só falta o próprio Mott. Seria interessante ver uma lista equivalente por cá. Via coluna gay do Folha Online, que começa com a notícia: «Gays antenados invadem Second Life», a nova face do cybersexo.

sábado, novembro 25, 2006

Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres


Anúncio da Fédération Nationale Solidarité Femmes, descoberto no sempre excelente Houtlust. «Um homem que maltrata a mulher, ensina a violência às crianças. Em França, 4 milhões de crianças são testemunhas de violência conjugal.»

Contradições chilenas

«Un bebé de sexo masculino, en cuyo vientre se alojaba un feto que, según los médicos, "llegó a tener vida", nació Temuco, en el sur de Chile, informaron hoy fuentes médicas. El nacimiento se produjo hace una semana en una clínica privada de Temuco, a 672 kilómetros de Santiago, y el feto fue extirpado el pasado lunes del bebé, que se encuentra bien. Según los médicos, este hecho, denominado "fetus in fetus", se produce rara vez y se debe a un error genético durante la fecundación del óvulo, que, al dividirse en dos células, no tuvo la segmentación adecuada, por lo que un embrión absorbió al otro. El feto extraído, de 10 centímetros de longitud, tenía extremidades y la espina dorsal parcialmente desarrollada, pero carecía de cabeza, por lo que no podía sobrevivir, según los médicos.»
Desconhece-se qualquer oposição pública ao procedimento médico, nem mesmo da igreja católica. Agora imaginem se em vez do feto sem cabeça estar no ventre de um bebé do sexo masculino, estivesse no de uma mulher adulta? Acham que se manteria a não-polémica? Que se falaria em "feto extirpado"? A resposta é um claríssimo Não. Até porque a lei chilena proíbe esses abortos (já não se falaria em "extirpamento"), sim, mesmo que a vida da mulher esteja em risco, mesmo que o feto não tenha cabeça (logo sem hipóteses de sobrevivência pós-parto). E para mudar esta lei absolutamente desumana, muitos esforços terá Bachelet que despender para combater a influência nefasta do clero católico no seu país. Mas este bebé teve sorte, do sexo masculino e obviamente virgem, não houve quem protestasse.

sexta-feira, novembro 24, 2006

PS, PSD e CDS defendem ilegalização do PNR

É pelo menos o que deduzo da votação de ontem no parlamento em relação a um voto de protesto contra a ilegalização da juventude comunista checa (KSM).
«O PCP condenou a dissolução da União de Jovens Comunistas da República Checa (KSM) pelo Ministério do Interior da República Checa, considerando que está em causa "a ilegalização de uma ideologia e a criminalização de um pensamento político", críticas partilhadas pelo BE e Verdes.

Luís Campos Ferreira, do PSD, foi o mais violento nas críticas, salientando que "os países devem ter o direito de se defender e evitar que os seus inimigos aproveitem regras democráticas para os destruir". Mais "Não sabem que Portugal proíbe a ideologia fascista? O que vale para um lado, vale para o outro", disse o deputado social-democrata.
»
Eu concordo inteiramente com Luís Campos Ferreira, o que vale para um lado, tem que valer para o outro. E sempre entendi que partidos que defendem genocídios devem ser extintos. Duvido que seja esse o caso da KSM, mas quando encontramos entre os membros mais prominentes do tal partido português pessoas com cadastro relativo a um homicídio racista, perde-se qualquer dúvida. Estão à espera de quê para passar à acção meus senhores? A vossa posição de princípio já percebemos qual é, agora façam qualquer coisinha, que de boas intenções está o inferno cheio... Não deixem para amanhã, o que podem fazer hoje sem grande escândalo.

A criminalização como via para a redução do número de abortos

O Não-blogosférico parece uma daquelas bolinhas de neve que começa a descer a montanha e se transforma numa avalanche. Não o digo por algum aumento exponencial do número de blogs, mas apenas da radicalização. Veja-se como exemplo um post intitulado "Suprema Lata" do Blogue do Não (bloguedonao.blogspot.com) onde se ataca José Sócrates por participar em Dezembro no lançamento de uma campanha internacional em favor dos direitos da criança!!!

Não será difícil explicar a indignação desta gente, afinal se uma só célula é para eles já uma criança, qualquer puto de 5 anos, ou 5 anos e 9 meses seguindo a peculiar matemática pró-prisão, já será adulto o suficiente para trabalhar, e com o mínimo de direitos, que a regra é sempre, pelo embrião tudo, pelo trabalhador, pela mulher, etc, nada.

Mas a hipocrisia maior dos pró-prisão está precisamente no facto de nunca serem claros e objectivos nos seus propósitos, que aliás, não serão comuns entre todos os que militam nessa barricada. Vemos desde gente que defende a suspensão dos julgamentos a gente que defende a criminalização de todos os tipos de aborto. O que nunca vemos é pessoas a defenderem estratégias de criminalização que conduzam efectivamente a uma redução do número de abortos.

É que a criminalização que conhecemos já sabemos que não serve, apenas estimula o aborto clandestino. A mulher rica aborta na clínica de luxo, a mulher classe média aborta em Espanha, e a mulher pobre aborta como calhar, sendo que algumas têm o azar de ir parar ao tribunal e muitas à urgência hospitalar.

Mas existem medidas que poderiam fazer com que a criminalização funcionasse efectivamente como política anti-aborto, em não se querendo apostar nas estratégias que se revelaram eficazes nos países civilizados (educação sexual nas escolas, acesso facilitado a meios contraceptivos, etc etc etc). Bastaria que os pró-prisão fossem um pouco menos hipócritas, desistissem de tentar passar um arzinho teresa de calcutá, e passassem a defender por exemplo isto:
1) Proibição de saída do país às mulheres em idade fértil sem um atestado de não gravidez. As grávidas não poderiam sair, para não fazerem um aborto voluntário e dizerem que foi involuntário no regresso.

2) Criação duma linha e site de denúncia de gravidezes não registadas (ou suspeitas de), já que para melhor garantir a aplicação de penas às criminosas, todas as gravidezes deveriam ser tornadas públicas, e todos os cidadãos passariam a estar obrigados à protecção do embrião, vulgo "criancinha".

3) Para evitar equívocos, e a vigilância ser mais apertada, toda a mulher grávida seria obrigada ao uso de uma pulseira (ou será melhor uma braçadeira?) identificativa. No caso de um aborto involuntário, a mesma seria substituída por uma negra em sinal de luto. Os funerais das "crianças não nascidas" deveriam ter a mesma pompa, ou mais, que os outros, pelo que se trataria de rever a concordata com o Vaticano, para que a igreja possibilitasse isso mesmo, em vez de os mandar para o limbo, como faz hoje.

4) Os casos de aborto involuntário teriam que ser exaustivamente investigados. Não tomar as vitaminas todas seria considerado equivalente aos maus tratos físicos às "crianças já nascidas".

5) As mulheres passariam a ter o direito de fumar só depois da menopausa. Antes disso passaria a ser crime, punido com prisão no caso das grávidas, e internamento hospitalar nas "ainda não grávidas". Pois o tabaco afecta terrivelmente a fertilidade feminina, ou seja, incluindo a "criança não nascida e não fertilizada", vulgo, óvulo.

6) Nas escolas seria criada a cadeira de Educação para a vigilância na gravidez. Onde os miúdos desde cedo aprenderiam como melhor tratar as "crianças não nascidas" e quais os sinais que podem indiciar uma gravidez, para que também os mais novos, ou melhor, os algo novos mas já nascidos, pudessem participar do plano de denúncia e publicação das gravidezes. O lema seria, "O útero é de todos, tudo pela defesa do útero" ou então "No teu útero manda a pátria".
Enquanto os que defendem a criminalização como via para a redução dos abortos não defenderem estas, ou medidas equivalentes, continuarei a não acreditar que o que os preocupa seja efectivamente a vida da "criança não nascida". E depois do post indicado no início deste, já deu para perceber que a "criança já nascida" também não lhes merece grande preocupação...

quarta-feira, novembro 22, 2006

Amar não é crime

E foder de forma consentida entre adultos também não tem porque sê-lo. É tão só isso o que exige esta petição. Que felizmente, e ao contrário do que antevi, até teve algum destaque na imprensa. Mais do que a elementar justiça do que é exigido, contribuíram as assinaturas de gente como Saramago, Paula Teixeira da Cruz ou Alexandre Quintanilha. Bem hajam, assina tu também, é aqui. Se querem saber mais sobre a actual criminalização do sexo homossexual no mundo a Wikipédia é um bom ponto de partida.

PS: Boa nova de Singapura, o sexo anal foi descriminalizado. Mas atenção, só na sua vertente heterossexual. Assegura o ministro do interior local que a sociedade ainda não está preparada para aceitar a homossexualidade, e que mesmo que já veja com bons olhos a penetração anal de uma mulher por um homem, sente verdadeiro horror pelo mesmo acto se praticado por dois homens. Escusado será dizer que esta descriminalização é igual ao litro, já que nunca os casais heterossexuais do micro-estado asiático foram perseguidos por se pressupor que fossem fãs do referido acto sexual, ao contrário dos casais homo, já por diversas vezes perseguidos e proibidos de marcharem publicamente ou organizarem-se politicamente, tudo ao abrigo do tal artigo sobre sexo anal...

La vida es una tómbola


Mantendo o ritmo, para a semana querem-no em Junho.

Cursinho para quem quer ser voz activa na campanha do referendo

Digo "cursinho" de forma carinhosa, e também por ser apenas uma tarde, ah, e sem propinazinha, o que é sempre bom. É em Coimbra já no próximo Sábado, e para aprender deve-se estar sempre pronto e nunca é demais. Depois será certamente muito mais fácil mobilizar amigos, familiares e conhecidos para a luta pela liberdade e dignidade para as mulheres que será marcada em cada voto Sim.

terça-feira, novembro 21, 2006

O bonzão que embala o papa

Monsenhor Georg Gänswein, também conhecido por Don Giorgio, nome de bonzão, é o secretário pessoal de Bento 16, o chefe máximo da igreja católica apostólica romana. O Bentinho sabe-a toda, ora vejam:
Isto não é um secretário pessoal, é um autêntico pajem, pau para toda a obra. Já nos 50, Georg está em excelente forma física, muito graças ao ténis, o seu desporto favorito. O seu bom ar tem feito suspirar muita gente por onde passa, tendo a imprensa italiana feito justas comparações a George Clooney ou Hugh Grant. E o The Guardian chamou-lhe o "poster boy do conservadorismo católico".
Mas Don Giorgio não está livre de inimigos. Ser vítima de invejas várias é de resto mais do que previsível quando se acumulam os estatutos de favorito do papa e de par de pernas mais fodível do Vaticano e arredores. No Verão passado, Joseph e Georg foram passar uns dias de férias a Valle d'Aosta, nos Alpes italianos, e Bento surgiu em público, depois de uma caminhada alpina, com um boné Nike, uns óculos de sol Serengeti e um relógio Cartier. Logo surgiram críticas de que tudo isto era obra de Gänswein, era nitidamente o seu estilo, e estava a transformar Bento numa fashion victim.

Quando por estes dias se tem discutido em Itália a múltiplas sátiras que têm sido feitas ao casal, Don Giorgio foi dos primeiros a vir a terreiro defender a sua dama. O cauteloso The New York Times escreveu: «Perhaps it is his good looks, or his work in the ever-so-serious Vatican, but for whatever reason, Msgr. Georg Gänswein, Pope Benedict XVI’s secretary, has suddenly found himself the butt of jokes in the Italian news media.» [Talvez seja pela sua boa aparência, ou pelo seu trabalho no sempre tão sério Vaticano, mas seja qual for a razão, Monsenhor Georg Gänswein, secretário do Papa Bento XVI, viu-se subitamente no lugar de bobo da corte da comunicação social italiana.]

"Whatever reason"? Come on girls, já passamos essa fase, já subimos de nível. A dúvida é, entre lençóis como se tratam suas santidades? Papa Bento e Monsenhor, ou simplesmente Georg e Joseph? Oh sim, eu sei, o Ratzinger é mais feio que um terramoto e é difícil imagina-lo com um bonzão como Gänswein, mas não é só a beleza exterior que conta, não sabiam? O poder torna qualquer um sexy. Logo o Bento é completamente podre, também nesse sentido, nham, nham.

Adenda You Tube: É claro que o site de vídeos mais popular do planeta conta já com vários registos interessantes. A não perder: "O George Clooney do Vaticano" (pequena reportagem da tv alemã); a declaração de amor de Luciana Littizetto a Georg (uma apresentadora de tv italiana); excertos do passeio romântico em Valle d'Aosta e last, but not least, o hilariante diálogo entre a ex-primeira dama italiana e Bento, em que esta se confessa impressionada pelo seu secretário e Bento, não sem uma boa dose de levemente irritada condescendência, lhe explica como se pronuncia o seu nome, ouvindo ainda as desculpas de Ciampi pelo comportamento da esposa - é de ir às lágrimas, sobretudo porque o próprio Bento se refere a ele como Giorgio, corrigindo depois para Georg.

Casamento: uma boa e uma má notícia

Comecemos pela má. O governador do Massachusetts Mitt Romney está de saída, já que nas recentes eleições estaduais (a que ele não concorreu) saiu vencedor o democrata Deval L. Patrick, o primeiro governador negro do estado. Mas quer aproveitar os seus últimos dias à frente do único estado americano que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo para combater isso mesmo. Apesar de já várias sondagens terem mostrado que a aceitação desta lei é maioritária entre os eleitores de Massachusetts, e tem crescido desde a sua aplicação, Romney vem agora exigir um referendo. As verdadeiras razões para este estardalhaço fora de horas poderão estar nas pretensões de Mitt em ser escolhido para candidato republicano às próximas presidenciais americanas, coisa que ficaria comprometida vindo ele de um dos mais liberais estados do país, e tendo feito tão pouco, até agora, para combater uma lei odiada pela maioria do seu partido a nível nacional. Homofobia alimentada por ambições pessoais, pois então.

A boa vem de Israel. Depois dos múltiplos incidentes com as manifestações do orgulho LGBT em Jerusalém, surge a notícia de que o Alto Tribunal de Justiça ordenou que os 5 casais homossexuais israelitas casados em Toronto, no Canadá, poderão registar o seu casamento em Israel. Esta decisão escancara as portas da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo naquele país, coisa que a acontecer seria pioneira no continente asiático. Mas claro que os sectores conservadores da sociedade israelita estão já de pêlo eriçado, e há já quem diga que é o fim do estado judeu e a restauração de Sodoma e Gomorra. Pois seja.

Já tens o kit referendo?

A campanha já está a aquecer, vejam-se os sucessivos arrasos que a f. tem dado à malta pró-prisão (têm passado todos na caixinha dos "posts a não perder", tal como vários outros excelentes posts pró-escolha, nomeadamente os da Palmira F. da Silva). Por isso é uma boa altura para ver se já tens o teu "kit referendo" pronto. Aliás, poderá já ser tarde para tratar da peça fundamental, o cartão de eleitor. É que como lembra este panfleto do Bloco, para se poder votar tem que se estar recenseado 60 dias antes do dia do referendo, que poderá ser já em Janeiro. Mas a data ainda não está marcada, pelo que podes e deves avisar por e-mail ou SMS os teus amigos que possam ainda não ter tratado do seu recenseamento: às juntas de freguesia, em massa e em passo de corrida! E-mail que também é excelente para ir partilhando com os amigos, sobretudo os indecisos, os melhores textos pró-escolha que vão sendo publicados na blogosfera ou noutro sítio qualquer. O SMS é a melhor ferramenta para lembrar o dever de votar quando se chegar ao dia para isso mesmo. Pelo meio há ainda o Natal, e este ano nada mais oportuno que oferecer presentes que relembrem a importância do que está em causa neste referendo, dizem-me que "If These Walls Could Talk" é capaz de ser o DVD perfeito para isso mesmo. "Vera Drake" também será uma óptima escolha.

Beijos e Abraços

E insultos. E manipulações. E descobertas inesperadas na vida de dois casais, um gay e um lésbico. Luís Assis, encenador da peça e assumidamente gay, encarna Alberto, amante de Ricardo (Paulo Diegues), e é com eles que a peça abre. Mais tarde conhecemos Ângela (Maria Camões) e Diana (Cláudia Andrade) e logo depois começamos a perceber a teia de relações que estas personagens estabelecem, observando o evoluir dos acontecimentos, as dúvidas, os medos, as agressões.

A linguagem é forte, porventura demasiado gráfica em alguns momentos, mas sempre credível e talvez até necessária para nunca deixar o espectador descansado. Pretende-se um choque, um atribular dos pensamentos e das opiniões, um incómodo que se transforme num questionamento das ideias aceites. Se o coração é fraco ou os ouvidos pudicos, fique em casa. Ou melhor, saia de casa e vá ver, vá pensar. Com palavras doces ou amargas, violência aberta ou pressão constante, o que vemos desenrolar naquele palco vestido apenas com o essencial é algo que se passa em todas as relações. São conflitos, invejas, compromissos, arrependimentos. Em alguns momentos lembramo-nos que estamos a assistir a uma peça, mas noutros, pela carga do texto e pelos corpos dos actores, várias vezes completamente despidos, estamos também nós no palco. Não será de estranhar o misto de revolta e de excitação que nos proporcionam algumas cenas.

A peça dirá certamente mais a quem é gay ou conhece de perto o “mundo gay”, há referências óbvias ou subtis e opõem-se filosofias que já toda a gente discutiu, sem respostas fáceis. No entanto nada disto exclui qualquer tipo de público, é apenas mais uma faceta deste espectáculo, o segundo numa “Sex Shop Trilogy” da autoria de Luís Assis e produzido pela Cassefaz. O primeiro espectáculo foi “Gay Solo”, uma comédia que esteve em cena durante Agosto e Setembro do ano passado. O terceiro, com o título provisório de “Castidade”, tem data prevista para 2008.

“Beijos e Abraços” está em cena no Teatro da Comuna, em Lisboa, até 17 de Dezembro.

domingo, novembro 19, 2006

Gay Donor or Gay Dad?

Imperdível a reportagem de hoje da The New York Times Magazine, sobre a paternidade dos homens homossexuais que doam esperma a casais de lésbicas (de forma não-anónima). Vários "casos reais" ilustram a peça, que assim se torna especialmente valiosa para quem pensa começar desta forma uma família. Um conselho salta à vista depois desta leitura, mesmo não tendo validade legal no nosso país, não há nada como acordar tudo por escrito antes da gravidez.

Relembro que a lei portuguesa da procriação medicamente assistida é mais retrógrada que a lei da adopção, prevendo que apenas casais heterossexuais casados pela igreja católica (ah não esperem, não é assim tão fascista, acho que também vale o casamento civil) possam recorrer a estas técnicas, pelo que resta às restantes futuras-famílias procurar outros meios para se criarem. A internet é um deles, e esta pode ser uma boa porta.

sábado, novembro 18, 2006

Choque tecnológico

Do que não fala a imprensa

aqui me tinha queixado do pouco que se falou na imprensa portuguesa sobre a criminalização total do aborto na Nicarágua, entre outros temas. Lanço agora nova lista de assuntos tabu da comunicação social portuguesa:

1) Legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo na África do Sul. Vários motivos pelos quais o assunto devia ter despertado a atenção da imprensa portuguesa. A África do Sul tem das maiores comunidades portuguesas a residir fora do país, foi a primeira república em todo o mundo a avançar com esta lei, o primeiro país africano, e como lembra a ILGA Portugal:
«A decisão do Tribunal Constitucional da África do Sul tem um eco particular no caso português. De acordo com o Tribunal, a anterior definição legal de casamento era "incompatível com a Constituição e não válida na medida em que não permite aos casais do mesmo sexo beneficiarem do estatuto e das vantagens, bem como das responsabilidades, que atribui aos casais heterossexuais". A Associação ILGA Portugal chama a atenção para o facto de existir a mesma proibição explícita da discriminação com base na orientação sexual nas Constituições da República Sul-Africana e da República Portuguesa. Portugal é, aliás, o único país da Europa cuja Constituição inclui essa proibição explícita.»
E tal como aconteceu na África do Sul, também nos tribunais portugueses anda um processo que procura esta medida. Teresa e Lena, lembram-se?

2) Por falar em ILGA, os prémios arco-íris 2006 (fotos e discursos no link) foram simplesmente ignorados pela imprensa nacional. Valha Espanha, a agência EFE noticiou, e os ditos foram notícia da Tribuna de Salamanca ao El Mundo.

3) Esta é por antecipação. Está a ser lançada agora uma petição mundial pela descriminalização da homossexualidade em todo o globo (lembro que continua a ser crime o sexo consentido entre adultos do mesmo sexo em boa parte da Terra, sobretudo em África e Ásia, mas também em países como a Nicarágua ou a Guiana, e é punido com pena de morte em 9 destes países). A petição já conta com assinaturas sonantes como a do sul-africano Desmond Tutu ou a austríaca Elfriede Jelinek, ambos laureados com o prémio Nobel (paz e literatura respectivamente). Uma lista provisória pode ser lida aqui, já lá têm dois nomes portugueses, mas há mais. Será que nisto a imprensa pega? Mais informações sobre como vão ser recolhidas as assinaturas em Portugal em breve, quanto mais não seja, no renas.

Em que vota quem vota Não?

«Assim, o que vamos decidir nas mesas de voto é o modelo de sociedade que queremos seja a nossa, isto é, o que vamos referendar é apenas se queremos a talibanização de Portugal!

Ninguém pense que
se os pró-prisão vencerem o referendo a Igreja se contenta com tão pouco! O referendo é um teste que se ultrapassado será apenas o primeiro passo para a regressão civilizacional ao totalitarismo católico medieval por que o Vaticano tanto almeja!»
É que não duvidem disto. Basta ver aliás a mais recente campanha de envio de e-mails promovida pela associação ultra-católica e ultra-conservadora HazteOir.org de Espanha: parabéns aos deputados da Nicarágua que legislaram a criminalização de todos os tipos de aborto, incluindo quando está em causa a vida da mulher e mesmo se o feto está morto. Note-se que os movimentos pró-vida portugueses têm estreitas ligações a este grupo (participaram até da célebre manif anti-casamento entre pessoas do mesmo sexo no ano passado em Madrid), e se oficialmente não assumem que é isto que pretendem, não é difícil perceber que é exactamente uma lei à Nicarágua que desejam para nosso o país. Que ninguém se iluda com sondagens (iguais às de 98 aliás), uma segunda vitória do Não abrirá caminho para a talibanização de Portugal.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Concurso europeu de anúncios televisivos sobre prevenção do HIV

Termina já dia 30 e a decisão cabe aos internautas que visitem o site (exclusivamente em inglês) que a Comissão Europeia promove. Há anúncios de todo o continente, entre o muito mau e o muito bom, entre o homofóbico e o gay-friendly (expressão que também ainda não temos em português). Via Chuza!.

Vomitem à vontade

Repete no domingo. O site do provedor do telespectador da RTP é este.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Já basta a do filme!

Pois é, uma coisa são as mães solteiras engravidadas pelo espírito santo nas estórias da carochinha, outra coisa são as mães solteiras de carne e osso, as malditas! A opinião não é minha, claro, mas da Santíssima Sé.

Keisha Castle-Hughes, de 16 anos, é uma das actrizes do primeiro filme a merecer a honra de estrear no bonito estado do Vaticano, "The Nativity Story". E apesar de representar o papel de Maria, um papel que não seria nada sem a intervenção do espírito santo, claro, mas que ainda assim merece alguma importância na trama cinematografada, não está entre os cerca de 7000 convidados à estreia. É que Keisha, solteira, está grávida. É o chamado "apoio à maternidade" que a igreja tanto apregoa. E a rapariga que não ouse abortar com o desgosto de não poder assistir ao seu filme entre padralhada vária. É que assim além de puta, virava assassina, aos olhos, claro, da puríssima igreja, que deus a guarde.

terça-feira, novembro 14, 2006

África do Sul legaliza casamento entre pessoas do mesmo sexo

Estava a custar, mas sempre foi. :) A África do Sul junta-se assim aos Países Baixos, Bélgica, Canadá, Espanha e ainda ao estado do Massachusetts (nos EUA).

Aborto no YouTube


Estava eu a ver este maravilhoso vídeo no You Tube, uma das mortes mais geniais de sempre da série Six Feet Under (só falta a parte inicial, em que se percebe que as bonecas estavam a ser transportadas para a cerimónia de entrega dos "oscars da pornografia"). Quando me lembrei de procurar por "aborto" no site de vídeos. Nem é preciso abrir os resultados para se perceber o quão maus são. Ainda por cima "aborto" é uma palavra comum ao espanhol, arrastando assim a propaganda pró-prisão mais fanática de toda a América Latina. Bom tudo isto para lançar a ideia de que é urgente youtubar os vídeos dos tempos de antena pró-escolha da campanha de 98, para tentar equilibrar um pouco as coisas. Quem é que os tem?

PS
: Também era giro começar a pensar em estratégias de campanha para o Second Life, mas suponho que o conceito ainda não esteja suficientemente popularizado em Portugal, para valer a pena o esforço...

segunda-feira, novembro 13, 2006

Limitou-se a obedecer a "sua santidade"

O sacerdote católico espanhol Rafael Sanz Nieto foi condenado a 2 anos de prisão por abusos sexuais continuados a um rapaz de 12 anos. O arcebispado de Madrid, nomeadamente o cardeal Antonio María Rouco Varela (rosto visível da luta clerical contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo em Espanha) soube do caso antes da polícia, e a única coisa que fez foi transferir o abusador para um convento. Seguindo então a carta de recomendações escrita por Ratzinger ainda antes de ser papa. O arcebispado de Madrid terá agora que pagar 30.000 de indemnização como "responsable civil subsidiario".

Twee Vaders (legendado em português)


Já perdi a conta ao número de posts e e-mails que vi com esta bela canção cantada em neerlandês (nem com a Eurovisão se deve ter cantarolado tanto neste idioma em Portugal). Mas só agora dei conta que já existe uma versão do vídeo com legendas em português no You Tube. Ei-la. Por falar em línguas e You Tube, é vergonhoso não só que este continue a funcionar exclusivamente em inglês, mas pior, só reconheça 6 idiomas possíveis na hora de classificar os vídeos - portuguese not included. Razão pela qual os vídeos lusófonos sejam em geral listados como sendo em inglês ou espanhol. É certo que o site tem vindo a sofrer várias alterações positivas desde que comprado pelo Google, mas não custa nada dar uma forcinha e queixarmo-nos directamente.

Morais

A nossa sorte é o Papa estar sempre atento e pronto a condenar estes acontecimentos.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Sem a benção do Vaticano

Aprovadas as uniões civis para casais homossexuais na maior cidade católica do mundo, a Cidade do México. E no Massachussetts, o segundo estado americano com maior percentagem de católicos, o casamento entre pessoas do mesmo sexo está seguro, depois de rejeitado novo ataque político.

Com a benção do Vaticano

Ou de como a "moderação" promove o integrismo católico

«Um grupo de 31 deputados do PSD e do CDS-PP entregam hoje, no Tribunal Constitucional, um pedido de fiscalização sucessiva da constitucionalidade da lei da procriação medicamente assistida (PMA), por considerarem que há disposições que violam a lei fundamental (...) Teresa Venda e Rosário Carneiro, do Movimento Humanismo e Democracia, eleitas deputadas nas listas do PS também deverão subscrever o pedido, que já excedeu largamento as 23 assinaturas, equivalentes a 10 por cento do total dos parlamentares, exigidas para o efeito.»
A lei da PMA é uma absoluta vergonha. É mais retrógrada que a lei aprovada em Espanha nos anos 80, só para dar um exemplo. Se o Bloco de Esquerda fosse o que diz ser, seria este partido a promover a fiscalização da constitucionalidade de uma lei de machismo e homofobia bastante explícitos. Mas não.

Aliás, o Bloco, o PCP, os Verdes, e claro, o PS, todos cantaram pela bitola da moderação, que era preciso "evitar radicalismos", tudo a seu tempo, bla bla bla, aprovando assim uma lei que nos mantém seguros na cauda europeia dos direitos reprodutivos. Tudo isto seria para sossegar os católicos. (Exactamente a mesma desculpa usada agora para se evitarem discursos emancipatórios na campanha do referendo à IVG, apostando tudo na coitadinhização).

Está visto que não resultou. Apostar na cobardia política e na discriminação teve como único efeito dar espaço ao extremismo católico. Que não se contenta em ver-nos na cauda da Europa, quer-nos igual à Nicarágua. E não há pingo de vergonha mesmo. Até a brigada das cruzes do PS se junta ao forrobodó fundamentalista. Venda e Carneiro, as duas integristas católicas que por obscurantíssimos motivos são sempre enfiadas nas listas do PS em lugar elegível, mostram uma vez mais para que servem.

O delírio vai ao ponto de Isilda Pegado andar ainda a promover um referendo à lei da PMA, porque afinal os espermatozóides também devem ter alminha, e que se lixe o défice, 'bora gastar milhões em abstenções mais que previsíveis. Sim, a mesma Pegado que recusou esclarecer na RTP a sua posição face às situações em que o aborto está despenalizado actualmente no país. Ainda há dúvidas?

Não sejas quadrado no voto

Tão franca, tão honesta, tão directa, tão simples, tão é mesmo isto, a campanha que o Governo Flamengo lançou para as eleições belgas de Outubro último. Clique na imagem para ampliar, o texto é mais ou menos isto em português: «Há muitos homens brancos de meia idade no seu concelho local e provincial. Muitos mais, proporcionalmente, do que aqueles que vivem no seu bairro. Porque não deveria haver mais espaço para outros tipos de pessoas? Um pouco mais de diversidade nos concelhos locais e provinciais significa que os assuntos são vistos de diferentes perspectivas. E isso pode conduzir a ideias refrescantes. Pense nisso, antes de votar no dia 8 de Outubro». Um cego, um negro e uma mulher são os 3 super-heróis da campanha. Mais um fantástico achado do Houtlust.

Together?



Este é o logotipo escolhido para celebrar os 50 anos da assinatura do Tratado de Roma, da autoria do polaco Szymon Skrzypczak. Várias críticas têm sido feitas ao design do dito, mas o que mais choca é o uso exclusivo do inglês. A Comissão prometeu desde logo a sua tradução para os restantes idiomas oficiais das União, mas o resultado nunca poderá ser famoso, basta pensar nas diferenças do número de letras, sem ir sequer à parte da acentuação não ser mera decoração na maioria das línguas. Mas este caso está longe de ser o primeiro. Neste blog do Libération é possível ver vários outros casos de propaganda europeia exclusivamente em inglês, e em plena Bruxelas. E navegando pelos vários sites da UE, começando pelo do concurso do logo (até no URL), se percebe que o inglês domina as instituições europeias. O caso do logotipo dos 50 anos torna-se mais grave pelo seu simbolismo, e pela difusão que terá por toda a União. É de prever que a seguir às queixas da ministra francesa dos assuntos europeus muitas outras se sigam. Ou será que só os franceses ainda resistem a um futuro anglófono para a UE? Or should I say EU?

E os sacanas dos europeístas, quando é que prendemos esses traidores?

quinta-feira, novembro 09, 2006

Era um murro destes se faz favor

Um site facílimo de usar e que vai registando o sentido de voto (progressista ou conservador) dos membros do senado e da casa dos representantes dos Estados Unidos - descoberto n'A Vila. A ideia é tão simples quanto poderosa. Bem sei que alguns deputados provavelmente ficariam aterrados perante a criação de algo deste tipo em Portugal, e rapidamente viriam as comparações a "listas negras" ou "polícia ideológica". Mas é precisamente este tipo de coisa que é perfeitamente legítimo fazer, e que aproxima e esclarece as pessoas sobre a política.

A contrário da vida amorosa dos políticos, coisa que tem estado muito na moda ultimamente na imprensa nacional. Mas, note-se, apenas em relação a vidas amorosas heterossexuais. Um curioso critério discriminatório que nos vai poupando a ler sobre os amores e desamores de uma série de políticos da praça de não pequena relevância.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Coisas que não merecem a condenação ou censura do Vaticano

No comments

«O Vaticano apelou hoje à anulação do desfile do Orgulho Gay previsto para sexta-feira em Jerusalém, para não ferir "os sentimentos de milhões de crentes judeus, muçulmanos e cristãos". Num comunicado divulgado esta tarde, o Vaticano afirma que recebeu "com amargura" a organização, em Jerusalém, de "uma dessas 'manifestações da soberba homossexual'".

O Vaticano "exprime a sua mais viva desaprovação de uma iniciativa que constituirá um grave afrontamento aos sentimentos de milhões de judeus, muçulmanos e cristãos", porque a cidade tem "um carácter sagrado" e "exige que a sua convicção seja respeitada".

Na nota, a Santa Sé sublinha ainda que "o direito à liberdade de expressão é submetida a justas limitações, em particular quando o exercício desse direito ofende os sentimentos dos crentes".»

Boas notícias

«What an incredible night! More than 200 pro-equality candidates have been elected and we now have a fair-minded majority in the U.S. House.»
E no Arizona uma emenda constitucional anti-casamento entre pessoas do mesmo sexo poderá ser pela primeira vez derrotada. Ah, e a limpeza parece que vai começar pelo Senado, Rick Santorum foi cilindrado na Pensilvânia. Entretanto no Massachusetts foi eleito o primeiro governador negro do estado, e apenas o segundo na história dos EUA, Deval Patrick (que até tem uma página em português). Muitos resultados por apurar, mas já há muitos motivos para celebrar.

terça-feira, novembro 07, 2006

A comunicação social e o aborto: 3 perguntas pertinentes

1) Não é só a Renascença, também a RTP gosta de ilustrar as apresentações das suas peças sobre o referendo à despenalização da IVG com imagens de fetos com mais de 10 semanas. Porquê? Mas o referendo não é sobre uma questão penal? Não é sobre se se punem ou não as mulheres que abortam até às 10 semanas? Cadê o martelinho de juiz ou as grades da cadeia que se vêem em qualquer outra apresentação de notícias sobre temas penais!?

2) Porque razão quase não se ouviu falar da reforma penal nicaraguana? Numa altura em que se discute a alteração da lei portuguesa parece-me elementar destacar-se isto. Será que o silêncio se vai manter face à Polónia? É que não deixa de ser engraçado que se passe a vida a ouvir falar "nos perigos da liberalização", quando a lei socialista continuará a ser das mais restritivas do continente europeu e quando os sinais de alterações mais recentes a nível global são extremamente preocupantes, e seguem o sentido apontado pelo Vaticano: criminalização até quando o aborto é justificado pela existência de risco de vida para a mulher.

3) Porque ninguém pergunta à Miss Vodka Laranja sobre a legitimidade de suspender os julgamentos a mulheres que abortam no caso do Não ganhar? É que a senhora anda por aí feita tresloucada a gritar aos quatro ventos que se podem travar os julgamentos mesmo que o Não vença, e eu não estou a ver como fazer isso sem desrespeitar por completo esse hipotético resultado. Ou a senhora é mesmo burra e acredita no que diz, apesar de ser óbvio que toda a restante frente criminalizadora vê com bons olhos uma alteração à la Nicarágua. Ou então a senhora mente intencionalmente, visando confundir o eleitorado, e naturalmente que deve ser confrontada com as suas incoerências.

Ainda numa de memórias televisivas

Lembram-se desta cara? Neil Patrick Harris era o protagonista de uma série de sucesso do início dos 90's, "Doogie Howser, M.D.", o médico adolescente (não me lembro do nome em português). Continuou a fazer televisão, embora nunca com o êxito inicial, e recentemente começaram a surgir boatos na imprensa americana de que era homossexual. Surgiu então um desmentido, que afinal era falso:
«So, rather than ignore those who choose to publish their opinions without actually talking to me, I am happy to dispel any rumors or misconceptions and am quite proud to say that I am a very content gay man living my life to the fullest and feel most fortunate to be working with wonderful people in the business I love.»
Clap, clap!

Mais polémicas publicitárias da United Church of Canada

A The United Church of Canada é conhecida pela sua tolerância e abertura, bastante atípicas em igrejas cristãs, e também pelas suas polémicas publicidades - lembram-se do anúncio "Ejector" banido pelas tvs americanas? Agora lançou uma nova campanha, em várias frentes (TV, jornais, internet), que lança várias perguntas ousadas (para a maioria da cristandade), tem até um esquilo com nome de rapper, E-Z, que responde a perguntas fáceis, incluindo sobre homossexualidade, o esquilo responde sem hesitações. Tudo isto para promover um site de discussão religiosa, o wondercafe.ca. Ateísmos meus à parte, quando é que esses católicos muito modernitos que povoam este país, se tornam efectivamente modernitos e importam uma filial desta igreja? De modernismos inconsequentes está o inferno cheio, ou melhor, o Vaticano.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Vi um anúncio da Planeta Agustini e deu-me para isto


Do "Bana e Flapi" não achei nada... Mas deve ter sido isto que safou a "geração rasca".

PS
: E o Bocas, claro!

PPS: E o Dartacão! O Vicky não encontrei em português. Mas dei ainda com este curioso vídeo dos "Amigos do Gaspar", com um guarda "de cócoras" a "espantar a bicharada"! LOL

O blog agora está na caixinha

Falta de tempo e alguma preguiça têm feito com que o blog seja actualizado menos vezes, e sobretudo passe ao lado de assuntos altamente blogáveis como todo o caso Ted Haggard, influente líder evangélico norte-americano, casado e pai de 5 rebentos, conselheiro da Casa Branca, machista, pró-prisão, anti-evolucionismo, anti-casamento gay, ah, e claro, grande connoisseur da prostituição masculina. Mas é também para suprir estas falhas que está na barra lateral a caixinha dos "posts a não perder". E é também esse um dos motivos para a preguiça reinante por aqui, para quê escrever se outros o já fizeram tão bem? Para os mais desatentos fica então a dica, atenção à caixinha, que em geral é refrescada 2 ou 3 vezes ao dia.

sábado, novembro 04, 2006

Procuram-se famílias de acolhimento em Viena

A capital austríaca tem falta de famílias de acolhimento, e várias das crianças "por acolher" acabam por ser enviadas para outras cidades. Vai daí foi lançada uma campanha publicitária a chamar a atenção para o problema, e nenhum modelo familiar foi deixado de fora como se vê pelo cartaz no topo do post.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Nobel do Arco-Íris

Já são conhecidos os laureados deste ano pela Associação ILGA Portugal, pelo seu contributo no combate à ignorância e preconceito:

- ‘Aqui não há quem viva’, Teresa Guilherme Produções

- ‘Laramie’, Teatro Municipal Maria Matos (Diogo Infante, Direcção Artística)

- Luís Grave Rodrigues, Helena Paixão e Teresa Pires pela primeira tentativa de casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal

- São José Almeida, jornalista do Público

- Unidade de Missão para a Reforma Penal

Parabéns a tod@s!

A homofobia é tão gay (2)

quinta-feira, novembro 02, 2006

Sê um bom cristão e mata uma árvore hoje

Genial galeria de propaganda que podia muito bem ser real, encontrada pela Ana. E Portugal parece ser um dos países mais afortunados. Ámen.

A criminalização é pró-vida?

Quando é que começamos a chamar as pessoas defensoras da criminalização da IVG de pró-prisão? Que é efectivamente o que são. O Destak está a recolher comentários no seu blog para publicar na edição de amanhã. Lembrem-se que é possivelmente o jornal mais lido no país...