quinta-feira, maio 31, 2007

Polónia respira de alívio: Tinky Winky não faz com que rapazes polacos cantem em coro "I will survive"

Teletubbies, mais másculos que o que pensavam inicialmente as autoridades polacas.

Excepto se o assunto é casório gay

Da página de conselhos sobre investimentos imobiliários do Guardian. A parte do "quieter" é corroborada pelo ranking da pacificidade.

Para variar, serviço público

Variando também, dizer bem da RTP. Foi excelente a estreia do "Centro de Saúde" na passada Terça-feira, apresentado por Cláudia Borges e dedicado à situação da Sida no país. Muito muito bom e esclarecedor. O segundo programa será ainda sobre esta temática.

"O planeta agradece" apresentado por Diogo Infante (que também apresenta o excelente "Cuidado com a língua") é mais um óptimo programa dos vários dedicados ao ambiente pela RTP, "Biosfera" e o "Minuto Verde" são outros a ter em conta. É na informação temática ou especializada que o canal público se sai melhor e faz esquecer a desgraça da informação generalista.

Finalmente para celebrar o dia mundial da criança a RTP 2 decidiu avançar com uma programação especial sobre sexualidade dirigida ao público infantil. Os encarregados de educação são convidados a assistir hoje (23h30), para decidirem se querem recomendar aos filhos que vejam amanhã (20h30) uma animação dinamarquesa-canadiana a explicar como se fazem os bebés. O que não deixa de ser uma cedência à ideia de que a educação sexual não deve ser universal e obrigatória, ou seja, que um pai pode exigir ignorância para os seus filhos - não podia dizer só bem. Mas parece que mesmo com todas estas cautelas já andam por aí uns e-mails de origem na extrema-direita a pedir para protestarem junto do provedor a exibição do filme, pelo que podemos fazer exactamente o contrário, aqui.

Os directos do café

Mais patetices. Como se não bastasse o habitual destaque exagerado que a informação da TV pública dá à bola, hoje houve também direito a directos para perguntar a quem passa ou a quem tenta almoçar em sossego, "o que acha? [da venda de 2 jogadores]". Isto foi para aí ao minuto 7 do Jornal da Tarde. Um directo de um café do Porto e outro de Lisboa. Já não há gente a morrer em Bagdad?

O recuo nicotinodependente

Porque é que raio o governo o escolheu o dia mundial do não-fumador para anunciar que afinal as multas para quem fumar em local não permitido não vão ser tão altas como inicialmente anunciado? Qual é a ideia? Não era acabar com o fumo em local público fechado? Palermice pura, mas palermice que sai cara.

Quando Portugal é o país europeu com mais alta percentagem de gente favorável a uma lei firme (alta ao ponto de incluir uma grande percentagem de fumadores), não há desculpas para estes recuos e flexibilizações da lei. A acontecerem o único efeito será matar o propósito da lei (e não será este o único a morrer), tal qual aconteceu em Espanha, onde ninguém liga à dita. Lei flexível é a actual, a que temos desde sempre, os estabelecimentos são livres de proibir o fumo, os fumadores são livres de decidirem não fumar para cima dos outros. Mas o que se verifica é que a maior tolerância dos não-fumadores com o fumo, do que a dos fumadores com a possibilidade de não fumarem, gera uma omnipresença tabágica nos locais fechados. É por isso que o estado deve agir, e deve fazê-lo da única forma capaz de produzir os efeitos pretendidos, banindo o fumo dos locais públicos fechados. Tão simples quanto isto. Se o fazem na Suécia e seus Invernos gelados, em Portugal é ainda mais fácil, sem "mas" nem meio "mas".

PS: E para que fique claro o quão forte é a minha posição neste assunto (sim, eu sim, fascismo higienista etc e tal) adianto que (já que fiz uma declaração de voto na altura) se as eleições legislativas fossem hoje não votaria no Bloco de Esquerda, sendo as suas patetices em torno deste assunto uma das razões mais fortes para não o fazer. A luta pela saúde dos trabalhadores não pode ser hipotecada só porque colide com o cigarrinho dos deputados do Bloco.

Um país de desconfiados

Nem parece que foi aqui a cimeira das Lages

É capaz de ser o único ranking em que Portugal surge próximo dos países escandinavos, embora a Islândia esteja ausente. O ranking só não explica se a paz é podre, eu temo que sim. Aqui fica uma amostra seleccionada do dito:

1 - Noruega
2 - Nova Zelândia
3 - Dinamarca
4 - Irlanda
5 - Japão
6 - Finlândia
7 - Suécia
8 - Canadá
9 - Portugal
10 - Áustria
11 - Bélgica
12 - Alemanha

14 - Suíça





20 - Países Baixos
21 - Espanha



25 - Austrália







33 - Itália
34 - França









44 - Grécia



48 - Marrocos
49 - Reino Unido
50 - Moçambique








59 - Cuba
60 - China






















83 - Brasil
84 - Sérvia







92 - Turquia



96 - Estados Unidos












109 - Índia


112 - Angola





118 - Rússia


121 - Iraque

quarta-feira, maio 30, 2007

segunda-feira, maio 28, 2007

O Nobel da Paz para Peter Tatchtell sff

Peter Tatchell a ser preso pela polícia russa, ontem em Moscovo. Estava numa manifestação que visava entregar à câmara moscovita uma petição assinada por 50 eurodeputados a apelar à liberdade de manifestação na capital russa, nomeadamente para as organizações LGBT, já por várias vezes impedidas de marchar na cidade. A manifestação foi atacada por grupos neo-nazis e ultra-ortodoxos, situação que a polícia usou como pretexto para deter dezenas de manifestantes pela liberdade, incluindo eurodeputados. Entre os detidos estava Peter Tatchell, o activista britânico nascido na Austrália, que há décadas é um exemplo, quase alucinado, de manifestação pacífica pelos direitos humanos. É difícil concordar com todas as posições de Tatchell, e muito menos imitar-lhe o estilo de vida austero e arriscado, mas definitivamente este é o homem a laurear com o Nobel, a bem da credibilidade do próprio prémio. Vale a pena ler o perfil que o The Guardian lhe dedicou há uns tempos.

quinta-feira, maio 24, 2007

RTP Crime

Ligo a tv pública, RTP2, à espera de encontrar a informação mais relevante do dia no seu jornal de horário nobre, mas antes vejo um indivíduo, líder de um micropartido que tem feito manchetes à custa de detenções várias entre os seus membros por, entre outros crimes, tráfico de droga, de armas, de mulheres ou homicídios racistas, a ser prazeirosamente entrevistado por Alberta Marques Fernandes.

O pretexto é, what else?, as intercalares em Lisboa, esse assunto local que o centralismo doentio da nação eleva a "questão nacional". As respostas são contra o "poderoso lobby gay", "anormal, desviante" e por aí fora. A despedida, já com o "tempo excedido", é um "tive muito gosto em tê-lo cá". E esta merda toda foi paga com os teus impostos.

Escusam de vir com a estória dos "deveres de isenção" e "igualdade de tratamento para todos os partidos" a que a RTP estaria obrigada. Porque NUNCA na história da estação isso alguma vez foi passado à prática. NUNCA numa eleição nacional se viram entrevistas a todos os candidatos, humanistas, monárquicos, atlantistas, da terra, operários socialistas, etc etc etc, porquê então fazê-lo numa eleição de âmbito local? Onde para cúmulo os "candidatos de relevo" não são os 5 do costume (correspondendo às forças representadas no parlamento), mas 7, graças aos independentes, mais do que suficientes para ocuparem demasiado tempo e recursos por si só.

A RTP viola assim a constituição ao perpetuar e reforçar um favorecimento mediático desmesurado à capital do país, discriminando tudo o resto. E ao permitir discursos de ódio em função de orientação sexual, aliás, ao premia-los com "muito gosto". Não há vergonha, não há decência, não há pingo de consciência ou ética jornalística. É o forrobodó da estupidez. Os liberais não precisam de gastar mais latim comigo, estou convencido: privatize-se já aquela merda!

PS: É isto o famoso controlo do PS sobre a RTP? Livra!

PPS: Para quem não viu, saiba que das Neves sugeria hoje no Destak que se discutisse a recriminalização da homossexualidade. A RTP não perdeu tempo a apanhar a deixa. É a chamada "agenda nigeriana" a comandar a comunicação social ("agenda polaca" seria já um eufemismo).

Mais razões para preferir o comboio

«Depois, temos que nos lembrar que durante as obras numa auto-estrada, há trabalhadores a efectuar essas mesmas obras a poucos metros da passagem do trânsito, e ao retirarmos a necessidade de pagamento de portagens para essas vias estaríamos a expor aqueles trabalhadores, e indirectamente a contribuir para o aumento do fluxo do tráfego rodoviário junto às obras, com o consequente aumento do perigo de acidentes", começou por explicar o presidente do Conselho de Administração da Via Verde Portugal.»
Sim, até porque os automobilistas adoram autoestradas em obras. E desde quando é que a Brisa avisa os seus clientes de que a autoestrada está em obras antes destes entrarem nas mesmas?
«"Por outro lado - acrescentou -, é um facto que as portagens não sofrem qualquer decréscimo no seu valor durante as obras, mas estas são feitas para permitir maior qualidade de circulação na auto-estradas, e quando as obras ficam concluídas também não há aumentos das portagens para vias que, entretanto, passam a permitir melhores condições para os seus utilizadores".»
"Melhores condições"!?! Ou apenas as condições que era suposto uma autoestrada ter sempre?

Imaginem esta política ser aplicada a serviços como hotéis ou piscinas, p.ex. "A piscina está em obras, mas pode usar os chuveiros." "Paga o mesmo de sempre, mas hoje tem que dormir no corredor".

E o PS entendeu ser esta lógica justa, pelo que chumbou os projectos do BE e PCP, que visavam o óbvio, o que se vê lá fora, quando um serviço não pode ser fornecido nas condições em que é suposto reduz-se ou elimina-se o preço para o cliente. Elementar. Mas não por cá...

quarta-feira, maio 23, 2007

Multibanco

O sistema Multibanco é das poucas coisas que funciona bem neste país. É o melhor simplex que já tivemos. É aliás provavelmente a única coisa que funciona melhor neste país que em qualquer outro país europeu. Em alguns ainda se vêem caixas automáticas que parecem funcionar em ambiente DOS e as pessoas ficam incrédulas se lhes dizem que costumam pagar a conta da água ou comprar bilhetes de comboio nas caixas portuguesas... O Multibanco faz os seus utilizadores pouparem tempo e os bancos pouparem milhões. Todos ganhamos. Por isso é inadmissível qualquer nivelamento por baixo na qualidade do serviço e muito menos qualquer criação de "taxas", a bem de uma "uniformização europeia", como se lê no DN de hoje. Portanto os jornalistas que tratem de passar a limpo esta estória muito mal contada, e os utilizadores do serviço que tratem de ir pensando em reagir. Os salários nunca se lembram de uniformizar... apre!

O BES, pelo menos, não consegue

Se clicar na imagem verá que o nome no mapa tem um "n" a mais do que o da frase principal. A Wikipédia corrobora a primeira versão. E não consigo vislumbrar onde esteja a dificuldade de dizer Guaratinguetá. Pindamonhangaba era capaz de ser mais complicado, mas ao BES fica bem escolher uma "cidade abençoada". Curiosamente na versão ucraniana do anúncio, que se supõe fazer a mesma piada, o nome da cidade também não está escrito da mesma forma na frase e no mapa... Quem sabe sabe, e o BES não anda nem lá perto...

Contra-natura, mas pró-esperma

Cueca anti-radiação, ou pró-esperma, da ISA bodywear
«A marca espanhola Zara teve que pedir desculpa aos ultra-ortodoxos judeus por ter cometido aquilo que aquela comunidade considera um grave pecado, ao misturar algodão com linho num traje masculino, conhecido como "sh'tanz". Trata-se de uma mistura que está proibida pelo judaísmo, que a encara como um pecado contra a natureza, um "híbrido".»
Mas se calhar os judeus ultra-ortodoxos deviam reequacionar a sua política sobre os "híbridos vestuários". Não só porque natura natura é andar em pelota. Mas também porque isso os proibirá de usarem as novas cuecas anti-radiação dos telemóveis, inventadas por uma marca suíça e fabricadas em Portugal, que prometem proteger a qualidade do esperma de quem as vestir mesmo na presença dos "venenosos" telemóveis, mas cujo tecido, como se não bastasse ser uma mistura de lycra e algodão, inclui ainda fios metálicos. 29,90 francos suíços, à volta de 18 euros, é pouco quando se trata de garantir a continuação da linhagem, ainda que corrompida por uma nova tolerância às misturadas anti-natura. Cor para já só preto, e ainda se aceitam voluntários para os últimos testes.

segunda-feira, maio 21, 2007

Serviço público

Esta e outras actividades planeadas para os próximos dias no Porto.

RTP fracturante

Este Domingo à tarde a RTP decidiu mais uma vez trocar as voltas aos espectadores da série "Grey's Anatomy", não a transmitindo para assim poder transmitir a "Grande Corrida RTP de Elvas". "Corrida" é eufemismo para espectáculo da matança lenta do touro, vulgo tourada, um espectáculo que segundo as sondagens é considerado bárbaro e vergonhoso pela maioria da população do país. Mesmo assim a RTP continua a patrocinar e a exibir o "espectáculo", ainda que para tal tenha que alterar a sua programação habitual. Fracturante no mínimo. A factura quem paga és tu.

sábado, maio 19, 2007

Madeleine-hysteria.com

«In these days of mass media sophistication, no one needs it explaining to them that where a child who gets kidnapped is news, a pretty child who gets kidnapped is headline news and a pretty child who gets kidnapped and whose parents save lives for a living and go to church is rolling news. Even so, in the days since she disappeared, the Madeleine campaign has, for scale of involvement, outdone anything we've seen before. (...)

There have been mutterings that this is a post-Diana thing. But much of the response seemed to have more to do with the News of the World's erstwhile anti-paedophile campaign, and the general hysteria that governs "right" versus "wrong" parenting. (...)

No wonder the stampede to share the McCanns' pain has been so thunderous - although before the family's impeccable credentials became clear, one imagines there was a conflict in some tabloid newsrooms over Parents who left their kids alone while they had dinner, versus Evil Paedophile Under the Bed, he's coming for your kids next. (...)

Of course, at root, people only want to help. But their exaggerated responses look from some angles like self-gratification. "Help us," wrote one group of people who had never met the McCanns, to another group equally remote from them. (...)

This is not how it came across, however. At this stage, we are so absurdly far removed from the point of the exercise that it is is only a matter of time before someone superimposes a big cartoon tear beneath it and, appealing for further help in a world that doesn't exist, posts it on Second Life.»

Uma revista de risco

Peanuts intelectuais

Seria salutar que algumas pessoas tivessem a honestidade intelectual de defenderem a mesma lógica argumentativa na hora de debater se os negros devem ou não poder dar sangue. Teriam até um argumento extra, a cor da pele não dá para esconder, pelo que a discriminação, a aplicar, seria muito mais eficaz que com os gays e sua mobília.

Se bem me lembro segundo o panfleto referido no post anterior estava proibido também de dar sangue quem fez viagens recentes a África. Voilá, focaram-se na prática e não no grupo. E esta hein? Note-se que viajar até África não é obviamente uma prática de risco no que diz respeito ao HIV, mas sim em relação a outras doenças, como a malária.

PS: Já agora, mantenham a lógica se quiserem, mas alterem-me esses números. Só 1 a 3% dos gajos fodem com outros gajos? Onde? No Pólo Norte? Em Portugal não é certamente, ou os comportamentos de risco homossexuais seriam até uma impossibilidade estatística... LOL

Peanuts ensanguentados

Vai por aí uma discussão na blogosfera a tresandar a séc. XX sobre o "direito" ou não dos homossexuais darem sangue. Pelos vistos ainda muita gente acredita na teoria dos "grupos de risco", a teoria que fez com esses mesmos grupos ditos de risco, ainda que padecendo de alguns preconceitos acrescidos à custa de tal fama, se tivessem consciencializado e prevenido na mesma medida em que os "grupos não de risco" se relaxaram e infectaram em massa. Basta ver as recentes estatísticas sobre o forte aumento de novos casos de HIV positivo entre a população idosa.

Eu já fui dador de sangue, e nunca me perguntaram se era gay (perguntavam isso sim, o número de parceir@s - ja, com arroba - nos últimos meses e o uso ou não de preservativo). Foi quando li um panfleto, ainda no séc. passado, que referia essa proibição, que deixei de o ser. Eu tento sempre respeitar as regras, por mais imbecis o sejam. Claro que tal proibição em nada prejudica a minha saúde. Claro que tal proibição não impede que homens casados que fodem anonimamente com outros homens casados continuem a usar a dádiva de sangue como um "discreto teste ao HIV". É que a proibição não é dos "homossexuais darem sangue", mas sim dos "dadores que se digam homossexuais". A vida é mesmo assim, uns seguem as regras, outros não. Eu já me tinha como gay muito antes da primeira foda com outro gajo e, seguindo a tal lógica esperta, tinha já um "maior risco", possivelmente alojado na genitália ou ânus, não sei bem...

Resumindo e concluindo, esta é daquelas homofobias tontas que prejudicam mais a sociedade em geral do que os gays em particular. Perde-se algum sangue e ganham-se alguns novos infectados que se julgavam "seguros".

Mas grave, para nós os banidos, seria proibirem-nos de receber sangue quando dele necessitamos. Não querem? Não recebem. O problema é vosso, não meu. A mim o que me chateia é ver tanto empenho do mov. LGBT com estes peanuts quando há discriminações a sério, muito mais graves e consequentes, por resolver...

Nota: Quem quiser seguir a discussão que por aí vai pode começar no Glória Fácil ou no Avatares, e daí continuar por sua conta e risco...

quinta-feira, maio 17, 2007

Eleições lisboetas e presidência do conselho da UE

Será boa ideia ter as eleições no dia em que o país assume a presidência? Ou será que para variar a cerimónia não será em Lisboa? Isso até era boa ideia, tal como seria activarem o site da coisa.

Coisas de criança

As t.A.T.u. voltaram?

Não, é o novo outdoor da Juventude Socialista, para assinalar o Dia Mundial da Luta contra a Homofobia. Parece que é exemplar único e está na Praça do Marquês em Лиссабон.

PS: Afinal, segundo o PD (hehehe) também há um no Porto. Acho que a última vez que o Porto viu duas mulheres aos beijos num outdoor foi com este da Sisley. Dois gajos a efectuarem a mesma actividade acho que nunca viu...

Votos de um bom dia

quarta-feira, maio 16, 2007

De Londres, Trás-os-Montes, à cova

Já que a comunicação social portuguesa não faz outra coisa por estes dias se não citar as referências a Portugal nos tablóides britânicos, podiam aproveitar e noticiar a primeira página do The Guardian de ontem. Uma previsão que indica que o clima londrino de 2070 será igual ao de Vila Real nos dias de hoje (por acaso no mapa parece-se mais com o Porto...). Já Berlim será argelina, Roma cipriota e Paris alentejana. As cidades portuguesas é que parece terem-se perdido no Saara.

Em todo o caso a imprensa lusa, futuramente tuaregue, tem feito referência às previsões de ondas de calor para o próximo Verão. Apontando já conselhos a seguir para nos protegermos do dito. Como dizia, e bem, uma climatologista na TV, se o aquecimento global parece ser um conceito demasiado grande e inalcançável, há muito que se pode fazer contra o aquecimento local. Desde os materiais e forma de construção das habitações à criação e manutenção de espaços verdes nas cidades. Basta passear em pleno Agosto numa rua ladeada por árvores frondosas e noutra pelada, ou morbidamente enfeitada por árvores raquíticas, para se perceber como uma simples árvore pode fazer baixar em vários graus o calor sentido num prédio.

É claro que as árvores não crescem da noite para o dia, mas olhando com atenção para as cidades portuguesas encontramos ene locais onde podiam estar árvores a sério, mas estão antes palmeiras ou ciprestes. O exemplo mais gritante, multiplicado por quase todas as freguesias do país, são as inóspitas florestas de mármore a que chamamos cemitérios, impenetráveis num dia de Sol logo a partir de Abril... Existem excepções recentes, de cemitérios mais verdes. E também uns poucos velhos bons exemplos. Mas mais podia ser feito para renovar a maioria dos cemitérios já existentes. E porque não promover novas, laicas e ecológicas, cerimónias de despedida dos entes queridos? Esta é uma ideia, mas mais simples ainda seria usar as cinzas dos corpos cremados para fertilizar o solo de novas árvores. Acho que vou já escrever isto num testamento, mármore é que não, mesmo.

Ainda a ressaca eurovisiva


Richard Younger-Ross, deputado britânico pelos LibDems, não está nada satisfeito com o sistema de votação do concurso eurovisivo e já apresentou uma moção na Câmara dos Comuns. A televisão islandesa já apresentou o seu descontentamento junto da UER, apoiada pelas TVs da Noruega e Dinamarca. A de Malta não hesita em pôr em causa a veracidade dos votos telefónicos. E Nicole, a única vencedora alemã, em 1982, acha que o seu país deve retirar-se da competição. Sim, os ânimos ainda estão exaltados. Pelo que nada melhor que ver os vídeos do Gato Fedorento. E ler a crónica de Maria Yáñez no El País: «Galicia, 12 points». Eurovision is for fun!

terça-feira, maio 15, 2007

É na Madeira, ninguém leva a mal

«Ao tentar colocar o boletim na urna, o eleitor viu o seu voto anulado. Protestou. A reclamação ficou sem efeito. Porquê? A mulher já tinha votado por ele.»
Via Womenage. Na foto vêem-se os cartazes do PSD. Em cima "A Madeira é dos madeirenses", um slogan que em qualquer outra "colónia" do mundo seria um slogan independentista, mas que na Madeira é apenas um slogan pelo chupismo ao contenente. E em baixo "40-0 Madeira Livre", o pleno do PSD em todos os actos eleitorais da ilha, comparáveis apenas aos de estados ditatoriais, como prova afinal da sua liberdade, na curiosa visão do PSD.

O jornalismo que os teus impostos pagam

No Jornal 2, Alberta Marques Fernandes com a ligeireza que lhe é característica pergunta: "Que alternativa há então a estes modelos falidos do comunismo ou da social-democracia?". A pergunta dirigia-se a alguém envolvido na fabricação de um livro com o catita título "A Primavera do político", sobre a crise da democracia europeia, afinal apenas a crise da esquerda. "Esta Primavera possibilitada pelas eleições francesas" ouvi ainda da Alberta. Tudo apresentado nestes termos, com direito a reportagem seguida de entrevista, uns bons sei lá quantos minutos, com uma inovação pelo meio, Pacheco Pereira apresentado como "investigador do ISCTE" (sic).

No Prós & Contras o correspondente em Londres da RTP denuncia, "o maior guia pedófilo do mundo é inglês e continua a ser publicado". E que guia é esse? "Spartacus", disse o repórter.

segunda-feira, maio 14, 2007

A "nova" França

«O semanário francês "Le Journal du Dimanche" (JDD) recusou-se a publicar ontem um artigo revelando que Cécilia Sarkozy não votou na segunda volta das recentes eleições presidenciais francesas. Trata-se da mulher do eleito sucessor de Jacques Chirac no Palácio do Eliseu, que derrotou a socialista Ségolène Royal, no passado dia 6. A denúncia surge no site de informação www.rue89.com - lançado há dois meses por três ex-editores do diário "Libération", Pascal Riché, Laurent Mauriac et Pierre Haski -, e segundo o qual os jornalistas do JDD (semanário que pertence ao grupo Lagardère) descobriram, através de investigação a cadernos eleitorais, que Cécilia Sarkozy não tinha votado na segunda volta das eleições presidenciais. O site "rue89" adianta ainda que gente dos círculos próximos de Sarkozy "pressionou" o patrão do grupo Lagardère, o que já foi desmentido por Franck Louvrier, porta-voz do eleito presidente da França. O referido site - que classifica o facto como o "premeiro caso comprovado de censura da era Sarkozy" - revela que a notícia chegou a estar alinhada, para publicação, na agenda do jornal. No entanto, "um telefonema de Arnaud Lagardère levou o chefe de Redacção, Jacques Espérandieu, a retirar a notícia da agenda, no último momento", revela "rue89".»
A notícia do Rue 89 aqui. Sobre o "curioso" casamento de Sarkozy, um auto-proclamado paladino da moral e bons costumes, também vale a pena ler um artigo do NYT («A ‘First Spouse’ in France? Not Any Time Soon») que deu que falar antes das eleições. A linha que separa a informação relevante da mera cusquice familiar é muitas vezes difícil de traçar, mas estas tentativas de censura a par do uso dos "valores familiares" como trunfos políticos apagam qualquer dúvida quanto à relevância destas informações.

domingo, maio 13, 2007

O ódio saiu à rua em Roma

Milhares de pessoas nas ruas da capital italiana numa manifestação organizada pela direita e abençoada pelo Vaticano, contra a proposta do governo Prodi, de uma lei de uniões de facto que não discrimina casais homo ou heterossexuais (semelhante à que vigora em Portugal há quase uma década). Estas pessoas não só não querem viver em união de facto com outras, como não aceitam que outros o façam, pelas fotos percebe-se que lhes dão especial urticária os homossexuais.

Uma contra-manifestação pelo orgulho laico também saiu à rua, porque também há italianos que acham que as leis do estado devem ser decididas pelos italianos e não por ditaduras teocráticas que parasitam no seu seio, e respeitando a separação entre o estado e a igreja.

Enquanto isso no Brasil, Bento 16 assegurava que o tesouro da igreja é a fé e não a ideologia política. Não há limites para a hipocrisia.

À atenção da Catarina Furtado

Esta reportagem do NYT sobre same-sex dancing, que é como quem diz dançar com um parceiro do mesmo sexo. A Federação Mundial do desporto/hobby/arte tem endereço aqui.

Faço minhas as palavras do bispo

Mas isto não é novo, já tem quase 90 anos e a polícia nunca fez nada contra os burlões...

Mais um argumento anti-Ota

Voar é o novo tabagismo.

13 de Maio

O renas começa a aterrar depois da viagem ao mundo maravilhoso, ainda que bitchy, da Eurovisão, para descobrir um país em plena alucinação anual com a "nossa senhora que apareceu na árvore aos pastorinhos", aspas minhas que nos jornais e tvs, a começar pela pública, paga por todos, tudo isto é factual, passível de ser visto apenas de um ângulo, o ângulo que acha normal aparecerem senhoras em árvores, que por isso passam a ser "nossas", de todos mesmo que alguns não queiram, mesmo que até entre a massa católica alguns a recusem.

Ainda agora milhares de pessoas juntavam velinhas numa cova ampla, convidando assim a dita senhora de outros mundos a "voltar" a aterrar na área. Mas a senhora, deles, não aterrou (não seria a plantação de árvores mais ao gosto dela? mais ecológico era certamente). E não sei se será mau contacto, falha no satélite, mas mais uma vez também não está a ser grande ajuda a evitar os atropelamentos dos que além de não terem nada melhor para iluminar uma pista de aterragem do que uma velinha, não possuindo carro ou dinheiro para o comboio, percorrem kms a pé até ao local da aterragem. Pode ser "nossa", mas não nos serve de muito.

E se bem me lembro, nem aos "pastorinhos" deu boleia daqui para fora, aliás, dois morreram logo a seguir à visita e a terceira foi enclausurada para toda a vida. Não recomendaria portanto alimentar muitas esperanças quanto ao regresso da dita nossa, vossa, deles, senhora, cuja motivação anti-comunista dificilmente se coaduna com as modestas votações do PCP actualmente (Marte, o planeta vermelho, será uma preocupação maior). E, no remoto caso de tal "voltar mesmo" a acontecer, tenham pois muito cuidadinho. Lembrem-se dos pastorinhos e usem ao menos uma máscara respiratória...

Gostei de ver

1) 20 mil pessoas na rua em Helsínquia para ver o festival. Parecia Hamburgo, e porque não nos mostraram Hamburgo este ano?

2) As bandeiras arco-íris, tanto na final como na semi-final, é bom marcar o território, nem Este nem Oeste, a Eurovisão é gay!

3) Os cartazes a pedirem o regresso da Itália e a perguntarem onde estava Andorra.

4) O palco, fantástico.

5) O Mikko Leppilampi, quase tão giro quanto o seu nome.

6) Os assobios aos votos que se repetem há anos (os 12 do Chipre à Grécia, da Bielo à Rússia, das ERJ às ERJ, and so on...).

7) Os vídeos entre as canções, a Finlândia soube vender-se e fiquei morto por comprar. Página oficial do turismo finlandês (e em português!) aqui.

Não era bem isto...

O que sugeri para repor o equilíbrio entre o Este e o Oeste do continente. Da Wikipedia, sobre o ESC 2008 em Belgrado: «Countries debuting: Possibly Azerbaijan, Lebanon, San Marino, Tunisia, Kazakhstan and Palestine. Returning countries: Possibly Monaco, Italy, Morocco and Slovakia». Depois do Leste será o Magrebe a próxima potência eurovisiva? Wait and see...

Mas falta ainda avaliar os estragos, já que várias delegações em Helsínquia ameaçaram retirar-se do concurso, a EBU mostrou-se aberta para rever as regras de votação em 2009, mas nada muda no próximo ano. A UE que ponha os olhos nisto, é um tubo de ensaio de alargamentos cujos resultados não devem ser desprezados...

Aspectos positivos

1) Ainda é possível vencer sem cantar em inglês.

2) A Escandinávia prova o seu veneno, durante décadas trocaram animadamente pontos entre si, desta vez (e pela primeira vez na história) foram varridos do mapa por outros usarem a mesma táctica.

3) Se há coisa que a Sérvia precisa é uma invasão de turistas de plumas, a ver se desempoeiram o sítio...

Desde quando é que a Lituânia conta como Ocidente?

17 Finland 53
18 Sweden 51
19 Germany 49
20 Spain 43
21 Lithuania ?
28
22 France 19
23 United Kingdom 19
24 Ireland 5

Final da tabela de resultados do ESC 2007. Acima disto não há nada ocidental. Notar aliás como este segmento segue quase perfeitamente a ordem geográfica (quanto mais ocidental, menos pontos), da Irlanda à Finlândia (que é já algo híbrida nesta divisão Este-Oeste).

Portugal ficou a 4 pontos da final!

Ver para crer, 11º na semi-final. Somos praticamente de Leste!

A Sabrina recebeu: 12 pontos de Andorra (11% da população é tuga), 10 da França (maior comunidade imigrante, quase 1 milhão de tugas) e Polónia (puro mau gosto), 8 da Espanha (ela cantou um bocadinho em espanhol) e Suíça (emigras), 7 da Bielo-Rússia (é uma ditadura, gente atrofiada), Alemanha (emigras) e Moldávia (mais atrofiados), 6 da Arménia (atrofiadíssimos), 4 da Holanda (emigras), 3 da Bélgica (emigras) e Letónia (staff da embaixada) e 1 do Chipre (calhou), Sérvia (alguém tinha que ser) e Eslovénia (uma velhinha enganou-se no número).

sábado, maio 12, 2007

FYR Serbia twelve points, ERJ Serbie douze points

Por uma questão de transparência não devia ser apenas a Macedónia a carregar o "FYR" antes do nome, ou "ERJ" em português (para Ex República Jugoslava). Também a ERJ Bósnia-Herzegovina, a ERJ Eslovénia, a ERJ Croácia e a ERJ Montenegro o deviam fazer, pois afinal todas as ERJ deram 12 pontos à ERJ Mor, a Sérvia, e deve ser dado o devido destaque à coincidência. O mesmo vale para as ERS (S de Soviética).

Do blog da BBC: «Oh dear. For the life of me, I do not know who was voting for Serbia and their bizarre liturgical dancing. Perhaps it was a clerical error.»

Chove dinheiro no Brasil

«Os gastos, o luxo e a ostentação da viagem do papa Bento XVI ao Brasil estão deixando parte da Igreja Católica brasileira constrangida. No lugar do motivo original da visita - que é abrir a 5ª Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, um megaencontro de bispos do continente, em Aparecida -, os holofotes têm sido jogados sobre as reformas milionárias dos locais onde o papa se hospedará.

Também têm sido alvo das atenções as novas 60 TVs de plasma da Basílica de Aparecida, o cálice em ouro, prata e bronze de R$ 3.500 da missa no Campo de Marte, as toalhas e os lençóis de marca bordados para Bento, a garrafa de vinho de R$ 350 no almoço papal, a cozinha do mosteiro que funcionará durante as 24 horas do dia para a comitiva do Vaticano, e as mais de 400 peças de porcelana francesa feitas exclusivamente para o visitante ilustre.»
Só pode ser grana a chuva que cai. Emigremos!

PS: Já concordatas nem dadas, ainda há quem leve a laicidade a sério. Já por cá renovam-se acordos salazaristas sem pingo de vergonha ou, porque não dizê-lo, sentido patriótico.

Como se diz "L word" em sérvio?


Cego pelas vistosas drag queens que este ano participam no ESC, só mais tarde dei conta de outros queerismos desta edição. Das aeromoças da BBC, passando pelo hino austríaco de luta contra a Sida até ao glam glam glam rock dos suecos The Ark, a Eurovisão é toda uma parada gay. Mas na semi-final sentiu-se que uma orgia lésbica esteve iminente no palco. Não foi, mas foi quase, e desde 2003 (t.A.T.u.) que não se via nada assim...

PS: Como é óbvio passou à final, pelo que quem ficou fã pode votar mais logo ;)

Os injustiçados da semi-final


A poucas horas da final uma homenagem a quem ficou pelo caminho e não merecia tal sorte. Foram vários os injustiçados, Chipre, Áustria ou Dinamarca. Mas aqui destaco as duas canções que me pareceram mais simpáticas e festivaleiras, boa onda é o que se pretende e foi o que nos deram Andorra e Bélgica.

sexta-feira, maio 11, 2007

Saudades do Eládio

Eurovisão sem a locução do Eládio Clímaco não é a mesma coisa. E substituir o Eládio por 2 apresentadores não o compensa, antes piora. Recado para Jorge Gabriel e Isabel Angelino: por muito que vos agrade uma música não nos interessa saber que era nessa que votariam se estivessem em casa, o que a gente até curtia era poder ouvir o início das ditas e o fim também, menos converseta, faz favor e obrigado. Já agora, a estória do "esta é uma das favoritas" tinha graça com o Eládio, mas só por ser o Eládio, deixem-se disso, que isso é chão que nunca dá uvas...

O S. Pedro nem valia a pena tentar...

quinta-feira, maio 10, 2007

Easternvision/Lestevisão

10 lugares na final, todos para países de Leste [Turquia, Bulgária, Hungria, 3 ex-repúblicas jugoslavas e 4 ex-repúblicas soviéticas]. Mais uma vez. Como mudar isto? É fácil, obrigar Luxemburgo e Itália a regressarem. Também o Mónaco, San Marino e Liechtenstein. Até o Vaticano se quiser mandar um coro gregoriano a gente deixa. Depois é dar a independência à Galiza, Couto Misto, País Basco, Países Catalães, Bretanha, Córsega, País de Gales, Escócia, Feroé, Gronelândia, Sicília e Madeira. Por via das dúvidas também à Andaluzia, Frísia, Flandres e Valónia. Talvez ainda à Sardenha, Ilha de Man, Shetland e Berlengas. E aí sim, será reposto o equilíbrio de forças na nação eurovisiva. Até lá não contem com o regresso da Eurovisão ao Wild West... :-( Falando nisso, a Cornualha também merecia candidato próprio, e quem diz Cornualha diz Gibraltar, Guernsey e Jersey e ainda Åland. E a Lapónia contará como Leste ou Oeste?

A pouco mais de duas horas da semi-final

1) Não sei se haverá algum leitor rénico por estes dias em Helsínquia, se sim não perca o Helsinki Gay and Eurovision Song Contest Guide que o maior jornal finlandês, o Helsingin Sanomat, preparou para os turistas eurovisivos gays que por esta altura invadem a cidade. Mais um reconhecimento de que a Eurovisão é parte integrante da cultura queer europeia.

2) Não desesperem com a participação da Sabrina esta noite, as coisas são mesmo assim, também ninguém vê a Eurovisão à espera de encontrar boa música. Boa nova música portuguesa divulgada lá fora encontra-se por exemplo aqui (mp3 incluídos), dica do Miguel.

3) Political Endorsement: Bichas, votem na Dinamarca. Tugas emigras, votem na Sabrina!!!

Que a Eurovisão esteja connosco, e os twelve points te acompanhem.

Igualdade ou privilégio?

«O Tribunal Central Administrativo do Norte (TCAN) condenou em Fevereiro passado a Ordem dos Advogados (OA) por violação da liberdade religiosa.
Segundo a edição [de 16 de Abril] do jornal Público, em causa estava o facto de uma advogada estagiária, membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, cujo dia santo é o sábado, ter pedido a alteração do exame final de agregação, que estava marcado para aquele dia da semana
A Ordem recusou o pedido, mas foi obrigada pelo tribunal a marcar o exame num outro dia, que não sábado.»
Lembro-me de há anos atrás, mal entrei na faculdade, ter lido um regulamento sobre faltas às aulas e ter pasmado pelo facto de não poderem ser justificadas em casos de doença (excepto tuberculose!), mas poderem sê-lo por motivos religiosos. Creio que o mesmo se aplicava aos exames. Basicamente se tencionavas ir ao exame marcado no dia X mas tinhas o azar de ser atropelado pelo caminho, chumbavas. Se não querias ir ao exame para ficar a rezar, marcavam-te nova data.

É claro que os católicos são a minoria religiosa (só cerca de 14% da população a pratica regularmente) mais privilegiada do país, sendo que o seu "dia sagrado" funciona como dia de descanso semanal para todos. Mas lá está, "é para todos", logo mesmo que seja mais conveniente aos católicos, todos podem dele usufruir, o mesmo vale para os feriados religiosos. Ao obrigar as instituições a criarem "feriados personalizados" por motivos religiosos estamos a acrescentar algo, e não a substituir. Estamos a obrigar que as instituições laicas assumam encargos e transtornos extra por causa da crença de alguém. E na prática isto representa uma possibilidade de calendarizar a vida de acordo com as nossas conveniências, usando a religião como desculpa. Uma possibilidade que não está ao alcance daqueles sem qualquer religião.

Espasmo post-mortem imperial

Estou longe de ser especialista em política timorense, ou sequer um observador muito atento, mas há já vários anos que venho acumulando uma antipatia crescente por Ramos Horta. Primeiro foram as volubilidades no relacionamento com Portugal e Austrália, sempre ao sabor dos interesses do momento e sempre pronto a dar o dito por não dito e a atacar uns e outros. Depois o associar-se ao clero fundamentalista da ilha para derrubar Alkatiri, um muçulmano, usando as aulas de religião como pretexto (como se não houvesse problemas a sério em Timor!). E agora isto, para matar qualquer dúvida, t-shirt do pescador palestiniano na hora do voto a ver se se pescam alguns tolos de última hora. Abjecto.

Ontem foi feriado neste blog

Uma pena que não seja a sério... não é com efemérides inconsequentes que se promove o espírito europeu: 9 de Maio feriado já!

terça-feira, maio 08, 2007

Chegou aquela semana do ano...


Em que os europeus, australianos e gays de todo mundo se juntam para apreciarem um par de horas da melhor música pimba que o velho continente é capaz de produzir. It's lame and we love it. Mais que uma celebração da paz na Europa, a Eurovisão funciona como um dos seus principais pilares. Estatísticas demonstram até que há uma redução significativa do número de crimes violentos nesta altura do ano entre o Atlântico e os Urais.

Este ano não temos feito muitas antevisões do evento e por isso aproveito para sugerir um artigo da BBC on-line que compila as participações que mais têm dado que falar (obrigado Bruno). E no Chuza! encontrei este magnífico vídeo da televisão finlandesa dos anos 80, que nos ensina os melhores passos para acompanhar a emissão a partir de Helsínquia já na Quinta-feira, a semi-final, e depois no Sábado a grande final. Este ano estreiam-se pela primeira vez nas lides eurovisivas a República Checa, a Geórgia e a Sérvia e o Montenegro de forma independente, sejam pois muito bem vindos à família :)

Mais um teste de diagnóstico ideológico

O Miguel descobriu mais um teste político, que são sempre bons para entreter e não só. São um bom pretexto para repensarmos as nossas prioridades e ideias fundamentais e a partir daí procurarmos o partido que melhor as represente e defenda. Infelizmente eu sinto-me cada vez menos identificado com qualquer um dos partidos da praça. Um PEV sem PCP era capaz de ser o meu partido ideal. Bom cá vão os meus resultados, depois de ter refeito o teste, já que da primeira vez me esqueci da valorizar a importância de cada pergunta:

#1 You are an ecologist or green.
#2 You are a social liberal.
#3 You are a social democrat.
#4 You are a classical socialist.
#5 You adhere to the Third Way.
#6 You are a communist.
#7 You are an anarcho-communist.
#8 You are a market liberal.
#9 You are a Christian democrat.
#10 You are a fascist.
#11 You are a libertarian conservative.
#12 You are an anarcho-capitalist.

Respondendo a tudo "indeciso" e atribuindo uma importância média a todas as perguntas o resultado é a Terceira Via. Parece-me portanto um teste bastante fiável.

Fátima sem vergonha

Via Portugal Gay chego a esta notícia do site Fátima Missionária: «Extrema-direita pode ser "apoiada" por "cidadãos católicos"». Vale a pena ler por inteiro. Nada há de novo no conteúdo, o que surpreende é o tom de naturalidade, normalidade, com que é escrito, e sobretudo a clareza. Há muito que não eram tão explícitos...

segunda-feira, maio 07, 2007

O futuro é gratuito

Ainda no outro dia me queixava pelo facto dos jornais gratuitos não terem sites decentes, e eis que hoje o Destak lançou um novíssimo site, muito decente e limpinho, sim senhor. Embora provavelmente terá em breve mudanças, já que de momento não se vislumbra qualquer publicidade, e é disso que se vive.

E só hoje soube também que existe uma versão brasileira do Destak, em São Paulo, que também tem um site decentezinho, mas com muito menos notícias. Curiosamente hoje foi ainda o dia de lançamento da edição paulista do gratuito de origem sueca Metro, que é há alguns anos o rival do Destak em Portugal. Era capaz de ser interessante uma fusão on-line das edições portuguesas e brasileiras dos dois títulos, possibilitando assim maior conteúdo disponível num só site, mas para tal é necessário que o acordo ortográfico entre finalmente em prática.

Do canudo até ao osso


Um dia que a dádiva salve a vida de alguém, cá estará a imprensa atenta pronta a denunciar a irregularidade do acto...

Diz que o PS quer partir a República em 3 ou 4


Não, não é mais uma citação de Jardim (que por acaso também falou em "questões fracturantes" no seu discurso, segundo ele contribuem para "o aumento da criminalidade"). Já agora, eu acho o sr. Jardim um bocadinho fracturante. Da criminalidade não sei.

Mas então que é isto? Uma nova regionalização hard-core proposta pelo PS? Não, isto é apenas a continuação do jornalismo criativo de um funcionário do Diário de Notícias, que deve ter ficado com birra depois das críticas que recebeu na blogosfera, nomeadamente de um dos visados pelas suas magníficas prosas, e em vez de se corrigir, arrasta o disparate pelas páginas do jornal. E claro, o jornalismo da praça não é muito de verificar dados, inquirir pessoas e tal, e a coisa já chegou a outros títulos com o mesmo grau de leviandade.

O pior é pensar que se abatem árvores para isto. Para escrever em tom de troça o que diz Jardim com ar de drama-queen. Estão bem uns para os outros, falam a mesmíssima língua. Coitadas das árvores, morte inglória e imerecida, ainda que tenham sido eucaliptos.

Coitadinho do eucalipto

Na imprensa portuguesa a coisa em geral funciona assim, a Lusa lança o disparate e todos os órgãos o reproduzem bovinamente. Eis então que surge o eucalipto como grande estrela do combate à poluição (SIC, DN, PD). Então o eucalipto, essa praga que seca tudo em seu redor, esse combustível fantástico para incêndios, é afinal um "campeão no combate aos poluentes"? É ÓBVIO QUE NÃO É.

Lendo as notícias para além do cabeçalho percebe-se que o estudo que motivou tão belos e taxativos títulos afinal contemplava apenas eucaliptais, pastagens e montados. Ora pastagens não são bosques, e nos montados os sobreiros estão muito mais dispersos que os eucaliptos num eucaliptal. Concluir que um eucaliptal retém mais CO2 que um montado ou uma pastagem é tudo menos surpreendente. Daí a concluir que o eucalipto é "árvore campeã" é... o jornalismo a que estamos habituados e um profundíssimo disparate.

Para termos esse tipo de conclusão teríamos que ter estudos que comparassem a retenção de CO2 por diferentes espécies de árvores. Não temos. Mas temos outra coisa, temos o conhecimento da devastação que a monocultura de eucalipto tem causado na floresta portuguesa. Pondo em perigo espécies da fauna e flora autóctones, incapazes de sobreviver perante a concorrência desleal dessa praga. E sendo o melhor combustível para qualquer incêndio. Nem precisamos de nenhum estudo para dizer isto, temos décadas de trágicas experiências. O que não temos, aparentemente, é o mínimo de bom senso e espírito crítico nas redacções do país.

Já agora, era bom que no próximo Outono, aquela altura em que os incêndios deixam de ser notícia, algum jornal tivesse a bondade de publicar um guia sobre reflorestação, semelhante a este da Universidade de Vigo (ou em inglês), que explica de forma fácil como qualquer pessoa pode colaborar na reflorestação dos montes ardidos, usando as espécies autóctones (os carvalhos porra!), que, essas sim, garantem uma floresta viva, rica, diversificada, capaz de resistir melhor aos incêndios, retendo assim muito mais CO2, e de forma mais duradoura.

PS: Já agora chamo a atenção para uma colecção de livros dedicados à floresta portuguesa editados pelo Público em colaboração, entre outros, com a Liga para a Protecção da Natureza. Consta que são óptimos, no entanto o preço e a tiragem limitada impedem uma grande difusão, não respondendo portanto à minha sugestão.

O efeito Portas abertas

Eleições madeirenses de 2004, CDS-PP: 9675 votos, 7,03%
Eleições madeirenses de 2007, CDS-PP: 7512 votos, 5,34%

Ou "o trabalho liberta". Com as alterações da lei eleitoral o CDS-PP conseguiu manter o mesmo número de deputados, 2, mas se calhar até preferiam ter perdido um a terem que aturar um outro do PND, que assim se estreia no parlamento ilhéu à custa de 2928 votos, um pouco mais que os perdidos pelo CDS. Livra que é mais difícil ser eleito para uma assembleia de freguesia portuguesa, do que para o parlamento da Madeira...

domingo, maio 06, 2007

Alguém consegue ensinar uma lesma a agitar uma bandeirinha?

Ou então uma lula? É que acho que já está mais que na hora da televisão pública ter um comentador de "esquerda" menos mole, menos meloso, menos lambe botas da direita, menos flácido enfim, que António Vitorino. E sei lá, uma lesmazita no canto do ecrã a agitar uma bandeirinha do PS era capaz de ser mais eficaz, sem dúvida que a esquerda sairia melhor defendida.

Há dias assim... c'est la vie!

Sarkozy em França. Futuro mais que previsível, a crise francesa a agudizar, a França umbiguista, fechada sobre si mesma, cada vez mais irrelevante a nível internacional...

Jardim na Madeira. Mas não será exactamente mais do mesmo. Os madeirenses deram uma clara vitória à tese da "colonização lisboeta". Nenhum democrata pode ser insensível a isto, nenhum democrata pode ser complacente com o colonialismo. Os madeirenses decidiram, e a sua opinião deve ser respeitada. A Madeira deve tornar-se no sexto PALOP o quanto antes. Descolonização já!

sábado, maio 05, 2007

Ainda a conversa dos bonzões


Em cima a opinião dos jogadores do Chelsea sobre os seus colegas de equipa. O rapaz que parece ficar sem fôlego para responder é o ex guarda-redes portista Hilário, provavelmente também o merecedor do título de "dama de honor". Sendo que a "miss Chelsea" é indiscutivelmente Andriy Shevchenko. Embora o mais citado entre os entrevistados seja Carlo Cudicini, não percebem nada disto está visto.

E no Avatares a compilação das listas alternativas à da Sharapova. Ainda não acredito que me esqueci do Jude, jamais me perdoarei...

Madrid com as árvores

Manif hoje em Madrid contra o abate de árvores no Passeio do Prado, no seguimento do projecto de requalificação da autoria do português Álvaro Siza. Basta olhar para os Aliados no Porto para se perceber o perigo das requalificações de Siza, mesmo que afinal incluam algumas árvores. Não há uma réstia de verde, um m2 de relva, e se no Inverno a paisagem até parece em sintonia com o cinza dos edifícios e do clima, chegando os primeiros dias de sol é apenas inóspita. Que os madrilenos não deixem que se faça os que os portuenses não souberam evitar...

Porn in the House

O dr. House como nunca o viu antes, ilustração completa aqui -> link nada recomendável para quem nos visita a partir do seu local de trabalho. Outro link a seguir com cautela, o do autor, Ismael Alvarez.

sexta-feira, maio 04, 2007

McFlorida

(via)

Ainda não se conhecem os resultados finais das eleições de ontem para o parlamento escocês. Está instalado o caos por causa da quantidade anormal de votos anulados, que permitiu situações como a que se verificou em Airdrie, onde a vencedora teve menos votos que o total de votos nulos! A pré-anunciada vitória nacionalista parece assim mais distante, tal como a independência do mais famoso país sem estado do mundo. Deviam era pôr os olhos na Madeira, lá corre sempre tudo tão bem...

PS: Afinal o SNP venceu, pelo que Sir Sean Connery poderá ainda ver satisfeita a sua vontade de morrer numa Escócia independente.

quinta-feira, maio 03, 2007

Como dar uma imagem civilizada a Alberto João Jardim?

É fácil, põe-se o PND a insulta-lo durante as suas inaugurações e manda-se o Paulo Portas fazer citações auschwitzianas nos seus discursos na ilha. Jardim agradece. E Cavaco também, porque isto de desempenhar o papel de "garante da democracia" é uma seca, função a delegar o mais possível...

Correiodamanhização fumada

«Multas do tabaco duas vezes mais caras que as da droga» - na capa do DN de hoje, e lá dentro o título: «Fumar tabaco dá o dobro da multa por fumar droga». A sério? Quer dizer então que quem fumar tabaco (ponto) terá uma multa superior a quem fumar droga? Ou que a multa por fumar droga é comparável à de fumar tabaco, porque só se aplica quando se fuma em local público e fechado? Haverá espaços para fumar droga nos restaurantes com mais de 100m2? E máquinas de venda de charros?

Não é por acaso que yuppie rima com hippie

Afinal não foi só a câmara que caiu em Lisboa

97 plátanos saudáveis e quase centenários abatidos sem qualquer justificação no Campo Pequeno. Isto sim era caso para se fazer um escândalo nacional e abrir os noticiários das 20h. Mas só descobri nos blogs...

Meme porno-pimba-gay


Há muito que devia ter respondido ao desafio do Demo Fer e do sr. Cesare, acontece que foder ao som de cantigas não é muito a minha praia, prefiro dar exclusividade aos sons da prática em curso, pelo que fiquei sem ter que responder. Assim sendo respondo tarde e a más horas, com uma lista de vídeos porno-pimba-gays. Os primeiros já foram antes publicados, mas sem saberem que iriam ser encaixados neste bonito meme.

Foram então eles: 1) «Soccer practice» do Gay Pimp (algures publicado na versão anterior do renas); 2) «Merry Kiss-my-ass» de não sei quem são mas amo-os ainda assim; e 3) claro o «No quiero enamorarme» do Daniel Zueras (que tantas visitas rendeu a este blog, que até teve direito a citação no MixBrasil).

Agora lá em cima temos um já nosso velho conhecido, Azis, o cigano travesti mais popular da Bulgária e ex-coro eurovisivo, interpretando «No Kazvam ti stiga», cuja tradução deverá ser algo como "Eu trolhas gosto deles é a rebentar de esteróides".

Aos que preferem os magrinhos fica ainda aqui em baixo o «Gay Bar» dos Electric Six. Please enjoy. E sim, o Lincoln era mesmo gay.

Norte: a crise nunca bateu tão fundo

Excelente o dossiê que o Jornal de Notícias publicou ontem e continuará a explorar. Depois do nacional-populismo ("vão retalhar o país"-"querem é mais tachos para os políticos") ter condenado a regionalização em 1998, quase 10 anos depois já quase toda a gente percebeu o erro.

A Sharapova que fique com o Putin, eu era estes sff

Respondendo ao desafio do Bruno, eis uma lista decente e não corrompida por interesses políticos (a ordem é alfabética e os links levam aos resultados do Google images, excepto para o Dean, que por ser uma porn-star é censurado pelo motor de busca):

- Alexei Nemov
- Andriy Shevchenko
- Dean Phoenix
- Ewan McGregor
- Frédéric Michalak
- James Purefoy
- Kevin McKidd
- Mathew St. Patrick
- Patrick Wilson
- Thierry Henry

Isto é uma de muitas possibilidades. Quanto à Sharapova, lamento meus senhores, mas tenistas boazudas com fetiches por Vladimir Putin na minha terra chamam-se lésbicas.

PS: Só mais um, Matthew Rhys.