quinta-feira, março 29, 2007

Casos de polícia (com o patrocínio RTP)

Alguém duvida que este "momento" que a extrema-direita está a conseguir criar nos média é fruto dos "Gandas Tugas" da RTP? Quando é que a RTP se retracta? E sobretudo, quando é que esta coisa é tratada por quem de direito (e dever)? Ou seja, polícias e tribunais?

PS: A RTP não só não se retracta, como hoje (Jornal da Tarde) deu amplo destaque e tempo de antena aos neo-nazis. Seguindo a mesma lógica, doravante na televisão pública as notícias sobre assaltos deverão conter entrevistas aos assaltantes, mas não aos assaltados... Faz-se zapping para a TVI e surpresa, afinal ainda nem toda a informação televisiva nacional é feita em formato bovino, notícia dada sem histerismo e sem premiar os criminosos, como deve ser. Parabéns à TVI.

Nem Ota, nem TGV

Já que anda toda a gente a comentar os assuntos aqui fica expressa a minha opinião. Tal como o Daniel Oliveira, "Portela + 1" cheira-me a solução muito mais prática, realista e económica (na poupança e no ganho) do que a Ota, e como já comentei no Avatares, não entendo porque cidades como Coimbra, Braga ou Évora não podem ter algumas ligações internacionais, que aliviem Lisboa e Porto se for caso disso. Ligações low-cost Braga-Paris ou Coimbra-Londres são certamente viáveis... obscuros aeródromos que necessitariam apenas algumas obras há para aí aos molhos...

Quanto aos comboios, 100% a favor de maior investimento nos ditos. Só não entendo porque têm que ser em formato TGV, que dará prejuízo, que não estará ao alcance de todos, que não é significativamente mais rápido que um Pendular a circular numa linha decente... A ligação Porto-Vigo por comboio é actualmente mais rápida apenas uma hora do que sendo feita por bicicleta, porquê esperar anos e anos por um TGV elitista, se em muito menos tempo daria para lá pôr o Pendular? O Metro do Porto, um investimento que se revelou essencial, das poucas coisas boas que se fizeram no Porto nas últimas décadas, não tem dinheiro para a sua necessária ampliação e gasta-se no TGV? As linhas do interior continuam a fechar e aposta-se no TGV? A Escandinávia inteira sobrevive sem TGV mas nós não conseguimos?

Enfim, são estes os meus bitaites. E também importam, pois afinal serei tão engenheiro quanto quem decide, diz que...

Quanto custará o café ao sr. Sócrates?


Causou furor em Espanha o programa "Tengo una pergunta para usted", que a TVE estreou com Zapatero como inquirido. O curioso é que com tantos temas quentes, a ferver, no país vizinho, tenha sido a pergunta pelo preço de um café a que mais deu que falar, dada a resposta de Zapatero, 80 cêntimos. Preço tão difícil de achar para lá da fronteira quanto um bom café. Seja como for um bar de Málaga tratou logo de posicionar-se de acordo com a tabela de Zapatero, que afinal de contas até paga menos do que isso se o tomar na cafeteria do Congresso espanhol, 73 cêntimos segundo o El País.

Por cá continuamos sem saber quanto pagará habitualmente José Sócrates. E não sabemos também se estaria disposto Sócrates a aceitar o desafio que já enfrentaram Zapatero e os candidatos presidenciais franceses. Meio de mandato parece-me uma altura excelente para o Primeiro Ministro responder às dúvidas dos cidadãos. Alguma TV o desafia? Só não responda 0,80€ à perguntinha do café ou temos a inflação a disparar no dia seguinte...

segunda-feira, março 26, 2007

Embaraçante, ou melhor, perigosa

Ahhh... os prazeres da 2ª feira. É neste dia que começamos uma semana de trabalho agraciados pela homilia de João César das Neves, publicada no DN. Hoje, ao contrário do que já se vai esperando, não houve ataque, pelo menos não directo, ao "horror" da homossexualidade, da IVG e desses outros flagelos modernos. Não, hoje foi dia de lembrar que quando se discute religião, missionação e santidades várias, há embaraço.

Não sei o que JCN considera embaraço nem quem o sente, mas os debates que vejo que tocam o tema da religião, católica ou não, parecem bastante fervorosos ou pelo menos sem pézinhos-de-lã. Também os representantes da ICAR não se mostram nada embaraçados em dizerem o que pensam no tempo de antena que os meios de comunicação lhes atribuem.
JCN fala das mudanças que a ICAR sofreu e de como se adaptou ao mundo moderno. Curioso que refira o abandono do latim nas missas quando este agora parece estar prestes a fazer um comeback. Curioso também que essas mudanças feitas há quase 60 anos parecem retrógradas até para a época, que dizer então dos dias de hoje. Lendo as palavras de JCN pensa-se que estaria a falar de uma instituição progressista, aberta à mudança e à variedade de opiniões e de direitos. Depois lembramo-nos que afinal estamos a falar de uma instituição que considera as mulheres inferiores aos homens em quase tudo, que sempre condenou a homossexualidade, que em nome de uma crença propaga mentiras e prejudica a saúde dos que a seguem, que promove o analfabetismo e a ignorância para mais facilmente dominar as vidas dos crentes, etc., etc.

E pelos vistos JCN ainda estranha as críticas de que a ICAR, coitada, é alvo. Quando a caridade é oferecida embrulhada em terrores divinos da condenação da alma, quando a crença impede o crescimento do indivíduo, da sociedade e mesmo de uma nação, quando a hipocrisia provoca ou permite que se espalhe o ódio e a violência, se calhar, só se calhar, há críticas duras a fazer.

"Grandes Portugueses" versus "A Bela e o Mestre"

Algum dia tinha que ser, e foi hoje que caí na tentação de ver "A Bela e o Mestre", o novo reality show da TVI. A culpa foi da barracada oferecida pelo serviço público, bem, oferecida é favor, milhões de dinheiros públicos foram esbanjados naquela palhaçada, e ninguém vai ser responsabilizado por isso, é fartar vilanagem, mas adiante.

Eis um dos momentos/pérolas apanhados. Clara Pinto Correia sentada numa mesa e exibindo a sua tatuagem, o assunto, não sei porquê, está nas cabras. O apresentador do programa diz que não sabe pastorear cabras, ao que Clara replica perguntando a idade, 29, e logo se nesses 29 se serviu apenas da mãozinha, pois cabras diz desconhecer.

Não se pense contudo que havia algum acréscimo de qualidade em se mudando de canal. De regresso à RTP1 apanhei a meio uma conversa de vaginas (o sr. escusou-se a dizer pénis a seguir, também não sei porquê), depois houve ainda tempo para os "pés mal-cheirosos" do Infante, uma comparação entre alcoolismo e homossexualidade por parte da sobrinha de Pessoa (diz que padecia de ambos, o pobre) e muitos elogios a Salazar. Tinha até claque, e, ó cúmulo do ridículo e palhaçada em que o programa se tornou, havia até cabeçudos, como no Carnaval, representando cada concorrente.

Em suma, pode-se dizer que a diferença entre os dois programas é que num os concorrentes são humilhados e gozados de livre vontade e no fim podem levar um cheque de 100 mil euros para casa e no outro não, que já estão todos mortos. Eu se fosse da família processava a RTP. A dos cabeçudos então é brutal... mesmo que a ideia fosse antes parecerem cadáveres empalhados, ou sobretudo se fosse essa a ideia.

De volta à TVI lágrimas, discussões que não entendi bem, e Zink partilhando com o país o seu rol de divórcios. Nada contra, tudo livre e consentido, todos vivos afinal. Na RTP o apresentador Maria Elisa (dizia sempre "obrigado", pelo que creio que o deva tratar nesse género) já com cara de morto-vivo anuncia os resultados. "Antes de mais são todos vencedores" bla bla bla "ganhou António de Oliveira Salazar" bla bla bla "dou agora a palavra aos vencidos" bla bla bla.

Falou também vagamente numa sondagem que pode ser consultada aqui (.pdf). Nesta o rapa-tachos não chega a 7%, o que nem é muito grave, em quase todos os países europeus há partidos fascistas com votações desta ordem ou superiores. Mas fica a pergunta, chegaria a 7% se não tivessem sido esbanjados milhões de dinheiros públicos em propaganda ao ditador?

PS: Uma palavra de apreço a Ana Gomes que lembrou depois que a homossexualidade não podia ser referida como uma fraqueza a par do alcoolismo, pois é apenas uma legítima forma de viver a sexualidade humana. Também apreciei o sorriso de concordância de Paulo Portas.

"Renas e Veados" é mais popular que os "Grandes Portugueses"

Estava sempre a passar em rodapé, o site dos Gandas Tugas apesar de toda a fortuna pública esbanjada em publicidade ao longo de meses (milhares de mupis, anúncios na imprensa, multibanco, etc) teve menos de 1 milhão de visitantes. Cá o renas, obscuro blog apaneleirado (bem isso não o distingue muito do rapa-tachos, mas adiante) já passou o milhão e 300 mil... Quem faz serviço público, quem?

É o desemprego... anda tudo atrás do mesmo...

E na tv fundada pelo dito cujo coiso lá ganhou o coiso dito rapa-tachos...

domingo, março 25, 2007

"Se não sabiam já, ficam a saber agora. A mãe é puta."

A sinceridade desta reportagem do DN de hoje (segunda parte) chega a ser comovente.

Equipa já temos

Agora só falta o calendário...

PS: Notar que a notícia do Público refere "râguebi", enquanto que o logótipo da seleccção nacional usa "rugby" e na TV ou rádio toda a gente diz "reiguebi". A última é a minha favorita, "râguebi" não escreve em português a palavra inglesa, o problema começa logo com o "r", por isso ou se usa o anglicismo ou o neologismo tuga, penso eu de que. Escrever "râguebi" esperando que as pessoas digam "rugby" seria tão tonto como escrever "icebergue" esperando que as pessoas dissessem "aicebergue" - upps, parece que já se faz isso também...

sábado, março 24, 2007

Europeus mas pouco

Amanhã o Tratado de Roma celebra 50 anos. A partir disso faz-se a extrapolação para "50º aniversário da União Europeia", o que é no mínimo um exagero, mas adiante. Concentremo-nos nas celebrações nos dois países que aderiram à CEE em 1986.

Por cá a televisão pública prepara-se para eleger Salazar como "o maior português de sempre" - sim, é a RTP que elege, tal como foi a RTP que lhe estendeu a passadeira vermelha, perdão, encarnada. Os espectadores preferem as votações do "Dança comigo" ou canções com esse nome no Festival. O CDS-PP, partido que mais vezes tem alterado a sua posição face à UE, tem dedicado os dias à porrada, metafórica e literal, mas acho que não tem nada a ver com isto, é mesmo só fulanismo.

Já o PP do lado tem vindo a assumir-se como herdeiro legítimo do Franco. Ele é bandeiras franquistas nas manifs anti-Zapatero que promove diariamente, ele é o boicote decretado a todos os meios de comunicação do grupo PRISA (que também controla a TVI). Isto do maior partido da oposição deixar que seja um cadáver político já derrotado nas urnas a tomar-lhe as rédeas tem custos pesados. Espero que sejam só para o partido e de preferência já nas próximas eleições, a ver se sossegam, mas o clima anda mesmo pesado do lado de lá da fronteira. Eis um vídeo para perceber melhor os últimos desenvolvimentos.

Enfim, será a crise dos 20 na península... Para animar eis uma lista de 50 razões para amar a União Europeia, elaborada pelo jornal britânico The Independent.

Quando é que o Público denuncia isto?

sexta-feira, março 23, 2007

Cartazes longe do alvo

1) Então se aquela coisa do "Allgarve" era para conquistar a british people, porque estão as paragens de autocarros do Porto enfeitadas com o bonito trocadilho?

2) Os cartazes do PSD com as taxas de crescimento de Portugal, da média da União Europeia e, em clara vantagem, de Espanha são para que eleições? As regionais espanholas em apoio ao PSOE?

Europeísmo de pacotilha

«Patrões querem ter mesma hora que a Europa». Só o título da notícia dava todo um tratado, então isto não é Europa? Ao menos Londres? De resto a notícia é incompleta ao ponto de não lembrar a época em que essa "harmonização" forçada e desarmoniosa foi feita no país, ou as suas consequências. Quando na Galiza se discute a alteração para o fuso da Europa Ocidental (ou seja, o nosso, não só "europeu", como "ocidental", upa upa!), havendo quem defenda o mesmo para toda a Espanha, vem o nosso querido patronato pregar fórmulas velhas só porque não lhes dá muito jeito acordar cedinho para ligar para Paris - oh, poor you! Como escreveu Vital Moreira, era o que faltava!

quinta-feira, março 22, 2007

Alucinação geral


Eu também não queria perder tempo com o CDS, quanto muito agradecer-lhes a gargalhadas que me têm proporcionado por estes dias, mas quando a direita começa a falar do que não percebe, sentimo-nos obrigados a vir a terreiro explicar-lhes algumas cenas básicas.

Ora já toda a gente sabe que enquanto aquela ilustre desconhecida gritava que não sei quem chamou "filho da puta" a não sei quem, lá na reunião do CDS, Maria José Nogueira Pinto acusava o deputado Hélder Amaral de a ter agredido. Enfim, tudo very typical, mas sempre divertido. Hélder Amaral defendeu-se depois dizendo que "um beirão não bate em mulheres" (no comments, vejam o link), mas também disse isto:
«"A acusação é totalmente falsa e ofende-me", disse o deputado, apoiante de Paulo Portas, na sede do CDS-PP, em Lisboa. "Se isso fosse verdade, era a pior das cobardias. Mas é demagogia da mais barata: tal como seria eu vir aqui dizer que ela me está a atacar por não ser branco como ela. Não irei por aí", afirmou.»
O negrito é meu (refiro-me como é óbvio ao bold do texto, não ao deputado viseense) e seria escusado para se perceber o que foi dito, em se sabendo falar português. Mas junte-se iliteracia, demagogia barata e confiança na estupidez de quem ouve e temos isto:
«A reacção a estas declarações não se fez esperar. José Girão Pereira, membro da direcção executiva do CDS-PP, repudiou a referência à cor da pele. "Nós repudiamos clara e frontalmente a afirmação racista do deputado Hélder Amaral", disse o ex-autarca à Lusa, considerando que as afirmações "são indignas de um deputado".»
Credo... Provado fica que a dignidade e a honestidade intelectual é coisa que não abunda para aqueles lados, deputados ou não. Mas feitas as contas eu apostaria que o que mais pesou nestas declarações foi aquele desejo irreprimível que o fachedo tem em apontar (i.e. gritar aqui del rei, chorar e espernear por) casos de discriminação racial contra brancos, mesmo quando são pura ficção, como é quase sempre o caso... Mas que as pessoas do CDS sejam parvas e julguem os outros parvos é uma coisa, mais grave é quando se topa isto num jornal:
«O Conselho Nacional do CDS-PP não constituiu um momento edificante da vida partidária, com acusações e agressões que foram para além da própria reunião. Mas a contra-acusação de Hélder Amaral a Maria José Nogueira Pinto, de que estaria a acusá-lo injustamente devido à cor da sua pele, definem um novo mínimo do debate político.»
Última página do Público de ontem. Um novo mínimo do jornalismo daquele jornal, mesmo.

PS: Que ninguém veja neste post uma tomada de posição em favor desta ou daquela milícia do CDS. Quem vê as coisas da distância que eu vejo é absolutamente neutro. Limito-me a achar estranho que um partido discuta a sua liderança só porque um ex-líder o deseje fazer nesse preciso momento (não era suposto haver prazos para os mandatos?), e a rir com o saco de gatos. Quanto ao resto, todas as agressões físicas são condenáveis, e todos os acusados inocentes até feita prova da culpa. Mas como tudo o resto no partido, não creio que seja para levar a sério... a reacção desmiolada à defesa do acusado mostra isso mesmo.

quarta-feira, março 21, 2007

Bestas à solta

«L. saiu de casa, neste primeiro dia de Primavera, pouco passava das 8 horas da manhã. Dirigia-se a pé para o trabalho, numa quinta vizinha de sua casa, no Casal da Granja, nos arredores de Sintra, quando surgiram quatro rottweilers no caminho de terra batida que serve de estrada a quem ali mora. Por razões ainda não apuradas, os cães fugiram de uma vivenda próxima, bem vedada, e atacaram esta cidadã de origem romena, casada com um português.

Os bombeiros e a PSP, alertados por um vizinho, já não puderam socorrê-la quando chegaram ao local: estava morta.

Elementos do canil municipal de Sintra recolheram os quatro animais (dois adultos e dois cachorros), por ordem do tribunal, e elementos da Polícia Judiciária foram também chamados para recolher provas.

Os cães não possuíam microchip nem usavam açaime, conforme determina a lei. Também não terão seguro, o que obrigará o proprietário ao pagamento de uma multa entre os 500 e os 3 750€. Além disso, poderá ainda ser acusado de homicídio por negligência.»
Dúvida existencial, "poderá?" Não era suposto ser mais do que certo? Quer dizer então que 3750 míseros euros de multa poderão ser a única punição?

A Visão da semana passada tinha como tema de capa precisamente a criação de cães assassinos, actividade que floresce no país sem grande escândalo ou preocupação. A ler. Na reportagem são referidos alguns casos de agressões recentes, mas muitas mais ficaram por contar. Uma delas deu-se quando o cão ouviu do marido da vítima a palavra "amor", que o seu dono, militar da GNR, escolheu como sinal de ataque.

Não dói se fores muçulmana

«He beat her and threatened her with murder. But because husband and wife were both from Morocco, a German divorce court judge saw no cause for alarm. It's a religion thing, she argued.» [Ele bateu-lhe e ameaçou assassina-la. Mas como marido e esposa eram ambos de Marrocos, uma juíza de divórcios alemã achou não haver sinal para alarme. É uma questão religiosa, argumentou.]
Mas a Alemanha apesar de tudo não é Portugal (que ninguém traduza as sentenças portuguesas para alemão ou ainda lixam alguma emigrante lusa!) e a juíza foi afastada do caso e poderá ainda sofrer sanções. Haja tino. Lê-se ainda no Spiegel «The case seems simply too strange to be true» [O caso parece simplesmente demasiado bizarro para ser real], a Leste de Portugal, mesmo.

terça-feira, março 20, 2007

La pupa e il secchione


Além de tudo o que já tem sido escrito sobre o novo (ir)reality-show da TVI, pergunto-me, saberão Rui Zink e Clara Pinto Correia quem são os seus homólogos italianos? Já aqui tinha postado este vídeo, Vittorio Sgarbi (ex-colaborador de Berlusconi condenado por corrupção) e Alessandra Mussolini (neta de Mussolini e militante da extrema-direita italiana) em acesa discussão (ou em discussão à la CDS) na versão italiana de "A Bela e o Mestre". Espero sinceramente que Zink e Correia, no mínimo, fiquem milionários com a sua participação no programa. E mesmo assim parece-me tudo um bocadinho irreal.

Acrescento no entanto que nunca vi mais de 5 minutos da coisa, e nunca sequer os vi (Zink ou Pinto Correia) a... "actuar", mas acho que prefiro continuar assim, a bem da imagem que prefiro guardar de ambos.

Porque o problema é vosso... não deles.


Via Bi Contestatário.

Maçã envenenada


À esquerda um célebre anúncio da Apple de 1984, à direita uma nova versão (com iPod e tudo) de um "fã" de Obama - a campanha oficial nega qualquer envolvimento. Dirty with style, um conceito que o CDS devia importar da América. O sucesso do falso-anúncio é facilmente constatável ao ver os pobres números de visualizações dos youtubes oficiais de Hillary ou Obama. Mesmo assim não chegou ainda ao milhão de visualizações, o que mostra que o youtube continua longe de fazer frente, por si próprio, à tv...

segunda-feira, março 19, 2007

Español sí sí, Français non non

«Depois, insiste, o castelhano "é um língua mais fácil e mais útil que o francês, levando os miúdos a pensarem que poderão ter melhores notas", acrescenta (...)»
Esta parece-me ser a frase mais esclarecedora do sucesso que a língua espanhola tem vindo a conhecer nos liceus alentejanos. E é precisamente por isto que desconfio muito das vantagens da canalhada agora poder ter espanhol em vez de francês... Eu ainda sou do tempo em que as opções eram, além do inglês, francês ou alemão. E o espanhol se lia, sem qualquer aulinha extra, nas aulas de português ao estudar os textos de Gil Vicente... e ninguém ficava mais burro por isso, au contraire!

Um não-partido que dá jeito a muita gente

Lá vamos nós outra vez. César das Neves igual a si próprio, e a milhares de outros cronistas americanos (em que se inspira sem confirmar os factos), escreve uma crónica sobre o fim anunciado da Europa... A culpa? Claro, dos gays, da eutanásia, do aborto, do divórcio e dos pedófilos. A subtileza de das Neves vai ao ponto de numa das enumerações não referir os gays e na seguinte não referir os pedófilos, a ver se ninguém perde a associação. Vários dados avulsos são apresentados em defesa da sua tese, esquece-se no entanto de várias coisas, por exemplo, que é na Escandinávia (a região mais progressista do continente) que as taxas de fertilidade são mais altas, mas adiante.

A pérola do artigo, o que permite a constante referência à pedofilia, colocando-a ao mesmo nível que a homossexualidade, o divórcio ou o aborto, o que apenas legitima a primeira e insulta as seguintes, é isto: «Um tribunal holandês legalizou o ano passado um partido pedófilo.» Estória muito mal contada, mas muito conveniente.

Procurando na net, descobre-se que afinal o tribunal não o legalizou, apenas recusou bani-lo com base na lei de liberdade de expressão. Que afinal o partido são apenas 3 lunáticos, que naturalmente nunca arregimentaram gente suficiente para concorrer a qualquer eleição. Enfim, 3 maluquinhos altamente convenientes às teses conspiratórias de muita gente, como das Neves.

Quando a realidade não ajuda, há que buscar o bobo da aldeia para se valer a posição. São estes os pilares da argumentação de das Neves, 3 pedófilos holandeses. Cada um apoia-se no que pode para se fazer ouvir...

domingo, março 18, 2007

O Outing

Que o "Harry Potter" use os conselhos da melhor maneira e com eles faça muita gente feliz no futuro, sem jejuns quaresmais, são os meus votos. Valha a imprensa desportiva para dar esperança à malta. Via Avenida Central.

Depois do "arrastão" as "voitures en flammes"

«Ao princípio da madrugada de hoje, alguns carros foram incendiados e tiros disparados na sequência de desacatos uma centena de indivíduos na Quinta da Fonte, em Sacavém. A PSP cercava o bairro e, à hora do encerramento desta edição (00.45 horas), desconhecia-se o número de viaturas incendiadas, as causas dos incidentes ou a existência de feridos.»
Esta notinha é da última página do JN de hoje, já na RTP o Jornal da Tarde abriu fazendo referência a apenas um carro incendiado, mas sem qualquer imagem que o comprovasse, e 100 jovens delinquentes, igualmente invisíveis. O inevitável directo do local começou com a jornalista a descrever o bairro como "de risco", "multi-étnico" e "multi-cultural", "como aliás se vê pelas crianças aqui atrás de mim", realçou. Tudo explicado não é verdade? De tão violenta noite restavam então apenas um carro com o vidro estalado e o sorriso dos miúdos desejosos de aparecer na TV.

PS: Uma nota pessoal. No ano passado tive o azar de ter o meu carro vandalizado, pior, não era o meu carro, mas emprestado. Azar ainda maior, não foi num "bairro multi-étnico", pelo que não houve quem me valesse. A frustração de se ser vítima de um acto tão gratuito é imensa, sobretudo sabendo que pouco ou nada há a fazer.

Mas sabendo depois que já outros veículos tinham sofrido o mesmo tratamento na zona, e que os principais suspeitos seriam os alunos de um colégio ali à beira, decidi fazer o pouco que podia, apresentar queixa na GNR local. Depois de explicar ao que ia, uma agente de nariz torcido apontou-me a cadeira onde devia esperar. A espera, para apresentar a queixa, durou cerca de 30 minutos, tempo que serviu para alimentar o estereótipo/preconceito de que todos os GNRs são preguiçosos e de Tráj-oj-Montej, tal a quantidade de agentes que se passeou e tagarelou no corredor enquanto esperava. Não fosse o bom rabo de um deles e o meu fetiche por fardas e teria desistido da queixa.

Finalmente chegada a vez de ser atendido, um agente bonacheirão cumprimentou-me encolhendo os braços, "riscaram-lhe o carro, foi? Xabe, num xe pode fajer nada...". Expliquei que sabia, queria ao menos que ficasse registada a queixa, "para as estatísticas", comentário que me valeu um sorriso amarelo. Mais uns quantos comentários dissuasores do agente, "é triste, mas num xe descobre", lentidão máxima no teclar dos dados, mas eis que se iluminam os olhos do sr. agente, o carro não era meu! "Tem que xer o dono a fajer a queixa, e pode xer na esquadra da área de rejidênxia, num tem que xer nesta", foi-me dito com a cara de quem acabou de descobrir a cura para o vírus da sida.

Nessa altura já só pensava em sair daquele antro de imbecis e não fiz finca-pé, mais tarde comprovei que, tal como desconfiava, aquilo era desculpa de agente preguiçoso e incompetente, e naturalmente eu podia ter feito a queixa. Mas falta de tempo, pachorra, etc... adiaram-na para as calendas gregas, pelo que não será por mim que aquele bairro branquinho classe média-alta passará a ser "de risco". Ironicamente assim se vê uma vez mais que a preguiça e o comodismo são as maiores forças da reacção.

Queer eye on YouTube



1 - (sup. esq.) Reportagem da CNN sobre a mais recente polémica gay do exército americano, um general que acha a homossexualidade "imoral" e a resposta de um veterano, sobrevivente do Iraque. Tudo um bocadinho déjà vu, mas tem feito correr muita tinta, e até já teve direito a manif. Lindo o slogan "WAR IS IMMORAL, GAYS ARE FABULOUS".

2 - (sup. dir.) Muito mais apetitosa esta outra polémica com o exército do Tio Sam, que quase me ia passando ao lado (já tem mais de uma semana), apesar de ser outro déjà vu (lembram-se do Jeff Gannon?). Matt Sanchez (nome de guerra), aka Rod Majors (nome de porn star), correu uma série de programas conservadores (sendo que nos tempos que correm "conservative" na América é aquilo a que se chama "neo-nazi" na Europa) aplaudido como um herói-mártir, "perseguido" na sua universidade por ser militar. Priceless a foto com Ann Coulter. É que além de já ter sido uma estrela cadente da pornografia gay, o sr. Sanchez consegue conciliar ainda os estudos com a prostituição. Mais pormenores (incluindo fotos das suas várias actividades) aqui.

3 - (inf. esq.) "Heather and Carol", um dos 10 vídeos do projecto 10 couples, que pretende dar a conhecer a vida de 10 casais homossexuais, para acabar com preconceitos e mostrar a necessidade da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

4 - (inf. dir.) Reportagem da Expresso TV (parece que finalmente os média nacionais estão a descobrir o YouTube) sobre intersexos [via]. Também foi publicada uma reportagem no suplemento em papel "Única", na edição de dia 9 do corrente mês.

sexta-feira, março 16, 2007

Faculdade de Ciências de Lisboa promove criacionismo

É exactamente isso que se faz quando se programa um debate chamado «Darwinismo versus Criacionismo. Onde começa e onde acaba uma teoria científica?». Um debate assim seria inadmissível até num Prós & Contras, numa faculdade pública chamada "de Ciências" é absolutamente intolerável. Sequer pôr a hipótese de uma crença de meia dúzia de fanáticos alucinados e analfabetos poder ser chamada de "teoria científica" é prostituir de barato décadas de trabalho científico a sério, por vezes com pesadíssimos custos pessoais para os investigadores. É a absoluta pouca vergonha, é esbanjar dinheiros públicos de forma criminosa, já que o seu fim era oposto, promover a investigação e o conhecimento científico. Sobre este tema ler mais uma magnífico post da Palmira. E a seguir, quem não está para aturar estas macacadas pagas com os impostos de todos, pode usar este endereço electrónico a explicar isso mesmo à organização: cdlisboa@fc.ul.pt Ou então não se espantem se a seguir surgir um debate chamado «Astrologia versus Astronomia. Onde começa e onde acaba uma teoria científica?».

Actualização: O abuso intelectual de menores (menoridade etária ou mental), que constitui a promoção da IDiotia, anda por aí em força, qual Utah. Novos dados e denúncia da Palmira F. da Silva no novíssimo De Rerum Natura.

Banir para ganhar


À esquerda o vídeo da canção que representará Israel em Helsínquia, "Push the button", uma resposta dos Teapacks às ameaças iranianas de "apagar Israel do mapa". Com conteúdo tão marcadamente político a canção esteve para ser banida do concurso, mas afinal vai mesmo estar ser cantada na Finlândia (semi-final).

À direita uma canção que poderia ter representado a Ucrânia em Kiev 2005 [via] mas foi banida, apesar disso a intérprete Verka Serduchka conseguiu este ano ser a seleccionada para representar aquele país. Só que já há quem a queira banir de novo (vídeo BBC), e não é pela carga política (anti-russa) da canção, é mesmo por causa da Verka.

Mas a esta altura do campeonato nenhuma destas ameaças se costuma concretizar, no fundo são óptimos golpes publicitários (sobretudo se não forem mesmo "golpes"), basta lembrar as tentativas para banir os Lordi no ano passado pelo "seu satanismo" (vídeo BBC), o grupo que depois conseguiu levar a final até Helsínquia pela primeira vez. Resumindo e concluindo, não se conseguirá arranjar um destes banimentos para a Sabrina? Sei lá, acrescentar um "paizinho" ao fim do verso, transformando a canção num hino ao incesto ou assim...

"Toda a vida é sagrada"

Desde que não dependa de marijuana, claro.

As you like it

O Demos é um think-tank the esquerda, e o relatório "As you like it" pode ser lido aqui. Uma amostra:

«Other languages, like Mandarin, Urdu, Portuguese and Spanish, are likely to rise in influence and reflect the growing power of China, India and South America. Now, there could be about 1.3 billion speakers of English, and only about 330 million of those native. This is the reality of global English. The overwhelming majority of speakers are non-native, and as people bring with them different cultures and contexts, and different experiences of using English, so the language itself has changed. English is now more a language family than a single language with different forms appearing such as ‘Chinglish’, ‘Hinglish’ and ‘Singlish’.»
E também há o Portinglês, claro.

quarta-feira, março 14, 2007

União Europeia, séc. XXI - até quando?

A culpa é do Chávez, claro!

Durante o dia de ontem dezenas de sites noticiosos, sobretudo espanhóis, hispano-americanos e brasileiros, reproduziram uma notícia da agência EFE, de Espanha, que indicava um "estudo que demonstrava que o QI de George W. Bush era o mais baixo de todos os presidentes americanos". A notícia foi entretanto apagada de quase todos os sites, como do El País, p.ex. Mas ainda se pode ler no 20 minutos, devidamente sinalizada como falsa. Ou sem qualquer aviso nos jornais conservadores La Razón e ABC.

A principal falha da notícia está na inexistência do tal estudo ou de um verdadeiro Instituto Lovenstein, já que as conclusões são provavelmente verdadeiras, é isso que a torna verosímil. Poucos duvidarão da fraca inteligência de W., e não é esta notícia ou o seu desmentido a alterar o que quer que seja. O interesse principal do caso está na forma como grande parte da informação que consumimos parte de uma única fonte, uma agência noticiosa, e se difunde por dezenas de sites e órgãos, sendo publicada sem que ninguém repare em erros tão óbvios como este (é que ainda por cima tudo isto já havia acontecido com jornais de língua inglesa em 2001). A detecção do erro veio, aparentemente, da blogosfera.

Mas com tanto erro de palmatória como reagem os órgãos envolvidos? É simples, os clientes da EFE culpam a agência, e esta difundiu uma notícia/pedido de desculpas com este título: «Discurso de Chávez revive boato sobre QI de Bush».

Cobiça ou o síndrome da "galinha da vizinha" (em inglês, "neighbor's cock")

Esta imagem é dos resultados de um estudo de "eyetracking" feito com 255 nova-iorquinos [via]. A ideia do "eyetracking" é detectar onde mais se foca o olhar quando se navega na internet (neste caso perante uma fotografia do jogador de basebol George Brett), para a partir desses resultados construir sites e seleccionar as fotografias que melhor encaixem nas preferências e hábitos dos olhares visitantes.

Segundo os investigadores, a atenção dos homens na área genital dos seres fotografados não acontece apenas quando estes são humanos, mas também, por exemplo, com cães. O artigo não esclarece no entanto se esta focalização se mantêm quando se tratam de imagens de seres do género feminino.

terça-feira, março 13, 2007

301 Hollywood hunks


O primeiro é Patrick Wilson, é sempre agradável ver este menino tirar (ou tirarem-lhe) as calças, em formato musical fica ainda mais adorável. Mais imagens do anúncio aqui. Para que a coreografia não vos hipnotize e vos faça correr a uma loja para comprar a marca, a seguir vejam esta.

Os restantes 300 bonzões, incluindo o brasileiro Rodrigo Santoro e o australiano David Wenham (de "Answered by fire"), são os do filme que bateu records de bilheteira no passado fim-de-semana nos Estados Unidos. As massas parecem aplaudir, mas não agrada a gregos, nem a troianos, ou melhor, nem a gays, nem a iranianos. Bem, nem todos, alguns não resistiram ao encanto das carnes exibidas, podem ser pré-avaliadas aqui (vários clips e entrevistas).

Ninguém reparou nesta notícia ou "é assim e prontoS, nada a fazer"?

segunda-feira, março 12, 2007

Drag Power


Afinal não era só a Dinamarca (esq.), também a representação da Ucrânia (dir.) em Helsínquia será em modo drag. Desde o coro de hospedeiras de bordo que a Eslovénia nos ofereceu em 2002 (vídeo), que não se via nada assim por terras eurovisivas. A ucraniana é a minha favorita, e a minha dúvida é se Portugal (i.e. a comunidade ucraniana) manterá a tradição recente de oferecermos os 12 pontos àquele país. A canção chama-se "Danzing", pelo que até os portugueses deverão votar...

domingo, março 11, 2007

Puro Pimba, Puro Portugal


Para o caso de terem perdido o Festival da Canção que a RTP organizou esta noite, saibam que esta é a canção que representará Portugal em Helsínquia a 10 de Maio. Canta Sabrina, escreveu Emanuel. É quase indescritível de tão má, mas vou fazer um esforço. As concorrentes variaram de resto entre o péssimo e o muito mau, com 2 ou 3 razoaveizinhas, uma delas quase boa. Mas esta é, sem qualquer dúvida, a pior (da noite e de todas as que Portugal já levou à Eurovisão). Deixando de lado o autoplágio da música (igual a mil outras do mesmo autor, e de mil outros autores), a letra transborda banalidade e tolice, Dança comigo Que eu dou-te o céu que há em mim. Enfim, que dizer mais?

Que é tão má, mas tão má, tão ruim, tão peste, que a única forma de conseguirmos viver com ela é aprendendo a ama-la. Estes sons desafinados, esta melodia arranhada, é puro Verão português. Cheira a romaria, a farturas, a beijos apalpados atrás da igreja. É pimba clássico, ortodoxo, vintage, respeita todos os princípios fundamentais do pimba meloso (não brejeiro), tem todas as rimas exigidas. Não tenta parecer o que não é (como faziam quase todas as outras canções), é 100% pimba, 100% verdadeira, 100% assumida. Puro sangue pimbólico. E por aí fora, acho que já deu para perceber a ideia... Senhores DJs, estais à espera de quê? É o hino veraneante de 2007 oferecido numa bandeja de lata.

Estou até cá com uma fezada que é desta que as comunidades emigrantes portuguesas se empolgam e conseguem fazer com que Portugal chegue à final, o que seria a primeira vez desde que há semi-final. Dança comigo Que eu dou-te a lua, o sol e o mar...

Moedas fracturantes (ou o preço do nome de deus)

Estas são as mais recentes moedas de 1 dólar. Há décadas que a U.S. Mint as tenta popularizar junto dos consumidores norte-americanos sem sucesso, já que estes não largam as notas. Para terem noção do disparate saibam que as dimensões de uma nota de 1 dólar são 156 × 66 mm, ou seja, quase tão larga como a nota de 10 euros (127 × 67 mm) e mais comprida que a de 200 (153 × 82 mm)! Tanto papel custa muito dinheiro, e a dimensão exagerada só acelera a erosão. Mas contra hábitos enraizados a razão tem pouco poder, pelo que os americanos só passarão a usar as moedas em vez das notas no dia em que deixem de produzir as últimas (foi sempre assim que se fez em Portugal, e funcionou). Sobre estas questões é muito recomendável a leitura deste post do The Lede.

Mas como se a polémica papel versus metal não fosse suficiente, eis que surge a polémica religiosa. Todo o dinheiro americano, em papel ou metal, tem a inscrição "In God e Trust" (Confiamos em Deus). Nas moedas a inscrição estava numa das faces, mas nesta nova série decidiram coloca-la no rebordo da moeda, tal como acontece com o "GOD ZIJ MET ONS" (Deus esteja connosco) das moedas de 2 euros holandesas. «In actuality the motto "In God We Trust" appears to be merely scratches on the edge of these coins-- that is, unless one looks for it with a magnifying glass.» É o comentário do Catholic World News.

Mas eis que rebenta a bomba, algumas moedas foram postas a circular sem que a frase fosse inscrita no rebordo. Perde-se a conta aos artigos de opinião indignada contra semelhante falha que se acham no Google News, fazem-se já apelos ao boicote da moeda (que independentemente desta polémica estaria sempre condenada ao fracasso imposto pela continuação do fabrico das notas) e proliferam teorias da "conspiração ateia". A boa notícia, para alguns felizardos pelo menos, é que já se vendem exemplares, da agora conhecida como "godless coin", várias centenas de vezes acima do seu valor facial, no Ebay.

Mas eu ainda não percebi bem os receios dos crentes americanos em relação a esta omissão, é a fé em deus que depende da sua marca no dinheiro, ou a fé no dinheiro que depende da assinatura divina? O mais engraçado é que a tal inscrição pode ser facilmente classificada como herege de acordo com várias citações bíblicas, razão pela qual o insuspeito Theodore Roosevelt se lhe opunha com veemência. "Não invocarás o Seu nome em vão", mas um penny é quanto basta para o gasto...

sábado, março 10, 2007

Quando é que o Cavaco começa a dedicar os domingos à cura do cancro?

Yahya Jammeh, presidente da Gâmbia (pequeno país do Oeste Africano, cercado pelo Senegal), garante ter em mãos a cura para doenças como a SIDA ou a asma. O tratamento, que inclui o manuseio do Corão, já convenceu alguns dos cerca de 20.000 gambianos infectados pelo HIV, isto mesmo sendo exigência do mesmo o abandono da medicação recomendada internacionalmente. Só há um pequeno senão, o tratamento só funciona às quintas-feiras. Sextas e sábados são os dias para a cura da asma.

Tudo isto seria para rir, se as consequências não fossem para chorar. Fadzai Gwaradzimba, responsável pelas operações da ONU no país, recebeu um prazo de 48 horas para o abandonar, depois de ter declarado a sua preocupação pelos efeitos que este anúncio de "cura divina" poderia ter na propagação do vírus. A "justificação" do presidente pode ser lida no site oficial. Sim, é mesmo o site oficial.

Crescei e multiplicai-vos, mas, mas, mas...

A ministra da família dinamarquesa vai fazer um tour pelo seu país incentivando à natalidade. A política conservadora considera que a taxa de 1,8 crianças por família (uma das mais altas da Europa) é insuficiente, e aponta estudos que garantem que a maioria das famílias desejaria ter mais filhos. Na sua opinião, as famílias acabam por ser mais reduzidas devido às pressões da sociedade para que tudo na educação dos filhos "seja perfeito", o que implica grandes esforços por cada um. No seu tour ela pretende divulgar a ideia de que nem tudo tem que ser perfeito, apostar mais na quantidade e menos na qualidade. Apesar disso Carina Christensen, assim se chama a ministra de 34 anos, não tem, nem planeia ter em breve, nenhum rebento.

Ainda na Dinamarca, uma série de deputados ficou muito preocupado com a notícia de uma cidadã daquele país, que viajou até ao Reino Unido para ser inseminada artificialmente. Trata-se de uma mulher de 61 anos, que não poderia fazer a inseminação no seu país, que impõe um limite etário de 45 anos. Os deputados querem agora que a União Europeia crie regras comuns a todos os estados membros, por forma a prevenir novas fugas.

Vai ser giro ver o governo português tentar vender em Bruxelas a ideia de que além de um limite etário, a procriação medicamente assistida também deve ser limitada a mulheres casadas...

Empresa francesa lança meia-calça para homens (heteros de barba rija preferentemente)

«A empresa decidiu lançar a novidade, que já chegou às lojas, depois de constatar que havia demanda no mercado pelo produto.

“Desde a criação de nosso site na internet, em 2005, começamos a receber vários pedidos diários de homens que gostariam de saber quando iríamos criar uma linha de produtos específica para eles”, afirma Annick Desamy, diretora comercial da marca Gerbe.»
Não são nada baratas e podem ser compradas aqui. Um outro site francês dedicado ao assunto (onde não faltam já reportagens televisivas youtubadas) é o collants-mode.fr, mas não esperem muita gayfriendlyness por estas paragens: «Ce site n'est pas un lieu de rencart de fétichistes ni de pervers ni de dragueurs homosexuels (il n'y a là aucune discrimination dans ce discours).» Ui, ui! 'Tá bem 'tá. Alguém se esqueceu de avisar estes senhores que se o problema era o frio na pernoca, a solução era a boa e velha da ceroula...

quinta-feira, março 08, 2007

Visão de um casamento iraniano

A edição desta semana da revista Visão traz uma reportagem sobre a juventude homossexual portuguesa, a não perder - comprem-na o quanto antes porque é provável que esgote, já que esta semana oferece o DVD do "The Others". A edição on-line tem ainda alguns exclusivos, apesar de não ter os conteúdos publicados em papel.

De qualquer modo a foto mais gay de todas as publicadas na revista é mesmo esta aqui reproduzida, da celebração de um casamento no Irão. Claro que o casamento foi entre pessoas de sexo diferente, no Irão é-se enforcado por um mero affair com alguém do mesmo sexo, que fará casar! Mas a celebração do casamento é feita com os homens e mulheres separados em diferentes divisões, na foto vê-se então o sogro a apalpar a coxa do noivo, enquanto um tio o beija e abraça de forma sentida. Como os heteros ficam fisicamente ternos uns com os outros quando a homossexualidade é algo indizível, não é? Há 20 anos atrás não seria difícil tirar uma foto semelhante aqui em PT. O ensaio fotográfico "Retratos do Irão", de Paolo Woods, também pode ser visto on-line no site da Time.

A burocracia mata (mesmo)

Ainda ontem tinha visto esta belíssima campanha brasileira a denunciar o efeito devastador que a burocracia e lentidão da justiça tem na natureza, quando hoje dou de caras com esta notícia do Destak:

Cadê o simplex?

Feliz Dia Internacional da Mulher

«A nova lei do aborto, que despenaliza as interrupções voluntárias da gravidez realizadas por opção da mulher nas primeiras dez semanas, foi hoje aprovada em votação final global pelo PS, PCP, BE, Os Verdes e 21 deputados do PSD.»

«El Pleno del Senado ha aprobado con el apoyo de los grupos y la abstención del PP el proyecto de Ley de Igualdad. La nueva norma establece un permiso de paternidad de 15 días que se ampliará a un mes en 2013, la paridad de las listas electorales y obliga a las empresas a negociar con los agentes sociales planes de igualdad, entre otras disposiciones.»

«Plus de 2.000 médecins et infirmières affirment avoir «aidé des patients à mourir avec décence», dans un manifeste en faveur de la dépénalisation de l’euthanasie à paraître jeudi dans le Nouvel Observateur et le quotidien Sud-Ouest.»

«MPs delivered a historic vote in favour of a wholly-elected House of Lords last night, setting themselves up for a confrontation with peers that could lead to the most radical change to the upper house for 96 years. The Commons voted by 337 to 224 in favour of a 100% elected Lords, the first time they have come to terms with the idea that they could coexist with an elected element in the upper house.»

Capitão América foi assassinado à porta do tribunal

Em Portugal os efeitos desta morte fizeram-se sentir de imediato: «Portugal desactiva embaixada no Iraque» e «Governo português não reconhece legitimidade a relatório americano sobre direitos humanos».

A esperança americana reside agora por inteiro em Hiro Nakamura...

quarta-feira, março 07, 2007

Vídeos alternativos ao 50º aniversário da TV de Salazar


1) Hillary Clinton em campanha na Human Rights Campaign, principal organização LGBT dos Estados Unidos.

2) A não perder também a reportagem do The New York Times à pregação de Clinton e Obama em Selma, Alabama, a propósito do aniversário da conquista do direito de voto pelos negros americanos.

3) Por falar em New York Times, este jornal lançou recentemente os anúncios de casamento em formato vídeo on-line, parabéns então a Peter Vincent e Clifton Taylor, o primeiro casal gay a inaugurar o formato.

4) Ainda a invasão do Liechtenstein pela Suíça, o hilariante comentário de Craig Ferguson.

5) A vida política portuguesa quase te mata de tédio? Não temas mais, Portas regressou, as reportagens dos Gato Fedorento:


6) Para destoar não um vídeo, mas um conselho, aos srs. jornalistas da televisão pública. Como se já não bastasse terem criado este "momento Salazar" que se vive, fazem também generalizações abusivas sobre a população do concelho onde nasceu o ditador. Meia dúzia de bêbados arruaças e uma histérica não são justificação suficiente para dizer "a população de Santa Comba Dão defende Salazar". Uma olhada aos resultados do último referendo naquele concelho (é no distrito de Viseu) é capaz de ser bom remédio contra estes estereótipos que, entre outros, a TV do regime fascista têm promovido. 50 anos passaram e a única diferença é que o incentivo ao voto no rapa-tachos inclui um número para SMSs...

terça-feira, março 06, 2007

John Amaechi


Este é John Amaechi, um inglês ex-jogador da NBA que falou pela primeira vez publicamente sobre a sua homossexualidade há pouco tempo. O P2 do Público tinha recentemente uma reportagem alargada sobre ele. Mas o seu activismo não se resumiu a isso, e depois de ter respondido a Tim Hardaway, responde agora à comentadeira de extrema-direita Ann Coulter. Pessoalmente não me parece que sujeitas como Ann Coulter (que por exemplo já se manifestou contra o direito de voto para as mulheres, razão que talvez explique o processo-crime de que é acusada por ter votado na mesa de voto errada...!?) mereçam qualquer resposta, mas a ideia de usar o YouTube para isso parece-me muito eficaz, sobretudo quando os media tradicionais dão pouco ou nenhum tempo de antena aos activistas gays quando surgem este tipo de ataques mediáticos. A ver também o vídeo de apresentação da ABC Foundation, criada pelo ex-basquetebolista.

Vai à missa

E põe o teu nome na lista negra... AH! AH! AH!

sábado, março 03, 2007

W., try this one, *wink wink*

«Swiss Accidentally Invade Liechtenstein» [via Chuza!]

"Direitos" é como se diz em polaco "perseguições"

Quem precisa do CDS quando tem a Opus Gay?

«Para António Serzedelo, esta situação "não pode ser imposta às pessoas porque elas não sabem do que se trata, mas tem que ser discutida para que se perceba".

O presidente da OpusGay considera que "em 2009 deve-se começar a pôr estes assuntos na agenda política".»

Serzedelo fala sobre a aprovação da lei da identidade de género em Espanha, que entende não poder ser "imposta às pessoas" por cá. E eu que achava que as únicas pessoas a quem era "imposta" uma lei, eram os transexuais sujeitos à actual legislação. Espero que Serzedelo tenha percebido que a ideia é cada um/a passar a ter o sexo legal que deseja, e não impor o que quer que seja... Esperança vã, I'm afraid. Mas pronto, diz que em 2009 tudo vai mudar para melhor e com um bocado de sorte até a Opus Gay vai, para variar, começar a defender alterações legislativas a favor da igualdade para @s LGBT.


Mas isto é só um diz que, a única certeza é que até lá teremos que continuar a levar com esta personagem mascarada de associação (ah não, esperem, também diz que há um novo membro, o que já seria suficiente pelo menos para formar um casal, claro, se não fosse Serzedelo já casado...) a aproveitar qualquer atençãozinha mediática para atacar o movimento LGBT e as suas reivindicações. Não vá - o diabo seja cego, surdo e mudo - o povo português sofrer alguma indigestão com estes temas, tudo a bem das tripas do povo, claro (atenção, isto não tem nada a ver com o PS). Olha, Opus Tripa, era um nome bem mais adequado. Opus (anti-)Gay, como sugeri antes, seria redutor, afinal também é anti-trans agora (e pelo menos até 2009).

sexta-feira, março 02, 2007

Discriminações multiplicadas

A não perder, amanhã em Matosinhos, a tertúlia organizada pelo GRIP (ILGA Portugal) em colaboração com a ALADI, sobre a homossexualidade nas pessoas portadoras de algum tipo de deficiência. Se falar sobre a sexualidade desta camada da população já é por si só um tema tabu, falar especificamente de homossexualidade é capaz de ser inédito, uma oportunidade rara portanto. A tertúlia está inserida na celebração do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos.

Anúncio de emprego

É aproveitar, que a crise é fodida e não se compadece com coisas como a honestidade ou o carácter...

quinta-feira, março 01, 2007

Uma pascácia chamada Merkel

A sério que gostava de escrever títulos mais elegantes do que estes, mas que fazer perante esta gente? Angela Merkel, chanceler alemã, ainda não percebeu que a constituição europeia está morta. Ou se calhar percebeu, mas como acredita na ressurreição, mantêm a esperança de ver nela pregadas "as raízes cristãs da Europa". Isto é palhaçada velha, querem-nos convencer que a popularidade do cristianismo nestas paragens nos distingue do resto do mundo (como a ateia América ou o muçulmano Brasil). Que é importante não esquecer o passado, que a história deve estar pregada na constituição, mas não ousam referir Hitler (não nasceu a UE dos escombros causados pelo nazismo?)...

A parte nova é esta: «Confessou que, a título pessoal, gostaria que houvesse uma mais clara referência a Deus no tratado. Argumentou que "uma maior consciência das suas raízes" não apenas cristãs, mas também judaicas, tornaria "mais fácil o diálogo com as outras religiões".» Bitte? Parece-me que os comentários à notícia no Público são suficientemente esclarecedores do efeito que essa referência traria. Está para lá de "tema fracturante", é incendiário mesmo. Merkel é uma pascácia beata aspirante a espalha-brasas...

A bem do continente e da União, já assinaste a Declaração de Bruxelas?

Jornalismo fracturante, sociologia fracturada

Quando um jornalista fala em "temas fracturantes" e junta no mesmo saco eutanásia, casamento entre pessoas do mesmo sexo ou investigação com células estaminais está claramente a fomentar uma fractura e simultaneamente a tomar partido por uma das partes fracturadas (e que estariam coladinhas e em paz se o assunto não fosse discutido?). Ou seja, não está a ser sério, nem rigoroso. A reestruturação das urgências hospitalares ou a proibição do fumo nos locais fechados são acaso temas consensuais? E quem diz esses, diz quaisquer outros debatidos diariamente no parlamento (para que se debateriam se não causassem fracturas contra e a favor?). [Ler também «Fracturas e facturas».] Isto a propósito da entrevista a Policarpo na Visão, de um artigo adjacente (em papel) e ainda duas entrevistas online (a Manuel Villaverde Cabral e Moisés Espírito Santo), onde essa mistura não inocente dos temas é feita sem qualquer despudor. E falando em falta de rigor...
«O mesmo diria, aliás, acerca dos casamentos gay, que no caso de serem postos a votos seriam certamente recusados. Estou convencido de que nem sequer entre a comunidade gay (se tal existe, o que duvido) há unanimidade a esse respeito?
E também não sei se a adopção por homossexuais é uma grande ideia. Já reina a maior das confusões sobre o sistema de adopção em Portugal, como se tem visto pelo caso Esmeralda; não creio que haja grande vantagem em complicar ainda mais as coisas!»
Esta é uma das respostas de Villaverde Cabral, entrevistado na qualidade de sociólogo, mas a mandar bitaites na pose "sentado na tasca a beber uns copos". Não sei se há, era uma confusão e tal... pá, bué cenas, em suma. De qualquer modo há um ponto que merece especial atenção, o da opinião da "comunidade gay". É apenas mais um sinal de que bastará haver um gay, ou pseudo-gay, disposto a fazer o papel de colaboracionista com os homofóbicos, para que a cobardia política a ele se agarre com unhas e dentes para provar que o casamento "não é uma prioridade"... Quem se oferece para o frete?

PS: Alguém recorde sff ao sr. Villaverde Cabral que ele é um dos signatários da petição pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo que a ILGA Portugal lançou. Ou será que só a assinou para mostrar que nem entre os defensores do casamento há um consenso favorável ao casamento?

Finalmente!

«O fumo nos restaurantes, discotecas e bares com menos de 100 metros quadrados vai ser proibido, anunciou hoje o ministro da Saúde.»
Bem sei que muitos amigos vão ficar horrorizados com este post, mas babes, eu ando horrorizado com o vosso fumo há muito mais tempo! E vejam o lado positivo, as ruas vão ficar mais seguras com muito mais gente a circular ;) Além disso sois uns privilegiados, imaginem o que é ter que ir fumar para a rua quando se está na Islândia ou Noruega em pleno inverno... e antes a rua que as salas de fumo à japonesa ;)

PS: Mas então o governo afinal está disposto a agarrar mais "questões fracturantes"!?...

A entrevista (risos) a Policarpo

«A família continua a ser triangular (marido, mulher e filhos) ou há novas fórmulas familiares que merecem respeito?

Já sabes a resposta... É o chamado chover no molhado... (Risos).

Mas a Igreja evoluiu muito e a laicidade também: a Igreja condenou o juro, a autópsia (dissecação de cadáveres), a cremação? E aceita isso tudo, hoje, pacificamente. E no futuro? Pode ser imaginável o casamento homossexual católico?

Só se for lá na tua terra... (Mais risos). Bom, mas estamos a tocar em questões muito diferentes. É um facto que os exemplos apontados têm a ver com a cultura judaico-cristã, em que, por exemplo, o respeito pelo cadáver é a última expressão do respeito pela pessoa humana. A autópsia não é um desrespeito pelo cadáver. Mas se vilipendiarem um cadáver, nós continuamos a ser contra. Os casamentos homossexuais são uma questão diferente. Têm a ver com a natureza humana. Não conheço outro modelo de família que não tenha na base uma homem e uma mulher... O fenómeno da homossexualidade sempre existiu. Mas a família tem a ver com a complementaridade dos sexos e com a possibilidade de reprodução.

O casamento católico remonta à Idade Média, não ao tempo dos primeiros cristãos?

Referes-te à cerimónia pública do casamento católico. É verdade. Mas desde o princípio que os cristãos têm consciência de que o casamento é um sacramento. Antes da instituição dessa cerimónia, costumavam casar-se, pelas leis civis, e depois, na primeira eucaristia em que iam como casal, pediam a benção para a sua união. E faziam-no, mesmo que apenas tivessem «juntado os trapinhos»....»
Isto é só um excerto, mas o tom é sempre este, tu cá tu lá, alhos e bugalhos, pausa para cigarro. Mas não deixa de ser significativo que o chefe da filial tuga da ICAR reconheça que o casamento católico foi uma apropriação do casamento civil, razão que explica todo o empenho católico em querer controlar as regras com que esse, o civil, se rege. Perdida a batalha do divórcio, invista-se noutra de derrota anunciada. Mesmo quando a ICAR há muito que deixou de reconhecer qualquer validade ao casamento civil (restaurado em Portugal apenas no séc. XIX e contra a vontade da ICAR, era então um "tema fracturante"), considerando solteira uma pessoa divorciada que não tenha casado na igreja. Não faz sentido, nem é suposto fazer (risos). E é apenas uma questão de tempo até à nova derrota.

PS: Veja-se ainda a guerra que o papa está a fazer agora em Itália contra as uniões de facto, coisa por cá aprovada já há muitos anos, e sem fractura que se visse...